História Selfie - Capitulo 23: Hinata de outro universo.

Hinata P.O.V

Cheguei em casa um pouco mais cedo. Pedi para Asuna colocar as flores no vaso e deixa-las em meu quarto.

Estava sentindo uma ardência em meu ombro, passei a mão, pressionando com força. Procurei fazer movimentos circulares com o pescoço, causando um leve estalo.

-Acho que a idade está se aproximando rápido demais... –Paralisei por alguns instantes. –Melhor tomar banho.

Apenas me dirigi até meu quarto, pegando somente a toalha. Tirei minha roupa, a derrubando no chão. Enrolada na toalha, caminhei até o banheiro.

Sentei na beira da banheira, abrindo a torneira. Coloquei um pouco de sais na água, esperando a espuma aumentar.

-Hinata-sama. –Asuna batia na porta.

-Diga.

-Não vá gastar os sais de banho. Estamos gastando muito ultimamente. Por favor, economize.

Como economizar em algo que se gosta? Eu amo espumas. Guardei o resto no armário do banheiro.

Esperei mais um pouco, fechei a torneira. Coloquei a toalha no porta-toalhas, prendendo meu cabelo bem alto.

Primeiro mergulhei meus pés na água, aos poucos fui colocando meu corpo, tomando cuidado para não transbordar. Encostei a cabeça da beira, fechando os olhos. Balançava as mãos na água, empurrando a espuma em cima de meu corpo.

Asuna P.O.V

Com cuidado, coloquei o vaso em uma das prateleiras do quarto de Hinata-sama. Peguei as roupas dela do chão, colocando no cesto de roupas sujas.

Deixei o quarto dela arrumado. Preparei a cama, caso ela resolvesse deitar. Não tinha muita coisa para fazer no quarto.

Ouço a campainha tocando. Larguei o cesto no chão, correndo em direção da porta. Era estranho, não somos acostumadas a receber visitas neste horário. Ao abrir a porta, percebi que era o primo de Hinata-sama. Ele estava com uma expressão muito séria.

-Neji-sama? Que surpresa vê-lo!

-Hinata está em casa?

-Sim. –Recuei um pouco, permitindo a passagem. –Ela está tomando banho.

-Tudo bem, espero. –Ele se sentou no sofá.

-Desejas algo? Um chá ou um café? –Fechei a porta.

-Chá preto por favor.

-Enquanto isso eu vou avisa-la que está aqui.

-Não precisa, Asuna. –Fomos surpreendidos com a presença dela na sala. –Sabia que ia vir aqui mais cedo ou mais tarde, Neji-niisan.

-Hinata-sama...

-Desculpe assustá-la, Asuna. –Ela se aproximou de mim. –Passei a tarde toda esperando o Neji vir até a mim. Aquelas mensagens denunciaram suas atitudes, Neji-niisan.

-Tudo bem, mas molhou o chão inteiro...

Ao falar aquilo, ela olhou para trás reparando no rastro de água que havia deixado no chão.

-Desculpe, Asuna! Prometo que irei limpar. –Ela levou sua mão para trás de sua cabeça, seu rosto adquiriu um tom rosado.

-Não se preocupe. Vou preparar o chá.

Me retirei da sala, procurando desviar do rastro de água e espuma do chão.

Na cozinha, deixei a água esquentando na chaleira. Separei as sacolinhas contendo chá preto e a outra um chá de manga e limão para Hinata-sama.

Da cozinha dava pra ouvir a conversa deles, Hinata-sama parecia chateada com seu primo.

-Pode me dizer o porque foi atrás dele?

-Hinata-sama, eu... –Ela o interrompeu.

-Quantas vezes vou ter que te dizer para me chamar apenas de Hinata? Já falei que é meu parente, meu amigo! Me chame pelo nome!

-Desculpe, mas terei que ignorar esse pedido. Eu entendo que desejas que as coisas sejam diferentes. –Ele bufou alto. –Devia ter te ajudado mais naquela época...

-O que faria? Ia debochar delas dizendo que seu cabelo era melhor?

-N-não. Teria repreendido. Hinata-sama não merecia ter sido tão judiada. Aquelas brincadeiras... Tenten me contou tudo.

-Você e a TenTen são unha e carne. Sabia que ia comentar contigo.

-E porque não comento com a gente?

-Por que? Pergunta ainda? Não pensou como ia ser vergonhoso para meu pai, ver sua filha mais velha tolerando todo aquele abuso? Neji, elas colocaram alguma coisa nos meus cremes, que me deram alergia. Ameaçaram várias vezes cortar meu cabelo. E outras coisas que nem quero lembrar.

-Não precisava comentar com seu pai! Poderíamos ter dado um fim juntos. Acredito que hoje em dia, elas devem ter vergonha quando ver seu rosto nos produtos.

-Não me importo mais...

Senti que a conversa estava ficando mais tensa. Preparei o chá e retornei para sala. Deixei as xícaras em cima da mesinha da sala. Hinata-sama havia percebido meu desconforto, ela me segurou pelo braço e sorriu.

-Sabe porque eu gosto de te ajudar, Asuna?

-Por causa de seu passado?

-Sim, e também simpatizo muito contigo. Você veio do interior e sofreu um pouco por causa de seu sotaque. Me coloquei no seu lugar e resolvi ajudar.

-Eu ouvi a conversa inteira. Agradeço por ter me ajudado, mas Neji-sama tem razão. Deveria ter comentado pelo menos com ele. –Ela depositou sua mão em meu rosto com carinho.

-Não estou brava com ele por causa disso. –Sorriu. –Porque eu sei que ele abriu a boca pra outra pessoa. Não é mesmo?

Eles trocaram olhares por algum tempo. Hinata-sama se aproximou dele, ficando na sua frente. Se abaixou para ficar na mesma altura, Neji-sama continuou fitando ela, porém um suor escorria em seu rosto, no canto de sua boca era visível os estímulos de nervosismo.

-Contou pra quem, Neji-niisan?

-Pro Naruto.

Hinata-sama ficou de pé. Ela caminhou para um lado e pro outro, mexendo as mãos como estivesse perdendo a paciência. Seu cabelo se salto, cobrindo seu ombro.

-Neji-niisan... –Em meios das risadas, ela bufava. –Por que CONTOU PRA ELE? –Segurou o queixo de Neji-sama, o apertando firme.

-Ele precisava saber. –Neji tentava se afastar as mãos dela de seu rosto.

-Hinata-sama, vai quebrar a mandíbula dela! –Procurei segurar ela pela cintura.

Com muito esforço, conseguimos acalmar a fúria de Hinata-sama.

Precisei alcançar um copo de água gelada com vários cubos de gelos. Também peguei uma bolsa de gelo para mim. Fui acertada pelas mãos dela, Neji estava ileso, por enquanto.

Deitada no chão, Hinata-sama recuperava o fôlego. Sentei no sofá na frente de Neji, estávamos acabados.

-Está mais calma, Hinata-sama? –Emprestei a bolsa de gelo para ela.

-Estou. –Com um pouco de esforço, ela se sentava no chão. –E agora? –Ela o olhou seriamente.

-Não entrei em detalhes com ele. Apenas expliquei o porquê de sua mudança. Só seja mais sincera com ele, Hinata-sama. –Neji passava as mãos em sua roupa para arrumar.

-Eu entendo que possui um pouco de vergonha de seu passado, Hinata-sama. Mas precisa ser sincera. Seu primo só quer te ajudar.

-Eu sei... –suspirou alto. –Exagerei um pouco.

-Um pouco? –Neji realçou.

-Sim. –Ela olhou seriamente. –Mais uma pergunta. Como sabia que estávamos juntos?

-Fazia um tempo que estava vigiando vocês. Desde o dia que você o levou para minha festa de casamento, havia algo diferentes entre os dois.

-Onde tirou suas conclusões?

-Com ele mesmo. Apenas fui no trabalho dele e fiz abrir a boca.

-Acho que tu tens um talento nato para ser mafioso, Neji-niisan.

-Eu sei.

Hinata-sama se levantava do chão, passando as mãos na toalha. Enrolou o cabelo fazendo um simples coque. Alcancei o copo de água, ela bebeu todo o líquido deixando apenas os cubos de gelos.

-E agora, Hinata-sama? –Parei na frente dela.

-Amanhã vou até o trabalho dele para conversar um pouco. E você vem junto! –Ela apontava o dedo para seu primo.

-Eu estou de férias. Não posso ficar comprometendo meu tempo livre com seu namoro. –Neji-sama se levantou do sofá, caminhando em direção a porta.

-Ah, você vai! Senão, eu conto pra Tenten onde foi parar o dinheiro destinado para o conserto carro dela. Quer que ela descubra?

Neji parou de caminhar, inclinando sua cabeça para frente. Ele sacudia os ombros ao dar risada.  Hinata-sama e eu trocamos olhares por algum tempo, esperando a reação dele.

-Quem deveria ser mafiosa é você, Hinata-sama. Praticando chantagem?

-Depois de tudo, me deve uma. Lembra que fui eu que te ajudou a mentir? –Ela encostava a mão embaixo de seu rosto. –O dinheiro foi pra onde mesmo, Neji-nisan? É mesmo, para sua mesa de bilhar.

-Te encontro 08:00 da manhã. Sem falta!

-Sabia que poderia contar com você, Neji-nisan.

Era visível a raiva de Neji quando fechou a porta. Os pneus dele cantaram demonstrando a ansiedade de sair daquele local.

Hinata-sama estava sentada em seu sofá, com um sorriso maléfico em seu rosto.

Apenas ri.

-O que foi, Asuna? –Ela voltou ao seu estado normal, calma e gentil.

-Sua afinidade com seu primo é tão admirável. Uma relação mais saudável do que irmãos de verdades.

-Verdade. Desde pequenos somos assim, Neji sempre tentou me proteger.

-Vão amanhã mesmo no trabalho dele?

-Sim. Preciso agradecer das flores. Pode alcançar meu celular ali na estante?

-Claro! –Peguei o celular e entreguei.

-O que devo dizer? –Ela desbloqueou a tela.

-Hum, agradecer né? –Fiquei um pouco envergonhada.

-Haha. Vou apenas agradecer então... –Ela digitava o texto. –Pensei escrever algo a mais, mas creio que iria exagerar.

-Claro que não. Mas como vai no trabalho dele amanhã, que tal fazer algo para ele? Como por exemplo um bolo, ou uns biscoitos? –Sugeri a ela.

-Boa ideia. Estava cansada, mas com essa história do Neji, fez o sono ir embora. –Ela se levantava do sofá. –Vou no quarto colocar uma camisola e já volto.

-Ok. Estarei esperando.

Coloquei os copos e as xícaras na bandeja e retornei para cozinha. Lavei o restante da louça que estava na pia, coloquei as espátulas e os ingredientes em cima da mesa, esperando a volta de Hinata-sama.

-Pronta Asuna? –Ela parava na entrada da cozinha, novamente arrumando seu cabelo.

-Sim! Deixei tudo em cima da mesa!

-Certo, vamos começar!

Entreguei um avental para ela, que me ajudou a colocar o meu.

Hinata P.O.V

Passamos uma boa parte da noite preparando alguns cookies. Asuna tinha visto uma receita com chocolate e avelã, achei interessante e resolvi fazer.

Fizemos uma boa quantidade, metade ficou no pote dentro do armário e a outra coloquei numa caixa na geladeira para levar.

Senti o cansaço atacando minhas costas, e sono havia retornado me fazendo soltar um bocejo alto. Recuei para meu quarto, mal encostei a cabeça no travesseiro e adormeci.

No outro dia, acordei com a Asuna sacudindo meu ombro.

-Asuna... –resmunguei.

-Hinata-sama, seu primo já está esperando na sala.

-Ah, é mesmo! –Levantei da cama com um pulo. –Preciso tomar banho e me arrumar. Deve estar um frio forte lá fora!

-Bom, se enganou. A primavera está se aproximando, pode voltar usar seus vestidos.

-Que ótimo. Mesmo tendo nascido no inverno, gosto mais do calor. Chega de papo, vou pro banheiro. –Peguei a minha toalha.

-O banho está pronto. Deixei tudo preparado. –Ela me alertava.

-Por isso que te adoro, Asuna.

Corri o mais rápido possível até o banheiro. Tentei fazer tudo ao mesmo tempo, como lavar o cabelo e escovar os dentes. Asuna ditava as horas no outro lado, assim pude cronometrar o tempo para cada função.

Quando abri a porta, ela estava segurando um vestido tomara que caia branco com estampa de rosas vermelhas, e uma sapatilha vermelha com lacinho na ponta, e uma tiara de pano no tom vermelho.

Fechei a porta novamente. Coloquei o vestido sem cerimônia, enquanto penteava o cabelo com a escova, calçava a sapatilha. Com o modelador de cachos, apliquei somente nas pontas para dar um ar de boneca, completando com a tiara.

Abri a porta de novo, Asuna estava me esperando com alguns batons em suas mãos.

-Sem maquiagem hoje.

-Mas essas cores combinam bem com a primavera. –Mostrando o batom cor de boca.

-Está bem. Só o batom. –Peguei a embalagem. –Vou no quarto passar o perfume. Pode me esperar no lado de fora com os cookies?

-Claro, Hinata-sama.

Voltei para o meu quarto, em minha penteadeira, apliquei o batom em meus lábios, passei o perfume em meu pescoço e pulsos.

Caminhei até a sala, lá estava o Neji resmungando de minha demora. Asuna estava com a caixa dos cookies em suas mãos.

-Demorou!

-Desculpe, dormi demais. –Peguei a caixa das mãos de Asuna. –Obrigada.

-Ficou fazendo o que a noite?

-Não é da sua conta. Podemos ir agora?

-Claro.

-Espera. Não íamos nos encontrar lá? –Peguei o celular que estava na estante.

-Preferir te buscar em casa. E também contei pra Tenten que ia te acompanhar.

-Que bom marido ele é. Não é mesmo, Asuna? –Ela riu de minha ironia.

Neji apenas sacudiu a cabeça, evitando uma discussão.

Ele pediu para irmos no carro dele e que fazia questão de me levar até o trabalho e buscar. Apenas aceitei, fazia um tempo que o Neji não era generoso.

Ficamos uns vinte minutos no trânsito para chegar na emissora. Tive que aturar o Neji resmungar das sinaleiras e dos pedestres.

[...]

Fomos parados pelos seguranças da emissora, pois o Neji não tinha comentado que na última vez, havia entrado sem permissão. Foi preciso mandar uma mensagem para o Konohamaru, pedindo a ajuda dele.

Esperamos por alguns minutos, até ele chegar na portaria com nossos crachás.

-Desculpe pela demora. Naruto-niichan havia esquecido eles na minha mochila.

-Não precisa se explicar. Só precisamos conversar um pouco com ele. –Tentei me explicar.

-Ele está na sala dele. Hoje é um dia produtivo, Mei virou uma grande amiga do Killer. –Ele sorria.

-Isso é ótimo.

Konohamaru comentava das novidades da série, e da relação dos atores com o Naruto. Fiquei feliz, senti um pouco de medo por causa da Mei.