História Selfie - Capitulo 25: Empurrãozinho.

Hinata P.O.V

Estava deitada em meu sofá, procurando algumas músicas para ouvir. O dia dos namorados estava próximo, precisava pensar numa nova linha e também em um presente para ele.

Sempre me perguntava se era uma boa ideia comprar algo para ele. Claro que ainda não assumimos direito nossa relação, aliás nem conversamos direito. Aquele assunto me tirava o fôlego e o sono.

-Que chato... –Falei baixo retirando o fone dos ouvidos.

Coloquei o celular em cima da mesinha ao lado. Procurei sentar no sofá, minhas costas estavam me incomodando um pouco. Então, ouço um som de sapateado vindo da cozinha. Resolvi ir atrás para conferir o que estava acontecendo.

Parando na entrada da cozinha, lá eu vejo Asuna fazendo alguns bolinhos, dançando ao mesmo tempo.

-Oh, que motivação! –Cruzei os braços, me apoiando na parede.

-Hinata-sama! –Ela parava sua dança ao me ver. –Não a vi parada ai.

-Tudo bem. Desculpe atrapalhar sua diversão. –Sinto o aroma vindo do fogão. –Que cheirinho ótimo!

-Sim, estou fazendo bolinho de chocolate e morango. Dia dos namorados está se aproximando, então quero preparar algo gostoso. –Ela levava suas mãos até seu rosto.

-Essa data... –Mordi o canto de minha boca.

-O que foi, Hinata-sama? Não gosta do dia dos namorados? –Asuna me fitava com um olhar de surpresa.

-Ai Asuna... –Caminhei até a mesa, puxando uma cadeira para sentar. –Não é que eu não goste. Problema que preciso criar a nova linha e também... –Suspirei.

-E também? –Ela sentou ao meu lado.

-Não sei se devo comprar um presente para o Naruto.

-E por que não deve? Hinata-sama, eu vi vocês dois assumirem algo ali na sala. Não pense nessas besteiras. Vai no shopping, compre algo para ele, e o convide para vir até aqui.

-Mas tem a festa de comemoração da série dele.

-Oh céus! É no mesmo dia ? –Ela me olhou espantada.

-Sim. E ainda nem pensei na nova linha. –Bati a palma da mão em minha perna. –Sobre o que pode ser a nova linha?

-Humm... –Ela lambia a colher coberta pelo recheio. –Ano passado foi sobre cupidos, não é mesmo?

-Sim, mas não fez muito sucesso. –Encostei minha cabeça na mesa.

-Gostaria de ajudar mas não tenho nenhuma sugestão. –Ela se levanta se aproximando do fogão.

-Tudo bem, Asuna. Sobre o presente você tem razão, mas aí eu fico em outro beco sem saída. –Balancei a mão.

-Qual?

-O que devo comprar?

-Oh... Em caso de dúvida, dê algo de comer. Minha mãe sempre dizia isso.

-Boa ideia, Asuna. Farei aqueles bombons, metade chocolate e outra metade chocolate branco. –Levantei da cadeira.

-Ah, aqueles bombons... eu adoro eles. –Ela tirava os bolinhos do forno. –Pode deixar alguns para mim?

-Claro. Vou no mercado comprar os ingredientes. Já volto.

-Tudo bem.

Não ia até meu quarto e trocar de roupa. Apenas passei a mão na minha jaqueta de moletom e fiz um rabo de cavalo no cabelo. Era um pouco estranho me ver usando uma roupa de ginástica, parecia que ia fazer uma caminhada, mas até isso tenho preguiça de fazer.

Peguei o celular da mesinha e as chaves do carro. Olhei para estante, onde estava o cartão de créditos. Falei alto avisando para Asuna que estava saindo de casa.

No lado de fora estava ela, Senhora Yuri regando suas flores. Respirei fundo, passando as mãos em meu cabelo. Caminhei com calma até a calçada de minha casa, procurei não desviar o olhar.

-Olhe só quem apareceu. –Então ela me notou.

-Ai... –Inspirei. –Senhora Yuri! Quanto tempo, não é mesmo? –Procurei ser a mais gentil possível.

-Sim, até achei estranho pois minhas coisas ainda estão inteiras. –Ironizou.

-Haha, eu ando muito ocupada ultimamente. Nem consigo parar em casa. –Forçando ser gentil. –Eu preciso ir agora, tenho uma coisa para fazer.

-Percebi que estava com pressa, está todo desleixada. Nem passou um batom. –Ela ria.

-Haha. –Forcei uma risada. –Pelo menos as pessoas gostam do meu carisma e bom humor. Até mais.

Corri até meu carro. Entrei tão rápido, que nem percebi que o liguei. Coloquei as mãos no volante, soltando um longo suspiro.

-Quando é que vou ter um encontro bom com ela? É tão difícil falar apenas “ bom dia”? –Troquei de marcha. –Não vou perder meu tempo pensando nisso. Preciso ir ao mercado.

Naquela manhã, havia um grande congestionamento. Apenas peguei meu celular colocando minha playlist para o momento.

[...]

Depois de um século, finalmente cheguei no mercado central. Estacionei em baixo de uma árvore, aquele sol estava forte demais para aquele horário.

Corri em direção do mercado.

Ao entrar, senti aquele choque térmico. Dentro no mercado estava frio por causa dos ares-condicionados. Fechei o zíper do casaco até o pescoço, abaixei a manga até o pulso, assim não ia sentir tanto frio.

Kushina P.O.V

Fazia um tempo que não tinha notícias de meu filho.  Apenas o tal convite para sua festa de comemoração.

Precisava saber como estavam indo as coisas, então resolvi fazer uma pequena visitinha no trabalho dele.

-Moço, eu sou a mãe de Naruto Uzumaki, por favor me deixe passar!

Há meia hora estava ali, plantada na portaria discutindo com os seguranças. Minha cabeça estava começando a latejar por causa da dor, tentei várias vezes explicar que eu era a mãe de Naruto, porém creio que aqueles homens tinham um certo probleminha para entender.

-Quantas vezes terei que te falar quem sou eu?

-Senhora, já entendemos que está querendo dizer.

-Então?

-Deixe ela entrar. –Um rapaz se aproximou da gente.

-Mas senhor? –O homem insistia.

-Não é um favor. –O rapaz manteve uma postura firme, o segurança cedeu e me concedeu a passagem.

-Obrigada.

-Não precisa agradecer, Kushina-sama.

-Como sabe meu nome, rapaz?

-Seu filho me mostrou sua foto, do seu marido também.

-Você trabalha com meu filho? Não sei muito sobre seus colegas, apenas daquele garoto que o persegue.

-O Konohamaru? –Ele abria uma das portas para mim.

-Sim. Rapaz encantador. Adoro o jeitinho que ele olha para o Naruto, com um brilho enorme em seus olhos.

-Haha, imagino.

O tal rapaz me acompanhou até o escritório de Naruto, conversamos por mais algum tempo sobre o Naruto e o Konohamaru. Ele me contava como era seu dia a dia com eles, em algumas partes era impossível de controlar a risada. Esses dois devem dar muito trabalho para esse rapaz.

-Foi bom ter essa conversa com a senhora, mas preciso voltar para o trabalho.

-Oh, tudo bem, eu entendo. Adorei a nossa a conversa!

-AAAAH, TÁ DE BRINCADEIRA?!? –Ouvimos alguém gritando no corredor se aproximando da sala.

-Estou te falando. Ela vai trair o cara que gosta só pra ajudar a amiga. –Naruto entrou na sala acompanhado de seu amigo, Konohamaru.

-Nossa que série legal. Tem pessoas com uma criatividade para bagunçar nossa mente... –Konohamaru estava com uma expressão de surpresa.

-É só um palpite. –Ele colocava o copo em cima da mesa.

-Mas um palpite bom, pois não estou entendendo mais. –Konohamaru por sua vez, se jogava no sofá.

-O assunto é tão envolvente que nem reparam minha presença...

-SHIKAMARU! –Os dois saltaram para cima do rapaz, o derrubando no chão.

-Saem de cima de mim! –Ele ordenou.

-Ainda bem que retornou! Eu não aguentava mais olhar para Guren todos os dias! –Lágrimas escorriam do rosto de Konohamaru.

-É bom vê-lo novamente. –Naruto o ajudou a se levantar do chão.

-Não passei décadas longe, Naruto.

-Acredite foi difícil ficar aqui sem você.

-Vejo que está feliz com seu amigo, Naruto. –Tentei chamar atenção.

-Mãe? Por que está aqui? –Ele veio até minha direção, me abraçou forte.

-Por que meu filho não dá notícias há desde o ano novo. E quando vou ver chega no meu correio um convite da festa de comemoração da audiência. Que hilário. –Ironizei.

-Desculpe, ando muito ocupado ultimamente.

-Eu sei, mas mandar uma mensagem pelo celular dizendo “já comi e agora irei deitar”, seria ótimo. –Belisquei a bochecha dele. –Lembra que comprei o celular para isso.

-Eu sei, erro meu mesmo, sinto muito. –Colocou suas mãos em cima de meu ombro. –Como posso te compensar?

-Que tal contar como está vida?

-Irei. Quer algo para beber?

-Não precisa, eu estou bem.

-Faço questão para pegar um copo de suco para senhora. –Konohamaru se ofereceu. –Eu já volto. –Se retirou da sala.

-Eu já ia esquecendo. –Me aproximei do outro rapaz. –Então você é o Shikamaru? Finalmente eu te conheci. E soube que faz meu papel de vez enquanto, encontra as meias perdidas dele.

-Hoje a senhora está com um humor mãe.

-Sempre querido.

-Haha, não só dele. Preciso cuidar do outro também. –Suspirou. –Falando em cuidar, como estão os roteiros?

-Está indo bem. Consegui me adiantar e escrever pelo menos cinco capítulos a mais.

-Muito bom. Guren esteve fazendo um ótimo trabalho.

-É... A Guren... –De repente a expressão de Naruto havia mudado.

-Qual o problema, filho?

-Só a senhora vendo.

Eu sabia que algo não estava bem. Ele tinha comentado sobre essa tal Guren, mesmo a mulher demonstrando ser uma boa profissional, a personalidade dela não era agradável.

[...]

O aroma doce do suco de pêssego é tão enjoativo. Era preciso trancar a respiração para beber. Konohamaru estava sentado na minha frente, me encarando com o mesmo brilho. Eu não podia demonstrar que não gostava do suco.

-Hehe, que delicioso!

-Fico feliz que tenha gostado. Tinha de outros sabores, mas pêssego me faz lembrar da senhora.

-Que gentil. –Demonstrei meu sorriso. –Então, podem me falar mais sobre essa tal Guren?

-Gostaria de saber também.

-Bom... –Antes mesmo de Naruto começar a falar, Konohamaru tomou a frente.

-Ela é tinhosa! Sempre nos olhando como fosse nos matar, não ri, sempre séria!

-Algumas pessoas não gostam de demonstrar seus sentimentos... –Shikamaru franzia o cenho.

-Não ela!

-Mesmo o Konohamaru fazendo esse exagero, tenho que concordar...

-Ora, filho. Ela não deve ser tão ruim assim. –Ri um pouco.

-Mãe, até a Hinata pensou o mesmo e viu com os próprios olhos como ela é.

Só podia ri daquela situação, e o Shikamaru encarava os dois rapazes.

Mais alguns minutos se passaram, Konohamaru comentava como tinha sido sua vida perto dessa tal Guren. Apenas risadas conseguiram tirar de mim, os comentários sobre ela eram hilários. Fiquei me perguntando por algum tempo se realmente ela era assim.

[...]

Fiquei um pouco em silêncio pois Naruto e Shikamaru estavam conversando sobre o trabalho. Em cima da mesa, estava os rascunhos do último roteiro. Consegui fazer uma breve leitura de uma das partes do rascunho, realmente a história estava ficando interessante.

Eis que ouvimos alguém batendo na porta.

-Pode entrar, está aberta. –Naruto informava.

-Desculpe, Uzumaki-sama. –Uma mulher entrava na sala. –Aqui está a lista de convidados que confirmaram presença. –Ela entregava uma folha para ele.

-Obrigado, Guren.

Então essa é a tal Guren? Não parece ser tão ruim assim.

-Nara-sama, finalmente retornou. –Percebo que ela sentiu um leve desconforto.

-Sim, exagerei um pouco do tempo que ia ficar fora. Mas percebo que andou fazendo um excelente trabalho. Naruto até adiantou o roteiro dos próximos capítulos da série.

-Ele só precisava de um empurrão.

-Realmente. –Levantei da cadeira. –Naruto é muito preguiçoso.

-Guren, essa é minha mãe.

-Kushina, prazer em conhecê-la. –Estendi minha mão para cumprimenta-la. Porém ficou me encarando com um olhar estranho. Me senti um pouco ofendida, estava ali plantada esperando alguma reação e nada.

-Prazer. –Ela se curvou diante de mim. –Preciso retornar para meu trabalho. Com licença.

Novamente ela olhou para mim, senti uma vontade imensa de perguntar se tinha algo de errado. Tentei me segurar, não ia causar problemas no trabalho de meu filho. A tal Guren se retirou da sala nos deixando sozinhos, sentei na cadeira a observando sair da sala.

Naruto e Shikamaru trocaram algumas frases, enquanto o jovem Konohamaru me encara com uma expressão duvidosa.

-Está brava?

-Um pouco. Não gostei da atitude dela. –Falei baixo para ele.  –Ela é grossa.

-Falei que era tinhosa.

-Falou...

[...]

Hinata P.O.V

Depois de um bom tempo fora de casa, comprando os ingredientes e tentando pegar outras rotas para evitar o trânsito, consegui chegar em casa a tempo. Asuna estava me esperando na cozinha com tudo pronto em cima da mesa.

-Trânsito? –Perguntou.

-Sim e filas enormes no caixa. –Comecei a tirar os produtos das sacolas. –Essa época o que tem meninas no mercado comprando chocolate. Foi uma guerra pegar esses pacotes.

-Imagino. –Ela ria.

Coloquei as barras na panela e levei ao forno. Enquanto isso, Asuna fazia o brigadeiro normal em uma das panelas. Minha intenção era fazer o de chocolate, mas meu celular começou a tocar.

-Preciso lembrar de tirar o modo vibratório. Incomoda. –Retirei o celular do bolso da calça. Percebo que a ligação é de Naruto. –Opa... Devo atender?

-E por que não atenderia? –Asuna se aproximou de mim. –É fácil. –Ela tocou na tela do celular, atendendo a ligação.

-Asuna! –Fiz uma expressão demonstrando minha indignação.

Ligação on

-Alo?

-Por que não confirmou sua presença na festa?

-Ah, tinha que confirmar?

-Sim, estava no convite.

-Desculpe. Eu ando com a cabeça cheia, preciso criar uma nova linha.

-Não, tudo bem. Só estou ligando para confirmar se vai ou não. Minha mãe veio aqui no trabalho hoje e estava perguntando sobre você.

-Faz tempo que não converso com ela. Como ela está? E seu pai, vai bem também?

-Pra falar a verdade, também não estou conversando muito com eles. Ocupado com o trabalho.

-Às vezes é bom dar notícias de que ainda estamos vivos.

-Sim. E o Neji? Parou de invadir emissoras?

-Haha, por enquanto sim. A Tenten colocou ele nos eixos.

-Que bom.

~Silencio~

-Eu vou sim para festa. Pode colocar meu nome na lista.

-Hehe, está bem.

-Preciso desligar agora, tudo bem?

-Claro, eu também estou um pouco ocupado. Até mais, Hinata.

-Até.

Ligação off

-Que relação mais parada... –Asuna me encarava.

-Asuna!

-Mas é verdade, Hinata-sama! Convide ele para jantar aqui, ai vocês vão juntos para festa.

-Não sei... –Aproximei o celular de meu rosto.

-Mande mensagem para ele.

-Hum...

Asuna estava certa. Nossa relação era parada demais, eu precisava tomar uma atitude. Respirei fundo duas vezes, me concentrei para mandar a mensagem certa.

“Estive pensando. Por que não vem aqui para jantar na sexta? Podemos ir juntos para festa.”

-Pronto!

-Agora vamos esperar!

Depois de algum tempo, recebi a mensagem dele confirmando.

“Claro que vou!”

-Ele vai vir!

-Que bom, Hinata-sama!