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História Sem Censura - Modo avião


Escrita por: exotomic e minseokbaek

Notas do Autor


Chegamos aqui nos pênaltis com o capítulo novo que quase não sai!! Acabamos de terminar, então ignorem possíveis erros!! Vamos revisar direitinho depois. Estamos muuuito felizes com o engajamento de vocês! Um obrigadinha super carinhoso <3 Esperamos que gostem desse capítulo grandinho pra matar a saudade até a próxima atualização shudshih

Aviso: leia com cuidado se você acha que questões de insegurança e baixa autoestima podem ser um gatilho pra você.

Boa leitura! Peguem uma pipoca~

Capítulo 14 - Modo avião


 

SEM CENSURA

Baekhyun se escondeu debaixo do cobertor enquanto a cabeça não parava de encher de pensamentos difíceis. Encolhido na cama, ele sentiu um misto doloroso de vergonha, raiva e desespero. O que estava acontecendo com ele? Como ele poderia interpretar sozinho o que Chanyeol estava tentando dizer com aqueles olhos confusos? 

Não conseguia entender.

O dia inteiro se passou como uma sucessão de erros. Primeiro com o vexame que passou no carro, deixando Chanyeol contra a parede e soando como um ciumento louco, sendo que nunca fora sua intenção passar a imagem de possessividade. Ele e Chanyeol não tinham nada sério e Baekhyun estava ciente de que não poderia e não iria cobrar nada do colega de trabalho, e o real motivo para todos os questionamentos que fez era, simplesmente, ter chegado em um ponto onde não aguentava mais ter todos aqueles rumores sobre o mais velho na cabeça enquanto fingia que não se incomodava com a postura que diziam que ele tinha.

Não iria mentir e dizer que não ficou aliviado, mesmo com a vergonha da situação, ao descobrir que nada do que falavam era verdade. Ou que não gostou quando Chanyeol disse que, mesmo que eles não tivessem qualquer acordo de exclusividade, ele era o único com quem o Park estava indo para a cama. E até o momento em que se enrolou no cobertor e enfiou o rosto no travesseiro, Baekhyun tinha esquecido sobre aquele fato, que se tornou um peso no instante em que foi lembrado.

Chanyeol não transava com ninguém além dele — o que não era nada demais, considerando que o Park também era o único cara com quem dormia, mas se pensasse no quão agitada era a vida sexual do mais velho, essa informação tinha um outro contexto. Chanyeol lhe comprava presentes aleatórios, docinhos no expediente, jantares quando estava cansado demais do trabalho, se preocupava com seu bem-estar. Chanyeol queria levá-lo para aquela viagem para que os dois curtissem um tempo a sós, sem câmeras.

E Baekhyun simplesmente não conseguia acreditar que o mais velho se importava com a relação dos dois fora do contrato. Sentia raiva de si mesmo por ser tão incapaz, sentia culpa por isso. Mas o que ele poderia fazer se não estava e talvez nunca estaria acostumado em conquistar alguma coisa sem precisar se humilhar ou estar o tempo inteiro em segundo plano? Ele nunca foi de ser a primeira opção, ele não sabia o que era ter alguém que realmente estava ali para ele, e quando achava que tinha, algo em sua cabeça sempre o fazia desconfiar de cada passo, de cada palavra, o deixando o tempo inteiro com receio de qualquer pequena coisa e o fazendo se afastar.

Isso aconteceu com amizades, com eventuais namoros, com a família, com empregos. Ele não conseguia evitar se sentir um estorvo, um peso que as pessoas precisavam carregar por aí, e por isso se afastava. Talvez isso tenha começado quando percebeu que vivia à sombra do irmão mais velho e que nunca seria capaz de ser tão bom quanto ele. Tão bonito, tão extrovertido, tão adorado pelos pais ou amigos. Baekhyun não tinha o mesmo brilho e por muito tempo ele se convenceu de que estava tudo bem, mas preferiu sair de casa a continuar encarando aquela realidade.

Desde então, viveu uma sequência de decepções amorosas, porque ninguém estava disposto a aguentar suas paranoias — e ele entendia que era sua culpa — até namorar com Yixing, que era muito paciente e que suportou sua personalidade nada amável por tempo até demais, pelo que Baekhyun achava. Mas a relação esfriou com a rotina e Baekhyun acreditava muito que era por sua chatice cotidiana, decidindo pelo término em bons termos antes que Yixing o odiasse por ser o provedor do mau humor dentro de casa e da relação. E então vieram as mudanças no corpo, que a princípio não lhe importavam, mas então começaram a mexer tanto com sua autoestima, que já era ruim, que Baekhyun passou a viver com a certeza de que nunca seria capaz de causar interesse em alguém, muito menos de ser amado por alguém. Ele não tinha a aparência que chamava atenção e nem a personalidade que mantinha a faísca.

Ele não tinha nada — ao menos era o que acreditava.

Poderia ser cruel consigo mesmo pensando dessa maneira, mas não conseguia existir de outra forma. Ser indesejado e a segunda opção já era parte de sua vida há tempo demais para que alguns cuidados de um homem que o tocava fossem capazes de mudá-lo tão rápido. Especialmente considerando como conheceu Chanyeol e como acabou suado na cama dele. Ele ainda não entendia como foi capaz de firmar aquele tipo de contrato com o Park e vez ou outra refletia sobre tudo aquilo, e então era muito mais fácil e lógico, para Baekhyun, que o sexo justificasse qualquer interesse de Chanyeol em manter aquela relação.

Ele não precisava gostar de seu rosto para que transassem, e nem mesmo precisava se preocupar com muita coisa se estivesse satisfeito depois de fodê-lo. Era assim que Baekhyun pensava e, dadas as circunstâncias, era uma boa troca. Chanyeol tinha um corpo e Baekhyun fingia por algum tempo que alguém gostava de sua companhia. E foi ficando cada vez mais estranho para ele quando Chanyeol demonstrava qualquer coisa além do que ele acreditava.

Como ele poderia sequer cogitar a possibilidade de que o Park queria fazer qualquer coisa naquele chalé, exceto gravar, se a única coisa que os conectava era aquele maldito contrato assinado? Se sentia patético toda vez que ousava pensar em Chanyeol como alguém interessado nele de verdade, e preferia evitar para não alimentar ainda mais as piadas depreciativas que chegavam em sua cabeça o tempo inteiro. E então o Park vinha com aquele charme, com os carinhos esporádicos, com os cafunés. Deixava Baekhyun tão confuso que ele chegou ao ponto de não conseguir aguentar, deitado naquele sofá com os lábios sendo tomados pelos de Chanyeol, sem saber como eles chegaram tão rápido naquele estado.

Sua única reação foi fugir porque ele não sabia o que fazer. E ele tinha consciência de que agiu como um adolescente ao se esquivar sem dar mais tempo para que Chanyeol respondesse, assim como tinha certeza de que suas palavras foram sentidas pelo mais velho com mágoa. Sabia, racionalmente, que sua ambivalência poderia machucar Chanyeol, mesmo que ele não sentisse nada por ele, mas não conseguia evitar as reações imediatas e, ao se dar conta, já estava enrolado naqueles lençóis quentes e se deixando consumir pela tristeza.

Ele sabia que muitas pessoas o odiariam por ser tão escorregadio. Por não ter respostas o tempo inteiro, por nunca aceitar afeto de primeira, apenas por não acreditar que merece ou que é digno de recebê-lo. Não eram todas as pessoas que conseguiriam entender seus demônios, porque nem ele entendia muito bem, então ele não ficaria surpreso se Chanyeol ficasse com raiva. Se passasse a detestá-lo por ser inconclusivo, reservado, inseguro. Não seria uma novidade na sua vida e, de alguma forma, ele já estava acostumado a perder pessoas e coisas por conta de suas próprias sabotagens.

No entanto, foi com o coração apertado e os olhos lacrimejando que ele desejou que Chanyeol continuasse ao lado dele. Se existisse a mínima possibilidade do Park sentir qualquer coisa por ele, mesmo que não fosse como o sentimento perigoso que estava nutrindo pelo mais velho, Baekhyun sabia que as chances de ter estragado tudo eram enormes. Mas quase implorou em silêncio para que o pior não acontecesse, ainda que ele não fosse culpar Chanyeol pelas decisões que ele decidisse tomar, como terminar o acordo, talvez. Ou ir embora. 

Baekhyun não odiaria Chanyeol porque sabia que seria sua culpa. Ao menos era isso que ele pensava, por não ser muito carinhoso consigo mesmo.

Mas ele queria tanto que Chanyeol perdoasse sua falta de tato. Queria ao ponto de sentir um ímpeto para levantar e correr até ele, pedir desculpas pelo que nem sabia explicar, voltar a beijá-lo ou só mergulhar em um abraço quente, porque estava precisando de um. Mas não tinha coragem para fazê-lo, talvez sequer tivesse forças para isso, se encolhendo ainda mais na cama e deixando as lágrimas escaparem e molharem o travesseiro quando fechou os olhos, fungando baixinho mesmo que soubesse que era impossível que Chanyeol o escutasse ali dentro.

Com a cabeça pesada, não foi capaz de dizer quando a mente desligou depois de todo o emaranhado de pensamentos destrutivos, mas ele pegou no sono desejando uma última vez que ainda lhe restasse uma chance. Se conhecia o suficiente. 

Não iria insistir se Chanyeol desistisse dele. E também não iria julgar.

Seria apenas mais um ciclo natural em sua vida, e Baekhyun aceitava aquele destino vezes demais para seu próprio bem.

Do lado de fora, porém, o que se passava na cabeça de Chanyeol ia por um caminho bem diferente. Sentado no sofá por incontáveis minutos, com o corpo relaxado sobre o encosto confortável e os olhos no teto adornado em madeira, nada fazia o menor sentido para ele. O que tinha acontecido, por Deus? Como Baekhyun poderia pensar, depois de todos os seus esforços, que tudo o que fez não passava de uma estratégia para levá-lo para a cama?

Estava magoado, não poderia mentir. Descobriu no mesmo dia duas visões completamente equivocadas que Baekhyun, o homem que gostava, tinha sobre ele. Não era muito fácil engolir que tinha fama de cafajeste na empresa e que isso era forte o suficiente para que Baekhyun acreditasse com convicção. Para que interferisse na opinião que ele tinha sobre si, que o fizesse pensar que todos os seus atos carinhosos não eram nada além de combustível para as gravações que nem eram mais tão importantes para o Park. Incomodava Chanyeol pensar que as pessoas mentiam sobre ele àquele nível.

Ele conversava muito pouco com os colegas de trabalho e costumava se reunir mais com os outros rapazes. Ainda assim, pouco discutia sobre vida pessoal, apesar de escutar vez ou outra quando comentavam sobre mulheres, inclusive as do setor. Chanyeol sempre pensava que estavam contando vantagem para que saíssem por cima na conversa, dizendo como tinham saído com Joohyun ou Seulgi mesmo que nunca em sua vida ele tenha visto uma das duas com um de seus colegas. Nunca imaginaria que faziam o mesmo com ele.

Não conseguia nem mesmo pensar em como começaram aquelas mentiras. Ou o motivo para que as tenham continuado até se tornar algo grande como o que Baekhyun contou. Chegou a pensar que usavam meias verdades e a dedução não intencionalmente maldosa do Byun concluía o resto, mas ele falava como se fosse algo detalhado e específico demais para que fossem apenas coisas que ele supunha. E era aterrorizante para o Park saber que falavam todas aquelas barbaridades sobre ele, que poderiam até mesmo lhe tirar o emprego se chegassem aos ouvidos dos superiores.

Chanyeol sabia que precisaria dar um jeito naquela rede de mentiras e fofocas se quisesse ter paz, mas aquela não era a sua maior preocupação no momento. Estava preocupado de verdade com o homem que tinha se escondido no quarto. Queria saber o que ele estava pensando, queria entender o que ele estava sentindo. O que o levou a crer que nada do que fez e disse era real? Ou que era apenas parte de um teatro para os seguidores? Quando Chanyeol perdeu a mão e não soube mais dosar ou mostrar para Baekhyun que o que queria não tinha nada a ver com visualizações ou contas bancárias?

— Que inferno. — Chanyeol passou a mão pelo rosto e jogou os cabelos para trás em seguida. Esticou o corpo, olhando para o corredor pouco iluminado e para a porta que permanecia fechada, soltando um suspiro ao ajeitar a postura outra vez. 

Não sabia o que fazer, só por isso se levantou e foi em passos lentos até a cozinha, decidindo que poderia pensar um pouco melhor se estivesse cozinhando, sabendo que ficou com o jantar pendente. Mesmo que Baekhyun não se levantasse para comer, ele deixaria pronto apenas porque se importava. E o grande problema era se perguntar se Baekhyun se importava também, já que muitas vezes parecia o contrário.

Era culpa sua, de sua fama ridícula e de seu fracasso em demonstrar que Baekhyun achava que ele não queria mais que o sexo ou, no final das contas, aquela era a vontade de Baekhyun e ele estava tentando deixar isso claro?

Aprendeu de um jeito vergonhoso que não poderia mais supor as coisas que o Byun achava depois de acusá-lo sem querer de ter desgostado do presente de Natal, e o vislumbre que deu na pulseira que lhe adornava o pulso quando ergueu as mangas da camiseta só serviu para confirmar seu deslize. Então ele não poderia dizer que sabia ler a mente de Baekhyun. Não poderia culpá-lo por supor coisas sobre si, já que também fazia muitas suposições sobre ele que também não eram exatamente verdade.

Refogando legumes para o jantar, Chanyeol suspirou. Não sabia como agir e o parecia treinado para deixar tudo para lá. Quem sabe nunca mais tocar no assunto e esquecer que Baekhyun tinha dito qualquer coisa. Esquecer que queria qualquer coisa com ele, talvez. Seria a saída mais fácil, mesmo dolorosa. Chanyeol não sabia se estava disposto a encarar o que sentia para se abrir com o Byun, ao mesmo tempo em que sabia que nunca sairiam do lugar se não fosse explícito o suficiente para que ele o entendesse.

Viveria nesse impasse para o resto da vida? Quase conseguia escutar a voz de Yoora em seus ouvidos, o lembrando que não resolveria nada se não fosse claro. Que não poderia supor os sentimentos de Baekhyun se não o escutasse. Que talvez estivesse preocupado demais em adivinhar o que ele sentia e acabava ficando cego para o que ele tentava demonstrar.

Quando Baekhyun aceitou seu beijo, Chanyeol estava certo de que aquele era o Baekhyun de verdade. O mesmo que se entregava na cama e que precisava travar seu nome na garganta para que sua identidade não fosse revelada. O Baekhyun que corava quando ele se aproximava demais no trabalho ou que respondia suas mensagens carinhosas com carinhas fofas, coisa que sempre o surpreendia. Chanyeol simplesmente sentia que precisava fazer aquele Baekhyun entender que o que sentia e queria era tão verdadeiro quanto suas intenções.

Ele só não sabia como. Ou quando. Seria uma boa ideia deixar aquilo para outro dia? Ficariam sozinhos naquele lugar e ele conseguia até imaginar o clima desconfortável que se instalaria entre os dois se não conversassem, assim como não duvidava da probabilidade de Baekhyun resolver ir embora, fugindo dele do mesmo jeito que fez no banheiro da empresa, no dia da festa de Natal. Na verdade, do jeito que fazia sempre que Chanyeol chegava perto demais, e considerando que o beijou pela primeira vez longe de câmeras ou contratos, aquele foi o momento em que esteve próximo como nunca. 

Claro que Baekhyun fugiria. Claro que ele tinha se assustado com sua investida repentina, como não se assustaria? Baekhyun mal sabia reagir a presentes e elogios, como poderia reagir bem a um beijo? Chanyeol tinha ficado deslumbrado demais com o que escutou, com as suposições errôneas de Baekhyun sobre o que estavam fazendo, e por isso nem se deu conta de que as perguntas dele faziam sentido. Não poderia culpar Baekhyun por se esquivar dele se era incapaz de se abrir, não tinha o direito de exigir que ele soubesse o que estava sentindo.

Se continuasse adiando a própria sinceridade em relação ao Byun, seria ainda pior. Se sentiria o homem mais estúpido do mundo se deixasse aquilo passar como se nada estivesse acontecendo, se voltassem para Seul com aquele desentendimento no meio da relação frágil. Era inteligente, apesar de medroso, e ele sabia que estava andando em águas turvas por tempo demais. Não queria perder Baekhyun por ser um fracasso quando se tratava de relacionamentos. Precisaria arriscar se quisesse mudar aquele destino e, por isso, desligou o fogo quando viu o caldo borbulhar na panela, o cheiro gostoso de tempero espalhado pelo cômodo.

Tinha que tomar uma atitude, porque foi ele quem deixou Baekhyun sem resposta.

Respirou fundo antes de caminhar pelo corredor dos quartos, ainda escutando o trepidar fraco da lareira ao passar pela sala, lembrando do instante em que teve Baekhyun nos braços antes que ele desaparecesse por entre seus dedos como grãos de areia. Sentiu saudades dele e sabia que aquele era um sinal óbvio do quão interessado estava, porque tinham se tocado e beijado há menos de três horas.

Quando parou na porta fechada da suíte, o último quarto do corredor, percebeu que não fazia ideia do que dizer. Não iria entrar no quarto e invadir a privacidade de Baekhyun sem pedir permissão, e o problema era não saber se ele concordaria com sua presença. Muito provavelmente não, mas já estava ali, mesmo sem saber como começar, e não se perdoaria se desistisse antes mesmo de tentar.

— Baekhyun. — Bateu na porta suavemente com os nós dos dedos, sem esperar maiores respostas. Mordiscou o interior da boca, pensando no que dizer. — Eu fiz o jantar, você quer que eu coloque a mesa?

A resposta não veio, nem mesmo o mandando ir embora, e Chanyeol trocou o peso dos pés, encostando na guarnição da porta. Ele não estava nem respondendo a uma pergunta simples, será que o odiava de vez?

— Baek, você não comeu quase nada. Eu posso só deixar tudo pronto, não vou te incomodar… Você vai sair? — perguntou, começando a ficar aflito com a falta de retorno. — Eu fico no quarto, se for melhor pra você. Tudo bem?

Chanyeol bateu outra vez, com um pouco mais de força.

— Ei, só me diz se você está bem. Eu vou deixar a mesa posta e vou pro quarto depois de comer, mas me diz só se tá tudo bem com você. — Chanyeol apoiou a testa na porta. Aceitaria qualquer resposta monossilábica, mas estava começando a ficar preocupado. Àquele ponto, Baekhyun já teria respondido mesmo que fosse apenas na intenção de afastá-lo. — Baek?

Temeroso, Chanyeol testou mexer na fechadura, comprimindo os lábios ao notar que a porta não estava trancada. Mas ele não queria incomodar Baekhyun, se por acaso ele não estivesse respondendo de propósito. Estava apenas preocupado, já que eles se alimentaram pouco durante o dia e a última coisa que o Byun colocou no estômago foi uma xícara de café, horas atrás.

— Eu vou entrar, só pra saber isso. — Chanyeol avisou, abrindo a porta devagar. — Tô entrando, se não quiser é só falar que eu paro.

Chanyeol colocou a cabeça para dentro do quarto antes de qualquer coisa, colocando os olhos quase imediatamente no corpo encolhido e coberto de Baekhyun, ocupando uma parte muito pequena do colchão grande.

— Baek? — chamou, sem fazer muito alarde. Talvez ele estivesse dormindo, não conseguia ver o rosto dele naquela distância. Com os passos lentos, entrou no quarto, deixando a porta encostada porque tinha a intenção de sair caso confirmasse a teoria que havia acabado de construir. Se sentiria melhor se Baekhyun estivesse dormindo. Ao menos ele não estava ignorando de propósito, certo?

Chegou perto, silencioso, desejando ver o rosto sereno de Baekhyun. Gostava muito de como ele ficava calmo quando dormia, e sentia saudades de ter aquela visão. Nem mesmo lembrava de quando foi a última vez, já que Baekhyun se recusava a dividir a cama com ele para qualquer coisa além do sexo. Quando conseguiu encará-lo, porém, não encontrou a tranquilidade que gostaria no rosto bonito.

Baekhyun estava dormindo, sim. Os olhos bonitos estavam fechados e ele poderia estar parecendo a coisa mais adorável do mundo se não fossem por pequenos e incômodos detalhes. A vermelhidão na ponta do nariz, delineando os lábios e nas pálpebras levemente inchadas, fazendo a divisão suave quase desaparecer, como acontecia quando ele estava com sono. E, pelo visto, quando ele chorava.

Aquilo mudou completamente as ações de Chanyeol. Ele pretendia confirmar que Baekhyun estava dormindo e então deixá-lo sozinho no quarto, adiando a conversa para o dia seguinte e torcendo para ainda ter coragem o suficiente quando ele chegasse. No entanto, perceber que Baekhyun dormiu enquanto chorava ou depois de um choro foi o que precisou para mudar de ideia. Não queria que ele acordasse sozinho, em primeiro lugar, mas também não queria que ele terminasse o dia daquele jeito, chorando por sua causa, ou por causa da dificuldade dos dois.

Não sabia como iria abordá-lo, mas tomou uma atitude ousada ao sentar-se na cama, longe dele a princípio, o olhando por inteiro, imaginando as pernas encolhidas debaixo do cobertor pesado. Conseguia ver os dedos dele para fora, próximos da boca avermelhada, e conteve a vontade de levar a própria mão para o meio deles. Sentiu-se ainda mais triste, pensando no que levou Baekhyun a chorar depois do que aconteceu entre os dois. Queria saber o que estava na cabeça dele e porque era ruim o suficiente para lhe arrancar lágrimas, e ficou ainda mais disposto a desfazer qualquer mal-entendido se isso significava deixar Baekhyun bem.

Deitou a bons centímetros de distância, pensando no que faria para acordá-lo, zelando pelo sono dele antes de qualquer coisa. A respiração estava calma, ao menos, e Chanyeol desejou que ele estivesse sonhando com algo bom o suficiente para que o deixasse calmo, mas não extraordinário ao ponto de deixá-lo irritado ao ser acordado no meio do caminho.

Ergueu a mão algumas vezes, tentando escolher um lugar para tocar sem que fosse invasivo demais, porém recolheu o braço antes de alcançá-lo, ajeitando-se no travesseiro. O chamaria antes, só para não dizer que não tentou.

— Baek. — Quase soprou. Sabia que ele não acordaria se continuasse falando tão baixo e, no fundo, talvez fosse isso o que desejava. Se aproximou um pouco mais, arrastando o corpo no colchão e a cabeça na ponta do outro travesseiro, dividindo o ritmo da respiração com ele. — Ei, Baek, acorda.

Não resistindo, Chanyeol estendeu a mão outra vez e tocou o braço coberto de Baekhyun, lutando ao menos contra a vontade de tocá-lo no rosto. Balançou o corpo dele levemente, quase com dó de fazê-lo despertar, mas sabia que não conseguiria ir para o quarto e deitar a cabeça no travesseiro sem falar com ele. Não conseguiria existir muito bem se não resolvessem aquela pendência que parecia incomodar há mais tempo do que Chanyeol imaginava.

Sentiu o coração acelerar quando Baekhyun abriu os olhos, devagar. Não queria que ele se assustasse com a proximidade, então afastou a mão assim que notou que ele estava acordando. Os olhos pequenos se abriram mais que o comum e Chanyeol quase fechou os próprios para pedir aos céus que Baekhyun não fugisse naquele momento.

— Oi. — disse, o observando. Ele ainda estava calado, mas encolheu um pouco mais o corpo debaixo do cobertor. Chanyeol sentiu vontade de sorrir, lembrando-se de como ele ainda parecia um gatinho arisco e assustado. — Vim te chamar pra jantar e estranhei quando não respondeu. Então resolvi entrar e te acordar, então… — Chanyeol suspirou, porque não sabia como se explicar e muito menos se deveria se explicar. — Só queria saber se está tudo bem.

Baekhyun tinha puxado o cobertor um pouco mais, então apenas os olhos dele estavam descobertos. Chanyeol queria muito puxá-lo para um abraço, mas não faria nada antes de escutar o que ele tinha a dizer, se é que ele tinha algo.

— Está. — A voz soou quebrada e Chanyeol partiu por dentro, também. Por que ele estava tão triste? O que tinha feito de errado esse tempo todo?

— Tem certeza? — Se aproximou um pouco mais, só para olhá-lo com mais intensidade. Queria mostrar que se importava, já que Baekhyun parecia se importar. Ele não estaria daquele jeito se fosse irrelevante. — Você pode falar pra mim se algo está errado, Baek… Você não parece tão bem… 

Não queria apontar o rosto choroso de forma explícita, mas também achou necessário deixar claro que tinha reparado na expressão tristonha, apenas para que o Byun soubesse de sua preocupação.

— Estou bem agora. — Ele piscou, afastando um pouco o cobertor quando levou uma das mãos antes escondida até o rosto, esfregando nos rastros secos de lágrimas nas bochechas. — Não precisa se preocupar. Já está tudo bem.

— Mas por que não estava antes? Quer dizer… você quer conversar sobre isso? Não quis te atrapalhar, mas não quero que você fique triste assim. — Chanyeol se arrastou mais um pouco, torcendo para que Baekhyun não se afastasse. Felizmente, ele não se moveu. — Acho que a gente deveria conversar.

— Sobre o quê? — Baekhyun desviou o olhar, falando baixo, e Chanyeol pensou na possibilidade de ser apenas mais uma tentativa de fugir do assunto. Talvez fosse sem querer, já que não era nada confortável, nem mesmo para o Park, abrir o jogo do jeito que pretendia.

— Sobre o que aconteceu mais cedo, Baek, eu… — Chanyeol suspirou. Tocou em Baekhyun de novo, dessa vez na altura do antebraço, e acariciou o lugar mesmo por cima do cobertor, ganhando tempo. — Eu sei que você me fez uma pergunta e eu não respondi. Mas se você não quiser conversar, eu posso te deixar em paz, tudo bem? Se quiser escutar, me diga, por favor.

Baekhyun o encarou em silêncio pelo que pareceu uma eternidade, e Chanyeol ficou ainda mais nervoso. Se ele não queria ouvir, significava mesmo que não ligava para o que estavam fazendo, seja lá o que fosse? Não podia ser, Chanyeol se recusava a acreditar e talvez fosse muito bobo por isso, mas ainda assim o fazia. Ele queria ir contra os pensamentos frágeis daquela vez.

— Eu não sei. — Baekhyun abaixou um pouco a cabeça, o suficiente para esconder os olhos, e Chanyeol sentiu falta de olhar para ele imediatamente. — Se você quer dizer algo, pode falar.

— Quero que olhe pra mim antes, Baek. — Chanyeol deslizou os dedos sobre o cobertor, querendo estar sentindo a pele de Baekhyun e não o tecido macio. — Preciso que olhe pra mim e acredite em mim, dessa vez. Eu não sei muito bem o que fazer agora, mas não quero terminar a minha noite te deixando sozinho aqui desse jeito.

Chanyeol guardou as palavras, mas queria dizer que lhe partiu o coração ver Baekhyun tão triste. Gostava tanto dele...

— Eu… — Baekhyun ergueu o olhar, encontrando a intensidade que Chanyeol transmitia com o dele, mesmo com as sobrancelhas juntas e o cenho franzido, expondo a angústia. — Quero acreditar.

A resposta fez Chanyeol suspirar, quase aliviado. Era um bom começo, acreditava. Baekhyun ainda estava encolhido na cama, com os olhos vermelhos, mas não o afastou como achou que ele faria. Ele continuou ali, ajeitando a cabeça no travesseiro, ciente de que o mais velho o tocava no braço e da proximidade, assim como sabia o que iriam conversar. E continuou ali. Chanyeol considerou aquilo um bom sinal.

— Já é alguma coisa, porque eu também quero que acredite. — Chanyeol sorriu, ganhando um pouco mais de coragem. — Você me perguntou o que eu quis dizer quando falei que te convidei pra passar esses dias comigo aqui, só nós dois. — Recapitulou, em pausas, respirando fundo depois de falar. Por que era tão difícil ser sincero? — E eu não soube te dizer que minha intenção era ficar com você, e mais nada, em um lugar só nosso. Mas quero que você saiba disso agora, Baek. 

— Só nós dois. — Baekhyun murmurou e Chanyeol assentiu, escorregando os dedos pelo braço do Byun, alcançando a mão dele sem pensar muito sobre o que estava fazendo. Gostou de como o entrelaçar encaixou. — Por quê? Eu não entendo, Chanyeol.

— Eu não posso dizer que entendo várias coisas. Não entendo porque achou que eu queria filmar com você nesse lugar, mas não posso te julgar por perguntar porque eu não te disse nada sobre minhas intenções.

— Você vai dizer? — Baekhyun quase sussurrou e Chanyeol sentiu como se ele estivesse esperançoso, tentando ler os olhos pequenos vidrados em sua direção. Devia aquela resposta a ele, especialmente depois de notar aquilo.

— Vou. Eu quis te trazer aqui pra gente ficar junto. Não me importo com o sexo e nem com o contrato, eu deixei todas essas coisas em Seul. Sou só o Chanyeol, Baek, o cara que trabalha com você e que gosta de ficar com você. — Chanyeol falou rápido ao ponto de quase atrapalhar as palavras, mas tentou manter a dicção. — Não preciso de vídeos e nem de nada pra gostar da sua companhia, preciso?

— Eu… — Baekhyun passou o longo tempo em silêncio, refletindo sobre uma pergunta tão simples, e Chanyeol queria muito que ele não precisasse de todo esse tempo. Era tão difícil assim para ele cogitar aquela possibilidade? De repente, Chanyeol se sentiu um pouco triste, e apertou os dedos de Baekhyun entre os próprios para chamar atenção dele. — Achei que precisava.

— Não fale assim. — Chanyeol deixou escapar, mas depois se arrependeu, porque as palavras de Baekhyun pareciam verdadeiras demais para o que ele acreditava, e uma pessoa lhe pedindo para que não as dissesse ou pensasse que não mudaria nada. Suspirou. — Quis dizer que você não precisa mais achar isso. Eu não preciso, eu nem pensei em câmeras, eu só queria ficar com você.

Chanyeol estava se amaldiçoando por dentro por não conseguir ser mais explícito. Por não dizer, com todas as letras, que gostava dele. Que gostava dele demais, como não estava acostumado a gostar. De verdade.

Mas ainda não se sentia preparado para aquela frase em específico. Talvez ainda houvesse uma boa parcela de insegurança morando em seu peito, ele não conseguia evitar.

— Então… — Baekhyun pediu por mais e Chanyeol chegou mais perto dele, alinhando-se na altura do rosto tão bonito, quase encostando o nariz no dele. O encarou por segundos incontáveis, brincando com os dedos que tinha entre os seus.

— Então eu quero saber se você também gostaria de ficar comigo aqui, sem pensar em nada sobre contrato ou filmagens. Nada disso importa pra mim, tudo bem? Mas se você prefere que a gente só tenha esse tipo de relação, eu não vou exigir nada de você, Baek. Só quero deixar claro que, por mim, passaríamos o resto do feriado do jeito que a gente estava no sofá. — Chanyeol estava tão nervoso que não conseguia parar de falar, especialmente por não receber muito mais que olhares incógnitos de Baekhyun. — Fazemos o que você preferir, mas é essa a minha vontade.

Chanyeol achou que não deveria dizer mais nada, porque já tinha o enchido de informações. Torcia para que ele acreditasse, ao menos, e ficou feliz ao lembrar de quando ele disse que tentaria, porque isso era suficiente por enquanto. 

Observou o menor mover a cabeça levemente, deitando-se no travesseiro com mais conforto, umedecendo os lábios rosados com a língua. O cabelo escuro dele se espalhou mais na fronha quando ele se aproximou e deixou que o nariz tocasse no de Chanyeol, soltando o ar pela boca. Chanyeol precisou controlar a vontade de puxá-lo pela cintura, mantendo os dedos bem enroscados nos dele.

— Não tem realmente nada a ver com os vídeos, não é? — Baekhyun perguntou, calmo, e Chanyeol voltou a sentir uma estranha tristeza no peito. Como um homem incrível como aquele tinha tantas dúvidas?

— Nada. Só tem a ver com você. — O Park se permitiu ser um pouco mais romântico, coisa que estava escondendo há muito tempo porque não queria assustar o menor. — Consegue acreditar em mim?

Baekhyun suspirou e Chanyeol admirou a expressão dele suavizando, uma sombra de um sorriso no canto dos lábios, refletindo nos olhos quase de imediato. Quando Baekhyun assentiu, balançando a cabeça levemente, Chanyeol não conseguiu evitar o sorriso largo que tomou conta de seu rosto, assim como não refreou a vontade de puxá-lo para mais perto, o trazendo pela mão que segurava e sorrindo ainda mais quando os olhos dele aumentaram de tamanho com a movimentação repentina. Talvez ele não estivesse esperando por um abraço, mas se adaptou rápido quando Chanyeol o acolheu entre os braços, desfazendo o toque das mãos só para envolver o corpo dele enquanto o sentia apoiando a bochecha em seu ombro.

Baekhyun espalmou uma das mãos em suas costas e Chanyeol o apertou com vontade, feliz por ter conseguido falar ao menos um pouco e por Baekhyun ter acreditado nele. Deslizou a mão pelas costas cobertas, se dando conta de que tinha tirado o Byun do casulo de cobertores quase completamente e que o tocava na camiseta de mangas longas. O corpo dele estava quente e Chanyeol gostou de sentir o cheiro dele tão perto outra vez, de poder tocar, de ser tocado de volta. Caramba, foi quase como se tivesse voltado aos trilhos.

— Me desculpa. — Baekhyun murmurou no meio do abraço, o rosto escondido na curva do pescoço do maior, e Chanyeol não entendeu.

— Pelo que está se desculpando?

— Não sei… — Uma risadinha tímida foi escutada e Chanyeol quase derreteu. — Por ter fugido de você, e não ter te escutado antes? Não sei, eu só acho que deveria me desculpar se você ficou chateado.

— Eu não fiquei, não como está pensando. Fiquei surpreso, mas você me escutou sim, ei… — Chanyeol o afastou para que pudesse olhar para ele de novo. — Não teve culpa de nada, a gente só estava em páginas diferentes, eu acho, mas não precisa se desculpar, já está tudo bem.

— Só queria garantir. — Baekhyun desviou o olhar, e Chanyeol sorriu porque ele estava agindo com mais naturalidade ainda assim. Mordiscou o lábio inferior e tomou coragem para erguer uma das mãos, tocando-o no rosto, deslizando o polegar pela bochecha dele e chamando atenção o suficiente para que ele voltasse a encará-lo.

Os olhos dele ainda estavam avermelhados, mas não carregavam a mesma confusão. O rosado da ponta do nariz foi substituído por um rubor nas bochechas e Chanyeol não aguentava mais olhar para aquele homem sem querer cuidar dele o tempo inteiro. Ou beijá-lo o tempo inteiro. Não o julgava por corar, já que sentia o próprio rosto quente, mas, meu Deus, Baekhyun era simplesmente encantador aos seus olhos.

— Posso garantir de outro jeito? — falou baixo, com a voz grave, e conseguiu flagrar o suspiro discreto dele. Deslizou o nariz sobre o dele em um suave beijo de esquimó e o sentiu respirar fundo. — Se não quiser…

— Pode. — Baekhyun o interrompeu, o surpreendendo. Sabia que ele estava entendendo suas intenções e vê-lo tomar uma atitude, mesmo mínima, deixou o Park muito mais tranquilo.

Baekhyun fechou os olhos e o movimento pareceu estar em câmera lenta para Chanyeol, que estava radiante com a permissão óbvia. Se aproximou sem pensar duas vezes, e não saberia explicar a sensação que lhe tomou o corpo quando encontrou os lábios do Byun com os próprios pela segunda vez na noite, em um contexto totalmente diferente. Sendo bem honesto, talvez gostasse mais dele naquele momento do que há horas atrás, quando o beijou no sofá, se fosse possível que seu carinho por ele aumentasse naquele espaço tão curto de tempo.

O beijou com calma porque queria aproveitar cada segundo, provando outra vez dos lábios macios, da familiaridade que sentia ao beijá-lo, mesmo que aquele instante não pudesse ser comparado com nenhum dos outros beijos. Estavam ali naquele quarto, depois de uma conversa sincera, e Chanyeol não sentiu medo de que Baekhyun o rejeitasse e nem esperou por um adeus repentino depois que afastassem as bocas, como sempre acontecia quando gravavam juntos.

Era a melhor parte. Não havia câmera, não havia nada além dos dois ali, enquanto enroscavam as línguas e sentiam o gosto um do outro. Chanyeol percebeu que já estava com saudades daquilo, mas deixou para refletir sobre a gravidade daquele pensamento depois, descendo a mão para tocar na cintura de Baekhyun e se arrastando para o mais perto que pôde, querendo ter tudo o que poderia dele, do cheiro, do toque, da companhia.

Nem escondeu a felicidade quando afastou os lábios dos dele, voltando a juntá-los várias vezes em selinhos carinhosos, apenas porque não queria parar nunca mais. Gostou de escutar a risada baixinha dele, que morreu aos poucos em sua boca quando iniciou um novo beijo intenso, finalmente satisfeito com o momento que vivia com Baekhyun. Nada iria estragar aquilo, certo? Assim esperava.

Voltaram para o abraço quando cessaram os beijos e Baekhyun respirou fundo depois que escondeu o rosto na curva do pescoço dele, soltando o ar pela boca e deixando a pele do Park arrepiada por conta da respiração que bateu diretamente nela. Chanyeol voltou a acariciar o menor nas costas cobertas, porém, dessa vez, estavam os dois enroscados debaixo do cobertor que o mais velho puxou para ajeitar sobre os corpos.

Ele deitou mais confortavelmente e Baekhyun ficou envergonhado quando se viu descansando sobre o peito do Park, mas não fez nada além de abraçá-lo de volta ao se encontrar naquela posição. Era bom sentir o carinho de Chanyeol de novo, e ficou tão calmo que nem compreendia o quão rápido estava o seu batimento cardíaco.

— Você vai querer ir jantar? — Chanyeol perguntou, desenhando formas abstratas nas costas de Baekhyun. Também beijou o topo da cabeça dele porque sentia vontade de fazer aquilo o tempo inteiro e nunca achou ter o direito. — Deixei tudo pronto.

— Agora não… — respondeu. Chanyeol gostou de como ele arrastou a bochecha sobre seu peitoral e deixou as pernas se entrelaçarem ainda mais. Estavam agarradinhos na cama. Não poderia estar mais feliz. — Quero ficar um pouco aqui.

Chanyeol não sabia que Baekhyun só precisava de um pouco mais para assimilar tudo o que tinha escutado, mas ainda assim não reclamou, porque também estava adorando. O silêncio, para a surpresa dos dois, não estava desconfortável, e eles estavam aproveitando das carícias tímidas a princípio, como se estivessem conhecendo o corpo um do outro pela primeira vez, ainda que já tivessem se tocado em diversas.

Estavam, na verdade, se adaptando à nova realidade. Sabiam um pouco mais sobre as vontades que possuíam e, mesmo que um pequeno receio ainda existisse, estavam mais conectados naquele momento. Talvez por isso não fosse tão estranho que ficassem calados, apenas sentindo, deixando a ficha cair, por assim dizer.

— A gente pode continuar o que estava fazendo? — Baekhyun perguntou em sussurros, como se não tivesse coragem de falar mais alto que aquilo, pressionando a cintura de Chanyeol, onde os dedos estavam encaixados. Chanyeol sorriu imediatamente.

— Qual parte, você diz?

Baekhyun levantou a cabeça e deixou o olhar passear pelo rosto do mais velho, perdendo consideráveis segundos admirando os lábios dele antes de voltar a encará-lo nos olhos. Chanyeol ainda estava com um sorriso no cantinho da boca, e Baekhyun fez uso da pouca audácia que possuía ao esticar o pescoço e beijar o Park. Queria apenas ter certeza de que tinha permissão para aquilo e que Chanyeol também queria que ele acabasse com a distância, e ficou muito feliz, por dentro, quando tirou a limpo a última coisa que precisava antes de se entregar.

Chanyeol riu brevemente antes de entreabrir os lábios e Baekhyun não sabia como descrever a sensação que lhe tomava com outra coisa além de quente. Mas não o ardor que costumava sentir quando se tocavam na cama, deixando a luxúria tomar conta acima de qualquer coisa. Era quente enquanto… terno. Se sentiu aquecido, e isso o deixou muito surpreso. Era certo que apenas o beijo de Chanyeol o fizesse sentir aquelas coisas? Ele deveria permitir? Tinha forças para evitar?

Não tinha. E não fez nada para impedir que seu corpo virasse calor ao ser coberto pelo se Chanyeol no momento em que ele, sutil, o tocou no rosto e ergueu o tronco aos poucos, até que as posições se invertessem e Baekhyun estivesse com as costas sobre o colchão. Quando afastaram as bocas, suspiraram juntos, e Baekhyun abriu os olhos apenas porque desejava o olhar de Chanyeol. Naquela posição, não via nada além do colega de trabalho, do sorriso nos lábios avermelhados e da gentileza transmitida pelas íris castanhas. E foi a primeira vez que Baekhyun apreciou o carinho de verdade, porque estavam sozinhos, sem futuros espectadores, e não havia ninguém para quem Chanyeol quisesse demonstrar o cuidado além dele.

— Você sabe que não foi pra isso que eu vim aqui, não sabe? — Chanyeol disse, um tanto preocupado. Não queria que Baekhyun deduzisse que só se importava com o sexo, mesmo o privado.

Uma das mãos estava na cintura de Baekhyun enquanto a outra o tocava no rosto, e eles não eram bobos. Estavam se beijando há longos minutos e o clima os encontrou naturalmente, aumentando a vontade de contato e de mais. Se continuassem daquele jeito, não seria nada difícil que acabassem transando. Não era um fogo que Chanyeol negaria, mas queria ter certeza de que Baekhyun entendesse as coisas direito.

— Sei… — O Byun murmurou depois de alguns segundos preocupantes de silêncio e Chanyeol se inclinou outra vez, beijando-o calmamente na boca, sugando os lábios, o enchendo de carícias de pouco pudor. Desceu os carinhos em suaves beijos na bochecha e na mandíbula, a respiração quente contra o pescoço dele. Sorriu quando ele encolheu os ombros em resposta.

— É sério. — Sussurrou, gostando de como a pele dele arrepiou a frente de seus olhos. — Eu vim aqui porque não queria te deixar sozinho e confuso de novo. E estar contigo agora, desse jeito, me deixa feliz de verdade, mas se você não quiser ou achar que pode ser só uma nova investida minha, eu—

— Chanyeol, por favor. — Baekhyun falou, baixo, como em um sopro. As mãos trilharam caminho pelas costas largas do Park, de baixo para cima, o tocando nos braços até chegar aos ombros em seguida. — Eu entendi… não me deixe com vergonha… não quero parar agora, por favor.

Chanyeol sentiu falta da voz arrastada, de escutar Baekhyun quando ele sentia prazer ou queria prazer. Sentiu saudade de escutá-lo implorando, também, e não fez a menor questão de disfarçar isso quando voltou a beijá-lo. Descontou parte do próprio peso sobre ele porque queria abraçá-lo, e gostou de como ele o enlaçou pelo pescoço e flexionou as pernas para que se encaixasse melhor. Sempre ficava feliz quando Baekhyun respondia aos seus toques.

Estavam enroscados como nunca e nem mesmo tinham tirado as roupas.

Era tão diferente, mesmo que já estivessem acostumados com o sexo, que Baekhyun mal aguentava a sobrecarga de sensações, ciente de que estava ficando excitado com tudo o que estavam fazendo e não pensando em parar por nenhum instante. Também estava se esforçando para afastar qualquer coisa negativa que lhe cruzasse a mente. Chanyeol foi até ali porque se importava com ele, porque o queria, porque pretendia ficar o feriado inteiro ao lado dele. Repetia como um mantra até que sua cabeça aceitasse como verdade, enquanto o Park lhe apertava a cintura e lhe sugava a língua.

O corpo ficava cada vez mais quente e nem mesmo parecia que estavam no inverno, precisando de cobertores mesmo com o aquecedor no quarto, e Chanyeol parecia sentir o mesmo calor, ao ponto de segurar a camiseta com o tronco erguido, tirando-a rapidamente antes de voltar para os carinhos e sentir os dedos de Baekhyun lhe tocando direto na pele. Nas costas, nos braços, sentindo cada parte como se fosse a primeira vez enquanto o volume crescia no meio das pernas.

Baekhyun arfou baixinho entre os lábios de Chanyeol quando ele o pressionou com a pélvis, apertando os dedos ao redor do bíceps do maior e adorando como se sentia engolido por ele naquela posição, subindo a outra mão até o cabelo escuro do Park, bagunçando-o ao enroscar os fios nos dedos. Puxou de leve, causando a quebra do beijo, respirando fundo de olhos fechados. Sabia exatamente o motivo para estar experienciando cada coisa com tanta intensidade, mas talvez ainda não tivesse coragem de dizer.

— Chanyeol. — disse, porque podia. Não precisava segurar a palavra como sempre fazia, e perceber aquilo deixou Baekhyun completamente derretido. Ele nem mesmo sabia o que falar, apenas sentiu vontade de chamá-lo pelo nome. Suspirou pesado, arrastando as unhas curtas pelas costas dele e enrolando ainda mais o cabelo dele na mão fechada entre os fios.

Chanyeol respondeu com desobediência, se aproximando para roubar um beijo rápido dos lábios de Baekhyun, descendo para o pescoço logo depois. Estava com saudades de deixar Baekhyun cheio de marcas, e percebeu isso pelo ímpeto de chupar a pele quando começou a beijá-lo na região. Quando o fez, leve a princípio, recebeu um gemido lânguido como resposta, e foi o jeito de Baekhyun deixá-lo saber que sentia falta também. Sorriu, voltando a acariciar a pele com beijos suaves, movendo o quadril para pressionar mais as ereções que se encontravam mesmo por baixo das roupas grossas, compartilhando de um arfar com o menor.

Chanyeol o apertou na cintura sobre a camiseta e, naquele momento, Baekhyun serpenteou em um conflito, porque queria sentir mais do corpo de Chanyeol, para além do que conseguia fazer com as mãos. Queria tocá-lo por inteiro, sentir cada pedaço de pele resvalando na dele. E sabia que nunca tinha tido coragem de passar daquele limite que impôs quando gravavam juntos, assim como guardava a completa certeza de que o problema com a exposição não era Chanyeol.

Ainda assim, quando sentiu vontade de se afastar para tirar a camiseta, não soube evitar a insegurança que surgiu em seus pensamentos. Chanyeol nunca transou com ele enquanto estava completamente nu e Baekhyun, apesar de não ser contra tirar a roupa já que estavam sozinhos ali, ainda sentiu um pouco de vergonha. Se ele não gostasse de seu corpo, desistiria? Pior ainda, broxaria? Ficou com medo de estragar o clima por não ser o mais atraente dos homens, apesar de achar que Chanyeol já sabia bastante sobre aquela sua questão.

O nervosismo que tomou conta foi forte o suficiente para atingir seus movimentos e o mais velho percebeu quando os braços do Byun se tornaram mais pesados pela tensão dos músculos, e então parou de beijá-lo no pescoço e no colo, no que alcançava de pele até às clavículas. Levantou o tronco para conseguir olhar para Baekhyun, com medo de ter feito algo errado ao encontrar os olhos aflitos.

— Tudo bem? — perguntou, preocupado, carinhosamente deslizando a mão que o tocava na nuca até o rosto, acariciando a bochecha quente. — Fiz algo que não gostou?

— Não é isso. — Baekhyun negou com a cabeça, enfatizando o que dissera. Se sentiu um pouco ridículo. Estragou o clima antes mesmo de fazer qualquer coisa? — Eu só…

Não teve coragem de dizer, afastando as mãos de Chanyeol e guiando os braços para o vão entre os corpos. Chanyeol acompanhou seus movimentos, erguendo as sobrancelhas ao notar que Baekhyun enganchou os dedos na barra da própria camiseta. Então não apenas o que ele queria fazer, mas o motivo para estar nervoso pela atitude.

— Você quer que eu tire pra você, Baek? — O Park colocou as mãos sobre as dele quase imediatamente, usando os polegares para deixar um carinho sutil nas costas de ambas.  — Se isso vai te deixar desconfortável, sabe que não precisa.

— Eu quero. — Mas não sei como você vai reagir, completou em pensamento, mordiscando o lábio inferior. 

Era estranho, porque estava deixando a certeza de que Chanyeol ainda estaria ali sobrepor a vergonha de se expor. Chanyeol queria ficar com ele e não o abandonaria depois de mostrar uma vulnerabilidade tão grande, acreditou. Se esforçou demais para acreditar nisso, especialmente quando o mais velho começou a afastar o tecido de sua camiseta longa, o fazendo engolir em seco por receio.

Fechou os olhos sem perceber, sentindo a peça de roupa se afastando do corpo, revelando a barriga, o peitoral que o assustava tanto. Queria muito que Chanyeol não detestasse, mas não sabia se tinha coragem de descobrir qual era a expressão dele enquanto o via na mais crua forma. Perdeu, por aquele instante, o brilho que cruzou os olhos do Park, completamente apaixonado por cada detalhe, porque era, sabendo ou não, completamente apaixonado por Baekhyun.

E mesmo se não fosse.

Ele era lindo, e continuaria sendo, com ou sem roupa. Chanyeol desejou que Baekhyun aceitasse isso um dia, também.

— Levanta os braços. — Sussurrou, calmo, observando quando o menor soltou o ar pela boca e fez o que lhe foi pedido, afastando as costas do colchão para ajudar também. E a camiseta já não cobria mais nada, e o tecido estava todo nas mãos de Chanyeol, que esperava por uma reação de Baekhyun antes de fazer qualquer coisa. Quando ele abriu os olhos, o dedicou um sorriso carinhoso. — Fica lindo assim.

Chanyeol disse a mesma coisa quando Baekhyun pediu para manter o tronco coberto na primeira vez que fizeram sexo, e a lembrança vívida fez o Byun prender a respiração por alguns segundos, sem entender porque sentiu que os olhos iriam lacrimejar. Por Deus, estava com uma ereção no meio das pernas e ainda era capaz de se trair daquela maneira, quase chorando por conta de um homem insuportavelmente bom com as palavras — que nem tinha feito muita coisa, na verdade, mas o assunto era profundo demais para que Baekhyun não se emocionasse um pouco.

— Obrigado. — A palavra escapou quase sem querer, de um jeito que Baekhyun nunca fazia. Agradecer por um elogio era a coisa mais difícil do mundo porque ele nunca acreditava neles, mas os olhos de Chanyeol sempre foram sinceros, e Baekhyun gostou de se ver refletido neles. Era muito melhor que o espelho. Definitivamente.

Muito observador, Chanyeol percebeu os olhos levemente úmidos e a voz falhada, então soltou a camiseta sobre a cama para que pudesse acolher Baekhyun como gostava de fazer, entrando em uma euforia desconhecida por estar tocando no corpo despido dele pela primeira vez, deixando a mão encaixar na cintura sem qualquer pano entre seu carinho. Abaixou-se para beijá-lo na boca, esperando pela resposta dele, que veio com um abraço folgado enquanto gemiam abafados contra os lábios um do outro, em uma resposta natural ao deleite que estavam encontrando naquele momento.

Chanyeol procurou pelos olhos de Baekhyun quando afastaram as bocas, deixando o olhar passear pelo corpo exposto, as mãos tocando cuidadosamente nas extremidades, pressionando os dois lados da cintura dele. O sentiu respirar fundo e sorriu para ele, deixando suas intenções óbvias ao abaixar o tronco de novo, esbarrando os lábios nos de Baekhyun e então descendo as carícias devagar. Beijou o colo, as clavículas, demorando-se na região antes de deixar pequenos beijos no meio do peitoral dele, o ouvindo suspirar pesado e sentindo as mãos dele em suas costas, deslizando de cima a baixo.

Sentia vontade de tocá-lo naquele lugar há muito tempo, mas entendia e respeitava suas vontades quando transavam. Naquele momento, porém, iria saciar aquela sede, e não pensou duas vezes antes de envolver um dos mamilos de Baekhyun com a boca, o olhando debaixo para checar sua reação. Não foi difícil concluir que ele tinha gostado quando admirou os olhos fechados e os lábios entreabertos dele, então Chanyeol continuou.

Queria, mais do que tudo no mundo, deixar Baekhyun satisfeito. Usando a boca ou os dedos para estimular os dois mamilos enrijecidos, gostando muito de tocá-lo ali, de marcar a pele com pequenas vermelhidões enquanto se divertia conhecendo aquela parte do corpo do menor, que nunca lhe foi mostrada antes — e se sentia muito especial por ter aquela permissão agora.

O beijou inteiro e ainda queria mais, gostando de sentir os dedos dele entre seus cabelos e de escutar os gemidos manhosos que ele deixava escapar toda vez que chupava e mordia, mesmo que ele continuasse de olhos fechados enquanto Chanyeol adorava seu tronco, até que voltou a beijá-lo na boca e a apertá-lo em um abraço carinhoso.

Não demorou muito para que se livrassem do resto das roupas durante aqueles amassos, e Chanyeol grunhiu quando o pau duro encontrou o de Baekhyun ao voltar para o meio das pernas dele, os dois deixando a pele orvalhar de suor porque nunca parava de ficar quente enquanto se esfregavam na cama, enquanto marcaram os corpos um do outro com beijos e chupões, como Chanyeol fez ao beijar e mordiscar o Byun em tudo o que conseguiu, ou com arranhões que eventualmente raspavam nas costas do Park quando Baekhyun precisou descontar o prazer em algum lugar.

Estavam se guiando fácil, porque se conheciam, e ainda assim aquela parecia ser a noite mais íntima que já tiveram. Não só pelo jeito em que beijavam, masturbavam, chupavam um ao outro, mas também pelo brilho das íris toda vez que trocavam olhares profundos, como no momento em que Chanyeol sentiu o gosto de Baekhyun na língua ao iniciar uma felação e o Byun quase não suportou encará-lo naquela posição porque sentia que poderia explodir só de olhar. E então devolveu a Chanyeol a mesma sensação, ajeitando a nuca no travesseiro para conseguir colocar o pau dele na boca, o olhando de baixo enquanto o mais velho se mantinha ajoelhado em sua frente.

Estavam uma bagunça, mas nunca foi tão gostoso quanto estava sendo.

— Tem camisinha aqui. — Chanyeol murmurou depois de voltar a cobrir Baekhyun com o próprio corpo, pressionando a ereção na dele outra vez ao arriscar movimentos de vai e vem com o quadril enquanto estava no meio das pernas do Byun. 

Tinha esticado o braço para abrir a gaveta, imaginando que colocavam o necessário para que os hóspedes transassem quando alugaram o chalé, especialmente por aquele quarto com suíte ser comum para casais.

Baekhyun soltou uma risadinha.

— Eu sei… eu vi mais cedo.

Chanyeol sorriu de canto, admirando o rosto ruborizado de lábios vermelhos e cabelo apontado para todos os lados. Enfiou a mão na gaveta e procurou pelo pacote que precisava, aliviado ao notar que o preservativo era lubrificado e de uma boa marca e ficando ainda mais surpreso quando achou sachês de lubrificante por si só.

— Olha só… tudo o que eu precisava.

Baekhyun riu outra vez, de nervoso, porque agora tinha certeza de que o proprietário concluiu que os dois eram um casal. Claro que poderia ser padrão, mas ainda foi engraçado para o Byun que existisse a possibilidade de ser lido como namorado de Chanyeol.

— Vamos… — Apressado como sempre era, Baekhyun acariciou os braços do Park, o pedindo para adiantar com um olhar óbvio. Chanyeol não conseguia parar de sorrir, ajustando a postura e abrindo a camisinha para colocar no pau ereto. Usou dos dedos escorregadios para melar a entrada de Baekhyun que já estava molhada de saliva depois que o penetrou com a língua, o rosto enfiado no meio da bunda que sentia saudades de apertar.

Não esperou porque ele não queria demorar, colocando um dedo dentro dele, provocando até que fosse confortável tocá-lo com dois, e o ouvindo choramingar quando estimulou a próstata em movimentos precisos, admirando a pele arrepiada e a boca aberta, pedindo desesperadamente por um beijo. Abaixou-se sobre ele para atender ao desejo, aproveitando da distração que o contato provocava para afastar os dígitos e segurar o pau, posicionando a glande para penetrá-lo outra vez.

Eram poucas as vezes em que transavam naquela posição, porque sempre era mais fácil e mais pervertido que Baekhyun acabasse de quatro ou cavalgasse em Chanyeol enquanto não conseguia parar de gemer. Naquela noite, parecia certo que fizessem mais lento, mais intenso, com as emoções caindo para todos os lados no momento em que Chanyeol foi mais fundo, rebolando para ser confortável, e Baekhyun o abraçou como se a vida dependesse daquele contato.

Ainda gemiam, mas todos os sopros e choramingos morriam entre os beijos, refletiam nos toques nas peles, espalhavam junto ao calor que os envolvia naquela cama, ainda que a neve caísse do lado de fora. Baekhyun sentiu o peito arder com a falta de ar e não sentia vontade de largar o mais velho do mesmo jeito, porque só o queria mais perto.

Separaram as bocas e ofegaram juntos, e Baekhyun estreitou os olhos que mal conseguia manter abertos quando Chanyeol deslizou o nariz pelo seu, distribuindo carinho de diferentes maneiras enquanto descia as mãos até suas coxas, separando mais as pernas ao erguê-las levemente com apertos gostosos. Nesse momento, percebeu que queria tudo o que poderia ter de Chanyeol, sejam as marcas de beijos, das mãos, ou do sexo.

— Chanyeol… — arrastou a voz, tremendo por inteiro e morrendo a palavra em um gemido, gostando da liberdade que tinha para chamá-lo pelo nome. Ele respondeu com um murmurar sofrido, o rosto abafado em seu pescoço. Mordeu o lábio inferior, um pouco envergonhado do que queria dizer, mas sentindo-se estranhamente confortável com a possibilidade de parecer safado demais. Sentia que podia ser imoral quando estava na cama com Chanyeol. Podia se livrar de todo pudor que lhe prendia e a sensação era indescritível. — Tira a camisinha. Goza dentro...

Sabia que sexo protegido era importante e defendia a causa, mas Chanyeol… já era seu íntimo. Não tinham outros parceiros e se cuidavam juntos, então se sentia seguro e confortável com ele. Sabia que a relação de confiança exigida para que fizessem sexo sem preservativo era enorme e, naquele instante, Baekhyun se deu conta do quanto confiava nele. No quanto acreditava nele.

Ficou tímido pelo jeito que falou, mas Chanyeol não parecia incomodado. Não quando o olhou profundamente antes afastar o corpo, respirando pesado quando tirou a camisinha do pau avermelhado e voltou a penetrar, jogando a cabeça para trás quando Baekhyun não controlou o contrair involuntário, completamente embasbacado de prazer. Era tão bom, se sentia tão dele, que não saberia explicar porque gostava tanto.

Estava com saudades demais e muito excitado, e as sensações triplicaram em intensidade quando Chanyeol voltou com a velocidade das estocadas, mudando o ângulo vezes o suficiente para que o estimulasse na próstata o tempo inteiro. Sabia que não demoraria para gozar, especialmente por estar afetado demais com o que estavam fazendo, então apenas envolveu o maior pelo pescoço e o ajudou erguendo mais as pernas, respirando em ofegos enquanto o corpo balançava com as investidas do mais velho, que também tinha a pele arrepiada.

Os gemidos graves de Chanyeol levavam Baekhyun a lugares inomináveis, o obrigando a rolar os olhos por nenhuma razão além de prazer, e eventualmente os dois perderam o controle, enchendo o cômodo com as vozes misturadas e o erotismo derramando pelas arestas, ricocheteando pelas paredes. 

O orgasmo quis partir Baekhyun ao meio, mas Chanyeol o segurou com todo o carinho e todo o tesão que sentia, arrepiando-se ao gozar dentro dele e continuar se movimentando, deixando que palavras desconexas escapassem dos lábios junto ao nome do Byun, que o apertava contra si e mordia seu ombro para descontar o que sentia e nunca parecia cessar, o ápice prolongado pela continuidade que o Park deu ao momento, mesmo com cautela.

Estavam completamente destruídos e pareciam completamente renovados, e Baekhyun se permitiu gemer em deleite quando Chanyeol saiu de dentro de si, o sêmen escorrendo para fora, melando-o ainda mais. Também suspirou quando Chanyeol aproveitou do momento para beijá-lo, como se quisesse eternizar o que tinham feito até que a última gota de suor secasse. Os corpos estavam sujos e ainda assim parecia perfeito para os dois.

— Vem aqui. — Chanyeol disse, segurando o rosto de Baekhyun para deixar mais beijos sobre a boca macia. Os virou calmamente na cama, sem se importar com o abdômen melado pelo gozo do mais novo. Descobriu que Baekhyun se importava ainda menos quando ele se deitou quase por inteiro por cima de si sem cerimônias, enroscando as pernas molengas nas suas, também fracas, e descansando a cabeça em seu peitoral.

Meu Deus, era quase um sonho.

Ficaram em silêncio durante todo o tempo em que as respirações voltavam ao ritmo normal, roubando beijos vez ou outra e dificultando o processo, até Baekhyun aceitar a calmaria e Chanyeol entender que ele não iria sumir, não daquela vez, então ele não precisava fazer cada segundo durar o triplo do tempo.

— Chanyeol. — Baekhyun chamou, se divertindo muito ao falar o nome dele, mas nunca revelaria aquilo.

— Diga… — Quase suspirando, Chanyeol respondeu acariciando as costas nuas do mais novo.

— Eu não sei o que dizer, na verdade. — Abafando uma risada, Baekhyun se aconchegou mais sobre o corpo do Park. — Vamos ficar aqui? No quarto.

— Se você quiser, vamos. Eu pretendia. — Chanyeol queria dizer que dormiria com ele, mas ainda estava com receio sobre a existência ou não daquela barreira. Apertou Baekhyun nos braços e sentiu a respiração dele contra a pele quando ele soltou o ar pela boca. — Por que a pergunta?

— Ah. — Baekhyun enrolou para responder, limpando a garganta e torcendo para que Chanyeol não reparasse demais em sua falta de jeito. Ainda estava se acostumando ao fato de estar totalmente despido e grudado nele. — Acho que quero tomar banho de novo. E que tô com fome.

— A gente pode levantar pra jantar, então. Talvez ainda esteja tudo quente, mas posso esquentar bem rápido. — Chanyeol ameaçou erguer o tronco e Baekhyun se afastou para que ele tivesse como levantar e sentar na cama, achando engraçado porque teve que desenrolar as pernas que prendiam as dele. — Vai pro banho se quiser, Baek. Eu vou dar um jeito nessa bagunça pra quando a gente voltar…

O Park não percebeu como deixou implícita a sua vontade de se deitar com Baekhyun para dormir quando terminassem de comer até o momento em que as palavras escaparam, e ele as deixou morrer no ar enquanto o menor piscava em sua direção, esperando o resto da frase.

— Por mim tudo bem. — respondeu, um pouco confuso pela pausa repentina. Umedeceu os lábios, se dando conta da própria nudez de novo e sentindo um ímpeto de se cobrir com a primeira coisa que aparecesse em sua frente, puxando discretamente o cobertor. Uma ideia cruzou sua mente, porém, e ele voltou a encarar Chanyeol pouco antes de ter a nuca segurada e o rosto guiado na direção do dele, ganhando um beijo que não esperava.

— Pode ir, vou arrumar sua cama.

— Não vai ficar aqui? — Baekhyun perguntou de imediato, porque foi a primeira coisa que pensou, e arregalou os olhos ao perceber. Mas Chanyeol sorriu e o mundo inteiro ficou mais leve.

— Quer dormir comigo? — A voz de Chanyeol nunca foi tão suave e Baekhyun desviou o olhar, sem saber como reagir.

— Achei que você também queria. E… podemos tomar banho juntos também, sabe, pra ser mais rápido.

Chanyeol estava quase acreditando que ganhou um presente de Natal atrasado. Ficaria mal acostumado depois daquela noite, tinha certeza, mas não seria estúpido de negar quando Baekhyun estava oferecendo a ele todos os desejos que possuía. Por isso, apenas concordou e o deu mais um beijo, pronto para arrumar a cama o mais rápido que conseguia, trocando os lençóis sujos e correndo para o banheiro para ocupar boa parte do box onde Baekhyun tomava uma ducha, admirando os movimentos tímidos dele quando se aproximou e o abraçou por trás.

Queria que aquela noite durasse para sempre, por mais clichê que fosse seu pensamento romântico, e esperava que Baekhyun, com os olhos brilhantes e a boca molhada depois de seus beijos, também quisesse o mesmo.

 

[...]

 

Chanyeol acordou com algo gelado tocando sua perna. 

Antes que pudesse controlar, um resmungo baixo atravessou seus lábios. Ele costumava ser uma pessoa bastante matinal, mas ele tinha certeza de que estava mais de dez graus negativos do lado de fora e o aquecimento tinha desligado no meio da noite. Em dias assim, Chanyeol podia afirmar com convicção de que se tornava alguém bastante ranzinza. Entretanto, antes que pudesse levantar para ligar o ar aquecido outra vez ou amaldiçoar até o último Deus, porque Chanyeol definitivamente odiava o inverno, ele percebeu que estava preso em braços quentes e confortáveis.

O rosto de Baekhyun estava em seu peito, cabelo liso cobrindo os olhos dele, lábios ligeiramente abertos. Lembranças da noite anterior inundaram a cabeça de Chanyeol e ele se pegou puxando o corpo menor para mais perto, um braço debaixo do pescoço do Baekhyun, se aconchegando no calor familiar. Ele poderia se acostumar com isso tão ridiculamente fácil. Até mesmo com os pés gelados de Baekhyun em suas pernas nuas. 

Chanyeol fechou os olhos, afundando o nariz nos cabelos de Baekhyun para inspirar o perfume costumeiro dele. A respiração lenta do Byun atravessava o tecido de sua camiseta, e isso era quase tão calmante quanto lembrar que as coisas pareciam finalmente esclarecidas entre os dois. Chanyeol sabia que ainda havia um longo caminho para percorrer, às inseguranças de Baekhyun não sumiriam de um dia para noite, muito menos as suas. Mas ele estava satisfeito com o pequeno passo que tinham dado na noite anterior. 

A forma como Baekhyun disse seu nome tantas vezes, em como ele sussurrou, gemeu e implorou jamais sairia de sua cabeça. A sensação de poder tocá-lo sem restrições e o peso de saber que finalmente tinha a confiança dele não eram coisas que Chanyeol poderia comparar com qualquer outra que já tivesse vivido. 

Ainda parecia cedo e Chanyeol não fazia a menor ideia de onde estava seu celular, e o relógio do quarto estava na mesa de cabeceira do outro lado da cama. Baekhyun estava dormindo tão pacífico ao seu lado que sentiu aflição somente de pensar em acordá-lo. Ao invés disso, Chanyeol desistiu de encarar as vigas do teto e se aconchegou ainda mais em Baekhyun, ouvindo-o resmungar baixinho em meio ao sono, mas sem sinal de que estava próximo de despertar. 

Não era como se os dois tivessem algo importante para fazer, de qualquer forma. Chanyeol podia, sim, ter feito um roteiro legal sobre todas as coisas que poderiam visitar, mas era apenas uma ideia. Ficar na cama o dia todo com Baekhyun também era um excelente plano. 

Antes que pudesse perceber o sono batendo novamente, Chanyeol dormiu. 

Ele acordou horas depois, mesmo pensando antes que tiraria um cochilo rápido de meia hora. Dessa vez, não havia pés gelados em suas pernas ou cabelo fazendo cócegas em seu pescoço, mas um par de olhos curiosos olhando-o do outro lado da cama. Os corpos tinham se desvencilhado de alguma forma, mas Baekhyun ainda estava próximo o suficiente, deitado com a cabeça no travesseiro ao lado, de lado, de forma que os joelhos dele tocavam suas coxas. 

Seria mentira se Chanyeol dissesse que não estava sentindo falta do corpo de Baekhyun colado ao seu, mas o fato dele não ter fugido, de ter permanecido próximo, já era o suficiente para Chanyeol se manter tranquilo. 

— Que horas são? — Chanyeol perguntou, piscando os olhos devagar. Baekhyun levantou uma sobrancelha, um sorriso minúsculo querendo crescer nos cantos dos lábios dele, mas para a infelicidade de Chanyeol, ele evitou que isso acontecesse.    

— Pouco mais de nove. 

Baekhyun fechou os dedos em punhos debaixo das cobertas, nervoso. Depois de tanto tempo vestindo aquela faceta de indiferença, em que fugir era simplesmente mais fácil do que lidar com todas as coisas se desenrolando bem debaixo do seu nariz, era difícil ficar e encarar a verdade.  Mas ele não queria fugir dessa vez, por mais que seus instintos dissessem o contrário. 

Chanyeol levou uma das mãos até o cabelo e penteou os fios com os dedos antes de esfregar a palma da mão sobre o rosto, afastando a preguiça. Baekhyun não piscou, fascinado com a visão. Ele nunca tinha se permitido admirar Chanyeol em sua natureza mais crua, com medo de se machucar ainda mais. Nada estava doendo, no entanto. 

— Bom dia, Baek. 

Baekhyun mordeu o lábio, os dedos dos pés se contraindo. Eles nunca tinham tido conversas de colchão antes, exceto pela única vez em que acabou dormindo na casa de Chanyeol sem que notasse. No outro dia, estava tão ansioso e constrangido que nem sequer conseguiu prestar atenção nas investidas do Park de uma conversa. Seu único objetivo era sair o mais rápido dali e se não fosse pelo infortúnio de ter suas roupas sujas, a falta de seu carro e o atraso, ele teria feito isso mesmo. Mas eles estavam ali, naquele momento, e não havia atraso ou estranheza. 

Baekhyun se permitiu respirar fundo e abrir um sorriso. Pequeno, mas sincero. 

— Bom dia, Chanyeol. 

Eles não disseram mais nada por um bom tempo, alternando os olhares entre diferentes pontos do rosto. Chanyeol estava tão perto, olhando-o tão profundamente que Baekhyun quase se sentiu intimidado, mas longe do desagrado que sempre procurava nas feições de outras pessoas, o rosto de Chanyeol era gentil. Era algo tão novo que o Byun não soube como reagir, senão encará-lo da mesma forma, com a mesma gentileza. 

Era confortável estar assim com outra pessoa. Fazia muito tempo que Baekhyun não desfrutava de um silêncio confortável estando com alguém, principalmente se esse alguém fosse um interesse romântico. Porra, Baekhyun nunca tinha visto toda essa situação como uma opção, na verdade, a ideia era tão inalcançável que ele simplesmente a ignorava. 

Entretanto, depois do que Chanyeol havia dito, de como eles tinham conversado baixinho, sussurrando coisas, e em como tinham se envolvido na noite anterior, Baekhyun tinha uma pontinha de esperança. Se Chanyeol gostava de sua companhia, talvez ele pudesse se sentir da mesma forma também. Pelo menos um pouco. 

A ideia inalcançável ainda parecia longe, mas Baekhyun já sabia que não valia a pena continuar ignorando o elefante na sala. Tinham conversado, e era o suficiente, por hora.

— Tá com fome? — Chanyeol perguntou baixinho, quebrando o silêncio. A voz dele conseguia ser ainda mais rouca e macia pela manhã, Baekhyun acabou por perceber que seria muito fácil se acostumar com esse tipo de coisa. 

Os olhos preguiçosos do menor acompanharam o movimento dos lábios de Chanyeol a cada palavra. Para ser sincero, ele estava com fome, sim. Baekhyun não tinha o costume de comer pela manhã, porque estava sempre correndo para não se atrasar, e nunca tinha tido o costume de fazê-lo quando ainda morava na casa dos pais, sempre sendo atingido pela rotina muito movimentada de todo mundo. Se acostumar a substituir qualquer alimento por cafeína para não desmaiar na frente do teclado no serviço foi mais fácil do que ele imaginou. Mas a verdade é que a noite anterior o drenou até a última gota de energia, mesmo que tivesse jantado antes de dormir. 

— Estou. 

Chanyeol assentiu com a cabeça antes de mudar de posição e se sentar na cama. Os cobertores estavam bagunçados daquele lado da cama, enquanto o edredom térmico permanecia perfeitamente esticado por cima de Baekhyun. Ele era pesado, mas quente, e o Byun não fazia a menor ideia de como tinha conseguido dormir com aquilo e com Chanyeol ao seu lado sem entrar em completa combustão. 

— Vou levantar e preparar algo. — Chanyeol apontou os dois braços para cima, espreguiçando-se. Baekhyun afundou ainda mais nos cobertores, de forma que apenas seu rosto estivesse descoberto. — Se quiser ficar, posso trazer café na cama pra você. 

A primeira reação de Baekhyun foi recusar imediatamente. Chanyeol era muito legal, mas havia limite para tudo, pelo menos era nisso que o Byun queria acreditar. E se tinha uma coisa que ele não gostava, era sentir que estava abusando da boa vontade das pessoas. Estava tudo bem. Baekhyun também não confiava muito em si mesmo para comer na cama e não cometer nenhuma burrada. 

— Eu vou levantar logo. — Tentou soar o mais carinhoso possível, gentil, e não como se estivesse recusando a ideia por puro capricho de uma personalidade moldada ao redor da ideia de que ninguém o toleraria por muito tempo se ele não colaborasse. — Encontro você na cozinha. 

Chanyeol concordou silenciosamente, mas ao invés de se levantar, ele apoiou um dos braços próximo do travesseiro onde Baekhyun estava deitado, e inclinou o corpo na direção dele. Em um dia normal, Baekhyun teria recuado, alarmado com a investida sorrateira. Porém, mais uma vez, o olhar inegavelmente gentil e carinhoso de Chanyeol estava lá e Baekhyun se sentiu amparado.

— Posso beijar você? — O Park perguntou, dedos amassando o lençol da cama inconscientemente. Baekhyun estava tão bonito ali, e ele até poderia estar cometendo um erro, rompendo barreiras acima da hora, ultrapassando a linha entre os limites implícitos, que Chanyeol simplesmente não conseguiu resistir. 

Baekhyun demorou mais do que o esperado para assimilar o que ele estava perguntando. Seu corpo inteiro se arrepiou debaixo das roupas, e mesmo contra a vontade, o menor se pegou mordendo o lábio mais uma vez, antes de concordar. Não era como se não quisesse os toques de Chanyeol mais um pouco, mesmo depois de tê-los mais do que o suficiente horas atrás. Na verdade, era realmente isso que Baekhyun queria. 

Chanyeol sorriu, colocando uma das mãos em forma de concha em sua bochecha, traçando o polegar ao longo da maçã do rosto. Baekhyun se sentiu tentado a fechar os olhos, porque o menor toque do Park era demais, sempre, mas ao mesmo tempo, havia magnetismo no olhar caloroso dele que simplesmente o impedia de fazer algo senão prestar total atenção nele. 

A boca carnuda de Chanyeol encontrou a sua em um beijo amistoso, um dos lábios dele entre os seus. Sem pressa, sem segundas intenções. Apenas o toque confortável e gentil, como um bom dia carinhoso e doméstico. Baekhyun gostou muito de como a ideia de acordar assim todos os dias soou em sua cabeça, em algum cantinho onde ele guardava seus desejos mais íntimos. Quando Chanyeol se afastou, deixando o fantasma de seus lábios para trás, o menos enganchou a palma da mão na nuca dele e o puxou para perto novamente, beijando-o de novo. 

Chanyeol sorriu contra os seus lábios e, antes que pudesse perceber, Baekhyun estava fazendo o mesmo. 

— Ok, isso foi bom. — Chanyeol disse, ainda com o rosto bem pertinho do seu. Baekhyun se sentiu subitamente corajoso, beijando-o novamente ao saber que o toque tinha sido mais do que bem-vindo. — Se você continuar, não vou sair da cama hoje. 

Chanyeol tentou fazer soar como um aviso, mas a forma como o sorriso em seu rosto entregou o quanto a ideia não parecia nem um pouco ruim foi quase risível. A mão de Baekhyun que estava em sua nuca deslizou pela lateral de seu rosto, pele macia dedilhando sua mandíbula antes do toque cair até um de seus braços e apertar levemente o bíceps.  

— Pode ir. — No fundo da voz de Baekhyun, havia uma pitada de divertimento. Ele se deitou novamente no travesseiro, cabelo escuro espalhado na roupa de cama clara. Ele parecia quase etéreo daquela forma. O coração de Chanyeol apertou no peito. — Estou com fome.

Chanyeol riu, então se levantou da cama. Baekhyun se afundou ainda mais nas cobertas depois de assisti-lo sair do quarto, grunhindo baixinho enquanto envolvia o travesseiro que anteriormente o Park estava dormindo. Era simplesmente muito difícil de compreender tudo o que tinha acontecido nas últimas vinte e quatro horas, desde o seu vexame ridículo no carro até como os dois acabaram adormecendo juntos, depois de uma transa carinhosa, um banho quente e um jantar gostoso.

Talvez Baekhyun tenha ficado tempo considerável daquela forma, rosto enfiado no travesseiro, mordendo-o ocasionalmente por não saber enfrentar de forma correta com tantas emoções sobrepostas. Apenas quando caiu a ficha e lembrou que não poderia ficar o dia todo enfiado no quarto, tentando lidar com seus próprios demônios, que ele levantou. Seus pés estavam descobertos, gelados, e Baekhyun suspirou, levantando os cobertores da cama atrás do par de meias que tinha certeza de que havia colocado na noite anterior.  

O quarto estava bagunçado, mas ele não fez o menor esforço para arrumá-lo senão tirar uma muda limpa de roupa e socar todas as outras que estavam espalhadas dentro da mala. Ele pegou o celular também antes de entrar dentro do banheiro da suíte. O sinal era péssimo onde estavam, mas ele ainda conseguiu ler as mensagens que Jongdae havia enviado na noite anterior, algumas fotos de roupinhas de bebê com estampas de bandas de rock. Respondendo um simples, mas carinhoso “fofo”, o Byun colocou o celular no balcão da pia e se despiu.

Se olhar por inteiro no espelho ainda era difícil, muitas vezes, Baekhyun passava os olhos tão rápido em seu reflexo que mal conseguia reconhecê-lo. O piso do banheiro era aquecido e as paredes também e em uma das paredes, tinha um grande espelho de corpo inteiro. Quando tomou banho com Chanyeol, ambos meio apertados dentro do cômodo, ele não perdeu tempo reparando nos detalhes, mas enquanto se despia, em frente ao espelho, foi impossível não se deixar ser inundado por pensamentos.

Pela primeira vez, as lembranças gostosas do sexo que tinham feito eram mais altas do que qualquer opinião negativa que Baekhyun tinha sobre a imagem refletida no vidro. E quando se viu no espelho, as lembranças não estavam somente em sua mente, mas também por todo o seu corpo.

Baekhyun não deixou de fechar os olhos e esfregar as mãos sobre o peitoral, e era como se o próprio Chanyeol estivesse tocando-o novamente. Deslizou as mãos pelo próprio corpo como se quisesse reviver cada momento, permitindo-se admirar o próprio rosto e as marcas depois que abriu os olhos, ou dentro do box, quando descobriu que Chanyeol estava mais que inspirado em deixá-lo coberto de memórias.

Quando saiu do banheiro, mais vivo e aquecido dentro de roupas confortáveis, havia um chiado baixo vindo do lado de fora do quarto.

Chanyeol estava parado em frente à televisão da sala, assistindo à previsão do tempo. Ele tinha colocado um moletom grosso, e a casa estava com cheiro de comida quando Baekhyun saiu de dentro do quarto. As cortinas do chalé estavam abertas e dava para ver a neve cobrindo quase tudo do lado de fora e os pinheiros sendo a única coisa destoando do branco na paisagem.

— Chanyeol. — Baekhyun fez sua presença ser notada, apesar de sua voz estar baixa. Não havia necessidade de falar muito alto porque a maioria dos cômodos da casa tinham certo eco.

O maior olhou por cima do ombro, abrindo um sorriso que de forma alguma deixou o coração de Baekhyun doendo no peito. Naqueles poucos meses em que os dois tiveram certa aproximação, foi possível ver muitos dos lados de Chanyeol e das peculiaridades dele que Baekhyun nunca tinha nem sequer imaginado. Ele definitivamente gostava de cozinhar e de conversar. Chanyeol também gostava de batucar os dedos no volante do carro com o ritmo de qualquer música tocando no rádio, mesmo que não a conhecesse. Ele também era muito atencioso e sempre falava da família com um carinho quase palpável.

Quando a insônia batia e Baekhyun ficava rolando o feed de imagens do Instagram de Chanyeol, as fotos dele com o sobrinho eram as que mais chamavam sua atenção, talvez por serem a maior parte. As legendas eram fofas e cheias de amor. Mas definitivamente, das poucas vezes em que pôde vê-lo assim, com roupas confortáveis, cabelo bagunçado e postura relaxada, Baekhyun sabia que era o seu lado favorito de Chanyeol.

— Oi. — Ele disse, uma covinha profunda aparecendo em uma das bochechas quando o sorriso dele sumiu. — Tô fazendo café e torradas. Você quer outra coisa?

Baekhyun não disse nada, ao invés disso, arrastou os pés dentro de pantufas confortáveis até a sala e, de frente para Chanyeol, ergueu a barra da calça de moletom que estava usando. O maior pareceu confuso com sua intenção, mas quando Baekhyun virou a perna ligeiramente e mostrou o hematoma um pouco abaixo do joelho, na parte de trás, Chanyeol entendeu.

— Tem um chupão na minha panturrilha.

O olhar de Chanyeol foi da perna dele até o rosto de Baekhyun, que parecia aterrorizado. Apesar de se sentir um pouquinho culpado, não pôde deixar de achar a situação toda divertida. Tinha certeza de que aquela não era a única marca no corpo do Byun, considerando o quão afetuoso estava na noite passada, mas essa não era a primeira vez que deixava chupões no corpo dele e Baekhyun nunca tinha demonstrado desgostar de nada disso. Na verdade, Chanyeol podia jurar que o ouvia ofegar mais alto quando colocava um pedaço da pele dele na boca e sugava ou mordia.

— Você não achou ruim ontem, achou? — Chanyeol ergueu uma sobrancelha, e para sua surpresa, Baekhyun repetiu o gesto, colocando ambas as mãos na cintura. A fim de provocá-lo um pouquinho mais, somente para vê-lo perder a compostura, o maior continuou: — Além disso, tenho certeza de que as minhas costas e as minhas coxas estão com as marcas das suas unhas…

O rosto de Baekhyun fechou, e o olhar dele desviou para o canto oposto da sala. Chanyeol sabia que tinha ganhado aquela provocação. Ele estava prestes a se aproximar e ajeitar um punhado de fios bagunçados do cabelo do menor quando a torradeira apitou, avisando que as torradas estavam prontas. 

Baekhyun caminhou apressado até a cozinha, o tecido da calça de moletom descendo a cada passo até se ajustar completamente na perna dele. Chanyeol simplesmente não conseguia parar de sorrir enquanto o seguia até o cômodo, vendo-o pegar as fatias quentes de pão com os dedos e colocar de qualquer jeito no prato ao lado do eletrodoméstico. 

Chanyeol pegou duas xícaras dentro do armário e os vidros de geleia que haviam sido cortesia dos donos do chalé. Ele também havia lavado as frutas que estavam na cesta de boas-vindas, apenas para o caso de Baekhyun resolver comer outra coisa. 

Eles se sentaram no balcão mesmo, de frente um para o outro, e Chanyeol ofereceu servir a xícara de Baekhyun, que ele gentilmente aceitou. O silêncio só era quebrado pela voz distante do apresentador do jornal da manhã, entretanto, o clima era confortável. Mais cedo, enquanto esperava a cafeteira passar o café, Chanyeol havia dado uma olhada na lista de atividades próximas que havia feito dias antes. Ele não sabia até que ponto Baekhyun estava disposto a concordar com suas investidas e sugestões, mas queria que aquela viagem fosse algo do qual ele se lembrasse no futuro.

Pigarreando para chamar a atenção do menor, Chanyeol sinalizou o celular ao seu lado com o indicador. Baekhyun enrugou a ponte do nariz, visivelmente confuso.

— Eu estive pensando... — Levou a xícara até os lábios, bebendo um gole do café já meio frio. — Tem muitas coisas divertidas pra fazer por aqui. A cidade fica apenas quinze minutos de carro e eu li que tem restaurantes ótimos por lá.  

— Você quer sair? — Baekhyun perguntou, tirando as cascas de uma fatia de pão distraidamente. Chanyeol se perdeu por um minuto nos dedos afilados e bonitos dele.

— Bom... — O maior pescou uma das uvas que tinham caído do cacho dentro do prato e a levou até a boca. Baekhyun passou uma das geleias no pão que havia acabado de descascar. Era de amora. — Se você não quiser, tudo bem.

— Por mim tudo bem, Chanyeol. Só queria saber se era isso que você queria. 

Chanyeol ficou feliz quando Baekhyun pareceu apreciar a ideia de sair. Eles deixaram a louça na pia depois de comerem, a premissa de lavá-la quando chegassem para não perderem muito tempo. Combinaram de passear pelo centro e depois de almoçarem, e pela tarde fazer alguma das atividades que a estação de esqui da cidade oferecia. 

 Baekhyun vestiu suas roupas mais quentes e uma bota específica para andar no gelo que tinha comprado exclusivamente para aquela viagem. Ele também colocou um gorro e um cachecol, além de um suéter de gola alta por baixo das outras camadas de roupa.

Quando saiu do quarto, Chanyeol estava esperando na sala, mexendo no celular. Ele estava olhando a programação da estação de esqui e quais programas estavam disponíveis para o dia. Baekhyun achou muito atencioso da parte dele, como toda a viagem em si. Chanyeol parecia ter pensado em tudo nos mínimos detalhes, principalmente em coisas que poderiam agradar aos dois. 

— Estou pronto. — Baekhyun disse, debruçando-se no encosto do sofá próximo de onde o Park estava sentado. Ele olhou para trás e desligou a tela do celular. — Achou algo legal?

— Sim. — Chanyeol virou o corpo de lado, para ficar mais confortável para conversar. E para olhar em seu rosto. Ele fazia isso com muita frequência. — Você disse que não sabe esquiar e que tem medo, então eu procurei por outras dinâmicas. Eles têm patinação em um lago congelado aqui perto, tem também aqueles trenós puxados por cachorros. 

Baekhyun franziu a testa. Ele não era o tipo de pessoa radical, e não tinha coragem de colocar os pés em um lago congelado. Tinha visto muitos filmes que não tinham acabado de um jeito bom quando pessoas fizeram a mesma coisa. Sabia que parte do seu medo era irreal, mas era o bastante para o impedir de tentar por enquanto.

— Não tem nada pra fazer sem envolver minha cara enterrada na neve? — O sorriso de Baekhyun estava constrangido. Ele não queria parecer estraga prazeres, porque todas as vezes que tinham conversado sobre a viagem em si (mesmo que poucas), Chanyeol tinha deixado transparecer o quanto as atrações o deixavam animado. O problema é que o menor não era a melhor companhia para a metade delas. — Eu sei que você tava animado com a premissa de esquiar e coisas assim, mas eu não sou muito radical. Também tenho medo de me machucar. 

— Baek, tudo bem. — Chanyeol estendeu a mão para envolver a sua que estava apoiada no encosto. — Na verdade, esse passeio dos trenós com os cachorros, nós podemos ir só pra brincar com eles também. Eu não sei se você gosta de cachorros, mas...

— Claro que gosto, Chanyeol. Quem não gosta de cachorros? 

— Você ficaria surpreso em descobrir sobre isso.

Ah, Baekhyun já sabia. Ele estava somente brincando. 

(Não sobre a parte de achar que pessoas que não gostavam de cachorro eram sem coração, no entanto).

— Estou bem com a ideia dos cães. Parece legal. 

Então, chegando a um consenso, eles acabaram por fechar o chalé e se preparar para enfrentar o frio do lado de fora.

— Você vai ficar todo molhado com esse casaco se começar a nevar de novo. — Chanyeol falou quando estavam prestes a trancar a porta da frente. Baekhyun olhou para os próprios pés e depois para o casaco marrom escuro de lã batida que tinha vestido. — Não tem outra coisa pra usar?

— É o casaco mais quente que eu trouxe. — Baekhyun deu de ombros. — Não vai nevar mais, eu acho. Está tudo bem. 

Baekhyun não estava realmente preocupado com aquilo. Pelo menos ele estava saindo para se divertir, ao invés de trabalhar. E Baekhyun já tinha ficado mais de uma vez com as roupas molhadas no expediente. Além disso, não estava com cara de que iria nevar, pelo menos não durante o dia, embora todos os lugares onde seus olhos alcançaram estivessem cobertos por um manto branco congelado. 

— Nem pensar. — Chanyeol fechou a porta novamente, acendendo as luzes da sala de estar. — Vou pegar alguma coisa decente pra você vestir.

Uma desculpa quase deslizou para fora dos lábios de Baekhyun, mas ele conseguiu se controlar a tempo. Ele tinha se acostumado a evitar qualquer tipo de inconveniente, mas sabia que Chanyeol ficaria chateado se não aceitasse a boa vontade dele. E não era algo que ele futuramente pudesse se arrepender, também, por isso, tudo o que ele fez foi concordar.

— Tá bom. 

Chanyeol caminhou em direção aos quartos, e Baekhyun se aproximou mais da lareira da cozinha, que apesar de ter sido apagada há algum tempo, ainda estava aquecida. Ele pegou o celular do bolso do casaco e leu a conversa com Jongdae, apenas para perceber que a mensagem que havia mandado mais cedo nem sequer havia sido entregue. Por sorte, não era nada importante que não pudesse esperar ele estar de volta à Seul.

Quando Chanyeol voltou, ele estava segurando um casaco impermeável preto, do tipo estofado, e muito quente. Era muito parecido com o próprio que ele estava vestindo, exceto por alguns emblemas bordados na altura do peito.

— Vai ficar grande, mas pelo menos vai te deixar quente de verdade.

Grande era apelido perto de como o casaco ficou em Baekhyun, mas ele gostou da sensação de estar completamente envolvido pelo perfume de Chanyeol. Do lado de fora, Baekhyun afundou o rosto no cachecol, escondendo o nariz sensível no tecido macio. Os pés afundaram na neve enquanto os dois caminharam até onde o carro estava estacionado e onde as beiradas do casaco que Chanyeol havia emprestado encostaram no gelo, ele permaneceu seco.

— Enquanto você se arrumava mais cedo, eu tirei o gelo das portas do carro com uma espátula de borracha da cozinha. Acho que era da grossura do meu dedo, achei que não ia conseguir.

— Uma espátula de cozinha? — Baekhyun colocou uma das mãos sobre a boca, escondendo o sorriso que se alastrou pelo rosto.

— Sim. — Chanyeol destravou o alarme do carro e Baekhyun deu a volta para entrar no lado do motorista. Seus dedos doeram quando ele envolveu a maçaneta. — Pelo menos as rodas do carro não ficaram presas na neve.

Chanyeol manobrou o carro e dirigiu cuidadosamente pelas ruas derrapantes, uma conversa confortável preenchendo o carro junto com as músicas antigas da única rádio que funcionava naquela região. Baekhyun gostou de como o contraste dos pinheiros altos cobertos de neve foram mudando para prédios históricos conforme se aproximavam da parte mais movimentada da cidade. Era um lugar realmente bonito e, pelo que o permitia pensar, bastante romântico também.

As ruas não estavam tão congeladas ali, talvez pelo movimento ligeiramente maior. Os estabelecimentos ainda estavam decorados com enfeites de festas de final de ano. Chanyeol estacionou próximo a um parquímetro, na avenida principal, e eles entraram em loja atrás de loja e até em um museu. Chanyeol comprou uma garrafa de vinho da região e Baekhyun comprou um chaveiro para o molho de chaves que carregava consigo e uma camiseta temática para presentear Jongdae. 

A galeria do celular de Baekhyun estava cheia de fotos novas, e talvez a galeria do próprio celular de Chanyeol tivesse muitas fotos dele distraído com quadros e artefatos históricos. Em algum momento, enquanto caminhavam em direção a um restaurante com uma classificação boa no Google, a mão do Byun encontrou a sua e o toque não foi estranho de forma alguma.

Chanyeol não parou de sorrir até que estivessem dentro do restaurante. E permaneceu assim durante todo o almoço. Baekhyun tinha tomado aquela iniciativa e todas as mínimas coisas que ele fazia, todo o interesse que ele demonstrava, mesmo que com bochechas coradas, mesmo que com certo receio, deixavam o peito de Chanyeol quente. 

Apenas quando chegaram na estação de esqui que Baekhyun descobriu que Chanyeol já tinha comprado as entradas pelo site. Ele ficou emburrado por bons minutos, alegando que gostaria de ter pagado sua parte, enquanto Chanyeol tentava convencê-lo de que estava tudo bem e que se ele fazia tanta questão de retribuí-lo, ele poderia comprar mantimentos para fazerem o jantar quando chegassem em casa. A contragosto, Baekhyun aceitou, mesmo sabendo que não gastaria nem metade do valor.

De qualquer forma, a carranca no rosto dele foi substituída por um sorriso genuíno quando o guia da atividade abriu a porta de um dos canis e soltou mais de dez cachorros. Eles correram animados pela neve, farejando, rolando uns com os outros. Eles eram de todas as cores, de uma raça que Baekhyun não conhecia, mas que lembrava lobos.

Um dos funcionários entregou um pacote de guloseimas caninas para cada um deles, para que pudessem interagir e conseguir a confiança dos animais. 

— Eles são tão bonitos. — Baekhyun fez biquinho, abaixando-se para passar a mão sobre a cabeça de um dos cachorros. Era quase todo branco, exceto por uma mancha preta em uma das orelhas. Chanyeol olhou para ele admirado. — Eu tinha um cachorro quando era criança. O nome era Mongryong.

— Ele era legal? — Chanyeol perguntou, oferecendo um petisco para um filhote, que acabou por lamber sua mão inteira.

Baekhyun riu.

— Ele me odiava completamente. — Baekhyun continuou rindo até se desequilibrar e acabar com a bunda na neve. Chanyeol se sentiu obrigado a acompanhá-lo nas risadas. — Mas eu gostava muito dele. Era meu melhor amigo. 

— Nunca mais quis ter um cachorro? Você mora sozinho, não seria uma boa companhia?

— Honestamente? Eu não gosto da ideia de ter um animal de estimação que eu quase não vou ver. — Baekhyun deu de ombros, tentando se levantar da neve, mas dois dos cachorros não pareciam muito dispostos a colaborar com a situação. Ao invés de tentar se reerguer de novo, Baekhyun deu um petisco para cada um, depois acariciou o focinho de um deles. — Prefiro ficar sozinho. E meu apartamento não é muito grande pra ter um cachorro, também. 

— Pensando por esse lado, você está certo. Acho que eu também não conseguiria cuidar de um animal com a quantidade de tempo que fico fora de casa. — Chanyeol se abaixou também, atirando um punhado de petiscos longe, para conseguir ajudar Baekhyun a se levantar. — Vem, não fica sentado no chão.

Baekhyun agarrou sua mão e os dois se levantaram. Eles estavam muito perto, e quando os lábios de Chanyeol encontraram os de Baekhyun, devagar e carinhoso, ele diria que a culpa era totalmente do rosto corado de frio do mais novo.

— Sua boca tá fria. — Chanyeol disse divertido, o nariz ainda esbarrando no dele. Baekhyun estava com os olhos fechados e as mãos segurando no casaco do Park.

— Você pode esquentar ela com outro beijo. 

O jeito como Baekhyun estava atacando seu coração e se enfiando dentro dele como se fosse o único dono possível não podia ser explicado com palavras. Chanyeol só sabia que estava feliz. Muito feliz.

Ele só esperava que essa felicidade não fosse passageira.

Eles voltaram para casa no final da tarde, depois de uma sessão de beijos dentro do carro. Não tão longa quanto gostariam, mas o que foi permitido dada a triste circunstância de que Baekhyun estava com as calças úmidas por causa do passeio e Chanyeol estava com dor de cabeça por causa do vento frequente. 

Se o cenário já era bonito por si só, à noite ele era ainda mais deslumbrante. As luzes amareladas iluminando as cabanas coloniais e a forma como a claridade ia sumindo atrás dos pinheiros no horizonte garantiram mais um punhado de fotos na galeria do celular de Baekhyun. Durante todo o percurso, uma das mãos de Chanyeol permaneceu descansando na coxa do menor, um meio termo entre o joelho e a virilha, apertando ocasionalmente. 

Era como se o toque tivesse marcado a pele de Baekhyun com fogo. 

Ele gostou de ser acariciado dessa forma, como se Chanyeol não conseguisse se manter muito longe. Seria mentira se dissesse que não tinha percebido a forma como o braço de Chanyeol envolveu seus ombros quando estavam passeando pela cidade, ou como a perna dele encostou na sua debaixo da mesa no almoço, ou como ele arrumava uma desculpa ou outra para tocá-lo. Uma hora era o cabelo bagunçado de Baekhyun, em outra uma migalha em sua bochecha.

Baekhyun não estava muito longe disso também. Ele apenas não procurou por uma desculpa quando resolveu tocar Chanyeol de alguma forma. E isso era estranho para si mesmo. Muito estranho. 

— Vou ligar a lareira. E você vai tirar essa roupa molhada e tomar um banho bem quente, entendeu? — Chanyeol disse, mandão. Apesar disso, o tom dele era calmo e preocupado e Baekhyun sabia que ele estava apenas brincando.

— Estou indo. — Baekhyun se virou para ir para o seu quarto, mas parou na metade do caminho. Ele afundou as unhas nas palmas das mãos antes de se virar novamente para Chanyeol, que estava tirando o abafador da lareira para ligá-la. — Você não quer vir comigo?

— Eu adoraria, Baek, de verdade. Mas essa casa tá um gelo e não quero que você fique doente me esperando ou esperando a casa esquentar. — Chanyeol disse com pesar. Baekhyun assentiu com a cabeça, entendendo perfeitamente o que ele estava dizendo. Ele era sempre tão preocupado, tão... empático. Era um perigo para o seu coração. — Não pense que eu estou recusando você ou algo assim, por favor.

— Chanyeol, está tudo bem, de verdade. — Tentou assegurá-lo, gesticulando negativamente com as mãos. — Nem passou pela minha cabeça que você estivesse me recusando. Não se preocupe. 

—  Certo, tudo bem. Só queria deixar claro.

Baekhyun se aproximou e com um suspiro, segurou uma das mãos grandes do maior nas suas e deixou um aperto carinhoso. Era sempre Chanyeol que tentava acalmá-lo. Baekhyun não tinha percebido isso até a conversa que tiveram na noite anterior. Era apenas impossível que alguém tão perfeito quanto aquele homem pudesse ter inseguranças, mas agora que sabia, tentaria estar ali para ele tanto quanto Chanyeol esteve por si.

— Vejo você daqui a pouco, sim? — Baekhyun perguntou baixinho, ficando na ponta dos pés para grudar os lábios em uma das bochechas de Chanyeol.

Assistir o sorriso dele se formar lentamente era uma das visões mais privilegiadas que Baekhyun já tivera a oportunidade de desfrutar.

— Sim. 

Quando saiu do banho, vestindo um pijama felpudo e quente, Chanyeol estava sentado no tapete da sala, em frente a lareira. Ele também tinha mudado de roupa e parecia relaxado em frente ao calor confortável do fogo queimando lento diante de seus olhos.

Ele estava bebendo alguma coisa e quando se aproximou o suficiente para ver o que era, percebeu que havia outra xícara na mesa de centro atrás dele.

— Chocolate quente? — Perguntou, sentando-se ao lado dele no chão. Chanyeol virou a cabeça em sua direção, assentindo com a cabeça.

— Sim. Acabei de fazer o seu. — Ele inclinou o pescoço um pouco para o lado e Baekhyun teve o relance de uma mancha vermelha na pele. — Ouvi você desligar o secador de cabelo, então ainda está quente.

Baekhyun não fazia ideia de como Chanyeol sabia, mas ele adorava chocolate quente com bastante marshmallow. Dos pequenos, que derretiam no fundo da xícara, e quando ele deu um gole, sentiu como se tivesse dez anos novamente e ia passar as férias de inverno com sua avó, longe de seus pais e do irmão perfeito, e era mimado como um filho querido. 

O dia inteiro tinha sido incrível. Ele não podia reclamar de nada, mas aquilo ali, com certeza, tinha sido o ponto alto.

Baekhyun sentiu o coração borbulhar no peito. Colocar para fora seus sentimentos era e sempre tinha sido muito difícil para si, motivo pelo qual acabava se isolando em uma bolha na maioria das vezes, impedindo que as pessoas entrassem. Se ninguém entrasse, ninguém precisava entendê-lo. Era mais fácil assim, quando não havia ninguém para decepcionar. Evidentemente, Baekhyun não queria decepcionar Chanyeol também. Mas talvez fosse exatamente isso que estava fazendo, guardando tudo o que sentia para si mesmo, nunca deixando-o saber quando era bem-vindo ou não.

— Chanyeol... — Sussurrou, procurando pela mão dele no tapete e juntando os dedos em um aperto firme. Baekhyun sabia que o maior estava olhando para si, mas não conseguiu desviar o olhar das mãos juntas, apesar de saber que seria muito melhor se dissesse aquilo olhando nos olhos dele. — Muito obrigado por hoje. E por... tudo. Por ser paciente e respeitar minhas inseguranças. Eu sei que eu sou complicado e eu sei que agi mal com você algumas vezes. Me arrependo profundamente disso, eu só... é muito difícil, às vezes. Eu sei que desculpas não justificam nada, mas espero que você possa me perdoar se em algum momento eu fiz você se sentir mal de alguma forma. 

— Está tudo bem, Baek. Você não precisa mais se preocupar.

 

[...]

 

Baekhyun ajudou Chanyeol com o jantar daquela vez. Dividindo o espaço da cozinha, lado a lado, de um jeito muito caseiro para o bem de ambos, eles decidiram fazer sopa por conta do clima, e continuaram a conversa o tempo inteiro enquanto cortavam legumes ou mexiam o caldo quente e cheiroso. Baekhyun não experienciava aquele tipo de coisa há muito tempo, e já nem lembrava o que era ter alguém para lhe abraçar por trás e lhe beijar no pescoço quando ele estava concentrado em algo.

O dia inteiro estava sendo tão bom que parecia um conto de fadas, e o conforto que Chanyeol passou a ele durante todo o tempo era imensurável, desde a hora em que acordou e até mesmo durante o frio do passeio. Mas nada se comparava a estar dentro da casa com ele, compartilhando de coisas simples como um chocolate quente ou um jantar, conversando amenidades enquanto as mãos e pés eventualmente se encontravam por cima ou por baixo da mesa.

Chanyeol pegou um cobertor quente quando guardaram as louças limpas, o chamando para o conforto de seu abraço depois de voltar para o tapete onde estavam sentados antes, dessa vez jogando a manta sobre as costas e deixando Baekhyun se aconchegar bem perto, sem ouvir nada além do trepidar da lareira e de uma música baixinha que o Park colocou na televisão, porque não queria assistir nada que lhe demandasse atenção. Não queria tirar os olhos de Baekhyun.

A conversa era simples, ambos pensando no que poderiam fazer amanhã enquanto Baekhyun já imaginava como sofreria pelo frio se Chanyeol insistisse naquela ideia de esquiar, mas ficar pertinho do jeito que estavam era bom.

— Posso te fazer uma pergunta? — Chanyeol falou, com uma das mãos sobre a coxa do Byun, deixando um carinho natural ali.

— Sobre o quê?

— Sobre uma coisa que quero saber. — Misterioso, o Park fez Baekhyun erguer uma sobrancelha com a resposta. Mas um sorriso morava no canto dos lábios dele. — Posso?

— Pode. Mas eu não prometo que vou responder. — Advertiu. Chanyeol estava satisfeito ainda assim. E era engraçado agir como se fosse fazer uma pergunta mirabolante, porque era exatamente o contrário.

— Então lá vai. — brincou, com um sorriso no tom de voz. — Qual sua cor favorita?

Baekhyun levantou as sobrancelhas, a expressão anedótica no rosto, e Chanyeol franziu a ponte do nariz porque o achou muito fofo, sorrindo antes de roubar um selinho dos lábios dele.

— Achei que iria perguntar se eu já cometi um crime ou algo do tipo. — Baekhyun riu, mordiscando o lábio inferior para conter a expressão exagerada. — E é azul.

— Azul claro que nem aquele sobretudo que você usa? — O maior perguntou tranquilamente, usando uma das mãos para ajeitar os fios escuros do cabelo de Baekhyun que caiam sobre os cílios. Ele escondeu os olhos na mesma hora, um pouco surpreso com o detalhe tão bobo que Chanyeol lembrava sobre ele. Tinha até um tempo considerável desde a última vez que usou seu sobretudo favorito…

— Sim… E qual a sua cor favorita? — Mudou o foco rápido, acostumado a se retirar do centro das atenções, e Chanyeol percebeu sua motivação. Respeitoso, apenas sorriu de canto e continuou fazendo carinho.

— Gosto de cores neutras. Preto, cinza, bege. — Deu de ombros. — Às vezes gosto de vermelho.

— Percebi o quanto gosta dessa cor. — Baekhyun debochou, afastando a gola da camiseta larga e apontando para o colo cheio de marquinhas vermelhas. Chanyeol não conteve o riso alto, balançando a cabeça em negativa, e Baekhyun ficou feliz por ter feito ele rir daquela forma, por isso sorriu em companhia. — Por que quis saber isso? Minha cor favorita.

— Porque quero saber mais sobre você. A gente não conversava muito, não é?… — Chanyeol mordeu o cantinho da boca, porque não queria parecer invasivo ou desesperado, ao tempo em que desejava saber mais de Baekhyun o tempo todo. — Então quis começar de algum lugar pra perguntar.

— Ah. Você pode perguntar mais se me deixar perguntar também. — Propôs. — Desse jeito eu gosto.

Chanyeol se animou com a ideia rapidamente, e em minutos estavam discutindo sobre filmes favoritos ou pratos de comida favoritos, informações muito bem guardadas principalmente por Chanyeol, que sempre gostava de saber daquele tipo de coisa para agradar posteriormente. Acharam engraçado como tinham gostos diferentes e, ainda assim, apreciavam o favoritismo um do outro sobre coisas bobas.

A conversa seguiu como um grande jogo de perguntas porque eles ficavam cada vez mais curiosos, e não demorou para que chegassem em questões mais elaboradas, com Baekhyun querendo saber sobre o sobrinho de Chanyeol e escutando sobre a personalidade da irmã dele ou com Chanyeol perguntando cuidadosamente sobre o motivo para Baekhyun ter escolhido a empresa onde trabalhavam.

— Eu fui promovido, então resolvi ficar. — Deu de ombros. — Mas eu gosto de comunicação e logística. Só não sou muito bom em me comunicar. — A brincadeira com um fundo de verdade foi relevada por Chanyeol, ainda que não tenha achado engraçado. Talvez fosse um jeito que Baekhyun tinha de lidar com a insegurança. — Mas e você?

— O que tem eu?

— Por que você trabalha na empresa se… bem, você ganha dinheiro por fora?

— Ah, eu comecei a fazer isso depois que já estava trabalhando, mas eu ainda era do setor de estagiários. Mas eu gosto do meu trabalho, a coisa dos vídeos é mais… um hobby com lucro? — Chanyeol ponderou. Baekhyun queria perguntar mais, porém ficou com receio de exagerar na intromissão.

— Por que começou a fazer os vídeos? Não precisa me contar sobre isso se não quiser, é só que fiquei curioso. Eu não sabia que muita gente… fazia isso na internet desse jeito. — Envergonhado pelas perguntas indelicadas que deixou escapar, desviou o olhar. — É muito dinheiro.

— Eu não ganhava muita coisa como estagiário na época, e achei algumas coisas sobre esse tipo de conteúdo e me interessei. Eu, bom — pigarreou — gosto de exibicionismo. Não ganhei dinheiro desse jeito tão rápido, mas as coisas foram aumentando aos poucos e, sei lá, se tornou parte de algo que eu faço, apesar de só ter feito com você por esses tempos.

A menção de exclusividade deixou Baekhyun borbulhando, mas ele precisava se controlar.

— Parece bem fácil. — Murmurou em resposta. E Chanyeol meneou a cabeça para os lados.

— Depende bastante. No meu caso, mesmo não gostando que isso exista, eu tenho alguns privilégios. Sou o padrão do corpo masculino cis. — Ele sorriu de canto, um pouco incomodado, e Baekhyun quase o pediu para parar de falar, mas parecia ser tranquilo para Chanyeol compartilhar a história, porque ele continuou falando enquanto deixava uma mão pousar nas costas do Byun. — E performo como ativo. É o que as pessoas querem ver, ainda que eu faça por gostar e não por isso, então ganhar atenção foi fácil. Mas não é algo que acontece com todo mundo do jeito que me aconteceu.

— Eu achei que era só… filmar e postar. — Baekhyun admitiu o quanto era leigo, e nem assim Chanyeol deixou de olhar para ele com gentileza. — Mas o que você disse faz sentido. Se fosse eu…

— Se fosse você, sempre teria alguém para dizer como você é lindo e incrível. Eu seria um fiel telespectador. — Chanyeol interrompeu o comentário depreciativo em um tom suave e Baekhyun o beliscou na cintura pela brincadeira. — Mas é sério, depende de muitos fatores e também tem muita coisa complicada, eu preciso ter muito cuidado com as pessoas que me procuram, por exemplo. Lembra que te mandei aquele e-mail? Então. Eu só não peço nome e número de identidade antes porque algumas pessoas desistem e ficariam expostas, mesmo que só pra mim.

— Muita burocracia. — Baekhyun abanou a mão no ar e Chanyeol concordou com a cabeça. — Você já teve problemas?

— Não muito. É difícil que me perturbem porque a imagem que eu passo é intimidadora. Já recebi homofobia, mas quem não? — revirou os olhos. — Mulheres em geral e pessoas trans lidam com problemas muito maiores que eu, o que é uma merda. Às vezes fazemos algumas denúncias em massa por assédio, estou num grupo que ajuda bastante.

Baekhyun arregalou os olhos, porque ele tinha uma visão completamente deturpada do que era aquilo. Achou que seria apenas divertido e, óbvio, lucrativo fazer aquele tipo de coisa, e era até um pouco bobo por pensar que era seguro apenas por não fazer parte da indústria pornográfica. Conhecer mais sobre o Chanyeol daquele jeito, de certa forma, fez Baekhyun se sentir ainda mais íntimo dele. Também gostou de saber como ele se preocupava com tantos detalhes no que se referia a fazer sexo com alguém, ou como ele se importava com algumas causas.

Estava… amando saber mais. Ficava com receio de falar pelos cotovelos quando se sentia à vontade, mas fez o possível para não começar a se restringir enquanto ficavam jogados naquele tapete.

— Que bom que você não tem que lidar com coisas muito ruins… 

— Acho que o máximo que já me aconteceu foi um garoto tentando falsificar a identidade, porque eu só me relacionava com maiores de vinte e um. — Chanyeol riu e nem percebeu como usou o passado no tempo verbal, mas Baekhyun sim. E isso causou um frio em sua barriga. — Mas eu verifico tudo isso, e o mandei embora depois de fazer um lanche pra ele. Queria perder a virgindade. 

— Nossa.

— É. Fiquei um bom tempo me encontrando só com homens mais velhos, porque fiquei paranoico. — Chanyeol nem mesmo precisava pensar para que as mãos tomassem rumo sobre o corpo de Baekhyun, a que se mantinha na lombar deslizando para cima nas costas e a que estava nas pernas escorregando para as coxas. — Mas não me preocupo mais com isso, não é mais um problema.

Baekhyun deixou um sorrisinho aparecer no canto dos lábios, mas escolheu não perguntar nada porque teve medo da resposta. Por que Chanyeol falava sobre encontros com outros homens além dele no passado e por que não precisava mais se preocupar com garotos fazendo propostas? Bem, sabia o motivo, mesmo que ainda não completamente. E apesar de desejar, não quis fazer daquela suposta informação uma neura, e sim continuar aproveitando a viagem de forma leve.

— No que você trabalharia se não tivesse essa profissão? — Baekhyun mudou de assunto repentinamente, depois de breves segundos de silêncio, e Chanyeol abafou uma risadinha.

— Eu seria profissional de esqui.

— Chanyeol! — reclamou, por saber que voltariam para a pequena discussão sobre ir ou não para as pistas de esquiagem no dia seguinte, mas estava aliviado pela quebra de tensão que Chanyeol colocou sobre os dois. Ficou preocupado por ter trazido um assunto mais sério à tona anteriormente. — Eu não sei esquiar. Eu vou cair e rolar na neve por sua causa.

— Já disse que te ensino, Baek, prometo que seguro sua mão o tempo todo. Vai ser divertido!

Baekhyun grunhiu porque Chanyeol juntou as sobrancelhas e automaticamente levou embora todas as suas defesas. Não sabia que o maior conseguia ser tão fofo quando queria alguma coisa e percebeu que não saberia dizer não à carinha de cachorro dele.

— Vou pensar, mas se encontrar outra coisa, vamos fazer outra coisa! Já disse que não sou muito radical. — Baekhyun cruzou os braços, fazendo um biquinho. Não podia mentir e dizer que o medo falava mais alto que sua vontade de conhecer coisas novas, e estava arrasado porque tinha certeza de que Chanyeol percebeu aquilo, ou não estaria insistindo. Ele nunca insistia quando era desconfortável.

— Eu tenho certeza de que vai gostar, eu prometi que não ia fazer nada que te deixasse com medo. Não precisa ser esqui em pé. Vamos, por favor, você vai adorar deslizar na neve e eu juro que te abraço apertado…

Chanyeol começou um discurso que envolvia os dois agarradinhos em um teleférico e em uma das pranchas de casal para que conseguissem deslizar pelos montes de neve acumulada sentados. Baekhyun estava começando a amolecer com a ideia e sabia que era uma batalha perdida, mas no fundo ficaria feliz se concordasse e vivesse uma nova experiência. Não era todo dia que ele se enfiava em um chalé longe da cidade e que podia fazer aquele tipo de passeio, que no fundo o deixava curioso. Só por isso prometeu que iria pensar.

Continuaram com as brincadeirinhas e conversas por tanto tempo que nem mesmo se deram conta de que a noite caía cada vez mais, dando espaço para uma madrugada que dividiram comendo biscoitos prontos que Chanyeol comprou no mercado. Também compartilharam de alguns olhares.

E incontáveis beijos.

 

 


Notas Finais


Feliz véspera de Natal!
Nos vemos em 15 dias, em 2021! hehe


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