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História Sem Escolha - Sem escolha - III


Escrita por: bonalisk

Capítulo 3 - Sem escolha - III


Abriu o saco com diversos pares de luvas, mas não teve tempo de pegar algum par, antes de soltar um urro de dor quando seu corpo foi jogado contra a parede ao lado da cama, antes de ser suspensa alguns centímetros do chão, ficando na ponta dos pés, com um par de mãos ágeis e assassinas em volta do seu pescoço a asfixiando. - Você… - A voz fria de Yuha foi ouvida no quarto junto às tentativas falhas de respirar de Rena. - Como você se atreve a colocar seu sangue imundo na Roa? - Era visível o ódio quase assassino que passava nos olhos castanhos da mulher de cabelos curtos que apertavam ainda mais o pescoço da loira. Não precisava ser um gênio quando os curativos e os lábios pálidos denunciassem a ausência de sangue em ambas as mulheres, o que despertou facilmente a ira da mais alta.

 

- Yuha larg-...

 

- Solte ela. - Antes que Seulgi pudesse concluir a sua fala, uma voz que não pertencia a nenhuma das Kangs ordenou com fraqueza, mas frieza suficiente para causar um arrepio na espinha da já fraca Yaebin, que não lutava para se libertar. Não que ela não quisesse, mas ela não podia levantar a mão para um Kang, a única exceção a essa regra era se fosse para salvar um Kim. Desse modo, se Yuha desejasse mesmo matá-la, ela apenas teria que esperar seu fim, o que não demoraria muito se o aperto continuasse, ela já estava fraca demais.

 

- Roa, você não entende. Essa bastarda injetou o seu sangue sujo em você… - Yuha respondeu olhando para Roa que possivelmente acordou com o barulho de Yaebin sendo jogada na parede, já que o barulho foi particularmente alto e doloroso. O aperto ainda não havia cedido, e os lábios de Yaebin já mudavam para um coloração ainda mais branca ainda, com isso Selugi não pensou duas vezes em destravar a arma presa a bainha da sua calça e apontar para Yuha.

 

- A Roa deu a ordem que a soltasse, se não soltar por bem, farei você soltar por mal. - A morena antes sorridente, agora tinham olhos irritados e sério, aponto a arma para a cabeça de Yuha sem pestanejar.

 

- Oh, mesmo? Eu nem precisaria estar aqui se você tivesse cumprido as minhas ordens ontem. Ela salvou a minha vida, diferente de você. Eu só irei repetir isso mais uma vez solte ela. - O tom frio e até arrogante de Minkyung agora foi um pouco mais alto, o que deu a impressão a Yaebin que a temperatura do quarto diminuiu alguns graus ou seria apenas ela perdendo os sentidos quando o aperto se intensificou ainda mais quando foi exposto o erro de Yuha.

 

Sem dúvida não era algo que pudesse melhorar a relação das duas meias irmãs, a Kang irregular limpar a bagunça de uma Kang pura. A loira estava prestes a perder a consciência quando o aperto cessou no seu pescoço, logo o corpo quase sem vida caiu de joelhos diante de Yuha, desesperada por ar. - Yuha, nós temos ordens de manter esse lugar seguro e abastecido… Vá providenciar os mantimentos para o apartamento e roupas para a Roa, já que ainda não podemos nos aproximar da cobertura dela.

 

- O que? Eu sou uma Kang auxiliar da Roa, o meu papel não é fazer compras de supermercado e proteger a Roa! - Yuha falou com indignação com Selgi, que apenas manteve seu rosto inexpressivo. Por alguns instantes a única coisa que era ouvida no quarto era a luta de Yaebin por ar, que finalmente parecia conseguir acalmar um pouco o corpo para manter os sentidos, mas ainda sem força para se levantar.

 

- Yuha, isso não foi um conselho, foi uma ordem. - Yaebin teve a certeza que foi a primeira vez que ouviu um tom tão frio sair dos lábios da sua irmã mais velha. -  Sem mencionar que você quase matou a única pessoa que pode manter Roa viva até que toda essa situação se resolva. Suas frustrações estão fazendo você ter atitudes irracionais, você não está apta a ficar ao lado de Roa no momento. - Seulgi se aproxima de Yaebin, com certo esforço ajudou a loira a se sentar na cama, enquanto dar suaves tapinhas nas costas da mais nova. - Sem mencionar que já tem dois Kangs tomando conta dela no momento. - Seulgi lança um olhar frio para Yuha, que aperta os punhos desviando o olhar de Selgi para Yaebin, antes de se retirar do quarto ainda mais irritada. - Livre-se dos panos do sofá antes de sair. - Não houve resposta de Yuha, mas logo puderam ouvir barulho de panos serem rasgados possivelmente com uma faca, e em pouco tempo a porta de saída bateu.

 

- Como você tá? - Seulgi pergunta a irmã que finalmente estava conseguindo controlar a sua respiração. A loira ainda não tem forças para responder, mas aperta a coxa da mais alta para provar que estava melhor. Com o alívio de saber que a loira estava bem, Seulgi e Roa se olharam. - Me perdoa, Roa. A Yuha parece que não está sabendo lidar bem com a pressão. Ela está cometendo erro em cima de erro. Mas logo ela desperta das frustrações dela, ela é sempre assim, não é? Enfim, como você está?

 

- Eu espero dessa vez tenha razão. O que ela fez ontem foi desastroso, ela vai ser advertida ou pior. E tenho certeza que isso já deve ter chegado na ouvindo do meu pai e do seu também. - Pelo pequeno suspiro de Seulgi respondeu melhor que muitas palavras, até porque foi ordem do pai de Roa, que ela fosse trazida para o apartamento de Yaebin. Esta última ao ouvir falar sobre o seu pai, se forçou a voltar a dominar seu corpo e voltar a realidade. Com certa dificuldade se levanta da cama, tentando ignorar a conversa das duas se apressando em direção a escrivania, ela ainda tinha que cuidar de Roa, ainda que pudesse desmaiar de exaustão.

 

- Sinceramente? Estou me sentindo uma droga, mas agora posso dizer que já sei o que é levar um tiro e ser costurada sem anestesia. Será que os velhotes agora vão se conscientizar que eu dou conta do recado? - Roa brincou com Seulgi, sem tirar os olhos da loira, podendo ver arranhões que ela mesmo deixou nos ombros e braços da mais baixa, quando tentava controlar a sua dor na hora dos pontos. Logo desviou os olhos de raposa para SeulBear. - E a situação como um todo? - Yaebin odiava ter que ouvir sobre os negócios da máfia, mas simplesmente não tinha muito onde ir quando estavam no seu apartamento. A loira tentou se focar nas dosagens nas seringas, nos comprimidos que daria a mulher deitada na cama.

 

Seulgi riu da brincadeira de mais alta, mas logo suspirou pesado, enquanto mandava uma mensagem para alguém. Por fim, voltando o olhar para Roa, mostrando preocupação. - A situação não é nada boa, Roa. A polícia e aqueles bastardos estão em meio um caça às bruxas em cima do nosso pessoal, tem policiais perto de todos as nossas clínicas, até mesmo nas clandestinas. Alguns dos nossos não sobreviveram a emboscada por não conseguirmos tratamento para eles, outros escaparam por muito pouco. - Ouvir aquilo deixou a loira um pouco tensa, de fato se não houvesse a ordem de trazer Roa para seu apartamento, possivelmente a princesa da máfia poderia ter morrido. Por um momento, sentiu orgulho do próprio esforço naquela madrugada. - Existem pessoas suspeitas em lugares estratégicos, como perto do seu apartamento. No momento aqui é o lugar mais seguro para você, pelo menos até a gente resolver isso, seu pai já tem a lista de quase todos os culpados disso, faremos uma limpa em breve.

 

Yaebin soltou um suspiro em ouvir aquilo, o fato dela ser obrigada a pertencer a máfia, não significava que ela gostava do lado mais negro que aquilo envolvia. Por isso se apressou em seguir para perto da cama, com duas seringas e alguns comprimidos em mãos. - Bear, pode pegar água pra mim? - Seulgi concordou rapidamente, caminhando para fora do quarto, a loira sabia que a mais velha saberia onde estava as coisas no seu apartamento, já que frequentava a medida do possível. A loira terminou a conversa, mas agora não sabia bem como agir já que diferente de ontem, agora estava sozinha com uma Roa consciente, e querendo ou não elas haviam se conhecido de uma forma nada sociável. - Como se sente? - A loira tentou se manter profissional, enquanto a mais velha parecia apenas olhar para ela fixamente. Avaliando Yaebin, talvez?

 

- Diríamos que preferia ter acordado com ressaca. - O tom divertido da mais velha lhe chamou atenção, ela não parecia tão arrogante quanto a noite anterior, muito menos a garota gelada de minutos atrás, o que foi um alívio para a loira.

 

- Irei garantir de ter algo mais forte da próxima vez, já que você acabou com a minha vodka e nem parece que bebeu. - A loira assobiou em resposta, enquanto preparava o braço da mais velha para as injeções.

 

Um sorriso presunçoso surgiu nos belos lábios de Minkyung, tal ato fez a loira levantar suas sobrancelhas em um belo arco, mas entendia melhor do que nunca a fama de beleza mortal na princesa da máfia. - Está querendo dizer que eu te devo uma bebida, Kang? - Os olhos negros de Minkyung ainda estavam fixos nela, aquilo por um lado deixou a jovem um pouco inquieta. Estava se divertindo? Ela estava frustrada com Yaebin da mesma forma que Yuha? Ela estava planejando a sua morte? Daria qualquer coisa para saber o que se passava na mente daquela Kim.

 

- Quem sabe. Eu nem tive o prazer de provar aquela vodka, eu estava aguardando alguma ocasião especial. - Pode notar a curiosidade brilhar naqueles olhos de raposa, mas Yaebin preferiu ignorar e continuar o seu trabalho, tentando não ficar intimidada com o olhar intenso que recebia da grande herdeira. - E um sofá novo também. - Pode ver as sobrancelhas da beleza a sua frente se erguerem surpresa com a ousadia das suas respostas, fazendo a princesa abrir um sorriso divertido e ainda maior, mas rápida muda para uma pequena carranca quando foi aplicada a primeira injeção. A loira pode até mesmo ouviu alguns resmungos, o que fez a mais nova massagear o local até notar o humor alheio melhorar um pouco. O quarto modesto de Yaebin foi tomado pelo silêncio, enquanto a loira tentava manter a sua atenção apenas no que fazia, tentando ignorar a intensidade que era avaliada.

 

- Doi? - A pergunta repentina tirou atenção da loira da próxima seringa para cair na beleza a sua frente, a olhando com total confusão com a pergunta. Ao perceber que a jovem não havia entendido Roa aponta para a garganta da médica. Está lentamente levanta o olhar para o espelho podendo encontrar marcas evidentes em seu pescoço, que marcavam quase que perfeitamente onde as mãos de Yuha estavam minutos atrás. Um pequeno nó surgiu na sua garganta, ao se perguntar se um dia seria fria o suficiente para se acostumar com isso. - Não se preocupe, ainda sou capaz de distinguir o seu braço da sua testa. - A jovem brincou imaginando que a preocupação seria se a jovem ainda tinha uma boa linha de raciocínio. Por mais acabada e cansada que estivesse, quando estava no modo médica, se sentia indolor para o próprio corpo.

 

- Não foi isso que eu perguntei. - O tom da mais velha agora pareceu frio e até frustrado com a resposta que recebeu, aquilo fez Yaebin erguer a sobrancelha por um momento. A loira se debruça levemente por cima de Minkyung, sentindo seu olhar ainda mais fixos no pescoço machucado. A mais nova faz tudo para ignorar as sensações que esse olhar lhe trazia, antes de finalmente aplicar a outra agulhada agora no outro braço da jovem, ganhando alguns resmungos de resposta.

 

- Não se preocupe, não é como se isso fosse a primeira vez que isso acontece. - A loira dá de ombros com o seu comentário tão despreocupado. Yaebin poderia ver nos olhos alheios a surpresa como se perguntasse como poderia reagir assim depois que a sua própria irmã quase tentou matá-la. Quase como se perguntasse como algo como aquilo era “normal” para a jovem. Mas no mundo de Yaebin qualquer tipo de agressão física ou mental era mais que comum, especialmente nas memórias que conseguia lembrar de Yuha ou de parte da sua infância. - Isso é normal. Isso é ser um irregular. - Para a sua surpresa os olhos de raposa pareciam ficar mais afetuosos depois da sua curta explicação, mas tinha certeza que era apenas um delírio diante da sua exaustão, nenhum Kim sentiria pena de um irregular, apenas seria tolerante a ele.

 

A dupla ouviu um barulho na porta, lá estava Seulgi com um copo em mãos e um olhar triste encarando as marcas presas na pele sempre branca e lisa de Yaebin, dando a certeza que a recém chegada havia escutado a conversa. - Chegou na hora, Bear. - A jovem quebra o silêncio que se instaurou ali, mesmo que soubesse que a sua resposta havia feito ambas as mulheres mais velhas pensarem sobre aquilo, ela mesma fingia não ligava mais, não depois de 23 anos vivendo da mesma maneira, mesmo que existisse mudanças da sua infância para a sua adolescência, ela sabia se defender, mas isso não se aplicava a um Kang, especialmente sendo a sua irmã. - Preciso que você tome isso aqui agora. - Ofereceu as pílulas e a água para a mais alta que ainda a olhava com um ar avaliativo, mas logo ganha um sorriso um pouco malicioso.

 

- O que eu ganharia com isso? - A mais velha brinca, enquanto passa a mão sobre o braço de Yaebin até segurar bíceps da loira, se surpreendendo o quanto era atlético, até demais para uma simples médica. A loira não tem muita dificuldade e puxar com cuidado a mulher de cabelos levemente azulados nas pontas até que se sentasse o suficiente para tomar o remédio.

 

- Um passo mais perto de se livrar de mim. - A mais nova observou até que Roa revirar os olhos com a resposta, antes de tomar os comprimidos oferecidos, logo depois a água. Ao notar a feição de dor da mais velha e ergueu a sobrancelha. - Você perdeu a consciência antes que eu pudesse terminar de avaliar seus ferimentos ontem, então eu posso fazer um exame mais criterioso agora? - Auxiliou Minkyung a se deitar mais uma vez, ficando um pouco intrigada com o sorriso que surgiu nos lábios da princesa.

 

- Você é sempre tão sexy falando com seus pacientes? - A mais velha disse de forma divertida, fazendo a loira ficar sem palavras diante do flerte descarado que acabara de receber. - Fique a vontade, Doutora Kang.

 

- O-o que? Quem diabos é você?! Ontem apontou uma arma para minha cabeça, hoje está toda engraçadinha… Você bateu a cabeça ou algo assim? Ou sofre de transtorno dissociativo de identidade? - Olhava para Minkyung ainda mais curiosa com a mudança de comportamento, já a princesa da máfia parecia ainda mais divertida com o comentário de Yaebin.

 

- Olha a boca, Rena. Não é porque você não tem os atributos que os restos dos Kangs tem, que significa que não tenha que respeitar a Roa, mesmo que ela não seja o parâmetro mais normal de Kim. - Seulgi repreende a irmã, mas não pode negar que também está surpresa o quanto Minkyung estava sendo sociável a sua irmã, já que dificilmente ela mostrava quem realmente era a pessoas que não confiava, mesmo sendo um Kang. Normalmente Seulgi, por terem idades próximas e serem criadas praticamente juntas, era uma das poucas pessoas que conhecia o lado mais dinâmico e completamente diferente do lado frio que Roa utilizava para não ser questionada por ser uma jovem Kim.

 

- Deixe, SeulBear. Eu prefiro assim. É divertido finalmente ter um Kang que pode me responder. Vocês normalmente são muito sem muito sem graça nesse sentido. - As Kangs reviram os olhos, antes da mais velha das Kang se sentar no lado desocupado da cama, querendo entender a melhor amiga. Já a loira resmungou sem acreditar que virou o brinquedo de diversão de um Kim. - Então você não tem que obedecer as regras de condutas dos Kangs? Nenhuma delas? - Yaebin podia ver a curiosidade mais uma vez brilhar nos olhos negros diante de si.

 

- É claro que ela tem algumas, Roa. Caso não, ela não poderia ter acesso a você. - A Kang mais alta se deixa acomodar melhor na cama, podendo assim observar aquela movimentação sem qualquer interesse de já que não entendia nada de medicina, mas estava interessada em ver a irmã interagir com um dos Kims mais peculiares da máfia.

 

- Você realmente está curiosa com um irregular? - Aquilo era algo meio sobrenatural ainda mais vindo de um Kim. O aceno positivo acompanhado de um sorriso divertido, trouxe uma teoria para jovem, só algo podia justificar aquela curiosidade, a mais velha estava no limite da loucura do seu tédio. E a expressão divertida até mesmo curiosa da irmã deixava aquilo mais óbvio. - Se sentir algum incômodo me avise, ok? - Tentar ser profissional diante de Kim Minkyung era um pouco mais difícil do que poderia imaginar, com seus olhares e sorrisos fáceis, mas tinha certeza que por mais que estivesse bem acessível a Rena, nenhum dos seus movimentos não era deixados de fora de uma avaliação de Roa. Não era atoa que os Kim normalmente eram associados a uma raposa por sua astúcia e esperteza.

 

Ao notar a expectativa por uma resposta, fez Yaebin suspirar um pouco mais pesado, puxando as cobertas que cobriam a princesa gangster deixando exposto apenas até a cintura já que não nada mais que as peças íntimas e a blusa dada por Yaebin cobrindo a bela mulher. A loira faz o melhor para tentar ignorar o olhar interrogativo da mais velha quando a jovem começa a abrir os botões da sua camisa até a altura do busto, passando a tocar com a ponta dos dedos diretamente na pele alva e quente a procura de alguma reação ou contusão que tenha passado despercebido na adrenalina da madrugada. - Eu não tenho que lidar com a maioria das regras de condutas convencionais dos Kang, mas consequentemente eu não tenho nenhuma das regalias os quais eles possuem. - Os olhos negros que acompanhavam seus movimentos, agora estão voltados para o rosto da jovem parecendo atentos. Seus olhares se encontram por um momento, mas logo os olhos da mais nova voltam para seus dedos que tocavam com cuidado e precisão toda a extensão do ombro direito. - Mas ao que se refere a proteção dos Kim, ainda é uma regra que recai sobre mim.

 

- Por isso deu seu sangue? Mesmo que isso te deixe muito vulnerável fisicamente? Você não parece ter porte físico para doar sangue. - Aquela pergunta faz Yaebin lembrar do comportamento de Yuha, o que fez a médica parar os movimentos mas mantendo o toque sobre a pele aveludada e olhar diretamente para Minkyung buscando algum sinal de nojo ou raiva como enfrentou naquele mesmo quarto minutos antes.

 

- Você não parece irritada com isso…

 

O comentário conclusivo e até mesmo surpreso fez a mais velha erguer a sobrancelha, mas não demorou para entender o motivo do comentário. Os olhos negros instintivamente foram ao pescoço de Yaebin que começava a perder a mancha avermelhada que tomava quase toda a extensão de pele da região. - Não vejo motivo de ficar, eu não estou aqui graças a isso? - A loira estuda a tranquila princesa da máfia, dando de ombros,  antes de voltar a sua atenção para o outro ombro da mulher, passando a tocar em pontos estratégicos da sua pele, aliviada por não sentir nada irregular, a não ser a maciez insana que aquela pele possuía. A mais nova balançou a cabeça, tentando ignorar essa ideia absurda que surgiu em sua mente, mordendo o lábios inferior de forma inconsciente, antes de deslizar a mão sobre todo o braço da mais velha até tocar seu pulso fazendo a mais velha soltar um suspiro irregular. O pequeno gesto chama atenção para o pulso, notando o mesmo levemente inchado, apertando exatamente no mesmo do mesmo, fazendo um grunhido rouco escapar dos lábios alheios. - Devagar…

 

- Uma leve torção no pulso, possivelmente o Wonwoo deve ter te machucado quando estava te puxando para fora do carro. - Comentou ao lembrar o modo desajeitado como o homem segurava o pulso alheio quando chegaram. Ao comentar sobre o homem que trouxe Roa para lá, lembrou do comentário sobre o modo como os Kangs olham para os Kim, involuntariamente os olhos desviaram para a sua irmã mais velha.

 

Por sua posição ao lado de Minkyung, a Kang mais velha poderia ter uma visão bem interessante do corpo deitado na cama, até mesmo pelo decote que cobria a visão de Yaebin, mas seria bem sugestivo para Seulgi. Contudo ao avaliar os olhos de Seulgi, eles pareciam tão desinteressados, suas bochechas não possuíam nenhuma coloração extra, nem mesmo mostrava algum nervosismo, isso seria muito diferente se fosse outra mulher ali, já que uma das poucas fraquezas de Seulgi era a timidez em situações assim com muita pele exposta, que não fosse a dela. - Bear? Pega a atadura do seu lado? - Os olhos desinteressados saem do corpo de Minkyung e vão ao criado mudo para pegar e jogar o tecido hospitalar para a loira.

 

A jovem se perguntou que tipo de treinamento mental os Kangs passam para se comportarem daquela forma, mas logo voltou atenção em imobilizar o pulso alheio. - Devagar… - A mais alta resmungou, fazendo um sorriso presunçoso surgir nos lábios de Yaebin.

 

- Consegue rosnar comigo quando leva um tiro e agora fica resmungando por causa de uma luxação, sério isso?

 

- Ontem você foi mais atenciosa, me deu o que beber, foi delicada com as mãos, nem mesmo ficou tímida quando eu te arranhei, mas agora que me conseguiu na sua cama, você ficou toda bruta comigo. Todo Kang é assim ou apenas você,  doutora Kang?

 

Yaebin a olhou sem acreditar no que acabara de ouvir, se a situação não fosse no mínimo impossível por muitos motivos, possivelmente Seulgi teria uma arma apontada ela, por ter “brincando” com os sentimentos de Roa. - Morra, Kim. - Disse simplista, arrancando uma gargalhada da outra mulher, terminando seu trabalho de enfaixar a mão alheia.

 

- A única maneira que aceitaria morrer se fosse com seus toques, fora a isso você mesmo confirmou que tem o dever de me deixar viva. Espero que continue fazendo um bom trabalho, doutora Kang. - A princesa da máfia piscou para Yaebin que a encarava com descrença antes de virar para irmã.

 

- Eu salvei a vida dela, já posso expulsar de casa agora?

 

- Por mais que ela esteja um tanto faladora hoje, ela é a minha chefe se comporte, Rena. - Seulgi repreende a irmã mais uma vez, mas ainda que não expresse, ainda está tentando entender o que estava acontecendo com Roa e seus flertes para cima da mais nova. Era tão interessante assim para  Minkyung ter alguém que não está ligada às regras tão costumeiras no dia a dia delas? Yaebin ia resmungar alguma coisa, mas se ouve uma batida na porta fazendo Seulgi sumir pela porta em segundos.

 

- Esperando visita? - Roa pergunta um tanto curiosa, mas logo voltar seu olhar para Yaebin, ao sentir ela desabotoando a parte inferior da sua camisa. Não demora para que o corpo de Roa esteja exposto quase por completo, a única coisa que protege a peça íntima preta superior são os dois botões que ainda prendem a blusa.

 

- Eu diria que as minhas visitas atuais não se importam muito ou não se eu estou esperando ou não. Elas são bem… Intensas quando estão chegando ultimamente, não acha? - Ironizou mas logo se sentiu frustrada que nem mesmo um comentário assim tirava a diversão implícita nos olhos de Roa. A loira estava tendo dificuldade em lidar com tudo que estava relacionado a Kim Minkyung, ela são estava tirando do sério com as suas provocações, mas a sua atenção ficava distorcida diante do belo corpo a sua frente. Yaebin sempre se orgulhou de ser profissional, e era muito elogiada por isso na faculdade, mas ali, diante da princesa da máfia, as coisas ficavam um pouco distorcidas.

 

- Gosta do que ver?

 

O olhar desvia do corpo para seu rosto encontrando um malicioso sorriso assim como seu tom de voz. Era evidente para as duas o que ela queria dizer com aquelas palavras, Roa já tinha certeza que Yaebin não tinha passado pelos rigorosos ensinamentos dos Kangs, por isso ela conseguia de fato ver Minkyung como mulher. E a loira não era cega, não tinha como negar o espetáculo que estava diante de si, com um sorriso que não ajudava em nada em manter uma conduta anti pensamentos pecaminosos. Mas se Kim Minkyung queria tanto provocá-la, esse jogo poderia ser para dois.

 

As mãos que tateiam as suas costelas em busca de algum desconforto, logo pararam de atuar, em seu lugar as unhas arranhavam levemente a pele alva, enquanto se debruçava lentamente sobre a mais velha. A expressão de Minkyung passou de risonha para surpresa com a mudança de comportamento de Yaebin. - Claro que eu gosto do que eu vejo… - A malícia preenchia o sorriso da loira, especialmente quando os olhos desviam do belo rosto para o corpo que cuidava, parando a ponta dos dedos sobre o umbigo da mais velha. - …A cicatriz não vai ficar nem tão grande e nem tão evidente, quanto seu ego. - A médica sorriu ao se afastar puxando as cobertas até a altura do pescoço de Roa, se divertindo internamente com uma expressão de decepção que facilmente a mais velha tentou esconder.

 

- Kang Yaebin… Sem dúvida você é interessante. - Roa ganha um sorriso malicioso quando ver a loira saindo do quarto ao ser chamada por Seulgi.

 



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