Semanas se passaram desde aquela reunião e nesse tempo Jasper conseguiu convencer Maria a ficar um pouco em casa, ou saírem apenas os dois, nada que incluísse grandes eventos sociais.
Hoje é mais um dia que Jasper acordou antes de Maria e foi se arrumar para o trabalho.
Como amava sua profissão e tudo que ela lhe trouxe!
Jasper vinha de uma família de médicos, decidiu seguir a carreira de seu pai e avô e avó, eles eram seu maior orgulho.
Terminando de ser arrumar, deu um beijo na testa da esposa que continuou dormindo e logo saiu de casa.
Maria acordou poucos minutos depois, ainda de olhos fechados alisou o espaço de seu lado, já adivinhando que Jasper não estaria ali.
“Ele sempre sai muito cedo” pensou e logo abriu os olhos.
Levantou-se e foi tomar um banho, fez sua higiene e ao voltar para quarto deu uma olhada no céu, pela janela do quarto. O tempo estava ótimo, fresquinho. E assim decidiu colocar um vestidinho leve, com alguns girassóis. Pegou seu celular e viu que já tinha uma mensagem de bom dia do Gabriel. O sorriso em seus lábios dobrou de tamanho.
Respondeu a mensagem e divagou lembrando-se do último encontro deles. Havia dito a Jasper que tinha uma reunião com uma cliente e que por isso não ia conseguir almoçar em casa, era a folga do médico. Claro que mentiu, passou um excelente dia na casa do Gabriel.
E isso a fez se lembrar do primeiro encontro deles, foi dois após o jantar. Gabriel foi a casa de Maria, em um dia que Jasper não ia voltar para casa porque ele tinha ido para a cidade natal logo cedo. Ou seja, ambos teriam o dia inteiro sem interrupções.
Gabriel não se mostrou incomodado em estar na casa do casal, pelo contrário, agiu como se estivesse no próprio lar.
Maria sentiu o coração batendo mais rápido lembrando desse dia, fora a primeira vez deles e ela sentiu algo dentro de si se ligando a ele.
Voltou a realidade e decidiu ligar para ele.
- Sabia que era você. – A voz dele soara do outro lado da linha.
- Mas é claro, meu número está salvo em seu celular.
- Eu atendi sem olhar o visor.
- Então como sabia que era eu? – Perguntou.
- Intuição masculina. – Disse ele, rindo logo em seguida. – E como você esta?
- Bem e você?
- Falando com você, agora eu estou melhor. – Ele disse isso em uma voz maliciosa.
- Queria ver você. – Disse ela, na mesma voz.
- Eu moro perto da sua casa, se quiser, posso ir agora mesmo. – Disse ele.
- Então pode vim, os empregados estão de folga e Jasper não virá almoçar.
- Até daqui a pouco.
- Estou te esperando. – Disse ela.
- Beijos. – E Gabriel desligou.
Com uma velocidade impressionante, Maria deixou todo o quarto em ordem. Arrumou o cabelo e decidiu ficar com o vestidinho, já que fazia parte de seus planos não ficar muito tempo com ele. Ao ouvir o som da campainha, saiu saltitante do quarto e indo o mais rápido possível.
Mal abriu a porta e o homem a pegou no colo, lhe dando um beijo de tirar o folego.
- Você está linda. – Ele disse.
- Devo dizer o mesmo. – Ela disse, por mais que nem tenha prestado atenção da roupa que ele estava usando.
Gabriel subiu as escadas, já conhecia o caminho até o quarto da mulher. Por todo o caminho, foi dando beijos no pescoço de Maria.
- Estava com saudades disso. – Falou assim que entraram no quarto, colocando o corpo da mulher em cima da cama e a beijando ferozmente.
[...]
Jasper cantarolava uma música enquanto dirigia. Estava animado.
Sabia que Maria não tinha clientes e decidiu fazer uma surpresa. Iria buscar a esposa em casa e leva-la para almoçar em seu restaurante favorito.
Chegou em casa e deixou o carro estacionado na entrada mesmo, iria sair rápido, então não compensava guarda-lo na garagem.
Entrou dentro de casa ainda cantarolando. Não se aguentava de felicidade.
Subiu os degraus pulando, sabia que Maria estava no quarto, a esposa gostava de passar o dia no quarto quando tinha uma folga. Se aproximando da porta do quarto, ouviu alguns sussurros.
Parou achando estranho.
Não tinham televisão no quarto e Maria não gostava de ouvir o rádio. Deu de ombros, pensando que ela poderia estar em alguma chamada.
Ao ficar de frente com a porta, os sussurros não eram mais sussurros e ele conseguia entender a conversa.
- Foi uma ótima manha. – Era a voz de Maria.
Jasper engoliu em seco, sentindo as mãos tremerem.
- A minha também. – Agora era uma voz de homem.
O médico sentiu seu coração parar de vez. Um bolo se formou em sua garganta e ele tinha medo de entrar no quarto e ver o que estava acontecendo.
- Poderíamos repetir isso todos os dias.
Engoliu em seco, novamente. Tocou, os dedos trêmulos, o batente da porta e a abriu devagar. Fechou os olhos, algo dentro de si ainda lutava contra as evidências.
Abriu os olhos e se arrependeu.
Maria estava deitada, um homem ao seu lado, e ela estava o beijando. Apaixonadamente.
Os olhos claros de Jasper marejaram, o coração disparado dentro do seu peito. Fechou a porta, a batendo com força e desceu as escadas em direção a sala.
O barulho da porta fechando assustou Maria e Gabriel. A mulher sentiu seu coração bater mais forte. O medo a consumindo.
Levantou da cama rápido e vestiu um roupão e saiu do quarto, sabia que Gabriel estava a seguindo.
No andar de baixo, Jasper andava de um lado para o outro. Estava fazendo uma força gigante para não chorar. Não queria. Não ia aceitar chorar na frente dela.
- Jazz. – Maria o chamou. – Jazz! Para! Eu posso explicar.
- Explicar? – Ele perguntou, retoricamente. – Não tem o que explicar. Eu vi... – sua voz falhou ao lembrar-se da cena que viu em seu próprio quarto. – Eu vi você com aquele homem. Eu vi! Não tem o que explicar.
- Meu amor...
- Não me chame assim!
Jasper esmurrou o sofá. Sentindo a raiva tomando conta do seu corpo.
Maria se assuntou, nunca tinha visto Jasper nervoso daquele jeito. Temia pelo o que ele iria fazer. Precisava acalmá-lo, de alguma forma.
- Meu amor, vamos conversar. – Disse com a voz calma. – Vamos conversar, eu sei que você vai me entender e me perdoar.
Jasper respirou fundo. Outra vez. Até perdeu a conta de quantas havia repetido esse processo. Seu coração estava doendo. Céus, ele nunca havia sentindo aquela dor e não sabia como lidar com ela.
- Saia da minha casa. – Disse, sussurrando.
Por mais que Maria estivesse errada, não iria se permitir gritar com ela. Sua mãe ficaria decepcionada, não havia o criado daquela forma.
- Saia da minha casa! Agora!
Maria piscou, perplexa.
Jasper a estava expulsando?
- Essa casa é minha também. – Disse em um fiapo de voz. Ainda surpresa.
Em sua cabeça, Jasper iria escutá-la e a perdoaria. Ele sempre fazia sua vontade.
- Não! Esta casa é minha, você se mudou para cá. – Ele disse, pausadamente. – Saia daqui agora.
Pelo canto do olho, Maria viu que Gabriel estava saindo da casa.
“Desgraçado” pensou.
- Meu amor, por favor, se acalme. – Pediu à Jasper.
Se aproximou do loiro e tentou tocar em seu braço, acaricia-lo, porém Jasper não deixou que ela encostasse em si.
- Eu disse para você sair da minha casa!
- Meu amor, por favor.
Jasper perdeu a paciência.
Agarrou o braço de Maria e a puxou em direção a porta a deixando no meio da rua. Fechou a porta e a trancou e se afastou desta rapidamente.
O desespero começava a tomar o domínio sobre seu corpo e o médico não reparou quando as lágrimas começaram a escapar de seus olhos, os soluções não demoraram. O corpo tremia. Jasper tentou abafar o som do choro tampando a boca, mas não conseguiu.
Por fim, perdeu a forças das pernas e caiu no chão. Os soluços mais altos.
A cabeça doía.
Em sua mente a cena de sua esposa, o amor da sua vida, beijando outro homem o perturbava.
- Aí. – Reclamou, apertando o peito. – Céus, como dói. – Disse, apertando mais o peito. Queria que aquela dor fosse embora.
Ali, no chão da sala, Jasper se jogou e chorou. Pediu aos céus, implorou, que sua dor parasse e ele pudesse voltar a respirar normalmente.
Mas não, a falta de ar ficou pior e ele não conseguia se controlar. Então, se entregou aquela dor.
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