Clarke pov
Chego ao apartamento cansada só de ver a bagunça que Lexa estava fazendo na minha cozinha. Procuro por Aden no seu quarto e ele não está lá. Vou até a porta do meu quarto e tento abrir, mas ela abre só um pouco e emperra; vou pela banheiro que tem uma porta que dá no meu quarto e encontro Aden dormindo, desligo a tv e vejo uma cadeira com cesto de roupa impedindo a abertura da porta. Bate um remorso de ter deixado Aden sozinho, ele claramente fez isso porque sentiu medo.
Vou até a cama cubri-lo e vejo um album de fotografias com varias fotos de Aden com Anya, o pego e viro as páginas até que acho uma foto minha com ela, fecho e guardo. É muito dificil olhar fotos e saber que ela não está mais aqui.
Me deito a seu lado e durmo.
Estou num sono profundo quando escuto uma voz de longe.
-Clarke, acorda. A escola começa as nove.
Ignoro, devo estar sonhando.
-São 08:20.
Abro os olhos e olho para o relogio e me assusto com as horas.
-Oh! Não. Jesus! Ok, vamos nos vestir. – olho pra Aden. – Oh, você já está vestido.
Corro para o banheiro, passo uma agua no rosto.
-Me dê um minuto. Você precisa de materiais? Caneta ou papéis? – Grito do banheiro.
-Geralmente eles têm essas coisas.- Diz Aden calmo.
Começo a escovar os dentes.
-Preparei seu almoço ontem. Espero que goste de pato.
Saio correndo pelo corredor e vejo Aden procurando por algo.
-Vamos, vamos.
-Eu não consigo achar o meu cachecol.
-Não se preocupe com isso. Não pode chegar atrasado no seu primeiro dia de escola. Vamos.
Aden me olha com uma cara emburrada.
-Eu preciso do meu cachecol.
-Eu te empresto o meu e depois o procuramos.
Ele continua a me olhar com a mesma cara.
-Ok, vamos achar seu cachecol.
Vou até seu quarto e começo olhar pelas caixas cheias de bicho de pelucia.
-Achei, é este?
Aden nega com a cabeça. Mostro outro pra ele e ele diz que não. Pego outra caixa, quantos bichos e cachecois tem esse menino, mostro mais um a ele.
-Este!
-Otimo.
Amarro o cachecol em seu pescoço com pressa.
-Até que foi fácil. Vamos vamos
Quando estou abrindo a porta, lembro do almoço dele e vou buscar. A campanhia toca.
-Pode abri-la pra mim?
Escuto batidas na porta, será que Aden não atendeu?
Volto e vejo ele parado encarando a porta.
-Por que você não atendeu a porta?
-Não devo abrir a porta para estranhos. – Ele fala enquanto coloco o almoço na sua mochila.
-Claro. Sim, isso é muito inteligente.
Abro a porta e vejo Bellamy parado atrás dela.
-Olá, Bellamy.
-Tem um pouco de café? O meu acabou...
-Claro. Estamos atrasada, mas...
Vou correndo a cozinha, porque quando você está atrasada acontece mil e uma coisa que te impede de chegar logo onde você deveria?
Escuto a voz de Bellamy falando com Aden.
-Bom dia, eu sou o Bellamy. Moro lá embaixo.
Há um silencio constrangedor.
-Você deve ser o sobrinho de Clarke. Aden, certo?
Ok, Aden realmente não está afim de falar com Bellamy, porque de novo ele não responde. Coloco o café o mais rápido que posso no pote pra acabar com aquele monologo.
-Meus filhos tem a sua idade. Ficarão comigo o final de semana. Estará por aqui?
Sério que ele perguntou isso, se Aden está morando comigo onde mais ele estaria. Volto para a porta e entrego o café.
-Aqui está.
-Obrigado.
-De nada.
Bellamy cheira o café e fala.
-É dos bons.
-É.
Será que ele não se tocou que estou de saida e está impedindo a minha passagem.
-Tudo bem, vamos Aden rápido. Aah Bellamy obrigada pelo macarrão tailandes de ontem. Foi muito amável.
Ele apenas sorri pra mim e entra em seu apartamento.
Fomos andando o mais rápido possível para a escola, primeiro dia de aula de Aden, seria uma vergonha se ele chegasse atrasado.
-Acho que é agora que tem que entrar, certo?
-Não sei.- responde Aden com uma cara confusa.
-Certo, vamos.
Pego em sua mão e o levo para dentro e vamos andando pelos corredores.
-Srta. Griffin? Sou Thelonious Jaha, o diretor.- ele aperta a minha mão e se vira para meu sobrinho.
-E você deve ser o Aden. É um prazer conhecer você.
-Olá. – diz Aden
-Eu te levarei até sua sala e conheceremos sua professora.
Sr. Jaha pega a mão de Aden e o leva para classe, Aden olha pra mim e aceno um tchau.
Da escola de Aden sigo para o consultorio do meu terapeuta e lá falo sobre tudo que anda me preocupando.
-Kane, deve ter alguém mais adequado para isso. Não sei o que fazer com uma criança, especialmente uma que perdeu a mãe. Como suas cabeças funcionam?
Vou falando enquanto ando de um lado para outro na sala. E Kane fica escutando e anotando algo num caderno.
-Não consigo fazer com que Aden coma nada do que preparo. O que devo fazer, força-lo?
-Talvez ele sinta falta da comida da mãe. – Pela primeira vez hoje, Kane fala algo.
-Minha irmã nunca cozinhava. Ela requentava.
-Este é o ponto. Talvez Aden precise de algo mais familiar, menos sofisticado. O que você comia quando era criança?
Me deito naqueles sofás de terapia.
-Não é a mesma coisa.
-Como assim?
-Minha mãe era uma cozinheira sensacional. Claro que eu era a única que apreciava.
-Quando sua mãe morreu, seu pai se encarregou da cozinha?
-Não. Ele não se encarregou de nada. Tínhamos sorte se o vissemos no jantar.
-Então, quem cuidava de vocês duas? – Kane faz suas perguntas com um tom muito calmo.
-Podemos falar de outra coisa agora? – Eu pergunto não querendo mais falar da minha família.
-Está bem. Que tal bolinhos de peixe? As crianças adoram. –Diz Kane como se tivesse descoberto a America.
Até me sento no sofá desacreditada depois do que ele falou.
-Bolinhos de peixe?
-Sim, eles vêm congelados e empanados...
Ele começa a explicar, mas eu o interrompo.
-Eu sei o que são bolinhos de peixe. Só não posso acreditar que estou pagando por estas sugestões. Bolinhos de peixe. – Balanço a cabeça negativamente e me deito de novo.
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Fico a espera de Aden na porta da escola e o vejo saindo com uma cara desanimada.
-Aprendeu algo interessante?
-Não.
-Algo não interessante?
-Não.
-Como é sua professora?
-Calva.
-Bom, isso é interessante.
Consigo arrancar um meio sorriso de Aden. Já em casa resolvo testar a sugestão do meu terapeuta, faço bolinhos de peixe e batata frita para Aden. E para mim faço algo mais sofisticado.
-Ta-daaaa. Bolinhos de peixe. – Falo colocando o prato a frente de Aden. – Sabe, eu estava pensando outro dia que eu sei muito pouco sobre você. Somos família, mas nem sei a sua cor favorita.
-Vermelho.
-Vermelho? Veja, eu não sabia disso. – Tento conversar com Aden, mas só saiem respostas monosilibacas de sua boca. – Eu amo vermelho. O vermelho é uma ótima cor.
Me sento a mesa junto a ele, e vejo que ainda não tocou no seu prato.
-Qual seu número favorito?
-Sabe, não precisa fazer isto.- Aden fala com a voz desanimada.
-Fazer o que?
-Esforçar-se tanto.
Apenas o olho, não sei mais o que fazer. A companhia toca, deve ser a babá que contratei pra ficar com Aden enquanto estou no restaurante. Vou até a porta e vejo uma garota toda de preto, com piercings e uma sombra preta por todo seu olho e fico chocada.
-Oi, sou a Charlotte.
-De que Agência?
-Você esperava alguma outra Charlote?
-Não.- Falo ainda com a cara assustada e tento sorrir.
-Então, eu posso entra ou não?
-Claro, entre. Desculpe- me, só um segundo.
Vou até o quarto de Aden e ele aparenta estar bravo, me sento na cama a sua frente.
-Eu te disse que não preciso de uma babá. Não sou mais um bebezinho.
-E o que eu faço? Não posso te deixar o tempo todo sozinho.
-Por que não? Estou perfeitamente bem.
-Aden, você não conseguiu nem ficar com a porta aberta, lembra?
Ele me olhou emburrado e bravo.
-Eu cobro desde o momento que chego aqui.
Vejo Charlotte na porta, essa garota me assusta.
-Vejo que trouxe algo para ler para o Aden. – Falo me referindo ao livro que ela segura.
-É para o meu trabalho. Vírus mortais com mutações rápidas. Como ebola e essas coisas.
Arregalo os olhos e balanço a cabeça, olho para Aden e ele tem a mesma expressão que eu no rosto.
-Divirta-se no trabalho.
Fico preocupada em deixa-lo com a garota assustadora, mas não tenho o que fazer e já estou atrasada para o trabalho. Vou quase correndo, chego e dou de cara com Raven ao telefone que só aponta para o relógio.
-Eu sei.
Coloco minha roupa correndo e vou para a cozinha, e lá está a louca, quero dizer Lexa com seu rádio tocando opera, enquanto tem um peixe na mão e fala com Octavia, as duas nem percebem a minha presença.
Lexa pega o peixe e fica olhando em seus olhos.
-Como quer preparar o robalo esta noite?
-Diga a eles que vamos servir pessoas muito importante esta noite. – Diz Lexa falando com o peixe, eu falo que ela é louca.
Octavia ri das idiotices que saem da boca de Lexa. Passo por elas e desligo o rádio irritante assim como a dona dele.
-Não gosta de música?
-Distrai o pessoal. – Falo curta e grossa.
-Lexa, você tinha razão. Sexo com Pavarotti é muito melhor. –Diz Harper surgindo do além.
-Que bom. Com Bocelli também, mas somente uma noite pra você.
Harper li e sai da cozinha, era só o que faltava ficar ouvindo sobre sexo na minha cozinha. Lexa deve fazer tudo escutando opera, até cagar.
Depois que deixamos tudo pré-preparado para a noite, vamos todos nós sentar na mesa que reunimos para falar sobre novos menus, vinhos para a noite e comer.
Desta vez quem fez algo foi Lexa, ela fez um macarrão ao molho vermelho com manjericão.
-Vai logo. Barriga. Fome.Bebê. –Diz Octavia.
-Aqui está.
-Eu, mais o bebê, igual a porções extras grandes.
Lexa ri e faz mais um prato e olha pra mim e passa o prato por Murphy para chegar a mim.
-Chef.- Diz Murphy me dando o prato.
-Não, obrigada.
Murphy retorna o prato a Lexa que me olha com uma cara como se eu tivesse cometendo um pecado a recusar seu macarrão.
-Só um cozinheiro pode julgar um prato. Quando se está com fome tudo aparenta melhor. – estende o prato em minha direção.
-Eu nunca como a tarde.
Ela vem em minha direção com o prato.
-Minha avó sussurrou esta receita no meu ouvido em seu leito de morte. Ela trouxe de seu país e hoje eu fiz especialmente pra você. – Ela fala se apoiando na parte de trás da minha cadeira e invadindo meu espaço pessoal.
Todos me olham com expectativa, olho naqueles olhos verdes e pego uma garfada do macarrão.
-Contente?
-Muito contente. –Lexa diz sorrindo e volta sua cadeira ao lado de Raven.
-Achava que sua avó morava em Miami.
Paro de mastigar na mesma hora. Lexa me olha sem graça.
-Bom, sabe... Todos achavam que ela morreria. Foi como um milagre. – ela dá um meio sorriso.
Saio da mesa e me direciono para o banheiro, não acredito que fez chantagem emocional falsa, aquela idiota. Ainda escuto ela dizer novamente.
-Foi um milagre!- Ela dá uma gargalhada.
Eu ainda vou matar esta idiota louca.
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