Depois que terminei o banho fui até geladeira pegar algo pra comer. Sentei na cadeira da escrivaninha e comecei a teclar coisas quaisquer no meu notebook.
Na verdade não eram coisas quaisquer, era meu trabalho atrasado da faculdade de arquitetura. Meu emprego escroto pagava meus estudos na faculdade Nara. Naquele dia eu não iria á aula por que havia me atrasado muito, por causa da conversa com Kou. Aproveitei a oportunidade pra tentar terminar tudo. Porém eu estava muito distraído e não conseguia fazer nada direito. Kisuke ainda me ‘’ajudava’’ pulando no meu colo toda hora.
Já eram quase dez, e eu não tinha feito praticamente nada ainda. Eu estava cansado e o sono começou a me vencer. Acabei adormecendo na cadeira mesmo com meu gato aninhado no meu colo.
...
Kouyou POV’s
Andei um pouco, depois de sair do café que o Matsumoto trabalhava. Eu havia estacionado meu carro num lugar muito longe.
Meu celular tocou, era ele. Eu atendi, ele havia me dito que vira um homem com longos cabelos negros e usando uma calça preta justa á alguns segundos atrás, na porta do seu trabalho. E que estava perguntando descontroladamente por mim. Devia ser Yuu. Depois que ele me disse isso passei a andar mais rápido, tanto que acabei tropeçando num ressalto que tinha na calçada. Me sentei no chão e olhei meu corte um pouco abaixo do joelho.
Merda.
Percebi uma presença a minha frente, ela logo me estendeu a mão.
Era Yuu.
- Olá Kou – ele disse. - Então o que está fazendo aqui á essa hora? É meio tarde não acha...!
- Que ironia você me dizer isso... Eu fiquei naquele lugar te esperando por quase duas horas e você nem se quer deu as caras. – eu afastei a mão dele com um tapa. – Não quero sua ajuda! – exclamei. Ele me puxou pela gola da camisa me fazendo levantar contra minha vontade e usou o antebraço para pressionar meu peito me fazendo encostar na parede atrás de mim.
- Ora Kou, não seja tão rude eu só queria te ajudar... – disse. Yuu do nada passou a chupar meu pescoço com força e esfregar a mão no meu membro com movimentos verticais por cima da minha calça. Apertei os olhos com força e tentei afasta-lo.
- Yuu, Pare! Estamos no meio da rua!
- Não to nem ai pra isso... – continuou.
- Yuu! – pedi de novo. Ele me apertou com mais força que antes.
- Cala a boca...! Você é tão gostoso Kou...! – ele gemeu baixo.
- Me solta agora, Shiroyama! – pedi serio, mais ele me ignorou. Eu dei uma joelhada no saco dele pra que ela parasse. Ele caiu no chão se contorcendo.
Aproveitei a oportunidade para tentar fugir.
Corri até meu carro, abri as portas e liguei-o o mais rápido que consegui.
Tranquei todas. Olhei pelo vidro e vi Yuu correndo desajeitado pela rua. Ele puxou algo da cintura, algo que se parecia com um revólver. Ele ainda meio cambaleante disparou duas vezes contra os vidros traseiros. Protegi minha cabeça com as mãos. Olhei para trás novamente e ele estava mais próximo.
Dei partida no carro e dirigi que nem um louco. A única coisa que eu podia pensar em fazer naquela hora era procurar ajuda. Alguém. E eu estranhamente pensei em ir atrás de Matsumoto.
Só que eu não sabia bem ao certo onde ele morava. Minha respiração estava curta e acelerada.
Eu ofegava.
Chorava.
Parei meu carro numa esquina qualquer longe dali e tentei me acalmar. Decidi dirigir até o apartamento que eu e Yuu dividiamos para pegar minhas coisas.
Ir logo embora dali.
Ir pra longe dele.
Eu peguei uma bolsa no armário e joguei minhas roupas nela. Peguei alguns objetos pessoais que eu estimava e coloquei-os ali. Depois de pegar tudo me dirigi para saída, passei por uma parede que tinha um foto minha e de Aoi pendurada num quadro.
Lentamente levei meus dedos á foto tateando a imagem.
Abaixei minha cabeça e uma lagrima solitária desceu de minha face.
Essa lagrima não era de desespero ou de aflição como antes. Era de tristeza. Simplesmente tristeza.
Eu havia lembrado dos momentos felizes que passei com ele. E isso me fazia sentir o pior dos seres por estar o abandonando, mais isso era necessário. Nosso tipo de relação não fazia bem para ambos.
Mas era claro. Ele provocou isso.
Arrumei a bolsa melhor no meu ombro. E continuei atravessando o corredor até a porta.
‘’Adeus Yuu’’ – disse olhando para trás.
...
Yuu POV’s
- Maldito Kouyou...! – levei a mão ao meu membro dolorido. - Algum dia ele me paga por isso!
Me sentei na calçada ao meu lado, ainda sentindo a dor provocada pela joelhada dele. Olhei para os lados e não vi sinal dele ou de ninguém.
Pensei nos possíveis locais que ele podia estar. Só havia um mais provável. Nosso apartamento. Mesmo que ele quisesse fugir precisaria de suas coisas.
Eu andei um pouco até chegar no lugar que tinha estacionado o carro. Dirigi até o nosso apartamento. Nem me preocupei em parar direito na vaga. Sai correndo e deixando a porta aberta.
-Kou?! – entrei de supetão gritando o nome dele. Adentrei mais no apartamento e não o achei. Entrei no nosso quarto e vi as roupas reviradas no armário. Algumas peças no chão. Vasculhei tudo, as roupas dele haviam sumido.
Ele tinha mesmo ido embora, aquele filho da mãe.
Lentamente me sentei na cama e olhei para minhas próprias pernas por alguns instantes. Eu não sabia onde ele poderia estar. Eu atirei contra ele. Senti um pouco de medo na hora por que ele podia muito bem chamar a policia se quisesse. Eu contava com isso.
Estava me sentindo um pouco aflito.
A ultima coisa que eu queria era ir pra cadeia.
...
Kouyou POV’s
Já passavam das duas da manhã e eu ainda estava na rua á procura da casa de Matsumoto. Tinha um pequeno open-bar, na esquina em que eu havia parado o carro. Entrei lá pra tomar alguma coisa, tentei ligar pra ele uma ultima vez antes que meu celular descarregasse mais só estava caindo na caixa postal. A garçonete trouxe o copo com uísque e eu o engoli de uma única vez. Ela pareceu ter se espantado. Eu nem dei muita importância. Continuei com meu semblante tristonho, segurando o copo com as duas mãos.
- Posso saber o porquê dessa cara? – perguntou-me ainda de costas secando um copo, tentando puxar papo.
- Ah... – suspirei. – Não é nada... São só problemas...! – respondi sem dar detalhe algum da situação.
- Hum... Todos temos problemas não precisa ficar assim...! – disse.
Já estava na minha nona dose e o lugar já estava quase fechando. Enquanto ainda estava sóbrio não pude deixar de perguntar a mulher se ela conhecia Matsumoto.
- Ei moça, você conhece alguém chamado Matsumoto Takanori?! – perguntei já sem muita esperança. Era provavelmente a quinta pessoa pra quem eu perguntava dele.
- Matsumoto... Ah sim, conheço um que mora bem perto daqui nos apartamentos Danzai. Ele é meu amigo na faculdade de arquitetura.
‘’Arquitetura?!’’
- Ele é um baixinho, que usa maquiagem escura, de cabelos espetados e castanhos descoloridos nas pontas?
- Sim. Com certeza é o Matsumoto que você procura.
- O que mais você sabe dele? – perguntei curioso.
-Pelo que eu sei ele mora sozinho, sozinho não, tem o gato dele. O Kisuke. Ele já teve uma mulher, Shinihara Yui era como se chamava... Estavam noivos, mais eu não sei dos detalhes do que aconteceu... Só sei que tudo terminou.
‘’ Eles devem ser bem íntimos para ela saber dessas coisas... ’’
- Obrigado! – exclamei pegando a bolsa e o casaco do meu lado e me levantando rapidamente da cadeira.
Eu esperava alguma reação dela pois eu havia ingerido uma quantidade realmente alta da álcool. Mais ela não fez nada.
Entrei no meu carro e programei o endereço no GPS para o tal lugar. Estava um pouco menos aflito dessa vez, não ia ter que passar o resto da noite no meu carro. Só isso já me deixou feliz. Eu dirigi para a casa dele, parando embaixo de uma imensa Sakura¹, já que não haviam vagas no estacionamento. Peguei as bolsas tranquei tudo e me dirigi para a portaria. Havia um senhor de uniforme, dormindo numa cadeira, atrás do balcão. Eu entrei de fininho. Seria melhor eu entrar sem ser visto já que não sabia das normas e horários do lugar. Achei melhor subir pelas escadas. Cheguei num largo corredor com vários apartamentos. Parei encarando todas aquelas portas.
‘’ Seria melhor se ela tivesse me dito qual o numero do apartamento que ele mora...! ”
Desci as bolsas, colocando-as no chão. Pensei que o melhor jeito de achar o apartamento dele seria batendo em todas as portas e perguntando até achar.
Decidi começar pelo apartamento sessenta e sete.
...
Ruki POV’s
Acordei com o som de batidas na porta. Vi meu computador ainda ligado na tomada e Kisuke ainda estava no meu colo dormindo tranquilo e sereno. Olhei para o relógio no meu pulso e vi que já passavam de três e meia.
- Quem pode ser a essa hora...?! – disse coçando os olhos e tirando Kisuske de cima de mim para ir atender.
Ouvi batidas novamente e pedi paciência.
- Calma já vai...! – andei por entre folhas e pilhas de livros espalhadas pela sala. Ouvi mais algumas batidas.
Girei a maçaneta. Impaciente.
- Oi eu posso aju-
- Matsumoto? – disse aquela voz linda por entre aqueles lábios cheinhos e desenhados.
- Kou...?!
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