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História Sempre Tem Um Lado Bom - Serão


Escrita por: PJ_Redfield

Capítulo 2 - Serão


Olho no relógio de meia em meia hora e quanto mais o horário da minha suposta saída se aproxima, mais meu estresse aumenta e meu sono se joga em cima de mim.

Abro minha boca pela milésima vez e me espreguiço na minha cadeira já deixando ao lado meu trabalho de hoje que eu havia terminado quarenta e cinco minutos antes do horário. Brad se apurava e Joseph do seu jeito “terminado já está bom”, preenchendo apenas as lacunas vazias dos relatórios e criando textos de quatro linhas, também já havia terminado. Barry e Chris terminaram logo depois de mim e Wesker os guiou para fora dando novas ordens e reparei bem que ele me encarou pronto para me infernizar se eu estivesse digitando algo da papelada que ainda fedia de café ao meu lado.

-- Uhul, pronto! – Brad riu.

Faltavam cinco minutos e o vi ajuntar suas coisas e Joseph fazer o mesmo, então olharam no relógio e sorriram para mim.

-- É muita coisa? – Joseph perguntou.

-- Não... Agora é só digitar de novo, pelo menos não preciso pensar para escrever. – Eu indiquei a papelada – Bom, pelo menos as partes que não estão borradas.

Para ser sincera, mesmo apenas tendo que digitar era bastante trabalho, afinal, sessenta e sete páginas não são qualquer coisa.

Joseph riu e se aproximou bagunçando meu cabelo e eu me esquivei resmungando, mas eles foram para porta apenas acenando antes de falar.

-- Boa sorte aí, Valentine.

-- Tchau, Jill! – Brad sorriu.

Ambos saíram e ouvi risadas do Joseph que com certeza já estava fofocando minha desgraça ao Brad, pois hoje o Capitão Wesker ficou na sala o tempo todo e quando isso acontece, conversamos pouco, então não houveram comentários a meu respeito.

Puxei a papelada e mexi no computador me preparando para começar minha jornada, só que ao ouvir passos apressados ao meu lado, apenas olho de canto o Wesker seguindo para mesa dele e sinto seu olhar em minha direção. O escuto pegando suas chaves e voltando na minha direção, mas apenas o encaro quando bate levemente na minha mesa para chamar minha atenção.

-- O Barry e o Chris já foram e imagino que os outros também.

-- Sim, senhor.

-- Para amanhã cedo, Jill, sem falta.

-- Pode deixar, senhor.

-- Tranque a sala depois de sair e qualquer coisa há dois policiais lá embaixo de vigia, certo?

-- Tudo bem.

-- Certo... Até amanhã.

Ele saiu sem demonstrar um pingo de compaixão por mim, me senti um cão abandonado que foi castigado pelo dono por mastigar parte do sofá... Ok.

Puxei a papelada para mais perto e comecei a digitar me amaldiçoando a cada palavra por ter deixado o back up junto com os papeis.

 

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Olho para o relógio e vejo que já estou ali há apenas uma hora e que eu poderia ter progredido bem mais se não fosse pelo meu cansaço. Não consigo me concentrar direito e meus olhos parecem me ajudar, embaçando minha vista sem sutileza alguma.

Apoio minha cabeça nas mãos apoiadas na mesa e me puno psicologicamente prometendo que nunca mais vou pegar café antes de primeiro deixar minhas coisas na mesa.

-- Se dormir, não vai terminar.

Dou um pulo na minha cadeira e encaro alguém me olhando com um meio sorriso, bem aquele de garoto que ele parecia saber que mexia com minha sanidade.

-- Pensei que já tinha ido para casa.

-- Eu fui...

Chris foi para a mesa de Barry e arrastou sua cadeira até ao meu lado e encarou a papelada, depois voltando a atenção a mim.

-- Mas aí soube do seu castigo e voltei... Por que não me contou? Foi minha culpa também, não é justo ficar aqui fazendo isso sozinha.

-- A culpa foi minha, Chris.

-- Não, foi nossa culpa. – Ele riu – Vou te ajudar.

-- O quê? Não, não precisa...

-- Precisa sim, do jeito que você parece exausta só vai terminar isso na semana que vem e pelo que eu soube é para estar na mesa do Wesker de manhã.

-- Hum... – Fiz careta.

-- Me diz, você não costuma fazer back up das suas coisas não, hein?

-- Claro que sim... Mas ele mergulhou no café junto.

Ele riu e ficou me observando por alguns segundos sem dizer nada, então eu me apressei nas palavras.

-- Quem te contou?

-- Não revelo minhas fontes. – Ele sorriu.

Eu o acompanhei e ele levantou puxando minha cadeira para o lado e colocando a sua no meu lugar de antes.

-- Você dita para mim e eu digito.

-- O quê? – Eu sorri.

-- Anda, quero terminar isso hoje...

-- Então devia me deixar digitar.

-- Eu digito mais rápido do que você.

-- Há-há, que piada.

Ele riu e indicou a papelada para mim, esticando os braços para digitar e me encarando para começar, mas apenas o observei.

-- Obrigada, Chris.

Ele suavizou o olhar e por um momento foi impossível sequer imaginar o que estava passando pela sua cabeça, mas seu sorriso meigo me fez prender a respiração por alguns segundos. Então desvio para puxar o ar para meus pulmões novamente e começo a digitar enquanto seus dedos correm rapidamente pelo teclado.

 

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Eu fazia questão de amassar e jogar no lixo cada página que terminávamos e apesar de realmente estar indo mais rápido, eu sentia meu sono me castigando a cada minuto que passava.

-- Ótimo, já passou da metade... – Ele riu – Quantas ainda têm?

-- Dezenove.

-- Minha Nossa Jill, por que você é tão dedicada?

Ele me deu uma batida leve no ombro e eu nem consegui me esquivar piscando várias vezes para me manter acordada. Senti seus olhos em mim, mas minha mente estava tão oca que nem consegui direcionar minha visão.

-- Vou pegar um café para nós, tudo bem?

-- Ok... – Eu sorri – O meu eu quero...

-- Preto com açúcar... É, eu sei.

Eu ri e ele levantou rapidamente, mas minhas palavras o fizeram virar para mim novamente.

-- Obrigada de novo, Chris.

-- Sou seu amigo, Jill... Te ajudo no que precisar.

-- É... – Eu sorri – Se não fosse por você acho que eu estaria na primeira parte ainda.

-- É, eu também acho...

Ele riu para mim e saiu pela porta. Abaixei a cabeça deitando sobre meus braços e comecei a lembrar da minha cama macia e aconchegante me esperando de braços abertos.

Mas algo súbito me invadiu... Um sorriso, um olhar. Aquele sorriso e aquele olhar. As palavras “te ajudo no que precisar” ecoaram pela minha cabeça e o som daquela risada de menino me fizeram sorrir.

Que bobagem... Chris é o cara mais cobiçado daqui, não entendo como ainda está solteiro. As garotas babam quando ele passa e muitas invejam meu lugar, pois eu tenho passe livre para observá-lo o dia todo se eu quiser, mas não que eu faça isso... Só quando estou distraída.

Mas aquele sorriso... Aqueles olhos verdes brilhantes... Ai, ai.

 

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Senti uma leve cócega em meu rosto e quando consegui mexer a cabeça, reparei que tinha parado.

-- Jill, acorde...

As palavras me chamaram com um tom suave e carinhoso, então lutei para abrir meus olhos. Quando consegui, percebi que estava escuro e a minha visão era completamente diferente da de quando eu fechei meus olhos.

-- Jill?

Olhei para o lado dando um salto e vejo o Chris com um sorriso sapeca em minha direção parecendo se divertir com minha falta de noção de tempo e espaço.

-- Você está bem?

-- Onde estamos? – Perguntei.

-- Na frente da sua casa.

Eu olhei para ele que indicou do outro lado e quando percebo dou de cara com a minha casa e finalmente me dou conta de que estou sentada no banco do carona do carro dele.

Ah, não...

-- Você me deixou dormir? Chris...

-- Você estava exausta, Jill.

-- Mas a papelada, eu prec...

-- Está terminada.

-- O quê? Não!

-- Eu terminei, Jill... Tudo bem, fica tranquila.

-- Chris, não...

-- Eu terminei, imprimi e coloquei em cima da mesa do Wesker. – Ele sorriu – Ah, e fiz um back up também, está na sua primeira gaveta da direita.

Ah, não... Eu não queria que ele tivesse feito tudo isso para mim, nossa que sacanagem da minha parte.

-- Me desculpe, eu não dormi de propósito.

-- Eu sei, está tudo bem... Como eu disse, te ajudo no que precisar.

-- Muito obrigada, Chris... De verdade. E me desculpe.

-- De nada, Jill.

Eu olhei para frente e vi a rua deserta na nossa frente, mas senti seus olhos fixos em mim. Quando passei meus olhos pelo carro, vi o relógio no painel e minha expressão não deve ter sido das melhores porque ele riu mais do que antes.

-- São duas da manhã?

-- É... Para variar a impressora emperrou e até eu fazer o back up, fechar a sala, juntar suas coisas e te trazer para o carro, demorou um pouco.

-- Me trazer par... Como me trouxe para o carro?

-- Te arrastei pelos cabelos.

Ele riu da própria piada e da minha pergunta estúpida e eu tive que acompanhá-lo, então tiro o cinto e me sinto mal por ter dormido e o deixado fazer tudo sozinho.

-- Meu carro ficou lá...

Me lembro subitamente do meu carro e suspiro. Droga... Como vou trabalhar amanhã?

-- Eu pedi ao policial ficar de olho nele para você.

-- Obrigada.

-- E apesar de tudo, vou te dar carona amanhã, relaxa.

Eu sorri e coloquei a mão no trinco da porta o fazendo tirar o cinto também.

-- Obrigada mesmo, Chris... Eu vou para cama antes que eu desmaie.

-- E por não duvidar disso vou te levar até a porta.

-- O quê? Não precisa...

Mas é claro que não me deu ouvidos. Ele saiu pela porta e veio em minha direção, quando fui fechar a porta depois de ter saído, ele já me esperava no caminho até minha varanda. Eu caminhei lentamente apesar da louca vontade de me jogar na cama e senti novamente seus olhos em mim.

Ao chegar na frente da minha porta viro para ele que mantém um sorriso nos lábios e me olha de um jeito diferente.

-- Te espero amanhã? – Pergunto.

-- Do jeito que você está exausta acho mais provável que eu vá te esperar.

Eu ri e ele sorriu, então não sei de onde ele tirou a minha bolsa e me entregou, me fazendo automaticamente procurar a chave de casa já a enfiando na fechadura quando a encontro.

-- Nos vemos amanhã, então.

-- Sim... Boa noite.

-- Boa noite, Chris.

Abri a porta e o vi continuar ali parado me dando mais um sorriso antes de eu fechar a porta. A tranco novamente e deixo a chave na porta mesmo, já indo para a janela onde dava visão para seu carro. Observei por alguns segundos e não o vi, até que surge descendo as escadas e vai para o carro, dando uma última olhada para minha casa antes de entrar. Ele demora mais alguns instantes para ligar o carro, então sai...

Ele ficou mais tempo parado na minha porta. No que estava pensando? Ai, Minha Nossa! Que grosseria a minha, eu devia ter convidado ele para tomar alguma coisa antes de ir, nossa que mancada... Nossa, Jill. Ele termina seu trabalho por você e te traz para casa e o que você faz? Nem o convida para entrar por um minuto.

Minha consciência continua me punindo até eu chegar no quarto e jogar minha bolsa em uma direção e minhas roupas em outra... Tomo um banho rápido mantendo um sorriso no rosto por estar se aproximando o momento de eu dormir e desligo o chuveiro, escovando male mal meus dentes e finalmente me jogando na minha cama embaixo das minhas cobertas.

Droga, eu devia tê-lo convidado... Deve ter me achado uma grossa, por isso ficou parado na minha porta. Ou pelo menos devia ter convidado ele para tomar café da manhã aqui amanhã antes de irmos.

Nossa, não consigo acreditar que fui tão mal educada... E ele é tão bom comigo, tão fofo e atencioso. Preciso parar de pensar nisso ou não vou conseguir dormir. O importante é que o verei logo cedo e poderei me desculpar pelo mal jeito.

Viro de bruços na cama e mantenho fixa a imagem daquele sorriso lindo que ele tem, me fazendo dormir também com um sorriso nos lábios...



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