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História Sempre Tem Um Lado Bom - Oferecendo a Opção


Escrita por: PJ_Redfield

Capítulo 4 - Oferecendo a Opção


Foi apenas o Wesker sair da sala uma hora antes da nossa saída que Joseph e Brad começaram a falar do mesmo assunto em todo final de sexta-feira.

-- Hoje é você quem pilota, Jill.

-- Eu até tinha me esquecido de que hoje é sexta-feira. – Eu sorri.

Toda sexta-feira saíamos todos juntos, e sempre um tinha que ser a motorista para levar os demais para casa sem levar uma multa. Como eu nunca gostei muito de beber, geralmente eu era colocada no cargo uma semana sim e outra não, depois duas sim novamente.

-- Como você se esquece de que é sexta-feira? – Joseph riu.

-- Não sei...

Eles voltaram a planejar o mesmo de antes e o Barry apenas ria na mesa dele sem se envolver. Sempre achei legal da parte da mulher dele sempre deixar ele nos acompanhar nessas reuniõezinhas, contudo, ele sempre foi o mais comportado.

Acho que falar bobagens junto com falar mal do trabalho e do chefe me fará bem hoje, porque é claro que o Wesker jamais se misturou conosco. Até convidamos uma vez... E foi a única.

Olhei novamente para o relógio e vi que ainda faltavam vinte minutos para me sentir livre e ter um final de semana para respirar. E a minha ansiedade e nervosismo voltaram com tudo...

Chris... Hoje foi um dia realmente incomum. Descubro que o cara mais lindo e charmoso da delegacia arrasta a asa para mim e também que fui burra o suficiente para nunca ter desconfiado. Sempre fui meio lenta para isso, geralmente não percebo quando tem alguém me cantando, só quando esse alguém admite... Ou quando escuto ele admitir para outra pessoa.

Wesker entrou com tudo na sala os fazendo maneirarem nos papos e risos. Eu os ignorava completamente agora não sabendo mais se queria que o tempo passasse depressa ou congelasse.

Quando vi os demais ajuntando as coisas vi que repentinamente os ponteiros do relógio estavam nos lugares certos para irmos e respirei fundo, pegando minha bolsa e desligando o computador.

-- Bom final de semana, Capitão. – Brad disse com os demais acenando.

-- Até segunda-feira. – Wesker disse sem olhá-los.

Quando eu estava quase na porta com eles, ouço algo que me arrepia e leva meu humor até lá embaixo.

-- Jill, espere um minuto.

Os demais me olharam e eu virei para o Wesker.

-- Até depois, Jill. – Barry disse.

Eu acenei e me aproximei do Wesker que mexia em alguns papeis e rezei para aquilo não ser o que eu estava pensando que fosse.

-- Preciso de um favor.

Pronto, meu final de semana acabou...

-- Tenho que entregar algumas coisas na segunda-feira de manhã e acho que é a pessoa mais indicada para isso, sem dúvida você é a que melhor faz relatórios, sem desmerecer os demais, mas você é mais detalhista.

Ou seja: “Eu tenho que fazer isso, mas não estou a fim e como você tem que fazer o que eu mando, dane-se você”.

Ele me entregou três pastas grossas com folhas intermináveis e senti seus olhos em cima de mim, mas não olhei para ele para evidenciar o meu estresse.

-- Pode fazer isso?

-- Sim, senhor.

-- Ótimo. Pode ir.

Eu saí sem dizer mais nada e fui direto ao banheiro jogando a bolsa e as pastas de lado e tentando respirar fundo para não surtar.

Será possível que eu tenha feito algo tão ruim assim para ele me odiar dessa forma? Eu não me surpreendo mais, mas prefiro manter a esperança... Vou levar um dia para fazer isso, é como se eu não tivesse final de semana. Que droga, Wesker, eu detesto você. Você sempre faz isso de propósito comigo.

Peguei um pouco de água e esfreguei na minha nuca sentindo o calor do meu rosto e vendo a vermelhidão dele no espelho. Pego minhas coisas e saio dali pisando firme.

Quando chego lá fora a brisa fresca me faz sentir mais raiva ainda e fico imaginando em como vou fazer as porcarias que ele me pediu. Pego a chave do meu carro e o abro bruscamente, sem nem ligar para os passos que escudo se aproximarem.

-- Jill?

Olho para a direção e vejo o Chris meio tenso encarando as pastas nos meus braços, então ele aponta para elas.

-- O que é isso?

-- Meu final de semana.

Abro a porta de trás e jogo as pastas de qualquer jeito querendo desesperadamente me livrar delas, mas sei que isso não acontecerá tão cedo.

-- Sério? O Wesker pediu para trabalhar no final de semana de novo?

-- Não me surpreendo mais.

-- O que você fez para ele, hein?

-- Não sei, mas se você descobrir, você me conta.

-- Que droga.

-- É.

Fecho a porta com um baque e volto para a da frente jogando minha bolsa no banco do carona e voltando a olhar para ele ficando apoiada no meu carro. Reparei que parecia diferente, meio nervoso e encarava meu carro distraído.

-- Você está bem, Chris?

-- Ah... Sim... Estou, sim.

-- Hum... Ok.

Ele me olhou por um instante e esperei ele falar, mas nada aconteceu.

-- Quer alguma coisa?

Meu estresse era grande demais para ficar ali o encarando sem dizer nada e eu não queria ser rude, então quis apressá-lo.

-- Pois é, eu estava esperando por você para podermos conversar.

Ai, Minha Nossa... Meu estresse foi tanto que esqueci completamente do que tinha acontecido e como um funil as palavras dele caíram sobre a minha cabeça me deixando completamente tensa também.

Respire fundo, Jill. Haja normalmente. Você não ouviu nada.

-- Ah, sim... – Eu disse calmamente – Você disse que queria falar sobre alguma coisa.

-- Sim, eu disse.

-- Então... Fala.

Eu dei o máximo de mim para deixar todo o meu nervosismo trancado dentro de mim e manter uma expressão normal.

-- Você vai hoje no Luck’s, não é?

A lanchonete que frequentamos... O nervosismo dele aflorava sobre suas palavras e ações de forma muito evidente.

-- Sim, os meninos falaram que hoje eu era a motorista... Apesar de achar que a minha vez sempre chega rápida demais.

Eu sorri e ele me acompanhou ainda nervoso, deixando de sorrir rapidamente. Será que ele acha que eu ouvi tudo? Por isso está assim? Nunca o vi nervoso por nada, sempre foi o mais decidido, centrado e corajoso. E está tenso por minha causa?

-- Você está mesmo bem?

-- Sim, eu só... – Ele parou.

-- Fala.

Ele desviou e deu um passo a frente chegando perto do meu carro e colocando a mão na parte de cima dele, seguindo os olhos para uma folha pequena que ficou amassando ali.

-- Você... O Wesker queria falar comigo e você foi me procurar e...

Ai, droga... Respira fundo e você não sabe de nada. Eu sei que se eu deixar ele saber que ouvi tudo, vou morrer de vergonha. Eu sei, sou boba por isso, ele é perfeito e estou meio que me esquivando por bobagem... Mas ele não queria que eu soubesse de nada, então acho melhor ele pensar que eu não sei, assim poderei ouvir pela boca dele o que o Forest insinuou. Sim, quero que ele me diga quando realmente quiser me contar.

-- Eu estava com o Forest. – Ele disse.

-- Sim, eu ouvi a voz dele quando cheguei perto.

-- Você ouviu?

Agora ele me olhou diferente, não sei dizer se foi um nervosismo esperançoso para eu concordar ou negar. Mas pelo jeito dele, ele ficaria tão sem jeito quanto eu se eu concordasse.

-- Ah, sim... Quando eu cheguei perto, não teve como tampar os ouvidos, me desculpe.

Não adianta eu dizer que não ouvi nada, ele não acreditaria nisso... Tenho de ser convincente.

-- O que você ouviu?

Momento decisivo... Forço a mente para me lembrar das últimas palavras deles que não me envolviam e respiro fundo para não gaguejar.

-- Ouvi você dizer que ia convidar alguém... – Tentei me lembrar de mais – E o Forest dizendo que devia dormir na casa de alguém.

Foram segundos depois dele me elogiar daquele jeito e prendi a respiração para não suspirar e me entregar como culpada de vez. Ele me observou por alguns segundos parecendo esperar por isso, mas então desviou parecendo abatido. Ele queria que eu tivesse ouvido tudo aquilo?

-- Desculpe, não tive como não ouvir isso.

-- Tudo bem, não é nada demais...

-- Ok.

Ele voltou a encarar a mão dele em cima do meu carro e mostrou o desânimo que teve com a minha resposta. Ele esperava que eu dissesse que tinha ouvido tudo? Queria que eu tivesse ouvido? É melhor eu desconversar antes que ele piore.

-- Está saindo com alguém?

Ele virou para me olhar e pareceu não entender a pergunta.

-- O quê?

-- Você... Está saindo com alguém?

-- Ah, não, não... Não estou saindo com ninguém.

-- É que eu ouvi vocês falarem e achei que...

-- Não, não estou com ninguém.

Certo... Nunca imaginei que ele fosse tão tímido assim. Se ele sente mesmo algo por mim, sei lá, podia me dizer. Por um momento todo aquele medo e nervosismo dele me falar o que eu ouvi lá dentro, sumiu, e uma vontade intensa dele confessar olhando nos meus olhos me invadiu fortemente.

Que droga, o que está havendo comigo?

Dou um passo em sua direção e minha mente foca apenas ele na minha frente que vira os olhos em minha direção, ainda abatido e sem saber o que dizer... Mas eu posso ajudar. Se eu oferecer a opção “sutilmente”, talvez ele diga.

-- Era isso que queria falar comigo?

-- Hum... É.

Uma pontada de desânimo me atinge, mas continuo decidida.

-- Não era para eu ouvir sobre o que vocês falavam?

-- Não, é... Eu só queria saber.

-- De quem falavam?

Ele pareceu voltar a ficar um pouco tenso, mas não se moveu e nem me respondeu.

Anda, Chris, fala para mim.

-- Está interessado em alguém?

Ele olhou para mim novamente parecendo estranhar meu jeito, mas apenas me observou parecendo refletir sobre o que diria.

-- Sim.

Meu coração disparou e assim como ele, não desviei meus olhos.

-- Quem?

Ele desviou de novo e tirou a mão do meu carro, a colocando no bolso da calça e voltando a olhar para mim, mas sem responder.

-- Ela é da delegacia?

-- Sim.

Ele concordou rapidamente me olhando sem desviar... Parece que ele não quer me dizer, mas quer que eu adivinhe. Será que se eu perguntasse “Sou eu?” ele responderia “Sim” também? Ah, Chris...

-- E ela sabe?

-- Não sei.

-- Como assim?

-- Eu não falei nada para ela.

-- Por que não?

-- Porque não sei o que ela vai dizer.

Eu ri mais para espantar meu nervosismo do que pelas suas palavras, então falei algo tentando justificar.

-- Geralmente não sabemos antes de perguntar.

-- Pois é, mas é que... Não quero que ela pense mal de mim.

-- Acho impossível alguém pensar mal de você, Chris.

-- É mesmo?

-- Sim.

-- Quer me dar um conselho, então?

Se eu disser “Fale com ela”, ele vai me falar?

-- Bom... Acho que se gosta dela, deve se abrir.

-- Vai muito além de “gostar”.

Meu coração subiu até a boca e o senti disparar como um louco e o olhar do Chris em mim, agora fixo e marcante, sem nervosismo, sem abatimento, apenas focado no meu rosto fez meu controle ficar mais difícil.

-- Então é mais uma razão para falar com ela.

-- Sim, você tem razão.

-- Então faça isso.

Ele sorriu de canto para mim, daquele jeito que me faz esquecer de como se respira e por aquele instante me esqueço do meu alto controle. Ele fica me olhando da mesma forma sem dizer nada e quando sinto que minhas pernas querem ceder em uma tentativa dele me pegar com os braços dele, eu desvio.

Ele não vai me dizer nada... Pelo menos não agora.

Desvio dele e balanço a chave do carro na minha mão o fazendo diminuir o sorriso e parecer querer me dizer algo, mas apenas me observa.

-- Nos vemos daqui a pouco, então.

-- Sim... Até depois, Jill.

-- Até.

Entro no carro sem olhar mais para ele e arranco apenas observando pelo retrovisor. Ele fica lá parado e olhando para minha direção, mas quando faço a curva, o perco de vista.

Que droga, o que foi isso? Primeiro eu queria fugir, depois queria que me dissesse tudo de uma vez. Droga Jill, o que é isso? Eu sempre achei ele lindo, fofo, educado... Será que acho mais do que isso? Por que quero que ele me diga que gosta de mim? Se disser, vou ter que dar alguma resposta...

Abro um sorriso sem ter dúvidas do que eu diria e ao mesmo tempo em que me sinto feliz, me sinto insegura. Tenho medo de me machucar, e como ele mesmo disse, ficaria um clima muito ruim no trabalho se algo saísse errado.

Que droga, Jill... Não sei em que pensar.



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