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História Sempre Tem Um Lado Bom - O Início do Fim


Escrita por: PJ_Redfield

Notas do Autor


Booom diiia, povo \o/
E então... O nome do capítulo já indica o início de alguma coisa, então hahahah... Pois é! Hoje Raccoon City começa a pirar e coisas estranhas começam a acontecer na vida profissional dos nossos queridos S.T.A.R.S., causando bastante trabalho e dor de cabeça para eles daqui em diante...
Pesquisei bastante para manter os fatos verídicos da história original e continuarei seguindo essa realidade deles, então espero que gostem!
Ah, e envolvendo Valenfield também, não é heheh...
Boa leitura...

Capítulo 47 - O Início do Fim


Fecho meus olhos e curto a sensação de estar em casa de volta... Nossa, que maravilha de dia, nunca pensei que me sentiria tão bem.

Quando ouço o Chris se aproximar, me afasto da porta para dar espaço para ele que carregava minhas coisas. Ele levou para o quarto e voltou se jogando no sofá e sentei na cadeira alta da mesa com os olhos cuidadosos dele sempre em mim.

Não existem palavras para explicar o tamanho do cuidado que ele teve por mim durante todos esses dias, se por um acaso eu tivesse alguma dúvida de que quero passar o resto da minha vida com ele, tudo já teria ido embora... Mas como eu não tinha mesmo, meu amor apenas aumentou mais por ele, se é que isso é possível.

            -Feliz agora?

            -Muito... – Eu sorri.

Com toda a enrolação da papelada, o dia passou e a noite já tinha caído e minha cama e meu chuveiro foram os que mais me despertaram saudade.

            -Preciso do meu chuveiro...

            -É verdade... Como vai tomar banho agora?

            -Não sei, ainda quer me ajudar?

Ele riu da minha cantada e levantou me animando com a resposta que poderia me dar, mas puxou uma cadeira.

            -Eu coloco uma cadeira para você.

Nossa, que fora...

Ele saiu indo para o meu banheiro com a cadeira e senti um aperto dolorido em meu ego por ter me oferecido nua e ele dispensado... Mas tudo bem, ele está exausto.

Eu vou para lá e escolho um pijama confortável, mas mais curto para chamar a atenção dele, embora eu saiba que isso não é necessário.

Vou ao banheiro ainda esperançosa de que pudesse já estar me esperando debaixo da água, mas ele surge me dando um beijo leve na testa e sai.

            -Qualquer coisa me chame... E não tranque a porta!

Eu fico ali encarando feio a porta que ele fecha de atrás dele e sento na cadeira desacorçoada... Mas tudo bem, ele está cansado, é isso, quer sossego.

Tirei minha roupa e fiquei na cadeira sentindo a água escorrer sem pressa para sair. O hospital tinha uma boa água, mas não tão quentinha e tinha tempo para ficar embaixo dele ainda mais que eu discutia com as enfermeiras por não querê-las comigo para eu ficar pelada em paz.

Depois que desliguei o chuveiro, fiz altas manobras para me vestir, secar o cabelo, passar alguns cremes e meu perfume favorito, porque hoje eu pesco o gato na minha sala...

Passei todos os dias imaginando voltar para casa para poder atacar o Chris de vez, porque meus hormônios não aguentam mais ficar perto desse moreno e não me esbaldar usando ele de todas as maneiras possíveis... Eu o amo, mas sei que assim como eu, ele não se aguenta mais e essa noite promete!

Eu sorrio balançando a cabeça pelos pensamentos pervertidos ecoando em minha cabeça e saio toda cheirosa com o meu calção curto e uma blusinha de alcinha clara do meu pijama.

Vou para sala e vejo a mesa arrumada com os pratos arrumados preenchidos com pizza e eu ri. Ele estava assistindo a televisão e quando me viu, levantou para me acompanhar na mesa, parecendo cansado.

            -De onde a pizza?

            -Encomendei antes de sairmos do hospital...

            -Você é muito prestativo!

            -Eu sei... – Ele riu.

Comemos em silêncio e mesmo com meus olhos não desprendendo dele, eu reparava seu jeito pensativo enquanto encarava fixamente a mesa... Ele tem alguma coisa que o está incomodando.

            -O que foi?

            -Nada...

            -Tenta enganar outra pessoa, Chris... O que está te perturbando tanto para ficar calado assim?

            -É só cansaço...

Mentira.

Não vou importunar agora, vou deixar que pense no que quiser para depois não se preocupar com isso.

Depois de terminar de comer, ele foi lavar a louça não me deixando discutir muito quanto a isso e fui no meu quarto, sentando na cama e balançando as pernas para praticar o movimento coordenado.

Eu estou muito bem. Logo estarei correndo de novo, já consigo caminhar sem muletas, mas às vezes perco o equilíbrio e é claro que o Chris e o médico não me deixariam ficar caindo para lá e para cá, então me jogaram as muletas... Só que sei que não ficarei muito tempo com elas.

Ele entra no quarto e para encostado no guarda-roupas e idiotamente eu fico nervosa com o momento, mantendo um sorriso bobo no rosto.

            -Posso ficar aqui? Não quero te deixar sozinha, pode precisar de alguma coisa durante a noite...

            -Sim, claro que sim.

Saindo do guarda-roupas, ele o abre pegando uma coberta que obviamente já sabia que estava ali e fico observando sem entender, então eu ri.

            -O que está fazendo?

            -Pegando uma coberta...

            -É, isso eu já vi.

            -Para eu ficar no sofá.

            -O quê? Não... – Eu sorri – Fica aqui comigo.

Ele me olha e perco o sorriso em ver o jeito dele sem emoção nenhuma e muito menos vontade de fazer alguma coisa comigo.

            -É melhor você aproveitar sua cama... Eu fico no sofá.

            -Deixe de bobagem, a cama é grande.

Sorrio maliciosamente deixando claras minhas intenções, mas ele dá um sorriso rápido desviando o foco.

            -Prefiro te deixar descansar.

            -Tudo bem... Mas durma aqui comigo pelo menos.

A expressão dele já me fazia entender que isso não ia acontecer, então perdi toda a minha animação em ver que eu não estava conseguindo atiçá-lo para cima de mim.

Ele se aproximou de mim ainda carregando as cobertas e me deu um beijo na testa antes de sair.

            -Boa noite, Jill.

Eu não respondo, apenas o vejo sair entristecido dali e me deixando sem entender nada... Que droga é essa? Ele sempre morria de vontade de vir para o meu quarto e agora prefere ficar sozinho no sofá?

É muita rejeição para um dia só... Me ofereço nua para o banho, mas não. Aí me ofereço seminua na cama, mas não. E ofereço minha humilde companhia para dormir e também não?

Qual é o problema dele? Ou o problema sou eu?

Eu já estou bem, posso fazer isso... Vontade não está faltando, pelo contrário, está me deixando meio paranoica já.

Mas com a cara de reina, eu vou para baixo das cobertas e fico brava pensando que vim para casa com o Chris e ele me trocou pelo sofá... Eu queria tanto ele aqui, nem que fosse para dormir em seus braços.

Fecho os olhos ainda murcha e tento me concentrar em meu sono embora os foras dele ainda viessem a minha cabeça...

 

...

 

Acordo com os olhos ainda pesando, mas me espreguiço e olho ao redor sentindo um cheirinho maravilhoso no ar... Comida!

Eu sento na cama ainda meio boba por acordar e fico ali meio sonolenta quando ouço a porta se abrir e o homem da minha vida aparecendo com o café da manhã para mim em uma bandeja.

Eu ri com o jeito fofo dele em colocá-la sobre minhas pernas e ao ver que ao lado do prato tinha uma flor de jardim que eu pego e coloco em minha orelha o fazendo sorrir enquanto me olhava.

            -Bom dia...

            -Bom dia, Chris... Dormiu bem no sofá?

            -Sim, mas sinto falta da minha cama.

            -Bem feito, podia ter dormido comigo! Olha o espaço que ficou...

Eu bati no lado sobrando da minha cama de casal e ele sorriu, mas ainda parecendo entristecido.

Ele está me escondendo alguma coisa... E não é nada boa.

            -Me conta o que está te atormentando.

Seu sorriso forçado some e vejo a tristeza que o consome, mas minha cabeça não consegue pensar em muita coisa.

            -A Claire está bem?

            -Sim, está bem...

            -É o Forest?

            -Não.

            -Aconteceu alguma coisa que não quer me contar?

            -Não, Jill...

            -Então me diz porque está com essa cara de enterro!

Ele desviou e me aproximei dele pegando em sua mão e puxando seu rosto para mim que me olha com seus olhos levemente vermelhos.

            -Está me assustando.

            -Não pense nisso agora...

            -Não pensar no que agora?

Seus olhos desviam dos meus, mas puxo seu rosto novamente e levo o meu rosto para beijá-lo, mas ele se esquiva.

O quê?

Eu fico ali não querendo pensar que o problema realmente sou eu, mas já sinto meus olhos umedecerem de medo pelo que ele possa me dizer se eu forçar mais.

            -Por que não quer me beijar?

            -Por nada...

            -Não, Chris, não é por nada... Acha que não notei que está mantendo distância de mim? Por que isso agora?

No hospital ele era o melhor homem do mundo, mas eu notava que mal me beijava e quando fazia, ele dava o mesmo olhar de agora.

            -Eu fiz alguma coisa errada?

            -Não, claro que não...

Ele continuava relutante em me contar e eu tinha medo de descobrir sozinha... Ele não me quer mais, é isso?

Sinto lágrimas se acumulando em meus olhos e sei que essa é a única explicação de estar se afastando tanto de mim e de ter me rejeitado na noite anterior.

Mas não... Não pode ser isso.

            -Não me quer mais?

Uma dor aguda penetra em minha alma quando ele não reponde e sinto lágrimas me invadirem ao mesmo tempo que me sinto exausta dessa história de altos e baixos que sempre tende a ir para baixo.

            -Chris? Me fala a verdade!

            -Me perdoa, Jill...

            -Se apaixonou por outra?

            -Claro que não!

            -Não me ama mais?

            -Nunca vou deixar de te amar...

            -Então por que não quer mais nada comigo?

Ele desvia e sinto que realmente essa é a conclusão certa e fecho meus olhos escondendo meu rosto com minhas mãos e me entregando as lágrimas sem aguentar mais isso... Por quê? Por que não podemos ficar juntos? Por que sempre algo nos impede? Antes eram interrupções sem sentido, aí fui eu mesma e agora ele?

            -Jill, foi minha culpa...

Eu não olhei para ele, apenas fiquei chorando por estar tirando a conclusão de que talvez isso nunca dê certo e que só me apaixonei por ele para vida arrancá-lo de mim e me deixar em pedaços.

            -Se eu tivesse te dito a verdade sobre a Claire, você não teria ouvido o Forest e não teria sofrido esse acidente!

            -Minha Nossa, Chris! Eu já estou bem, estou recuperada, para que voltar nesse assunto agora?

Eu falei entre meus soluços de dor e desespero em saber que nada mais daria certo e que me recuperei para nada. E quando sinto sua mão me abraçando, eu me afasto e levanto da cama com os olhos dele preocupados em eu ficar em pé sem as muletas.

            -Por que eu me recuperei desse acidente, então?

            -Porque nenhum de nós vive sem você...

            -Não, Chris! Eu preferia ter morrido de vez! Você só cuidou de mim por culpa, foi isso?

            -Eu cuidaria de você de qualquer jeito!

            -Mas cuidou por culpa e pena, foi só por isso, eu pensei que era porque me amava!

            -Mas eu te amo Jill, me entenda, por favor!

            -Entender? Quer que eu entenda que está me largando por culpa de algo que já passou, então por que não me deixou antes?

            -Porque precisava de mim!

            -E eu ainda preciso de você, Chris!

Meu coração queria sair pela boca, mas dei as costas a ele deixando que as lágrimas me dominassem já que eu não acreditava que aquilo estava acontecendo de novo... Antes fui eu e agora ele?

Minha Nossa, será que nossos destinos realmente são separados?

            -Jill?

           -Não, Chris! Eu não aguento mais isso, se não é a vida nos separando, somos nós mesmos! Por favor, não cometa o mesmo erro que eu!

Mas aquela expressão dele não me deixava dúvidas... Ele não mudaria de ideia.

Eu pego uma muleta e me afasto apenas usando para eu me equilibrar mais ou menos e vou até minha janela olhando para fora sem acreditar naquilo.

            -Eu quero cuidar de você... Quero que fique boa, mas depois...

          -Vai sair e me esquecer? – Eu o interrompi – Se é para ir embora, vá agora! Não te quero aqui para abusar da sua culpa e pena que sente por mim...

            -Não fale bobagem!

            -Não quero sua pena, Chris! Eu quero seu amor, seu carinho, seu abraço... Mas você não quer me dar isso, então vá embora e não volte!

Eu virei para ele que estava com uma expressão amargurada e aquilo só me deu mais raiva, então chorei mais desviando dele.

            -Me deixe te ajudar...

            -Eu deixo, mas quero seu amor e não sua compaixão.

            -Não posso... Cada segundo do seu lado minha culpa me devora.

            -Então vá embora!

            -Jill, por favor... Entenda.

            -Entenda você... Está partindo meu coração, Chris! Me trouxe feliz para casa e agora me deu a maior infelicidade, eu preferia ter morrido naquela droga de acidente, assim pelo menos eu te pouparia do seu tempo desperdiçado!

            -Não fala isso!

          -Eu falo, sim... E vá embora, porque se só quer me dar sua pena, fique com ela, eu não quero! Eu me viro sozinha, já me ajudou o bastante...

            -Não quero te deixar aqui sozinha.

            -E eu não quero você aqui! Vá embora!

Desvio mais dele e sinto minhas lágrimas saírem gritando de mim quando o escuto se afastar e bater a porta lá de fora.

Então me desmancho em lágrimas não acreditando no que tinha acabado de acontecer.

Meu Deus, por quê? Qual é o nosso problema? Se não sou eu enlouquecendo e falando idiotices, é ele... Eu não consigo entender, não posso entender!

Por que isso está acontecendo?

Eu empurro a droga da muleta e caminho com dificuldade pelo quarto e quando perco o equilíbrio, eu me seguro no guarda-roupas.

Voltando a ficar em pé, eu seco minhas lágrimas me sentindo completamente sozinha e perdida em minha vida... O que eu faço agora? Eu já tinha um plano todo trilhado em minha cabeça quando saí do hospital, eu “sabia” que ficaríamos juntos de vez e seríamos finalmente um casal feliz sem mais preocupações... Nos visitaríamos toda noite, dormiríamos sempre juntos e nada mais conseguiria nos afastar depois de tudo que passamos.

Mas não! A coisa mais improvável aconteceu... O Chris! Ele me deixou! Ele quis ficar sem mim por causa de algo que se era para acontecer, ia acontecer de qualquer jeito!

Não... Não pode ser verdade, ele tem que voltar.

Eu vou até a cozinha e até minha porta para olhar pela janela e chego em tempo de vê-lo arrancar com o carro e sinto meu coração se esmigalhar dentro de mim.

Eu não aguento mais isso. Não aguento mais.

Limpo minhas lágrimas me recusando a continuar, não posso ser tão vulnerável assim, tenho que controlar minhas emoções.

Você sempre foi mais madura e centrada!

Olho para minha casa e sinto como ela é grande... E eu aqui. Sozinha.

Mas dane-se! Ele não quer? Ótimo!

Me sentindo completamente rejeitada e jogada num canto empoeirado pelo homem da minha vida, eu levanto teimando em não querer mais as muletas.

Vou até o balcão e perco o equilíbrio novamente e me seguro nele antes que eu caia de novo.

Concentre-se Jill, tem que ficar boa e melhorar logo! Pare de bancar a garotinha apaixonada e agora magoada e dê um jeito em sua própria vida!

Então fiquei ali, andando para lá e para cá e cada passo que eu dava eu ficava mais irritada com tudo, não chorava mais... Eu tinha raiva.

Mas quando escuto alguém bater na porta, meu coração traiçoeiro acelera e vou para lá quase correndo, conforme minhas pernas permitiam.

Eu a abro e dou de cara com um rostinho meigo e extremamente familiar da minha amiga que me encarou preocupada.

            -Onde estão suas muletas?

            -O que está fazendo aqui, Rebecca?

            -O Chris me trouxe...

            -Por quê?

            -Ele não quer te deixar sozinha e já vejo o porquê!

Ela me repreendeu apontando para mim e revirei os olhos indo direto ao balcão quando a escuto entrar e fechar a porta, mas pego o telefone e o coloco na orelha.

            -O que vai fazer, Jill?

            -Chamar um táxi para te levar de volta para casa.

            -Não! Eu vim ficar com você!

         -Eu não quero, Rebecca! Não quero a pena, culpa, compaixão ou sei lá o que de mais ninguém, eu me viro sozinha, não preciso de ninguém!

Ela fica quieta e falo rápida com um taxista para vir buscá-la e quando desligo vejo que seus olhos estão baixos e que eu talvez tenha extrapolado nas palavras.

            -Ele te contou?

            -O quê?

            -Ele terminou comigo... De vez.

            -O quê?

Ela pareceu surpresa e pensativa, então balançou a cabeça em discordância.

            -Por isso me enrolou quando perguntei por que não estava com você!

            -Pois é...

            -Mas por quê?

            -Por culpa do acidente... Se sente culpado e pensa que é melhor minha vida normal sem ele.

            -Bobagem.

            -Diga isso para ele.

            -Vou mesmo, quero ver o que me diz.

            -Desculpe se fui grossa, mas é que... Não aguento mais isso, Rebecca! Não aguento mais! Nunca dá certo!

            -Vai dar certo.

            -Não vai... E estou tentando encarar essa verdade e por isso não quero ninguém aqui, quero me virar sozinha, mostrar que eu posso! Eu preciso disso!

            -Tudo bem... Ele vai virar no bicho comigo quando souber.

            -Então não conte.

            -Ele disse que ia me dar carona para o trabalho enquanto eu estivesse aqui.

            -Deixe ele.

Ela sorriu e veio me dar um abraço apertado e me segurei para não chorar no calor dos braços amigáveis dela.

            -Eu vou ficar bem... Vou ficar.

            -Tem certeza que não quer que eu fique? Podemos fazer um brigadeiro de panela e nos afundar no sofá assistindo filmes...

            -Não... – Eu sorri – Eu preciso ficar sozinha para parar de ser boba.

            -Você não é boba, é apaixonada.

            -E qual a diferença?

Com uma buzina lá fora eu sorrio para ela e vejo o táxi pela janela, então ela pega a bolsa de novo e abre a porta parecendo meio receosa em me deixar aqui.

            -Ande de muletas!

            -Tudo bem...

Ela saiu e continuei o que estava fazendo antes, andando para lá e para cá.

Preciso ficar boa! Tenho que voltar a trabalhar e me focar nisso antes que eu enlouqueça!

E assim foi, passei poucos dias em casa andando para lá e para cá e aumentando o ritmo cada vez... Claro que eu caí. Mais de uma vez. Mas a dor me fazia ter mais raiva e vontade de melhorar.

O telefone tocava muito a noite e notei que perdi o carinho para falar com as pessoas, eu geralmente era fria, não mal educada, mas meu carinho havia sumido da minha voz.

O Chris não ligou.

Alguns queriam vir me visitar, mas eu rejeitava visitas dizendo que eu estava cansada e ainda precisava de repouso, eu queria sossego! Não dava para entender?

Meus dias eram pequenas maratonas onde eu caminhava o tempo todo e nunca mais havia pego nas muletas e eu caia... Como eu caia, mas conforme os dias, eu já andava tranquilamente pela casa.

Quando notei que minha coordenação tinha voltado completamente, esbocei meu primeiro sorriso desde que me deixaram sozinha e optei em continuar assim.

Chamei um táxi. Fui direto ao hospital e quando o médico se deparou comigo sozinha caminhando perfeitamente sem as muletas, ele sorriu admirado.

            -Olha só! Você é cheia de surpresas...

            -Eu me esforço... Vim te devolver, não preciso mais.

            -Seu namorado fez milagre.

É, ele fez... Me deixou sozinha, me deixou com raiva e vontade de ficar para lá e para cá para voltar a encará-lo no trabalho.

            -Preciso de algo que me diga que posso voltar a trabalhar.

            -Tem certeza?

            -Sim.

            -Não quer descansar mais um pouco?

            -Não, preciso voltar a trabalhar.

            -Tudo bem... Mas sem muita correria, retorne devagar, entendeu?

Vai sonhando.

            -Entendi.

Não que eu farei isso, só entendi.

Ele me deu uma declaração e todos os atestados possíveis para justificar minhas faltas no trabalho e saí de lá agora mais convicta de que pelo menos terei algo para me distrair.

Falei ao taxista para me levar ao Departamento e saímos de lá a caminho do meu trabalho, comigo sorrindo... Mas não era um sorriso de felicidade, um de mera satisfação, eu não sabia mais o que era dar um sorriso sincero de alegria.

Quando cheguei, pedi ao taxista para voltar na minha hora de saída porque não quero carona de ninguém e ajuda de ninguém também.

Eu posso me virar sozinha! Não preciso da pena de ninguém!

Saí de lá e entrei na delegacia sentindo que meu lugar realmente era lá, mas quando vi as meninas da recepção minha cabeça me atolou com pensamentos, então fui até lá com as duas se surpreendendo em me ver.

            -Jill!

            -Olá, meninas...

            -Nossa, quando voltou?

            -Hoje volto a trabalhar.

            -Legal, que bom que está bem!

            -Obrigada... Mas eu queria contar uma coisa para vocês.

            -Fala, Jill.

            -Lembram do que eu contei sobre o Forest?

            -Sim...

As duas responderam ainda temerosas e parecendo que se encarregaram de espalhar a notícia e com meus pensamentos já tendo tomado essa decisão há uns dias, eu tratei de começar a falar.

            -Pois é, eu confundi tudo...

            -Como assim?

         -Um dos meninos da minha sala comentou do amigo dele que pegou essa doença, mas acabou que confundi e não era o Forest... Era um amigo dele de outra cidade com o mesmo nome, me desculpem.

            -Sério, Jill?

            -Sério... Desculpem pelo engano, mas quando soube, decidi vir contar para vocês duas, não é?

            -Nossa, obrigada, Jill...

            -Tudo bem... Até depois.

            -Bom trabalho, Jill!

            -Obrigada... Igualmente.

As duas não esconderam a alegria de saber que a cama dele estava liberada para elas e com essa decisão tomada por mim já há um tempo, decidi contar a verdade mesmo e livrá-lo disso... O que o Chris disse e o que ele sentiu com meu acidente já foi o suficiente, mas mesmo assim preciso falar com ele!

Preciso falar com o Forest...

E com o Chris também! Nem pense que vai escapar de mim, porque será o próximo!

Cheguei até as escadas e as encarei sabendo que aquilo era nível “hard” para mim já que eu ainda não tinha treinado degraus, então comecei meio rápida para não causar fofocas da minha incapacidade e quando fiquei fora de vista, agarrei o corrimão e cheguei cansada até o andar me sentindo uma idosa.

Tudo bem... Em frente, Jill!

Cheguei na minha sala pronta para causar expressões de surpresa e a vejo vazia.

Onde estão?

Olho ao redor e vejo em cima da mesa do Barry: “Sala de reuniões”.

Opa, já cheguei no dia certo, só usam aquela sala para reuniões obviamente e os S.T.A.R.S. só têm reunião quando é uma situação crítica.

Sigo para lá e já escuto a voz do meu querido Capitão ecoar para que fiquem em silêncio para começarem e quando apareço na porta vejo todos lá, mas nem encaro o homem que meu coração gritava de saudade.

            -Mas olha só!

Wesker falou surpreso para mim e todos se viraram surpresos ao me olhar daquele jeito, então vou até ele lá na frente e entrego tudo que olha curioso para os papeis.

            -Achei que precisava de mais tempo.

            -Decidi adiantar.

            -Você já está bem, Jill? – Enrico pergunta.

            -Perfeitamente bem, pronta para o que vier.

            -Excelente, escolheu o dia certo... Sente, temos muito trabalho!

A voz do Wesker parecia mais séria do que o comum e fui lá no fundão sentar ao lado do Richard que tinha o Barry e o Chris ao lado que eu via que me encaravam, mas ignorei completamente... Depois converso com os meus, sem preocupações desnecessárias agora.

            -Nessa madrugada recebemos a notícia de que foi encontrado um corpo mutilado nas margens do Rio Marble...

Que horror!

            -Mutilado?

A voz do Chris me fez remexer na cadeira e o Wesker concordou parecendo impaciente.

          -Isso mesmo... Uma moça de apenas 20 anos desmembrada foi encontrada. E como somos quem somos, é nossa área. Preciso de três duplas seguindo para lá para investigar a morte enquanto os demais seguem para a rede de abastecimento de água da cidade, as pessoas estão reclamando de algumas toxinas liberadas na área da Dead Factory. Chequem tudo e tragam para mim.

Nossa... 20 anos... Apenas uma garota. Quem faria uma crueldade dessas?

E toxinas? A cidade resolveu pirar do nada e nos dar um trabalho desses do dia para noite, espero que sejam apenas boatos ou isso pode gerar coisa grave.

            -Alguém se habilita para ir para a área do corpo da garota? Com estômago forte, hein... – Enrico fala.

            -Eu vou.

            -Eu também.

            -Chris e Barry, quem mais?

            -Eu!

Quando vejo Forest levantar a mão, sinto minha chance de começar a trabalhar de verdade e falar com o primeiro que eu estou precisando.

            -E eu!

Levanto a mão e mesmo com Forest olhando para trás e os outros para mim talvez notando minha vontade real de ir com ele, Wesker concorda.

            -Começando com tudo, Jill... Forest e Jill, quem mais?

            -Eu também vou, Richard vem comigo? – Enrico perguntou.

            -Sim, senhor!

            -Jill?

Quando ouço um sussurro com meu nome, vejo Rachel estendendo um bilhete para mim que olho sem entender.

            -Um homem estava te ligando, deixou recado!

            -Obrigada!

Ela piscou para mim e saiu mesmo comigo vendo a expressão de desagrado do Wesker lá na frente, então leio o bilhete:

 

“Jill, ligue para mim. Tenho uma proposta ainda melhor para você.”

(Capitão Mason)

 

Mason? Me ligando no trabalho? Nossa, quanto desespero, está tão ruim de policiais na cidade dele?

Ignoro o bilhete me focando em meu trabalho atual onde sei que uma moça mutilada merece mais minha atenção agora.

          -Ótimo... Peguem as coisas e sigam imediatamente para lá, investiguem o corpo, a área e tudo que acharem e não acharem importante. Vão!

Levantamos e saímos ouvindo Wesker dar ordens aos que ficaram para seguir para a Dead Factory.

            -E aí, Jill? – Barry sorri.

            -E aí, Barry...

            -Se recuperou de verdade?

            -Sim, como pode ver.

Minha frieza já saia automaticamente, então me apressei em complementar.

            -Eu fiquei treinando bastante e o médico autorizou que eu voltasse para o trabalho.

            -Que bom... Mas vá com calma, tudo bem?

A preocupação das pessoas comigo já me causava uma irritação extrema, mas como Barry é o Barry, eu apenas forcei um sorriso e concordei.

Enrico nos guiou para colocarmos os uniformes e com cada dupla pegando um carro, seguimos para o Rio Marble.

Forest ficou no volante, calado o tempo todo e eu permaneci da mesma forma querendo focar no trabalho no momento.

Ao chegarmos, havia alguns policiais na área impedindo a entrada de curiosos que até hoje não entendo a necessidade de querer ver algo tão terrível. Seguimos para margem do Rio e o corpo estava coberto, então Enrico fez um sinal para o rapaz levantar o saco e a visão foi assombrosa.

A moça estava completamente desfigurada, seu rosto irreconhecível. Seu corpo completamente mutilado e sem membros...

Quem faria uma barbaridade dessas?

            -Parece que ela foi...

            -Devorada.

Chris terminou a frase do Richard e todos se olharam entre eles e fiquei imaginando como aquilo poderia ter acontecido. Uma moça com tudo pela frente e sua vida é interrompida de uma forma tão brutal quanto essa... Que horror.

Mas descobriremos os responsáveis e eles vão pagar!

            -Se dividam, cada um para um lado!

Ficamos a manhã toda checando a área, qualquer fio de cabelo, marca de sangue ou pegada era uma prova importante para fotografar, coletar e fazer a marcação.

Era evidente que os policiais estavam assustados, afinal, isso nunca aconteceu antes em Raccoon City, normalmente tão calma e sem problemas de assassinatos... E agora mutilação?

Isso vai assustar a comunidade... Precisamos agir rápido!

Depois de fazermos tudo que podíamos, seguimos novamente para o Departamento de Polícia e voltamos a reunião dizer tudo o que encontramos.

Então Wesker nos mandou começar a fazer um relatório detalhado sobre tudo que vimos lá anexando as fotos depois de prontas e quando mandou que ficássemos com nosso parceiro senti que era minha hora.

Chris e Barry foram levar as amostras ao laboratório e Enrico com Richard levaram as fotos para revelação... Eu e Forest ficamos na sala sozinhos. Eu sentia a tensão dele de estar na minha presença até do outro lado da sala.

Me aproximei com ele fingindo que fazia alguma coisa, mas parou quando parei na frente dele.

            -Forest?

Ele levantou o olhar parecendo angustiado em ter de falar comigo e respirei fundo antes de falar e ele ficar mais nervoso.

            -Temos que conversar...

Mesmo com seu nervosismo, eu precisava falar com ele há muito tempo e como não apareceu no hospital como pedi, provavelmente pelo Chris e, bom, por mim também, eu não pude dizer o que eu precisava.

Então puxo uma cadeira de frente para ele sentindo seus olhos observarem cada movimento meu e o encaro pronta para falar.


Notas Finais


Pois é...
Chris e Jill, dor no coração! Mas o que aconteceu era necessário para continuação da fic...
Os assassinatos começaram e daqui por diante tudo se agiliza para o Bravo e o Alpha seguirem para a Mansão Spencer e alcançarem seus respectivos destinos!
Tentarei entrelaçar Valenfield e os fatos que ocorreram, espero que tenham gostado dessa amostra!
Até o próximo!
Bjooon :-)


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