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História Sense - Não era tudo mentira.


Escrita por: Bieberserelepe

Notas do Autor


Espero que você gostem.
Boa leitura!
~Kaau

Capítulo 24 - Não era tudo mentira.


Fanfic / Fanfiction Sense - Não era tudo mentira.

Depois de longos minutos deitada no pequeno sofá do meu escritório, a minha mente estava longe com o tanto de pensamento que batalhava dentro dela. Eu ainda não conseguira pregar os olhos, o meu corpo estava cansado, mas a minha cabeça não parava nem por um segundo. De maneira totalmente impulsiva, abri a minha gaveta e peguei um dos celulares descartáveis que tinham ali. Respirei fundo algumas vezes tentando me impedir de fazer aquilo, mas quando dei por mim já estava ouvindo os bipes da ligação em andamento.

-Quem é?- a voz  irritadiça de Kate soou e eu suguei uma grande quantidade de ar antes de falar algo. -Alô?- o meu silêncio não era proposital, eu apenas não sabia como falar. -Caralho, é você Kayla?

Arregalei meus olhos ao passo que meu corpo inteiro ficou em alerta, como ela sabia que era eu?

-Kate...

-Sua vagabunda de merda... Por que você está me ligando? Eu vou te matar sua vadia.- ela disparou e o som de vozes masculinas, provavelmente dos outros meninos, a questionando no fundo comprovou o quanto ela estava alterada.

-Me escuta.

-Eu não vou te escutar sua desgraçada, ligou para terminar de...

-Me escuta porra!- a interrompi com a voz mais alterada, ouvindo o seu suspiro do outro lado da linha. -Você já se perguntou o motivo de eu ter poupado vocês?

-Nossa, verdade, desculpa a minha falta de educação, muito obrigada.- ela falou carregada de deboche, e eu sabia que seu agradecimento não era real, visto que eu prendi o seu líder.

-Eu quero te encontrar em um lugar, precisamos conversar.

-Eu não acredito em você. Não adianta.- disse e eu não podia culpá-la por isso. -Você acha que eu sou idiota?

-Você não tem outra escolha se você quiser ver o Bieber vivo. Me encontre, no Sween, às 23:00 horas.- pedi e encerrei a ligação, arrancando a bateria do celular e a jogando no lixo junto com o aparelho descartável. Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, eu me assustei com a chegada do Dylan.

-Você não vai para casa?- ele indagou e eu balancei a cabeça negativamente enquanto voltava a sentar no sofá. Ele se aproximou e sentou ao meu lado, me abraçando e colocando a minha cabeça no seu peito. Respirei fundo.

-Eu não consigo ir pra lá.

-Se você quiser eu vou com você.

-Não, não precisa.- falei sentindo suas mãos acarinhar o meu cabelo.

-Você já comeu, pelo menos?

-Não, Dylan.

-Caramba Alyssa, o que está acontecendo?- indagou e eu bufei antes de me distanciar dele e o encarar com tédio.

-Algum problema por eu não querer comer?

-Não se faça de idiota. Desde que você chegou, você trata todos mal, você não come, não ri, não me beija e...- antes que ele pudesse continuar com o drama eu puxei o seu pescoço e encostei nossos lábios, iniciando um beijo lento. Ele retribuiu puxando a minha cintura e me colocando sentada no seu colo. Eu não queria continuar, mas para ele não estranhar eu imaginei estar beijando o Justin em... QUE MERDA EU ESTOU PENSANDO?

Me separei rapidamente dele assustada com os meus próprios pensamentos, o fazendo me encarar confuso.

-Eu preciso de um tempo.- falei com uma das minhas mãos na boca, eu estava perplexa comigo mesma. Ele arqueou o cenho antes de assentir lentamente e não demorou para levantar do sofá e seguir para a saída da minha sala.

-Dylan.- o chamei na tentativa de impedi-lo de sair chateado comigo, mas não deu certo já que ele saiu sem olhar para trás. -Droga!

Uma vontade enorme de chorar me atingiu quando um enjoo leve se apossou do meu corpo, e todas as minhas preocupações voltaram com força. A minha gravidez e o fato do meu pai ser corrupto lutavam uma guerra na minha mente para saber o que me enlouqueceria primeiro.

Antes que alguém entrasse na minha sala e por isso eu precisasse dar uma longa explicação acerca do meu desespero, eu limpei as minhas lágrimas e fui até o meu computador, preencher o relatório sobre a missão, para oficializar a prisão do Justin. Depois de tanto digitar sobre as coisas que vi e vivi na casa da gangue, omitindo algumas partes obviamente, eu deduzi o quanto era massacrante relembrar os momentos com o Bieber, tanto os bons quanto os ruins. Respirei fundo algumas vezes, enquanto terminava de colocar a quantidade de crimes que ele cometeu e enviei para Thomaz, que iria analisar e mandar para a sede principal do FBI que iria concluir a solicitação para o julgamento, e claramente para a sua prisão, de acordo com o protocolo.

-Alyssa?- ouvi uma voz e logo desviei minha atenção do computador para a mulher que entrava na minha sala.

-Oi Clarissa.

-Podemos conversar agora?

-Eu me apaixonei pelo Justin.- fui direta enquanto encostava a minhas costas no encosto da poltrona e cruzava os braços, esperando a sua histeria. Ela sentou à minha frente de boca aberta e eu arqueei o cenho, aguardando pela sua resposta.

-Como isso aconteceu?

-Isso eu realmente não sei te responder.- falei massageando as minhas têmporas, numa tentativa falha de amenizar a dor de cabeça que eu estava sentindo.

-Alyssa... Você tem noção de que você prendeu o homem que você ama?

-E o que era para eu fazer?

-Não amá-lo.- falou como se fosse óbvio.

-Você está ajudando bastante.- debochei e ela ainda me encarava perplexa.

-Nem se Jesus Cristo descesse para tentar te ajudar, ele conseguiria querida.

-Eu não podia fazer outra coisa. É o meu trabalho e ele merece apesar de...

-Apesar de?- ela perguntou visto que eu travei.

-Apesar do... Do que eu sinto.- disse atrapalhada com as palavras e ela respirou fundo tentando manter a calma.

-O que você vai fazer?

-Eu não tenho certeza ainda.

-Isso não tem como piorar.- ela disse antes de comprimir os lábios.

-Eu estou grávida.

-O QUE?- seus olhos se arregalaram e ela levantou bruscamente, me assustando. -Você conseguiu piorar a sua situação. Agora é oficial.

-Calma.- pedi e ela me olhou indignada.

-CALMA? VOCÊ ESTÁ ME PEDINDO CALMA? COMO VOCÊ ESTÁ CALMA?- eu ri fraco do seu nervosismo e isso pareceu deixa-la ainda mais perplexa.

-Você quer que a agência toda saiba?- perguntei por causa dos seus gritos, e ela apenas sentou com a mão direita cobrindo a sua boca, que provavelmente estava no formato perfeito de um “O”.

-Como você está calma?

-Acredite, eu já surtei bastante e ainda estou surtando.- falei sincera, a vendo respirar fundo. -E o que eu menos preciso é de uma pessoa para surtar comigo.

-O que você vai dizer para essa criança?

-Eu nem sei se vai ter criança.- falei antes de engolir a seco.

-Você  está pensando em tirar? Essa conversa não poderia ser mais assustadora!- ela exclamou e após alguns segundos com o olhar perdido na minha mesa, ela me encarou com o cenho franzido. -Você foi trocada, fizeram lavagem cerebral em você.

-Sério?- perguntei entediada da sua suposição e ela colocou as mãos na cabeça.

-A minha Alyssa não se apaixonaria por um criminoso, não engravidaria até porque Dylan sempre te pediu isso e você sempre deixou claro que não pois destruiria a sua carreira, não abortaria e...

-Você acha que eu quis que tudo isso acontecesse?- perguntei séria e ela me olhou com uma certa pena, me fazendo ter uma enorme vontade de chorar. Ela levantou e veio até mim, me puxando, o que me fez levantar, e em seguida me abraçou forte. Eu devolvi o aperto e coloquei a minha cabeça no seu ombro e sem ao menos perceber, comecei a chorar sem parar. Era muito bom estar em braços conhecidos e que eu confiava cegamente.

Desfiz o abraço e voltei a sentar, limpando as minhas lágrimas. Ela também se recuperava do choro e respirou fundo antes de me falar o que eu menos queria ouvir naquele momento:

-Só não faça nenhuma besteira!

Engraçado, é exatamente o que eu vou fazer.- pensei.

...

A cada gole que eu dava no café mais eu sabia que talvez não conseguisse dormir novamente, mas para quem tinha dois dias seguidos sem dormir, mais um não era muita coisa. Já era 01:27 da manhã e eu ainda esperava Kate na cafeteria que havia marcado com ela, que era para ter chegado a mais de duas horas atrás. Encostei a minha cabeça no vidro da janela que estava ao meu lado e fechei os olhos durante alguns segundos, mas abri rapidamente quando percebi a chegada de alguém. Kate me fuzilava com o olhar ao passo que sentava na cadeira a minha frente, e eu sabia que a sua demora tinha haver com o fato de ela ter esperado para ver se eu estava sozinha realmente.

Ficamos nos encarando durante poucos segundos e ela cruzou os braços antes de arquear o cenho.

-Eu tenho uma mira na sua cabeça nesse momento. Me diz o porquê de não atirar.- ela falou e eu olhei para a janela, vendo alguns prédios e sabendo de que havia uma grande probabilidade de ela estar falando a verdade. Dei mais um gole no café calmamente.

-Eu estou aqui para te ajudar.- falei entediada e ela riu.

-Jura? E você acha que eu acreditaria em você porque...

-Porque é a sua melhor opção.- ri fraco, a fazendo suspirar com uma certa raiva.

-E quem garante isso?

-Ninguém conseguiu roubar um prisioneiro da FBI até hoje, então se seu plano é fazer isso sem mim, boa sorte.

-E por que você o prenderia se iria soltá-lo em seguida?

-Isso não te interessa.- falei, mas ela continuou me encarando com uma feição interrogativa, como se ainda esperasse a minha resposta. Bufei. -Eu pensei que eu conseguiria.- fui sincera e ela deu de ombros.

-Não brinque comigo, Kayla.- falou impaciente.

-Eu precisava prendê-lo. Você acha que era só Joseph que moveria o mundo para ter a cabeça do Bieber? Eu sofri muita pressão para agir o mais rápido possível e enrolei o quanto pude.- falei séria e ela arqueou o cenho, mostrando que não estava totalmente convencida. -Então me dê uma boa explicação para eu não ter colocado vocês atrás das grades.- pedi cruzando os braços, a vendo abrir a boca várias vezes para falar mas aparentemente ela não sabia o que. -Eu sabia que vocês estavam na casa. Eu sabia o galpão que mais tinha armas e drogas. E o que eu fiz? Mandei vocês justamente para lá minutos antes de dar a localização de todos os outros galpões, boates, e da casa.

Sua expressão suavizou e ela respirou fundo.

-Por que você fez isso?

-Eu me perdi nessa missão Kate. Era para eu acabar com vocês. Colocar todos na prisão com penas maiores do que a quantidade de anos que vocês poderiam viver.- falei e olhei para o anel na minha mão que ao passo que brilhava me lembrava dos meus últimos momentos com o Justin. Engoli a seco. -O fato de você ter vindo me diz que parte de você confia em mim, e eu preciso dessa parte agora.

-Eu vim preparada para o caso de você ter armado uma emboscada para mim...

-Não importa.- a interrompi. -Eu estou sozinha.

-Que merda você quer?- perguntou após suspirar impaciente.

Respirei bem fundo antes de falar:

-Eu quero te ajudar a libertar o Bieber.

-O que?- ela perguntou sem entender a minha fala e eu tomei mais um gole do café lentamente, esperando algo fazer sentido na cabeça dela. -Por quê? Como? E eu já vou dizendo que eu não sei se os meninos vão acreditar.

-É como eu te falei, eu sou a melhor chance de vocês.- deu de ombros, a vendo engolir a seco. -A verdade é que meu pai...

-Que é Thomas Carter.- ela disse com um sorriso de canto, sabendo que eu já tinha noção de quem meu pai era. -A propósito, você já viu os arquivos que eu te mandei?- indagou com deboche.

-O meu pai quer matar o Justin.- fui direta, ignorando a sua ânsia de ver o meu desgosto pelo meu próprio pai.

-Eu vou acabar com esse desgraçado.- ela disse entredentes.

-Você não vai fazer nada, além do que a gente combinar. Ou eu acabo com essa ideia na mesma hora.

-Então a filhinha ainda quer proteger o papai?

-Você vai focar em tirar o Justin ou na minha relação com o meu pai?- perguntei áspera.

-E o que você ganha com isso?

-Você vai interceptar a nossa ida para a Alcatraz.

-Alcatraz?- ela indagou assustada. -Aquela a merda é praticamente um cemitério. Se alguém não matar ele, ele se mata.

-Bom, o plano é ele não chegar lá.

-Eu não tenho como encurralar um carro de transferência do FBI, é cheio de tiras.

-Eu preciso te lembrar que eu trabalho lá?- perguntei e ela ficou calada me encarando com amargura. -Não se preocupe com isso. Eu vou te dar as coordenadas e o momento em que passarmos pelo lugar, você terá que fazer a gente parar, e vai tirar o Bieber do carro.

-Simples assim?- perguntou irônica e eu ri fraco.

-Eu quero que vocês usem armas não letais.

-Não temos.

-Comprem.

-Pra que essa merda?

-Você acha mesmo que eu vou deixar você matar todos os policiais envolvidos?- perguntei e ela respirou fundo, demonstrando impaciência.

-E o rastreamento?

-Você vai usar um embaçador de sinal, que vai fazer com que nenhum aparelho funcione, muito menos os de monitoramento.

-E o seu pai?

-O resto eu resolvo.- afirmei antes de terminar o café da xícara em minhas mãos. Ela olhou o meu movimento e suspirou balançando a cabeça para os lados.

-Você não me respondeu o que você ganha com isso.

-O que eu senti por ele foi real.- desabafei sincera e ela riu fraco.

-Você quer que eu acredite que você prendeu um homem que você ama?- perguntou e eu assenti sem expressão. -Eu não acredito. Mas ele sim te amava, eu nunca o vi tratar alguém como ele passou a te tratar, ele estava apaixonado por você.

Uma lágrima ousou a cair quando além de ouvir as suas palavras eu olhava para o anel que ele havia me dado. Mas logo a limpei e voltei a encarar a mulher a minha frente com frieza.

-Eu não preciso e nem quero que você acredite. Só faça o que eu estou mandado se você quiser vê-lo novamente.

-Você sabe que ele nunca vai te perdoar, então por que está preocupada em tirá-lo de lá?- ela perguntou e eu a olhei com tédio, sem paciência para as suas perguntas. -Eu preciso saber. Eu não vou confiar que você vai tirá-lo só porque você gosta dele, sendo que foi você que o colocou lá também gostando dele.

Aproximei minha mão direita do seu busto, a fazendo franzir o cenho, e apertei, sem aviso prévio, o pequeno ponto de áudio que estava preso no lado de dentro da sua blusa, a qual já havia me permitido identificar o aparelho desde o momento em que ela sentou na mesa, sentindo o se destroçar em vários pedacinhos, danificando-o já que eu não queria que ninguém mais escutasse o que eu estava prestes a falar.

-O que você está fa...

-Eu estou grávida.- a interrompi e ela dirigiu seu olhar arregalado para mim e sua pele ficou tão pálida que eu achei que ela desmaiaria ali mesmo, logo, não foi difícil perceber a sua surpresa com a notícia.

-Você está mentindo.- ela respondeu baixo e incrédula.

-Por que eu mentiria com essa porra?

-Não pode ser, você tomava os anticoncepcionais da boate.

-Nos últimos meses eu não tomei.

-E você tem certeza de que é do Justin?

-Absoluta.

Percebi que sua boca abria algumas vezes e nada saia, então eu apenas falei por ela:

-Acredite, quando eu falo que tudo deu errado eu não estou brincando. Vocês se tornaram a minha família e ele é, sem dúvidas, o amor da minha vida.- admitir aquilo para ela estava me doendo mais do que parecia, afinal apesar de ter noção disso eu nunca falei em voz alta. -Você não pode contar isso para ninguém. Por favor, não conte que eu estou grávida. Fale para os meninos apenas sobre o plano de tirar o Bieber e eu vou sumir da vida de vocês.

-Mas você está grávida.

-Eu já te dei a razão por estar fazendo isso, agora eu preciso que você confie em mim e guarde esse segredo.

-Eles vão descobrir o que você vai fazer, de um jeito ou de outro.

-Eu sei.

-Você vai perder a sua licença.

-Eu sei.

-Não que eu esteja preocupada com você, mas...

-Então não questione.- falei curta e reta, a vendo ajeitar a sua postura e assentir. -Lembre-se, não contar da gravidez faz parte do acordo.

-Por quê?

-Porque ela não será nada além de um motivo para você confiar em mim.- falei e ela negou balançando a sua cabeça.

-Como assim ela não será nada? Você não tem o direito de tirar essa criança.

-Eu tenho total direito de fazer isso.

-O Justin não vai gostar.

-Não me importa.- dei de ombros, a vendo suspirar.

-Antes de você fazer qualquer besteira fale com ele, por favor.- ela pediu e eu não hesitei em levantar da mesa, saindo do restaurante sem olhar para trás.

Depois de andar um pouco, alcancei a linha de metrô e me encaminhei para a minha casa. O caminho era curto, mas ainda assim eu estava tão perdida no meu pensamento que apenas me dei conta de quando estava entrando na minha casa. Suspirei aliviada quando entrei no meu quarto e vi todas as minhas coisas, finalmente eu estava em casa. Sentei na minha cama e apesar da quantidade de café que eu havia tomado, meu corpo pedia que eu descansasse então depois de tomar um rápido banho, e colocar uma roupa bem leve, coloquei meu celular no silencioso e deitei na cama, sentindo meus olhos pesarem, assim como o meu corpo, me levando a um sono profundo.

...

Despertei e não demorou para eu abrir os meus olhos, vendo que já era manhã. Me espreguicei e em seguida, peguei o meu celular que estava em cima de uma banca do lado da minha cama e não hesitei em pegar os documentos que Kate havia me enviado sobre o meu pai, além daquele que continha apenas a sua assinatura em um papel que estava relacionado a uma candidatura do Joseph na política que eu nem me dei ao trabalho de analisar novamente.

Depois de um tempo lendo alguns e-mails, eu conclui que há um tempo atrás Joseph matou algumas pessoas, cuja morte beneficiava o meu pai, como por exemplo o homem que ocupava o cargo em que meu pai estava no momento, além de matar a minha mãe. Sim, o Joseph encomendou a morte da minha mãe através de uma solicitação do meu pai há anos atrás apenas porque, segundo a escrita, “ela estava sabendo demais”. Eu não tinha como ficar ainda mais enojada, e a angústia por ter respeitado e chamado esse homem de pai por todos esses anos estava me matando mais a cada minuto.

Em troca de fazer esses favores sujos para o meu pai, o mesmo encobertava o Joseph das mais diversas maneiras, desde uma multa de trânsito até impedir que ele fosse investigado diretamente pelo FBI, como fora o Justin. E a necessidade do meu pai de ver o Justin morto era explicada não só por essa aliança entre ele e o Joseph, mas por tudo isso que a gangue sabia sobre ele.

Tudo que eu precisava para fazê-lo perder a licença e ser preso estava ali, porém eu não sabia exatamente como agir, não por ele ser meu pai, afinal depois de saber que ele mandou matar a própria mulher para não ter o risco de ela competir o cargo de chefe da jurisdição e por, provavelmente, ela saber da sua postura corrupta, eu desejava a sua morte. Mas a minha hesitação era justificada por saber que ninguém acreditaria em mim e nem nas provas sabendo de onde elas vinham, ainda mais com o que eu estava prestes a fazer para ajudar Justin na fuga. Além disso, ele iria arranjar várias maneiras de invalidar esses documentos e sem ninguém, como o Joseph, para provar, então eu seria apenas uma desertora. Com tudo isso em mente, apenas passei tudo que tinha para um microchip e o encaixei em um compartimento da minha impressora, onde ninguém acharia a não ser que eu indicasse.

Depois disso, tomei um rápido banho e vesti um jeans junto a uma camisa branca, e após apenas cobrir meu rosto com uma base e deixar o meu cabelo solto, eu estava pronta para sair de casa. Depois de pedir um motorista de aplicativo, pois eu não estava nem um pouco disposta para dirigir, apenas segui para a agência.

Eu precisava, mais do que nunca, ser cautelosa e por isso, entrei na agência como se nada tivesse ocorrido dando de cara com ninguém menos do que Thomaz, que veio até mim com um sorriso nojento no rosto.

-Já mandei o seu relatório.- ele avisou e isso não mudava nada no meu plano, só iria me trazer mais estresse caso não tivesse o feito.

-E a transferência?

-Farei amanhã.

-Eu vou com você.- falei e continuaria o meu caminho mas ele me parou.

-Não precisa.

-Eu quero ir.

-Para se despedir do seu namorado?

-Não. Eu iniciei isso e quero acabar.

-Mas você sabe que não precisa.

-Teoricamente, você também não precisa ir.- respondi pois para fazer uma transferência era necessário apenas uns dois agentes e algumas escoltas policiais. Ele riu fraco.

-Tudo bem, sairemos amanhã ás sete.- falou e eu assenti, mas ele puxou meu braço e aproximou sua boca do meu ouvido, não deixando eu me distanciar. -Nem pense em aprontar nada.

Eu ri antes de me desvencilhar do seu aperto e o encarei fria.

-Quem costuma aprontar aqui é você.- falei e sua feição desmanchou, me mostrando um rosto sem graça.

-Outra ameaça.- debochou e eu balancei a cabeça negando.

-Não é ameaça, é um lembrete papai.- falei debochada e ele me encarou sério.

-Não gosto da maneira em que você está falando comigo ultimamente.

-Você sabe o que fazer. Afinal você é expert em eliminar pessoas que não agem como você deseja, hum?- perguntei e sai o deixando com uma feição pálida e surpresa.

Acredito que ele sabia que eu tinha uma certa noção acerca da sua corrupção, mas percebi a sua surpresa quando eu insinuei sua outra faceta, a de ser um assassino.

Enquanto seguia para a minha sala, um homem veio na minha direção com um sorriso largo estampado no rosto e pelo fato de ele ser desconhecido, eu franzi o cenho confusa.

-É um prazer ver você, Alyssa Carter.- falou me cumprimentando com um aperto de mão e a minha feição confusa o fez se apresentar rapidamente. -Bruce Willians, CIA.

-Algum problema?- perguntei afinal a relação entre a FBI e a CIA não era uma das melhores.

-Nós ficamos muito impressionados com a sua postura no caso Bieber.- ele falou baixo como se estivesse falando um segredo me fazendo revirar os olhos. -Cá entre nós, tínhamos quase certeza que a FBI não iria conseguir, afinal infiltração é mais a nossa área.- falou orgulhoso e eu o encarava com tédio.

-Eu acho que vocês devem estar muito desocupados para você vir aqui só me dizer isso.- falei com deboche e ele riu fraco.

-Eu vim para te fazer uma proposta. Você teria um lugar muito especial na CIA.

-Você veio me dá um emprego?- perguntei risonha e quando ele assentiu, a minha risada foi inevitável. -Foi uma boa conversa, Sr. Willians. Mas eu estou ocupada.- falei e já ia saindo do seu campo de visão, quando ele se colocou na minha frente novamente e me estendeu um cartão com a logo da CIA, seu nome e algumas formas de contato.

-Se mudar de ideia, já sabe como me achar.- disse e saiu, e logo após colocar o cartão no meu bolso, vi Dylan e me aproximei rapidamente.

-Como você está?- ele perguntou ao me ver e eu respirei fundo.

-Eu preciso falar com você.

-O que? Aconteceu alguma coisa?- perguntou me puxando para um canto do corredor.

-Você é muito especial para mim.

-Sinto que vem um “mas”.- ele disse e eu umedeci os lábios com uma feição chateada.

-Dylan, eu não posso mais ficar com você.

-Eu já imaginava isso.

-Eu preciso que você entenda.

-Você gosta dele.- ele deduziu se referindo ao Justin.

Eu sou tão óbvia assim?

-Não é isso.- menti. -É que eu já não sinto a mesma coisa que antes. Mas eu te quero muito como amigo.- falei e ele balançou a cabeça negativamente.

-Sabe, eu imaginei que você voltaria mudada, mas não tanto assim. Quem não te admira mais sou eu Alyssa. Então eu prefiro que a nossa relação se estreite ao lado profissional, apenas.- falou carregado de dor e eu sabia que ele estava falando aquilo por causa da raiva que sentia, então apenas assenti o vendo se distanciar e desaparecer da minha vista minutos depois.

Segui para a sala de monitoramento, eu queria vê-lo. Ao entrar e ver que não tinha ninguém, eu agradeci por não ter que justificar o motivo de eu estar ali. Me aproximei das câmeras e haviam várias, mas selecionei apenas a que Justin estava, que era uma espécie de cela temporária, onde alguns suspeitos ficavam durante a investigação ou enquanto aguardava a ida para a prisão, que era o caso do Justin. Ele estava sentado e de cabeça baixa, e depois de alguns minutos naquela posição, ele encostou sua cabeça na parede, me deixando ver a sua feição. Seu rosto estava sem expressão alguma, ele apenas tinha o olhar perdido e respirava fundo, inspirando e expirando lentamente.

Depois de muito hesitar, me dirigi para o recinto onde o Justin estava dando de cara com dois agentes que cercavam a sua “cela”.

-Pode deixar.- falei para eles, que entenderam que eu ficaria ali no lugar deles durante um tempo, e logo se distanciaram, mas ainda sem deixar corredor, afinal eles não podiam tirar o olho do local onde o Justin estava detido, nem se eu pedisse.

Me aproximei das grades que separavam Justin de mim, o vendo virado de costas. Eu não podia negar que estava com um tanto de medo de chamar a sua atenção.

-O que você quer?- sua voz rouca me assustou.

-Como você sabe que sou eu?- indaguei mansa pois ele ainda não havia olhado para mim.

-Eu senti o seu cheiro.- falou baixo e eu peguei uma boa quantidade de ar antes de dar continuidade a conversa, mas eu mal sabia o que falar.

-Você pode olhar para mim?- pedi com cautela e lentamente ele se virou, me fazendo olhar para o seu rosto, que ao contrário do que eu estava acostumada, não tinha uma feição de deboche, sexy ou até de raiva, e sim sem expressão, sem vida, ele parecia ter desistido de tudo e era horrível vê-lo assim. -Não era tudo mentira.- sussurrei depois de ver que os outros agentes não mantinha a atenção em mim. Justin levantou e se aproximou lentamente da grade, ficando cara a cara comigo.

-Você acha que eu não sei?- perguntou em um volume baixo. -Eu sei que você sabia onde os outros estavam. Você ainda usa o anel que eu te dei. E você me pediu desculpas várias vezes antes de me colocar aqui.

Meus olhos marejaram, mas eu não deixei escapar uma lágrima sequer. Engoli a seco.

-Sim.- foi o que eu consegui dizer.

-Mas isso não quer dizer nada pra mim.- falou e depois de alguns segundos voltou a me encarar, desta vez com uma certa raiva: -Você me enganou, me usou, e assinou a minha sentença de morte. Se eu tivesse a mínima chance de te matar, eu o faria sem pensar duas vezes.- falou com uma frieza cortante e eu não alterei a minha feição, apesar da vontade de chorar.

-Eu tive que fazer isso.

-Não, eu não estou te julgando por isso. Você está certa.- falou com um riso debochado, mas logo ficou sério. -Como você também não deve me julgar por eu estar querendo acabar com você.- falou como se fosse óbvio.

Engoli a seco.

-A verdade é que eu tenho nojo de você, Alyssa. Eu não sei como beijei a sua boca, como cheguei a pensar em colocar você na minha vida ou até cogitar a ideia de mudar por você.- falou com desgosto, o que me fez respirar fundo, tentando não expor minhas emoções para ele.

-Você não está irritado só porque eu te enganei, sabe o que está acabando com você? O fato de você ter se apaixonado por mim. A sensação de que você errou e não o fato de eu ter te enganado, apenas.- falei fria, o vendo rir fraco.

-Na mesma velocidade que eu te amei eu posso te odiar.

-Você disse que nunca conseguiria me odiar.

-Parece que eu estava errado.- falou e depois de longos minutos nos encarando, ele quebrou o silêncio: -Eu quero ficar sozinho.

-Amanhã vai ser a sua transferência.- disse e ele me encarou com tédio antes de assentir.

-Pode ir.- ele falou, mas eu não queria parar de olhar para ele, por mais que ele estivesse sendo hostil comigo, encará-lo me dava um conforto inexplicável, ainda que eu soubesse que nunca mais conseguiria tê-lo comigo novamente. -Você está surda? Eu não quero olhar pra você.

-Por que?- perguntei com a voz falhada, não conseguindo esconder totalmente a minha angustia.

-Você perguntou isso mesmo? Eu não quero te olhar porque você me lembra que...

-Que o que?- perguntei quando ele parou bruscamente no meio da sua frase.

-Que eu sou fraco.- falou baixo e sentou sem me encarar.

-Eu também sou fraca.- sussurrei alto o suficiente para ele ouvir e antes que ele levantasse a cabeça para me olhar, eu sai do seu campo de vista.


Notas Finais


Gostaram?
É o penúltimo hein.
Comentem tudooo
~Kaau


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