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História Sentenciados - A distorção do amor


Escrita por: zephirat e Walflarck

Notas do Autor


Olá leitoras e leitores!
Vamos a mais um capítulo da história que eu e a AnnieWalflarck escrevemos com muito carinho e ambição, para que vocês, as nossas queridas leitoras, os nossos queridos leitores, se divirtam.
A partir de agora, as coisas vão ficar mesmo bastante emaranhadas...
Por isso, preparem-se para as surpresas!!

Capítulo 9 - A distorção do amor


Fanfic / Fanfiction Sentenciados - A distorção do amor

Black estava impaciente ao olhar para o rosto da secretária que nada entendia sobre as suas afirmações, apesar de estar vendo aquela imagem de si mesma como se pertencesse a um filme de suspense ou um recorte de uma série policial de televisão. Amanda percebia tudo de uma forma distante porque não estava a sentir nada de extraordinário, em termos físicos. Era um fotograma de um filme mau, era uma atriz que a representava num cenário demasiado conhecido.

Então, a segunda mensagem chegou ao dispositivo do homem peculiar que se encontrava à sua frente.

– Puta merda! – Black olhou para Amanda já prevendo que a decisão era única. Somente ele poderia fazer aquilo, mesmo sabendo que era contra as regras dos próprios reguladores.

Piscou algumas vezes antes de se decidir a segurar a mulher com força. Ela tentou protestar, mas seu grito foi abafado por um intenso escuro que envolveu os dois corpos abraçados. Agora, sim, ela já experimentava alguma coisa e ficou assustada. Amanda sentiu uma perturbação frenética, um girar em sua cabeça que a fez apagar de tão zonza, uma experiência diferente da primeira devido ao método usado pelo regulador, mas ainda assim tão invasiva e perigosa quanto a primeira.

Estava novamente a viajar no tempo…

 

(...)

 

Quando a moça de cabelos castanhos acordou, estava deitada sobe uma mesa metálica fria e coberta por um lençol branco que indicava sua falta de vestimentas.

Inclinou-se para a frente ainda bastante atordoada, tentando focar o que estava diante de si, quando excretou um imenso volume de líquido roxo para fora da garganta que tinha um odor muito parecido com amoras. Ficou, claro, assustada, porém mediante a sua posição aquilo talvez não fosse o mais importante a se explicar ali.

Em que patamar ela estava? Vinte nove dias, menos ou mais? Onde estava Black? Estas sim eram perguntas pertinentes que poderiam levá-la a algum lugar ou fazê-la permanecer no mesmo lugar.

Ainda assim, as respostas estavam muito longe de sair, pois ela percebeu sua imensa problemática assim que alguém adentrou na sala de autópsia, deixando uma imensa bandeja de alumínio cair no chão, chamando sua atenção.

Quem podia culpar a pessoa que estava em choque e resolveu correr em menos de meio segundo? Ela estava morta e agora estava viva... Talvez ser considerada morta não fosse tão ruim assim... Em partes não, pensou a moça projetando a ideia de modo rápido.

Tentou buscar algo para vestir em meio aquela confusão e achou as próprias roupas dobradas discretamente junto ao repouso metálico onde se sentava.

Havia um imenso arranhão em seu ombro que ardia e ela nem lembrava-se de tê-lo feito ou como poderia ter aparecido ali. Então a porta se abriu novamente e um sujeito usando uma máscara a viu terminando de colocar sua blusa. Por um momento, ela pensou no que dizer para se desculpar, para se escapulir dali, para justificar a sua aparentemente milagrosa ressurreição, pois era notório ela não estava imóvel, mas muito animada e saudável. Ou, pelo menos, aparentemente sem qualquer dano irreparável na sua saúde.

– Precisamos ir... Rápido! – O estranho informou, segurando a mão dela.

Amanda olhou para a figura desconhecida completamente perdida.

O rosto estava oculto pela máscara cirúrgica branca de elástico, porém o ruivo da cabeleira despenteada só poderia indicar que ele era aquele que estava morto... Aquele por quem ela havia feito uma fantástica viagem temporal com a ajuda de um estranho relógio, aquele que lhe tinha dado de comer poucas horas antes… O gosto do café forte invadiu-lhe o palato.

– Terris? – ela falou em dúvida. Contudo, tinha mais certezas do que qualquer outro sentimento ao fitar o porte do cientista “moribundo”. Haveria de conseguir reconhecê-lo em qualquer lugar, em qualquer circunstância, depois do que tinham partilhado até ali.

Saíram da sala de autópsia e avançavam por um corredor quieto.

– Fique quieta – pediu baixo. – O idiota do Black deve estar por perto – informou ele puxando Amanda para uma saída à direita.

O corredor estava vazio, por isso o acesso era mais fácil. Ainda assim, ele sabia que precisava ser ágil já que o tempo contava naquele caso. Ironicamente.

– Onde estamos exatamente? – ela quis saber circunvagando o olhar, curiosa.

– Exatamente? Em espaço ou tempo? – Riu como se aquilo fosse engraçado. – Isso vai ser bom de explicar...

Ela conseguiu sorrir com os lábios trémulos.

– Neste estágio, estou aberta a qualquer explicação. Nada me irá espantar, acredite!

 

(...)

 

O espaço era mínimo, sem nenhum conforto.

Terris não se importava com o espaço. Ele tinha outras preocupações ao encarar Amanda sentada de frente para ele, na poltrona de espuma arrepiada e castanha que era bem menos vergonhosa que aquela usada por ele. O esconderijo era improvisado, assim como tudo ali dentro. Afinal, ele não queria chamar atenção.

– Imagino que você esta confusa, então vou direto ao ponto... Agradeço o que fez por mim – finalmente disse depois de um silêncio sepulcral que os consumiu. – Havia sido um idiota a princípio, eu realmente estava envaidecido quando me entregou o projeto naquele dia. Foi graças às evidências que me trouxeste que eu consegui completar os cálculos fundamentais que me permitiram desenhar uma conclusão aceitável.

– Espere... Você se lembra?! – espantou-se Amanda pois o cientista estava, finalmente, a entender todo o processo insano pelo qual ela estava passando.

Terris acenou uma única vez. Entrelaçou os dedos das mãos e contou:

– Black está uma fera. Ele esperava que a distorção provocada por você não fosse tão grave, mas acabou sendo... Você conseguiu causar uma distorção tão grande no espaço e no tempo que criou uma realidade onde eu estivesse vivo agora, enquanto outro de mim foi morto... Foi tudo uma grande jogada, Amanda. Eu já sabia que iria morrer e o mais irônico é que não foi a primeira vez que voltou para me avisar. Black a negligenciou, porque ao que parece, bem... – Pigarreou pensando em como completar a frase. – Ele te achou digna de uma segunda chance, para não dizer além.

– Para não dizer além? – olhou para Terris sem entender o enigma lançado.

– Não importa – colocou, dispensando o esclarecimento. – O Black já antes me tinha contactado, sabias? Quando eu tinha terminado a primeira fase do projeto e conseguira, finalmente, obter a máquina que possibilitava as viagens temporais. Eu não sabia quem ele era, pensava que seria outro interessado, concorrência ao meu financiador. Então, apareceu o Charles Big… E então apareceste tu. Morreste… Viveste outra vez. Vinte e nove dias esperei por ti e aqui está, agora. – Apontou para ela esticando os dedos que mantinha entrelaçados.

– Então você é o Terris do bar? – ela quis saber.

– Sou... E talvez um pouco mais do que isso, mas agora não é crucial. A questão é que assim que Black souber o que realmente aconteceu quando você voltou para cá, a coisa vai ficar realmente séria. Estou com muitos problemas nesse momento. Porém, você também está.

– Se você está aqui, pode esclarecer as coisas. – Amanda pensava avidamente na acusação de Poleris contra ela, que agora se revelava injusta já que o cientista não tinha morrido. – Eu exijo que você conte ao FBI tudo o que esta acontecendo. Eu sou inocente. Não posso ser acusada de um crime que não cometi. Pior, de um crime que não aconteceu!

– Você exige? Espere... – Terris irritou-se vendo que ela não estava em sintonia com o que ele queria apresentar, apenas pensando na forma de resolver seus próprios problemas. – Não dá para chegarnos aos federais e contar tudo isso... Você está louca? Para todo os efeitos, estou morto e ao que parece, você também.

Amanda ficou embaralhada com a afirmação do cientista.

– Espera como sabe que eu...

– Os noticiários...  – começou explicando. – Não acreditei quando ouvi aquela baboseira inteira da secretária assassina, então fui checar e comprovei que no dia que você sumiu, o Black te trouxe de volta.

– Espera… Mas eu morri…

– Acho que ele conseguiu reverter isso. Acordaste na morgue, não foi? Estás aqui comigo, não estás? O Black conseguiu trazer-te de volta, sem consequências. Ele pode ser muitas coisas, mas não é um exterminador... ainda.

– O que quer dizer com exterminador? – Ela engoliu um seco com a própria pergunta.

– O Black está com a faca no pescoço por sua causa, Amanda. Ele já era. Então, ou ele mata nós dois e volta ao patamar do antes, ou então, ele é quem estará com sérios problemas com quem ele trabalha...

– Hugo... – Ela pronunciou dolorosamente.

Amanda nunca desejou o infortúnio de outras pessoas, no entanto por aquilo que Terris lhe contava ela só estava a causar problemas para todos os que se cruzavam no seu caminho, desde aquela maldita noite em que resolvera ficar a trabalhar até tarde. O cientista, agora o regulador de aspecto sombrio…

– Presta atenção – pediu Terris. – Se quer corrigir as coisas, você tem que sumir... Adote outro nome, porque ser Amanda Scott não será mais seguro. Desapareça como se realmente tivesse morrido – aconselhou o ruivo tentando ser sensato. – O que sugiro é isso. Do contrário, o Black vai te fazer desaparecer.

– Como tem tanta certeza disso?

Ela não queria acreditar naquelas palavras, mas a segurança do cientista era tamanha que já ficava temerosa com relação à recomendação.

– As coisas escapam, Amanda – ele comentou como se fosse natural. – Eu estava cego, mas fui juntando as peças depois dos eventos que me levaram a perder meu material de pesquisa. O mais engraçado disso foi ver a mim mesmo na manhã seguinte chegando em casa... – Sentiu um leve arrepio ao recordar. – Depois, acompanhar a minha própria morte... Ocasionar aquela queda de energia na sala da empresa “Investimentos & Segurança” e, por último, distrair o Charles Big quando você corria para ter tempo de fugir.

– O quê?!!– Amanda ficou perplexa. – Você já estava lá quando eu...?

– Sim... Como te disse, não é a primeira vez que nos encontramos, mas parece que para o Hugo tudo é uma novidade... E essa é a única peça que não consegui solucionar do nosso caso. Talvez o desgraçado nos esteja a mentir.

– Nosso caso? – Amanda piscou muitas vezes tentando captar algo que fizesse sentido enquanto ele tornava a falar.

– Temos que ficar fora da vista. Você é dada como morta... E isso até melhora a situação, porque, de contrário, certamente que o Gartix Vog te colocaria na mira dele também.

– Gartix Vog? – Amanda pronunciou o nome lembrando-se da figura do milionário excêntrico e poderoso conhecido da mídia.

– Você o conhece? – Terris arqueou a sobrancelha.

– Mesmo se não morasse em Nova Iorque, ainda saberia quem ele é... ou melhor... Acho saber. Ele é um magnata que se dedica a causas sociais e costuma estar sempre nos jornais ou nos noticiários, com os seus negócios e com as suas ações de caridade. Conheço-o porque é alguém famoso, só isso.

– As aparências enganam – afirmou o ruivo com algum desdém. – Infelizmente eu conheço melhor Gartix Vog… O meu financiador!

Terris começou então a contar a Amanda toda a situação que o ligava ao milionário, do envolvimento com o grupo de criminosos “Sentenciados”, de como tinha descoberto que o insuspeito Vog era o líder dos terroristas. Falou também sobre a sua desistência do projeto que levou mais de metade de sua carreira e que o tinha tornado tão obstinado, ao ponto de o deixar cego como um louco. Agora a única coisa que ele queria era que as coisas com relação às distorções nunca tivessem existido, ou pelo menos, a parte ruim destas.

– Está dizendo que não vai mais mexer com as pesquisas de tempo? – ela interrogou, achando aquilo curioso.

– Nas mãos das pessoas erradas isso é perigoso. Era meu sonho, confesso, mas não vale a pena se o preço tornou-se tão alto, Amanda. – Ele parecia menos com aquele sujeito complexado que ela conheceu, aquele disposto a tudo por uma mera vaidade.

– Você disse que não é a primeira vez que havia me visto e que não foi a primeira vez que o avisei sobre sua morte... Como isso é possível? – Lembrou-se daquele fato que ferveu em sua mente.

– De fato, no dia que a vi pela primeira vez houve um certo reconhecimento, mas não me lembrava exatamente como podia ser possível já que eras uma estranha… Foi como um déjà-vu. Porém, estava ainda recolhendo as peças para se encaixarem neste imenso quebra-cabeças que constitui as arrojadas viagens no tempo. Amanda... Em outras realidades paralelas, já nos vimos muitas vezes. – Estava olhando diretamente em seus olhos. – Nós nos vimos, mas estávamos em posições diferentes e significávamos coisas diferentes.

Amanda estava confusa com toda a explicação. Não cogitava ser possível ter tido outras realidades com o ruivo de olhos claros.

– É tudo que precisa saber – concluiu pesadamente e ela sentiu que as palavras ocultavam algo mais importante, que sentiu necessidade de saber, intrigada pelo tom de tristeza dele.

– Terris... Você poderia ser mais claro?

Objetivamente, para o homem da ciência era impossível explicar com palavras, não apenas por ser complexo até para ele, alguém que viveu imerso naquele mundo lógico, estanque e intrincado, mas porque se tratavam de sentimentos e, sendo assim, as palavras nunca eram suficientes ou completas… Era um ato que se fazia necessário mostrar.

Queimou-se sob o desejo rompante desde que viu o seu rosto na sala de autópsia. Revê-la, na verdade e o seu coração pulsou. Revê-la e recuperá-la, ao fim de tantas tentativas. Estava a se segurar até agora, tentanto refrear-se para não a assustar ou afastar. Vê-la tremer a fazer aquelas perguntas encheu-o de memórias de coisas que apenas ele conhecia, coisas que nunca fariam sentido para a secretária.

– Amanda...

Não houve tempo para que ele pronunciasse o que ela queria escutar. A dominação de sua mente o fez ser impulsivo. Contrariando a história deles sem nexo até àquele ponto, Terris foi rápido, repentino e completamente inesperado. Agarrou-a pela cintura fina e delineada. Puxou-a para si e colou seus lábios aos dela, que ficaram completamente imóveis perante a ousadia daquele beijo impregnado de clara paixão e roubado de maneira tão perturbadora.

Amanda pensou em se desenvencilhar dele no primeiro momento. Contudo, alguma coisa nela gritou para seus sentidos que embora a atitude fosse invasiva, ela poderia aceitar como uma necessidade intrínseca. Era difícil de explicar, ainda assim seu coração chegou a se agitar um pouco mais do que em uma situação normal. Deixou-se ir. Fechou os olhos, houve como que uma explosão em sua mente, como se tivesse terminado de despertar de um longo sonho.

"Eu posso fazer isso Amanda, mas não posso fazer sem você". Foi o que a voz dele disse e algumas lágrimas escorreram pela face dela.

– Você... – Amanda abriu os olhos que cintilavam em plena confusão. – Vocé realmente já me viu antes... Onde foi? Onde?

– Sim Amanda... Eu sou aquele destinado a ser salvo por ti. – Terris tocou a face dela com suavidade.

Em que ponto do emaranhado de distorções eles se apaixonaram era difícil de dizer com precisão. A alteração causada por eles era intensa como uma linha que não se via onde começava ou terminava. Uma constante apenas que se assumia num único resultado. Ou seja, a intuição que sua memória, entre as múltiplas realidades por mais distorcidas que fossem, ocultava um complexo relacionamento que nem o tempo ou o espaço ousavam dispersar.


Notas Finais


O Terris O'Brian e a Amanda Scott estão a trabalhar juntos, finalmente! Ou pelo menos concederam numa colaboração, apesar das desconfianças mútuas.
Alguma coisa entretanto aconteceu para o cientista que não aconteceu para a secretária - mais viagens no tempo, outras linhas temporais, novos desafios. E existe um sentimento entre eles?! Onde começou?
A pobre Amanda é que continua sem perceber onde está metida.
Quem não vai ficar muito contente com este estado caótico do universo será o Hugo Black...

Na semana que vem iremos regressar ao inspetor-chefe do FBI, John Aldo Poleris, e ao seu assistente, Eric Crowe.
As surpresas vão continuar.

Próximo capítulo:
A ambição do investigador.


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