Se eu tivesse que dizer um momento na minha vida que eu gostaria de reviver sempre, foi o dia em que os Midoriya's me adotaram. O jeito que Izuku correu até mim me chamando de irmã e me abraçando - aquilo que foi meu primeiro abraço-, e depois falando o quão feliz estava por eu ser sua irmã, faz com que até hoje eu me sinta amada. Mamãe não foi muito diferente, ela me abraçou, dizendo que eu era mais do que bem-vinda na família
Foi ali que eu percebi que poderia ser amada, não importa o que eu fizesse, dissesse ou pensasse, eles me amariam. Foi naquele dia que percebi que faria de tudo por eles, que daria tudo o que eles quisessem, mesmo que parecesse impossível.
Sorrio pensando nisso, perdida nas memórias com minha família até que ouço o som de palmas perto demais.
— Bem vinda de volta à terra - Uraraka diz irônica e mostro a língua, olhando ao redor - preciso de dois mochas com extra chocolate e creme
— Saindo, saindo - vou até a máquina, fazendo os processos de modo automático
Embora gostasse muito da cafeteria e de ser uma barista, esse não é meu sonho. Mas ajuda a pagar a faculdade muito bem
— Ura! - ela vem correndo, pegando a bandeja da minha mão sem dizer nada, o que é estranho
Começo a lavar a máquina, evitando pensar nela ou em qualquer coisa. Sinto o celular vibrar no bolso e o pego, esperando ver algum spam ou notificação de aplicativos. Não evito sorrir ao ver o nome no visor, Tsuyu mandou mais uma de suas fotografias, uma linda mariposa amarela e marrom com a legenda de que tinha pensado em mim quando a viu
— Namorada? - Ura diz com um tom agressivo
— Amiga - digo ainda olhando a tela e a respondendo, feliz pela imagem
— Não parece - suspiro, a encarando
— O que aconteceu?
— Nada - ela dá de ombros e preciso de muita força de vontade para não xingá-la - você nunca mexe no celular, mas basta ela mandar mensagem que você vai correndo
— Ela é minha amiga, fiquei feliz pela mensagem
— Só uma amiga?
— O que você quer Ura?
— Não posso nem comentar mais dela? Que ciumenta
— Podemos falar da Tsuyu a qualquer momento, mas não nesse tom - ela franze o cenho e entro na defensiva
— Tsuyu, é? - fico irritada com o jeito que ela pronuncia o nome - que nome, huh?
— Inveja não te cai bem Uraraka
— Quem disse que estou com inveja?
— Então por que atacar ela?
— Não posso? - ela comenta sarcástica
— Não, não pode - saio andando, tentando evitar briga
— Olha só, ficou toda estressadinha - vou até o vestiário, tirando o avental e o guardando, pego minhas coisas - ela manda mensagem e você sai correndo
— Não estou indo embora por ela - volto a andar, quase chegando a saída
— O que ela tem de tão especial? O que ela tem que eu não tenho?
Me viro e a encaro nos olhos, os vendo marejados, esperando algo como se dependesse disso
— O que você tem que ela não? - devolvo a pergunta e a vejo se confundir
— Tudo! - ergo a sobrancelha - quer dizer, eu posso te fazer feliz, eu sei tudo que você gosta, sou bonita, trabalhamos juntas, conheço seu irmão e sua mãe, sou tudo o que você precisa Mei
— Esqueceu algo - os olhos dela brilharam enquanto esperava - o quão grande é seu ego, você realmente gosta de mim ou só quer atenção?
Balanço a cabeça com a falta de resposta, balanço a cabeça e volto a andar, saindo da cafeteria e montando na moto, não olho para ela antes de dar partida, indo direto para casa
Ura’s POV
Eu não sabia o que falar, não sabia fazer nada a não ser olhar pela porta esperando que ela voltasse pra mim, que dissesse que foi tudo uma brincadeira de mau gosto para ver o quão fiel eu sou a ela
Mas ela não volta, não manda nenhuma mensagem nem me liga
Suspiro fechando os olhos, me xingando mentalmente por ter deixado ela ir, teria sido diferente se tivesse ido atrás dela? Ela teria ficado e me ouvido? Teria me escolhido ao invés da outra?
Nós trabalhamos juntas há anos, e embora nunca tenhamos sido coladas Mei costumava me dar mais atenção, mais carinho e amor, mas então ela chegou e tudo mudou. As horas que normalmente passávamos juntas começaram a acabar, as piadas e o contato também foram sumindo é como se nada tivesse acontecido
Me levanto e vou até o armário aberto, pegando o avental dela e afundando o rosto nele, desejando que fosse ela aqui ao invés da peça de roupa
— Por que você não pode me escolher? Eu sou tudo o que você precisa - sinto os olhos marejados, e afundo ainda mais o rosto no avental, fazendo um pedido - por favor, me escolha
Mas nada acontece, não há nenhum sinal ou mudança, apenas a cacofonia da cidade e o som das batidas do meu coração, lentamente se quebrando por ela.
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