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História Separadas Pelo Casamento - Ultimato - Parte 2


Escrita por: therockvato

Notas do Autor


Hey migos, como vocês estão? Espero que bem! Enfim, eu tive que dividir o capitúlo mais uma vez porque ficou maior do que eu queria então ainda teremos Ultimato - Parte 3 antes do (finalmente) ultimo capitulo!!!!!!!!!!!! Eu estava pensando cá com meus botões e percebi que eu sempre dedico pra "galera do twitter" que comenta da fic lá e tal mas tem gente que comenta aqui e não tem twitter, certo? Então eu vou dedicar esse pra galera do spirit, pra todo mundo que lê principalmente meus negos que comentam: LaurCabeyo, stylshalf, GeorgiaMelos, CamrenFeelings, opsharmony, liline, findslovato, ehnada5h, mwrgado, SweetDesaster_, pitclit, velvetcabello, ithais, 5hlovats, pedrinhomcr, Anaaaaa, Fuck_You_Bitch, iqq221, 5hlylaas, fckobrien, ciumesdacamz, jaureken, glitter-swag, LoloJauregay, camilaheartbeat, tata_pc, beimagine, juharguello, camilacaismine, tarjomanibaby, httpzrauhl, rockmemichelle, IndieWild, shinebelieber, whoredasquintas, perdeulovato, lixolarry e enfim, pra todo mundo mesmo porwue vcs sao incríveis comigo ♡♡♡♡ E NAO PODERIA DEIXAR DE DEDICAR P CAMILA SEREIA E MALU GOSTOSA!!! falta pouco pra acabar agora, gente!! a parte 3 nao eh tao grande

Capítulo 38 - Ultimato - Parte 2


 

Camila's POV

Estávamos nós três sentados na pequena mesa de jantar na cozinha de Esdras, minha testa estava franzida enquanto eu tentava entender tudo o que estava acontecendo, me sentindo como uma criança pequena no meio de dois adultos ignorantes que nada são capazes de explicar. Minha mãe tamborilava os dedos nervosa e impaciente sobre a pasta preta que estava na mesa e Esdras me encarava de forma preocupada, esperando algum tipo de reação.

-Como vocês programaram isso tudo tão rápido? -Perguntei sem conter minha desconfiança e minha mãe rolou os olhos, visivelmente entediada antes de responder.

-O mérito é exclusivamente meu, felizmente não precisei programar nada porque o lugar mais propício em que pensei é habitado por alguns de nossos entes queridos. -Ela disse debochada e eu franzi o cenho.- A única coisa que Esdras fez foi arrumar os documentos falsos para que você saísse da Grécia em paz. 

-Como você chegou aqui tão rápido? Como conseguiu entrar na casa de Esdras? -Olhei pra minha mãe e bufou e logo voltei o olhar para o meu amigo que parecia um pouco apreensivo.- E como você conseguiu documentos falsos de ontem pra hoje? 

Era inevitável não desconfiar daquela história toda, era inevitável não desconfiar de algo em que minha mãe esteja envolvida por mais que suas intenções pareçam ser as melhores.

-O seu rosto, minha filha, estava em todos os anúncios de Nova York e era só ler a matéria inteira para saber muito bem onde você estava, peguei o primeiro voo e bati na porta de Esdras, que me tratou como se eu fosse uma verdadeira megera, parece que você fala muito bem de mim para as pessoas. -Ela sorriu de forma falsa e forçada e eu me encolhi estranhamente envergonhada.- Pois bem, você não estava em casa e eu acabei por discutir com esse daí -apontou para ele com descaso.- e em vinte minutos de discussão, ele percebeu que eu pensava da mesma forma que ele, ambos queremos o melhor pre você e sabemos muito bem qual é a única alternativa para você se safar dessa sem sujar ainda mais seu rostinho bonito. Apenas decidimos para onde, Mykonos tem passagens para qualquer lugar do mundo quase o tempo inteiro e Esdras trabalha com Turismo, ele conhece esse arquipélago de cabeça pra baixo, documentos falsos não devem ser muito difícil de se arrumar na ilha das festas proibidas, certo? 

Acabei concordando porque fazia todo o sentido. Mesmo assim engoli seco, aquela situação não descia pela minha garganta e eu não queria aceitá-la, eu não queria fugir de novo, não quando Lauren parecia estar tão segura sobre querer estar comigo, me sentia como se estivesse prestes à traí-la, mesmo sabendo que aquela era praticamente a minha única opção.

-Mãe… -Comecei meio insegura e ela arqueou as sobrancelhas para que eu proseguisse.- A senhora sabe que bom, hoje em dia todo mundo tem acesso à informação e… Lauren é famosa no mundo todo, não tem como simplesmente desaparecer e…

-Na verdade, existem mais de trinta lugares no mundo completamente isolados das novas tecnologias de informação. -Ela disse com descaso e eu arregalei os olhos, quase me engasgando com a saliva. Lugares Isolados. Isolados. ISOLADOS!!!!!- Eu te mandaria para a Ilha de Páscoa mas Esdras ficou com pena de você vivendo num lugar cercado de pedras e mais pedras e sugeriu Metéora, aqui mesmo na Grécia mas o problema é que eu não sei mais a sua opção sexual então por via das dúvidas, não é viável que viva numa montanha cercada por mosteiros... Você lembra do primo Álvaro? -Ela perguntou subitamente e eu assenti.

Pobre homem. Álvaro é um primo de minha mãe que sempre foi muito chegado para os nossos lados da família, eu gostava muito dele quando era pequena e ele me dava os melhores presentes sem nem mesmo precisar de data comemorativa pra isso. Rico era pouco se fôssemos descrevê-lo, ele era dono de uma empresa parceira da Apple e viva da tecnologia até ter um surto dentro de uma Apple Store, gritando feito um louco. Foi diagnosticado com esquizofrenia e sumiu do mapa com a esposa. Simplesmente sumiu. Eu nunca soube de seu paradeiro, ninguém nunca soube, é como se ele do nada tivesse parado de existir ao ponto da maioria das pessoas esquecer dele de fato e os poucos que ainda lembravam dele, o tratavam como uma pessoa morta, faziam o mesmo com sua esposa. Com o tempo outra pessoa assumiu a empresa até que a filha dele tivesse idade para tomar posse do patrimônio e tudo ficou por isso mesmo, ninguém nunca os encontrou.

-O que o primo Álvaro tem a ver com isso? -Perguntei me sentindo estranhamente nervosa com o seu silêncio súbito. Ela respirou fundo e tirou um envelope pardo de dentro da pasta. 

-Ele não morreu, Camila. 

-Eu nunca achei que ele tivesse morrido, só uma pessoa estúpida pensaria dessa maneira, afinal Lydia sumiu junto com ele.

-Ele era uma pessoa importante na sociedade, seu nome ficou falado por anos e fizeram de tudo para encontrá-lo mas ninguém nunca sequer chegou perto de descobrir um resquício sobre o seu paradeiro. Foram obrigados a esquecê-lo, mas Barbara sempre soube muito bem onde os pais estavam, mesmo se fazendo de sonsa e fingindo tristeza pelo paradeiro repentino. -Minha mãe disse tudo com o semblante sério, deixando claro que exigia minha total atenção mas ela não precisava exigir, assim que ela mencionou o nome da filha do casal desaparecido que era também sua afilhada, os pelos da minha nuca se eriçaram em curiosidade.- Ela me contou tudo faz muito tempo, ela precisava contar pra alguém, se não ia acabar explodindo. Parece que o primo tomou horror à tecnologia: celulares, câmeras, computadores, notebooks e tablets se tornaram um pesadelo, as alucinações aconteciam toda vez que ele via um aparelho eletrônico desses, ele não tinha mais condições de nem de dar uma coletiva falando sobre querer se afastar da empresa ou coisa assim, como ele ia entrar naquele prédio sem ter uma crise? Lydia ficou desesperada então procurou um jeito em que poderia viver em paz com o marido, sem perseguições, sem nada disso, onde ele estivesse livre de tudo que ele agora temia então ela achou um lugarzinho chamado Hallstatt. É um vilarejo na Áustria, isolado de qualquer uma das novas tecnologias de informação. Televisão lá é algo raríssimo, só pra quem pode pagar a importação do aparelho e mesmo assim, só os canais abertos do país. O serviço telefônico é uma merda e os aparelhos são daqueles mais arcaicos que meu bisavô, internet é algo que eles nem sonham em ter acesso e o lugar não chega a ter nem mil habitantes. Vivem da agricultura interna e do turismo por causa da paisagem do lugar, mas mesmo assim não é algo chamativo, os turistas são Chineses em sua maioria. Eu liguei pra Barbara hoje de manhã e ela disse que sentia muito por mim e por você, que ficou sabendo de toda a história e eu disse que você precisava sumir, precisava ir pra um lugar onde ninguém te conhecesse, onde Lauren nem sonhasse em ser conhecida e você pudesse recomeçar sua vida. Eu não precisei falar muito pra ela saber o que eu queria, ela me passou o telefone que Lydia usa e disse que eu dei sorte porque ela só fica comunicável uma vez no mês, quando sai do vilarejo para poder falar com ela e que hoje era o dia que ela voltaria pra lá, obviamente eu me apressei em ligar e explicar a situação, ela não hesitou em dizer que vai te receber de braços abertos. Ela disse que não tem ideia de quem seja Lauren Jauregui, ninguém lá tem e que eles tem uma casinha lá bem do lado da que eles vivem, está vazia porque ela tinha esperanças de Barbara querer ir pra lá quando pudesse tomar as próprias decisões mas como isso não acontece, ela vai ceder pra você alegremente.

-Você fez tudo isso sem me consultar? Como você…. -Comecei num tom claramente confuso, minha mente rodava mas ela me interrompeu.

-Você embarca amanhã de manhã. -Sua expressão era irredutível e eu engoli seco, sentindo a apreensão formar um nó no meu peito.- Você vai embarcar para Salzburgo e quando chegar vai pegar um táxi para a estação de lá, quando for oito e quinze da manhã vai pegar o BUS150, vai fazer uma viagem de duas horas pra descer em Bad Ischl, de lá você pega um trem pra Hallstatt, chega em coisa de meia hora mas ainda vai precisar pegar um barco pra atravessar todo o lago e chegar no vilarejo. Está tudo anotado aí. -Ela me passou o envelope pardo sobre a mesa e eu o peguei com as mãos trêmulas.- Só precisa usar o desfarce e a identidade falsa até Bad Ischl, lá você já pode dar as caras como você mesma, mas nada de Cabello, não é bom arriscar, Mila Estrabao é o máximo que você vai soltar pra quem perguntar, mas acho que não vai ser preciso, Lydia vai falar sobre você e sua chegada para os vizinhos. 

-Por uma garota americana de vinte e dois anos se mudaria pra um lugar como esse? 

-Primeiramente, você vai ser Italiana. O interior da Toscana também é um lugar sossegado mas sua mudança é por conta da morte dos seus pais, Lydia e Álvaro são seus únicos parentes vivos. 

-Eu não vou fazer isso. -Disse decidida, negando com a cabeça e rindo de nervoso ao abrir o envelope e olhar para a identidade falsa com uma foto minha, loira. Como fizeram isso? Mudaram a cor do meu cabelo! Nadine Alvintzi. Que porra de nome é esse? Nacionalidade austríaca! Eu iria sair da Grécia como se fosse austríaca!

-Você não tem escolha, Camila. É a única opção que você tem. -Ela disse agora com uma voz preocupada e eu neguei com a cabeça.

-Eu não vou fazer isso, eu não posso! Eu me acertei com Lauren e estamos… juntas agora. Eu não posso simplesmente fugir! Ela se meteu numa roubada por minha causa, ela está ferrada dos pés à cabeça por ter decidido vir atrás de mim e eu não posso fazer isso com ela, eu não consigo, mãe! 

-Não é uma questão de querer ou conseguir, é um extremo e você não tem querer numa situação dessas. Pra onde vocês iriam? Você acha que ela está em problemas, mas ela tem uma equipe, uma gravadora e não seja burra porque ela pode ter feito a maior merda do mundo mas ela continua sendo Lauren Jauregui, ninguém é idiota o bastante pra perder dinheiro deixando de contratá-la. Você acha que ela vai enfrentar a mídia por sua causa? Ela não vai! Mesmo se ela quisesse, não deixariam. 

-Ela disse que ia dar um jeito, mãe! Ela prometeu!

-Você não pode mais ficar aqui e também não pode voltar pra casa. Você se meteu com o que não devia, chegou a hora de parar de brincar de casal feliz e encarar a realidade porque ninguém vai ser bonzinho com você e nessa vida, minha filha, ninguém vive só de amor. Lauren pode ter vindo atrás de você e eu não duvido que ela tenha sentimentos fortes mas tudo que ela faz ou deixa de fazer é controlado por um mar de pessoas, mesmo que ela queira, existem decisões que ela não pode tomar por si só, ela se abdicou disso pela fama, ela tem que lidar com isso querendo ou não. 

-Eu não vou ficar sem ela por medo de encarar as pessoas, eu não vou perdê-la por causa do julgamento alheio. Ela quer ficar comigo, ela me provou isso e eu não posso ir embora assim, não posso fugir sem dar satisfações. Eu não vou embora sem ela.

-Então fale com ela! -Minha mãe disse numa gargalhada cínica.- Ligue pra ela, se encontre com ela, veja o que ela vai fazer ou fala pra ela que quer fugir pra recomeçar. Fale sobre Hallstatt, veja a reação dela. Ela é famosa, Camila e já se acostumou com os privilégios da fama, você acha mesmo que ela largaria tudo pra ficar contigo? Tire a prova você mesma. -Minha mãe disse num tom frio e eu saí da mesa pegando o envelope se modo abrupto, contendo as lágrimas até estar fora do seu olhar.

POV OFF

Sinu acompanhou os passos pesados da filha com um olhar preocupado sobre a mesma, ativando seu lado frio para poder conter-se em seu lugar ao escutar a garota fungando para conter o choro. Ela sempre soube que a menina nunca soubera lidar com situações extremas, principalmente com tantos sentimentos envolvidos, então ela precisava ter pulso firme se realmente quisesse ver a filha fora dessa. 

-Se você realmente pensa assim, por que está fazendo isso? -Esdras indagou com pura curiosidade no olhar, revezando o olhar entre a mulher e a pasta preta.

Sinu soltou um riso sem humor pelo nariz e abriu o objeto que ele encarava, retirando outro envelope pardo, idêntico ao que dera pra filha, segurando-o como se valesse ouro.

-Eu sou mãe dela, Esdras. Eu a criei e eu sei como ela funciona, sei ativar cada emoção dela e sei muito bem como ela se sente sobre tudo que acontece ao redor dela, ela saiu de dentro de mim. Mas eu só conheço ela, não posso afirmar por quem não criei. Estou fazendo isso porque coração de mãe não costuma se enganar, mas por via daa dúvidas, tenho que prepará-la para o pior. 

-Mas você fez tudo com tanta certeza, até mesmo avisou pra Lydia. Por que não disse isso pra Camila? 

-Fiz isso tudo porque temos que estar preparados para sim e para o não armados da mesma forma. Eu não posso dar pra ela uma possibilidade que não é certa, isso a magoaria mais ainda. 

-Ela deve estar te odiando agora. -Ele negou com a cabeça e a mulher sorriu.

-Ela me odiou pela vida inteira, eu estou acostumada. -Deu ombros.- Mas você fez um bom trabalho, Polares. -Ela sorriu orgulhosa.- Eu não poderia ter contratado alguém melhor. 

-Desculpa por ter te decepcionado, eu não devia ter deixado isso tudo acontecer mas eu não tinha ideia e…

-Você não teve culpa, não tinha como prever isso, nem eu iria prever isso. -Negou com a cabeça e suspirou.- Mas você me avisou o mais rápido que pôde e desempenhou seu papel mais do que bem, se tudo der certo, ela vai morrer sem desconfiar disso.

Lauren's POV

Minha mãe estava sentada numa das mesas do restaurante do hotel e eu respirei fundo anter de ir em sua direção, estalando os dedos e o pescoço para relaxar. Ela queria conversar civilizadamente, por isso escolheu um lugar público. Bom, se é isso que ela quer, é isso que vamos fazer. Eu não estou disposta a brigar com ela de novo por algo que não diz respeito à ninguém exceto a mim mesma.

Seu semblante endureceu no mesmo instante que ela percebeu minha prensença e eu me encolhi ao puxar a cadeira para me sentar de frente para ela. Soltei o ar pesadamente para aliviar a tensão mas não pareceu adiantar. Ela me fitava, me media com o olhar, parecia que eu tinha seis anos novamente e ela estava pensando em como me colocaria de castigo desta vez. Queria que meu pai estivesse aqui agora. Tomei fôlego para dizer algo:

-Fico feliz que você tenha realmente me chamado pra conversar, que esteja tentando entender isso tudo. Eu sei que deve ser difícil mas você não sabe de tudo o que aconteceu e…

-Então me conte. -Ela disse tentando conter a voz áspera e eu suspirei. Eu não podia contar tudo, não a parte de Cara, mas eu iria contar o que podia.- Me conte tudo desde o começo, porque eu estou curiosíssima.

-Mãe, eu não acho que… -Comecei com cautela mas ela me interrompeu.

-Se você acha que eu vou julgar ou brigar com você por conta das suas atitudes, você está enganada. Você realmente estava certa, eu não tenho esse direito, então por mais que você tenha me desagradado no modo de agir, eu não posso concertar isso, nem você pode desfazer o que já está feito. Mas eu quero saber o que aconteceu e como aconteceu, quero me localizar nos fatos porque eu nunca imaginaria nada disso...

-É uma longa história.

-Eu acho que temos tempo. 

-Camila é uma mulher atraente, mãe e isso é algo incontestável, foi uma das primeiras coisas que eu pensei quando a vi pela primeira vez. Eu nunca quis que você me visse dessa forma mas, eu nunca fui totalmente fiel, eu ficava com uma garota aqui e outra ali pra surprir minhas vontades sexuais quando Cara estava longe e ela sempre estava, na maior parte do tempo. -Ela arregalou os olhos e eu fingi não reparar, prosseguindo.- Fazia um bom tempo que Cara e eu não… fazia um tempo que a gente… que… fazia um tempo que não tínhamos… você sabe… relações… por causa do tratamento dela, pra poder engravidar. -Fiz gestos rápidos com as mãos e minha mãe assentiu com uma expressão limpa para que eu continuasse.- Eu estava exausta dessa temporada de desfiles e photoshoots dela em Los Angeles, eu já não podia ter relações com a minha noiva mas não tê-la de forma alguma me deixava desconcertada, parecia que eu estava solteira de novo e eu estava muito tensa com tudo isso do casamento, eu não estava conseguindo me aliviar comigo mesma. -Disse rapidamente para não ter que explicar o que aquilo realmente significava.- Eu estava carente, muito carente então eu comecei a beber e contratei uma prostituta só pra… só pra sexo grosso mesmo, me tirar da vontade. -Seus olhos se arregalaram novamente e ela pegou a taça de água com as mãos quase trêmulas, me fitando com o semblante cético.- Eu estava tão bêbada que peguei no sono antes de fazer qualquer coisa com a garota mas é óbvio que me fotografaram com ela, os fotógrafos nunca perdem tempo comigo. -Ri sem humor e ela inflou as narinas como se aquilo a enchesse de ódio.- Acordei com Camila gritando comigo, me dando esporro por causa do que aconteceu, dizendo que a minha assessoria gastou uma grana preta pra tirar as fotos de circulação, dizendo que eu ia casar e não podia me comportar daquela forma, ela estava morrendo de raiva do meu descuido. Eventualmente, ela acabou me contando mais sobre sua vida e sobre seu ex-noivo que a traiu nas vésperas do casamento mas eu estaria mentindo se dissesse que me importei com isso na época, eu só usei pra fazê-la ver que precisava transar tanto quanto e que podia fazer isso comigo, assim não teríamos escândalos meus com outras mulheres, por que quem iria desconfiar da cerimonial do meu casamento? Fizemos um acordo e fazíamos sexo casual. -Nesta altura do meu relato, minha mãe parecia que tinha acabado de ver uma pessoa ser amputada por uma serra elétrica. Sua cara era de incredulidade, desprezo, nojo, uma porção de coisas mistas que eu só não parei de falar porque eu precisava dizer tudo para que ela entendesse.- Mas com o tempo eu vi que Camila não era só um corpo, ela não era um brinquedo sexual ela era… incrível! Ela tinha sonhos, objetivos e ela era determinada, bem como eu e a nossa personalidade meio que se conecta de um jeito inexplicável e ela se importa comigo. Era diferente do que sempre fora e quando eu estava com ela, eu desejava que Cara fosse como ela, que não só mandasse em mim mas que me escutasse, que se importasse com a minha opinião. Não me entenda mal, eu sempre gostei de Cara e ainda gosto mesmo com todas as coisas que eu prefiro não mencionar, ela foi muito importante na minha vida mas ela nunca me tratou como Camila fez e eu percebi que era daquele jeito que eu queria ser tratada, como se eu fosse genuinamente especial, como se tudo fosse sobre mim. E eu a conheci melhor, sabe? Ela é doce, mãe. Doce, ingênua, frágil, ela é o tipo de pessoa que você não encontra sempre, aquele tipo de pessoa que você só conhece uma vez. Eu mesma impus as regras do acordo, eu mesma disse pra ela mil vezes que não sentia nada além de tesão mas eu estava começando a gostar dela, a cada dia eu gostava mais e eu cheguei num ponto que meu dia ficava uma merda se eu não olhasse pra ela, se eu não visse o sorriso dela. Eu estava prestes a me casar e corria atrás dela como uma louca porque eu queria que ela ficasse comigo, queria me sentir do jeito que só ela fazia. Eu casei porque ela foi embora, porque ela fugiu de mim, pra me esquecer mas eu vi que não era aquilo. Não era aquilo que eu queria sentir pelo resto da vida e foi por isso que eu mandei caçarem Camila, procurarem e acharem-na de qualquer forma porque eu precisava vê-la de novo, precisava ir atrás dela. Eu me apaixonei por ela e eu precisava saber como ela se sentia sobre mim.

Minha mãe tomou toda a água da taça de uma forma quase desesperada, bebeu minha taça também e me incarou com uma expressão indecifrável pelo o que me pareceram horas. Eu me sentia cada vez mais desconfortável sobre o seu olhar mas eu não podia fazer nada. Por fim, ela pigarreou e esfregou as temporas, limpando a garganta para começar a falar num modo seco.

-O que você pensou que estava fazendo quando veio pra cá atrás dela?

-Eu estou apaixonada, mãe. Eu precisava saber se ela sentia o mesmo por mim, precisava saber como ela se sentia pra poder seguir em frente ou tomar uma nova decisão.

-Você trouxe sua esposa grávida com você pra vir atrás de outra mulher…

-Você disse que não iria me julgar pelos meus atos. -Disse no mesmo tom, arqueando uma das sobranceohas e ela negou com a cabeça.- Eu não imaginei que isso tudo fosse acontecer, nunca me passou pela cabeça que iriam notar minha presença. Eu passei um dia todo invisível, não achei que isso fosse mudar.

-Você não pensou em nada, Lauren. Você não pensou em absolutamente nada. Você não pensou na sua esposa, no seu filho, não pensou na sua família, muito menos na carreira que você lutou pre ter. O que você pretende fazer agora? O que você acha que pode fazer agora?

-Eu vou me separar...

-Isso é um fato, nem se você quisesse continuar casada você iria. -Suspirei cansada e ela apoiou os braços na mesa.- Diz pra mim o que você pretende fazer com o seu amor pela cerimonial?

-Eu tenho que assumir o que eu fiz, se tive cara pra fazer, vou ter pra assumir. Vou voltar pros Estados Unidos, vou voltar pra casa, pra Miami e vou levá-la junto comigo. Sei que vou ser bombardeada e que o começo vai ser difícil, mas não vou desistir por causa disso. Eu quero ficar com ela e vou fazer o que for preciso.

-Ninguém vai te deixar voltar pra casa. 

-Como assim?

-Vamos ficar na Grécia por um bom tempo, por meses, até essa poeira abaixar. Foi o que Magda disse pra Pandora, foi o que eu escutei. Não existem condições de você voltar pros Estados Unidos nessa situação, você iria ter que ficar enfurnada dentro de casa até cansarem de te perseguir atrás de informações. Fora que não podemos voltar até a Cara ter alta.

-Eu não estou mais com a Cara, eu não dependo dela pra nada.

-Eu sei que você não depende dela mas não vou deixar que negligencie essa criança, fora que Simon e a Storm sabem o que estão fazendo, eles vão dar um jeito nisso tudo, você não precisa fazer nada porque eles vão arrumar essa bagunça.

-Você acha que é fácil assim? Eu não vou fazer nada e eles vão limpar a merda que eu fiz como se me amassem demais pra eu poder curtir a vida com a Camila? Simon não quer nem olhar na minha cara, quanto mais livrar minha barra!

-Simon pode odiar você mas não pode ser burro ao ponto de renunciar a montanha de dinheiro que você faz pra ele. O que eu estou dizendo, Lauren, é que você não pode assumir essa menina assim, você não pode dar as caras desse jeito sem saber o que Simon vai fazer primeiro. Ele vai dar um jeito nisso, ele sempre dá um jeito em tudo, L.A. também está nessa então você tem que ficar na linha até eles decidirem.

-Eu não vou terminar com Camila por causa disso! Não vou desistir dela porque tenho medo de encarar as pessoas. É a minha vida, eu tomo as minhas decisões. 

-Eu não estou falando pra você terminar seja lá o que você tenha com a cerimonial, estou falando pra você não assumir por enquanto. Você precisa fazer o que querem que você faça, pelo menos por agora porque eles sabem o que fazer, você precisa colaborar.

-O que faz pensar que eles sabem o que fazer?

-Eles lidam com a fama antes de você nascer. Você tem a fama mas você não faz ideia de como ministrar isso, são muitos holofotes pra você tentar apagar sozinha.

-Eu disse pra Camila que ia dar um jeito nisso…

-E você vai dar mas primeiro você precisa saber da sua situação, precisa saber o que vai ser feito. Ele ainda é seu chefe, você ainda tem exigências pra cumprir antes de sair por aí falando e fazendo qualquer coisa em público, você precisa do Simon se quiser voltar pra casa. 

-Mãe, você não sabe da missa a metade…

-Eu posso não saber de tudo mas eu sei o que todo mundo sabe e a situação não está nada bonita pra você, pra Camila muito menos. Você sabe que ela é um doce, você sabe que ela é um amor mas nas revistas ela não passa de uma puta que destruiu o seu casamento e você não está muito abaixo dela. Se você tomar suas próprias decisões a partir daqui, você vai estar tão desamparada quanto ela porque a sua assessoria já não aguenta mais seus acessos de rebeldia. E o que você vai fazer sem eles? Você trabalha pra eles, só eles te tiram dessa. Assumir as coisas com Camila só iria piorar tudo.

-Eu não posso ser marionete deles pra sempre! Eu tenho a minha vida, o meu dinheiro…

-O seu dinheiro? -Ela interrompeu.- O seu dinheiro fica numa conta administrada por quem? 

-Syco Records. -Respondi entre dentes e ela riu sem humor.

-Eles não mexem no seu dinheiro mas eu aposto que se você for demitida, não é pra você que ele vai ficar. 

-Mas eu tenho outra conta, eu tenho uma poupança que dá pra me manter por um tempo. Não vai ser a vida que tenho hoje mas mesmo assim vou viver regada, outras gravadoras vão me querer, mãe. Isso não vai ser por muito tempo, Simon pode fazer o que quiser mas eu ainda tenho o L.A. 

-Se ele te demitir, ele não vai deixar barato muito menos fácil pra você. Você acha que ele não arrumar multas e taxas pra você? Não acha que ele vai te lotar de dívidas? Ele vai fazer de tudo pra deixar no buraco, se for pre te demitir, ele vai fazer questão de acabar com a sua imagem, pensa comigo! -Minha mãe cruzou os braços e eu me encolhi na cadeira.- Qual seria a vantagem de te demitir se outra gravadora te contratasse e você voltasse a fazer milhões atrás de milhões? Ele não sairia perdendo, Simon nunca sai perdendo e você sabe que ele pode acabar com a sua imagem se ele quiser, não vai precisar fazer muito partindo da atual situação. Você precisa andar na linha, minha filha. Você precisa abaixar as orelhas e fazer o que ele quer que você faça até que a poeira abaixe, se você se importar com a sua carreira, se você se importar com o resto da sua vida, você precisa fazer isso, é o único jeito de se garantir. Essa história com a Camila precisa sumir e isso não vai ser fácil de acontecer, assumí-la seria gerar ainda mais repercussão pra isso tudo, é isso que você quer? Você quer que Camila viva num inferno? Porque é isso que ela vai passar, aliás já está pasando. -Minha mãe disse com os olhos acusadores e eu me senti tão culpada ao ponto de sentir meu peito se apertar, como se tivessem me dado um soco.- Quanto mais você expô-la, mais ela vai sofrer porque ninguém vai ser bonzinho com ela, e se você gosta dela de verdade, não. ai deixar que ela passe por isso. Você está acostumada com essa vida, ela não. Se você quer mesmo ficar com ela e ser feliz com ela, você precisa entender que isso vai ter que ser aos poucos, você vai ter que aceitar as condições da vida que você escolheu. Primeiro você vai ter que fazer a poeira abaixar e pra isso vai ter que colaborar com Simon, precisa retomar o seu lugar aos poucos pra depois assumir essa garota, se não só vai gerar sofrimento pra vocês duas e ela não vai aguentar por muito tempo, ninguém aguentaria.

-Eu vou abaixar minhas orelhas pro Simon pra ele me obrigar a dar um jeito no meu casamento? Porque ele e a Storm estão juntos nessa, mãe. Camila não vai aguentar ser meu segredinho por causa da minha carreira e eu também não quero que ela seja! -Eu tentava rebater mas era como se nenhum dos meus argumentos estivesse a altura dos dela, eu não podia assumir que ela tinna razão porque eu não posso deixar Camila na mão. Ela vai enfrentar isso comigo, não vai?

-Ela também não vai aguentar ser apedrejada como está sendo, se as coisas continuarem como estão, isso não vai durar muito tempo. Você não pode nem sair desse hotel sem ser cercada por fotógrafos sedentos e nós estamos numa ilha, isso aqui é pinto perto do que você vai ter que passar em casa.

Ela me encarou de uma forma fatal e eu engoli seco antes do meu celular vibrar em cima da mesa. Menagem de Camila. Meu coração acelerou e eu não me contive em ler no mesmo instante.

From Camila: Lauren, eu preciso falar com você.

From Camila: A gente precisa conversar. URGENTE!!!!!!!!!!!!

From Camila: Vou te esperar na Igreja. 

From Camila: Venha o mais rápido que puder, por favor!!!!

-Eu preciso ir. -Atropelei as palavras, inquieta com as mensagens e minha mãe arqueou as sobrancelhas.

-Problemas no paraíso? -Fechei a cara e ela sorriu sem humor.- Ela não vai aguentar muito tempo, Lauren.

Não respondi, apenas a fitei por longos segundos com a expressão vazia antes de sair correndo em busca do meu segurança. Eu precisava dar um jeito de sair daquele hotel e chegar na Igreja.

Camila's POV

Eu estava quase fazendo um furo no assoalho de tanto andar de um lado para o outro esperando Lauren chegar. O Padre já tinha vindo duas vezes perguntar se eu estava bem e eu já estava até sem graça, porque além de me utilizar da casa de Deus para me encontrar com uma mulher, eu ainda estava incomodando o Padre que rezava. o andar de baixo. Mas eu não podia me controlar, estava tão nervosa que se ficasse parada provavelmente teria um ataque catatônico.

Eu passei duas horas trancada no quarto pensando sobre tudo que estava acontecendo. Duas horas pensando no que eu faria da minha vida enquanto escurecia lá fora, duas horas remoendo cada palavra dita pela minha mãe, duas horas sofrendo ao assimilar que infelizmente ela tinha razão. Eu tenho uma vida, Lauren tem outra completamente diferente e isso dificilmente vai dar certo nas atuais circunstâncias mas temos uma chance. Hallstatt é uma chance, é a única chance. Lauren vai poder ser apenas Lauren como ela sempre quis ser, sem cobranças, sem ressentimentos, sem erros, sem passado e eu vou poder ser eu da mesma forma, vamos poder ser nós, juntas. Vamos poder ter a nossa vida. 

Lauren não pode me assumir, não podemos ser um casal nessas circunstâncias porque não teríamos paz de maneira alguma. Eu sou a amante, a cerimonial que destruiu o casamento perfeito, quais são as chances da poeira abaixar se ela me assumir? Eu não quero ficar marcada por uma traição, eu quero viver minha vida longe de cobranças como sempre fiz e ir embora é a minha única chance, só me resta saber se Lauren está comigo ou não.

Eu sou apaixonada por ela. Estúpida, louca e totalmente apaixonada por ela. Essa história de sexo casual sem sentimentos envolvidos nunca deu certo nem em filmes, porque iria dar certo justo comigo? Eu fui uma idiota em achar que poderia fazer isso porque Lauren é apaixonante, inexplicavelmente apaixonante. Tudo que ela fazia me atraía, tudo que ela fazia me derretia e me deixava boba, eu queria ver o sorriso dela o tempo todo e dos três meses que passei sem ela, pensei nela em cada dia. E agora, que estou entre ganhar ou perder, meu coração não consegue sossegar. Se ela sentir o que eu sinto, não vai pensar duas vezes antes de aceitar minha proposta mas e se não? Eu aceitaria se estivesse em seu lugar, mas Lauren nunca foi boa com escolhas. O que eu devo esperar? Eu estava com medo de minha mãe estar totalmente certa, de Lauren não se abdicar da carreira, da vida que leva, de sua família e do seu dinheiro por minha causa.

Meus pensamentos foram bruscamente interrompidos por uma gritaria distante. Corri até as escadas e meu coração acelerou ao escutar a voz de Lauren. Ela estava discutindo, alguém estava gritando com ela, mas eu não conseguia distinguir direito o que estavam falando, mas eram vozes e mais vozes e eu ficava cada vez mais apreensiva com os barulhos abruptos e a gritaria, mas eu não podia descer, não podia aparecer, se Lauren fosse flagrada se encontrando comigo, tudo pioraria ainda mais.

Eu passei mais alguns minutos de nervosismo, me contendo para não descer até escutar passos pesados na escada. Me levantei do colchão no mesmo instante que Lauren alcançou o último degrau, descabelada e com um grande roxo em sua maçã direita do rosto. Arregalei meus olhos em espanto mas ela não me deu tempo de falar, afundando em meus braços enquanto me apertava contra seu corpo como se não quisesse me soltar nunca mais. Seu rosto se encaixou em meu pescoço como se tivesse sido feito exatamente pra isso e ela me cheirava, me beijava com delicadeza e relava sua testa em minha pele com afeição, parecendo uma criança que sente falta da mãe. Sorri sozinha e acariciei seus cabelos, beijei-os e a apertei ainda mais, minha preocupação se esvaindo aos poucos com a presença dela. 

-O que aconteceu? -Perguntei depois de alguns minutos naquele abraço.

-Fotógrafos. -Ela respondeu ainda com o rosto fundo em meu pescoço. Como assim fotógrafos? Como ousaram fazer isso? Onde estavam os seguranças dela?- Eu não consegui sair dasapercebida do hotel dessa vez e eles me acompanharam até aqui. Estava sob controle, Bog Rob já estava me encaminhando pra dentro da Igreja mas aí um deles começou a falar merda e eu não me segurei, me soltei do Big Rob e meti a mão na cara dele, nenhum dos meus seguranças foi rápido o suficiente em me afastar antes dele me devolver o murro, foi aí que a discussão começou. -Ela suspirou cansada sobre a minha pele e eu arregalei os olhos, perplexa com a informação.

-Eu não acredito que ele bateu em você, Lauren. Você é mulher! -Abaixei meu rosto, afastando-se um pouco sem desconectar nossos corpos para poder fitá-la. Os olhos fechados, a cabeça descansando em meu ombro como se eu a desse algum tipo de paz. Em qualquer ocasião isso faria meu dia, mas no momento só apertou meu coração.

-Eu bati nele primeiro. -Ela disse com descaso e eu bufei, incrédula.- De qualquer forma meus seguranças já estão lidando com a situação. 

-O que eles vão fazer?

-Sinceramente? -Assenti.- Eu não sei e nem quero saber, eu só quero ficar com você agora. -As borboletas voaram rasante em meu estômago e eu beijei sua testa, vendo-a abrir os olhos e beijar meu maxilar com doçura. Mas o hematoma em seu rosto não estava me deixando em paz.

-O que ele falou, Lauren? 

-Quem? 

-O fotógrafo.

-O que tem o fotógrafo? -Ela se fez de desentendida.

-O que o fotógrafo falou pra você bater nele? -Perguntei séria, me afastando.- Você sempre escutou tudo calada, o que ele disse pra você reagir desse jeito? -Ela soltou o ar pesadamente, fitando o chão sem jeito.

-Ela falou merda de você, Camila. -Ela disse hesitantemente mas com o olhar duro e a culpa fechou a minha garganta.- Eu não vou admitir que ninguém fale de você na minha frente, não posso aceitar que te ofendam se não te conhecem. Eles tem que me ofender, quem fez merda fui eu! Você não, ninguém ofende você!

-Lauren você ficou maluca?! -Quase gritei e ela recuou um passo.- Vai ficar bancando o galo de briga pra todo mundo que me ofender? Eu não sei se você sabe mas eu estou com fama de puta destruidora de lares no mundo todo então se prepara que não é só um fotógrafo que vai falar merda pra você! O que você ouviu dele não é nem metade do que você ainda vai ouvir…

-Eu não vou ouvir porra nenhuma, Camila! -Ela socou o ar com raiva.- As pessoas podem ter as opiniões que quiserem que eu estou pouco me fodendo pra elas mas tem que manter o respeito na minha frente! Tem que manter o respeito comigo e com a minha mulher!

-Sua mulher se chama Cara Delevingne. -Disse com a boca amarga e ela bufou.

-Não, minha mulher se chama Camila Cabello e eu falo isso pra qualquer pessoa que me perguntar! -Ela encheu a boca pra falar e eu arregalei os olhos em descrença.- Não estava nos meus planos assumir você, não estava nos meus planos assumir isso agora, mas foi pra chuva é pra se molhar. Agora não tem mais nada o que esconder, não temos nada pra esconder, estamos juntas e ponto final! 

-Lauren, você só pode estar drogada… -Disse rindo de nervoso, sem humor algum.- Me assumir? Você ficou maluca? Olha isso! Olha esse roxo na sua cara! -Disse quase horrorizada com o hematoma no rosto dela e ela se encolheu com a sobracelhas unidas, como se não estivesse esperando aquilo de jeito nenhum.- Você não muda, Lauren, você não sabe se segurar, não sabe se conter e olha no que dá! De onde veio esse vão vir mais um monte se você continuar assim. Cresce, Lauren! Eu não preciso de ninguém pra me defender, aprende a escutar calada pra não causar mais estrago! 

-Eu... eu reagi de imediato! Eu não… eu não estava preparada pra… ele xingou você! Ele te chamou de puta.. na porta da Igreja! Mas eu não, eu prometo que eu não vou fazer mais isso! Quando voltarmos pra América vamos escarar isso juntas, meu empresário vai dar um jeito e… -Ela se defendeu, desesperada. Buscando por minhas mãos mas eu neguei a cabeça esquivando de seu toque, ela não tinha as mesmas intenções que eu. Ela queria continuar com a carreira dela.- Eu não vou mais reagir assim, eu estava desprevinida, Camila! Eles sabem que você está aqui, sabem que eu vim aqui pra te encontrar… -Engoli seco e senti as lágrimas se formarem em meus olhos.

-Você realmente não vai mais precisar agir assim, não haverão mais razões para que você seja pega de surpresa por fotógrafos que sabem dos seus segredinhos, não haverão mais segredinhos. -Disse seca, as lágrimas já ameaçando derramar de meus olhos e Lauren me olhou com as sobrancelhas quase juntas, os olhos beirando confusão.- Eu não vou voltar pros Estados Unidos com você, eu não quero que você me assuma, eu não quero passar por isso, muito obrigada. Eu quero paz, quero viver minha vida com paz, eu não vou voltar pra casa de mãos dadas com você pra gerar ainda mais confronto, eu vou embora, Lauren. Vou embora de vez.

Eu não consegui segurar minhas lágrimas sob seu olhar de pânico e sua boca entreaberta por conta da descrença em minhas palavras. Laurem fechou a distância entre nós, me abraçando, me beijando, chorando feito bebê murmurando mil desculpas por conta da discussão, prometendo que não faria nunca mais, me jurando amor e dizendo que queria ficar comigo, que não estava agindo por impulso. Por mais que meu corpo quisesse ceder, eu não podia deixar, eu não podia fazer isso, minha mãe estava certa: Lauren nunca cogitaria abrir mão da carreira que lutou pra conquistar. Ela segurou meu rosto, chorava compulsivamete mas pedia para que eu parasse de chorar, iríamos superar aquilo juntas. Neguei com a cabeça, fazendo força para afastá-la enquanto na verdade queria afundar em seus braços para nunca mais sair.

-Você não pode ir embora! Você não vai embora, não tem pra onde ir embora! -Ela me empurrou e eu tentei secar as lágrimas do meu rosto.

-Eu embarco pra Áustria amanhã de manhã.

-Amanhã de manhã? Como assim? Você já… Você já estava programando ir embora? -Ela se afastou bruscamente e eu neguei com veemência.

-A minha mãe apareceu, ela fez tudo e só me comunicou que eu iria. Eu não programei nada disso, eu não tinha pretenção alguma de sair da Grécia, mas ela chegou e…

-Você não precisa ir se não quiser, sua mãe não manda em você, Camz. Ela não pode te obrigar!

-Ela não está me obrigando a nada, é só que é o melhor a se fazer. -Dei ombros e ela negou com a cabeça, não dei tempo dela me interromper.- É um vilarejo isolado na parte alta da Áustria sem acesso à tecnologia, um povo agrícola, nem mil habitantes, ninguém nunca sequer ouviu falar seu nome lá. Paz, Lauren. Sem cobranças, sem fotógrafos, sem contratos, só paz, um recomeço. -Segurei suas mãos e ela franziu o cenho.- Ninguém precisa saber, vai ser só a gente.

-Áustria, Camila? Um vilarejo isolado? Você… -Ela negou com a cabeça, se afastando como se eu fosse louca.- Eu não posso abandonar minha família pra fugir com você e… Amanhã de manhã! Isso é loucura! 

-Se você for comigo eu dou um jeito de atrasar a passagem, Esdras arruma os documentos pra você e a gente vai. Você pode falar com os seus pais, eles não vão impedir você! Eles podem visitar você de vez em quando se quiserem e vamos poder ter uma vida, eu e você. Vamos poder começar do zero num lugar novo onde seremos apenas pessoas comuns, você vai ser uma pessoa comum. Não vamos precisar encarar nada, sem mais cobranças, sem mais mídia, esse inferno vai acabar, Lauren. Ninguém mais vai se machucar. -Levemente passei a mão no hematoma em seu rosto e ela fechou a expressão, os olhos cheios de lágrimas.

-Eu não posso. Eu não posso fugir pro meio do nada, eu não posso ignorar o que está acontecendo. -Ela disse sem conseguir engolir o choro e eu senti como se algo dentro de mim tivesse acabado de desmoronar.- Eu não posso sumir, eu tenho obrigações, eu não posso jogar tudo pro alto e me esconder. Eu preciso agir como gente grande, Camila e você deveria fazer o mesmo. Eu vou encarar o que eu fiz, eu tenho uma carreira que eu suei pra construir e esse é o meu sonho, eu vivo o meu sonho e pode estar tudo desmontado agora mas tudo tem jeito e eu sei que eu ia arrumar essa bagunça, eu vou arrumar mas você faz parte dela, Camz, você é a melhor parte. -Engoli as lágrimas enquanto ela chorava ao segurar meu rosto.- Eu sei que está tudo bagunçado agora mas é só arrumar, vai levar tempo mas vamos arrumar. Minha mãe me disse isso hoje, se você não quiser assumir a gente não assume, eu entro na linha e minha gravadora vai dar um jeito e…

-Que jeito, Lauren? Te forçarem a inventar uma mentira maior ainda? Aí você finge que estava bêbada mas se arrependeu, foi só sexo daí você volta pra sua vidinha de casada… É isso que eles vão fazer! Cara é parte do plano deles, você sabe disso e eu não quero encarar essa merda, eu não quero pisar nessa areia movediça porque as coisas não estão nada boas pra mim aqui em Mykonos, voltar pra América não é uma opção pra mim mas Hallstatt é uma oportunidade, uma chance de passar a borracha nisso tudo e seguir em frente. Eu não vou abrir mão de viver a minha vida pra você seguir com a sua carreira. Eu já me meti em merda demais, está na hora de respirar fundo. Você pode abrir mão da sua vida pra começar do zero comigo ou pode continuar na sua vidinha de marionete que você tanto ama, a escolha é sua Lauren, mais uma vez eu estou te deixando ciente do que você pode fazer mas quem dá a última palavra é você porém eu te aviso logo: eu vou com ou sem você.

-Você está jogando tudo fora. -Foi o que ela me respondeu, negando com a cabeça e eu soube que ela não iria comigo. Minha mãe estava certa. O amontoado no meu peito se transformou em lágrimas que eu lutava pra conter enquanto Lauren se aproximava. 

-Você não pode ter tudo, Lauren. -Ela negou com a cabeça e segurou meu rosto e beijou minha testa, meu nariz, minhas bochechas. Rossando seu nariz em minha pele para limpar minhas lágrimas.- Eu não quero fazer parte da sua vida pública. Eu quero fazer parte da tua vida particular, quero ter uma vida medíocre daquelas em que eu arrumo a casa enquanto você está fazendo as compras então eu boto um vestido que você gosta pra te impressionar quando chegar em casa, usar um perfume só pra te agradar, poder usar uma roupa bem furreca na rua como qualquer pessoa normal pode fazer só pra visitar você no trabalho, quero poder andar na rua de mãos dadas e tomar sorvete com você numa praça, sair com você sem ter mais de cem pessoas gritando seu nome ou fotógrafos querendo registrar cada fôlego seu. -Ela encostou a testa na minha e enxugou minhas lágrimas, pouco se importando com as suas. Ela me olhou nos olhos e murmurou desculpas, bem baixinho e meu corpo chacoalhou num soluço.- Eu te disse que queria tulipas vermelhas no meu casamento. 

-E você vai ter suas tulipas vermelhas, seu vestido com véu longo, você vai ter tudo ao seu gosto. -Ela fungou e mordeu os lábios, tentando conter as lágrimas.- O seu casamento vai ser lindo porque você merece que ele seja, você merece tudo o que quer e… você não sabe como está doendo saber que eu não sou a pessoa que vai poder te dar todas essas coisas. 

Neguei com a cabeça e ela sorriu fraco, sorriu dolorosamente com aqueles olhos verdes que brilhavam ao refletir os meus castanhos, olhos verdes que estavam nitidamente machucados, tristes de uma forma que eu nunca pensei que pudesse vê-los, tristes de uma forma que ninguém nunca pensou que Lauren pudesse ser. 

-Mesmo não sendo essa pessoa, eu vou continuar te amando. -Ela sussurrou e eu ignorei as lágrimas, agarrando sua nuca para juntar nossos lábios. 

Nossas bocas se encontraram de uma forma veroz e necessitada. Seus lábios faziam pressão nos meus e não demorou muito para que nossas línguas se entrelaçassem como de costume mas dessa vez era diferente, dessa vez era salgado pelas lágrimas. Meu coração batia acelerado mas não era daquela comum alegria de tê-la perto de mim e sim pelo medo daquele ser o nosso último beijo. 

As mãos de Lauren rapidamente buscaram pelo meu corpo, acariciando minha pele por baixo da blusa, me puxando ainda mais contra ela. Envolvi meus braços em seu pescoço sem separar o beijo, aprofundando-o o máximo que podia, fechando os olhos com força, obrigando minha mente a gravar cada detalhe daquele contato, como se pudesse fazê-lo durar pra sempre. Sua mão alcançou minha coxa e ela levantou minha perna, entendi o recado e deixei que ela me suspendesse, enlaçando minhas pernas ao redor da sua cintura. Lauren sorriu e eu mordi seus lábios, iniciando outro beijo enquanto ela se abaixava e nos acomodava naquele colchão fino. 

Com um joelho a cada lado do meu corpo, Lauren separou o nossos lábios e distribuiu selinhos em todo o meu rosto, novamente em meus lábios, descendo pelo meu maxiliar e tornando-os lânguidos ao chegar no meu pescoço, beijando e chupando a região de uma forma tortuosamente lenta, intensa. Mordiscando, beijando, lambendo e acarciando. Minhas mãos já estavam perdidas em seus cabelos, emaranhadas naquele mar castanho escuro, bagunçando-os, embolando-os enquanto ela me beijava afetivamente. Tomou-me os lábios mais uma vez antes de tirar minha blusa e eu não perdi tempo jogando a dela longe, tirando seu sutiã com facilidade. Uma de minhas mãoa foi institivamente para seus seios rijos mas ela me fez quebrar o contato, deitando sobre mim novamente e me beijando com ternura, mordendo meu lábio inferior, chupando-o. 

No meio de todos aqueles beijos profundos e carcias intermináveis nossas calças também se perderam, assim como as calcinhas e agora tudo que restava era o meu sutiã. Num último beijo casto em meus lábios, Lauren seguiu mordendo e beijando cada centímetro de minha pele, distribuindo marcas, me fazendo arfar cada vez que seus lábios se prolongavam e seus dentes me surpreendiam. Ela abocanhou um do meus seios e o gemido que soltei foi inevitável, sua outra mão massageava o outro e ela revezava a atenção entre ambos, chupando-os com vontade, minha visão já embaçava de luxúria. Apertei os fios de seu cabelo no couro, envolvendo sua ci tjra com minhas pernas e ela soltou um grunhido prazeroso.

Mesmo na semi-escuridão eu podia ver nitidamente seus olhos verdes quase flamejando enquanto ela distribuia os beijos em meu abdome, fazia uma trilha com sua língua e voltava para os meus seios. Gemi em antecipação e ela soltou uma risada mordendo o bico de meu seio. Outro gemido me escapou quando seus dedos finalmente fizeram o caminho para o meio das minhas pernas, fazendo movimentos circulares em meu clítoris de uma forma tortuosamente lenta. Fechei os olhos e soltei um gemido rouco, sentindo o prazer crescer lentamente dentro de mim, rebolando na medida em que seus dedos brincavam com meu clítoris, exigindo por mais fricção. Ela chupou. eu seio de foma abupta e penetrou um dedo no mesmo instante, logo seguido do outro, fazendo um vai e vem rápido, rodando-os dentro de mim, tirando e botando com força, sugando meus seios na mesma vivacidade e eu já arqueava o corpo de prazer. Seria muito virgem de minha parte chegar num orgasmo só com isso, mas eu sabia que não demoraria muito para que ela me fizesse alcançar o ápice. 

Protestei com um estalado tapa em seu braço quando sua mão deixou meu sexo do nada, bem quando eu estava quase lá. Me ignorando completamente, Lauren beijou meus seios e refez sua trilha molhada pelo meu corpo, se afastando para poder alcançar minhas pernas, posicionando minhas coxas em seus ombos, mordendo a parte interna de ambas, dando beijos molhados e eu já me arqueava em antecipação, vergonhasamente molhada por ela. Sua língua explorou toda a minha região íntima, sugou os lábios menores e os maiores, me arrancando grunhidos inquietos em antecipação, eu já empurrava sua cabeça ainda mais para o meu centro e ela continuava fazendo aquilo devagar. Seus lábios capturaram meu clítoris e ela comçou a estimulá-lo com a língua, chupando-o e investindo em movimentos longos, lambendo e chupando todo o meu sexo, me tirando gemidos longos e prolongados. Ela fazia aquilo muito bem e fazia rápido, fazia do jeito que eu gostava. Fechei as pernas, prendendo seu rosto ali ao sentir sua língua me adentrar, puxando seus cabelos e me arqueando ainda mais como se fosse possível me dar mais pra ela. Sua língua era rápida e eu sentia cada movimento, minhas paredes se contraíam com o músuculo quente dentro de mim e Lauren ainda fazia questão de me masturbar com os dedos e quanto sua língua fazia o trabalho dentro de mim. 

Lauren literalmente chupou meu sexo, tirando e botando sua língua, me fazendo alto, muito mais alto do que eu deveria. Meu corpo todo se tensionou e relaxou de módo súbito e eu tremi involuntariamente, completamente ofegante e perplexa com o prazer que tinha me dominado. Aquela sensação era maravilhosa, se todo mundo fosse chupado como eu tinha acabado de ser, ninguém mais ia querer saber da vida dos outros. 

Eu estava tão centrada em meu próprio prazer que nem ao menos me dei conta que gozei feito uma atriz pornô, ao me movimentar para libertar Lauren daquela quase asfixia erótica - já que minhas pernas estavam fechando seu rosto - senti o colchão molhado e lancei um olhar interrogativo pra ela que soltou uma risada gostosa, quase pulando sobre mim e escondendo o rosto em meu pescoço. Mordi sua bochecha e compartilhei de seu sorriso, completamente relaxada.

Aos poucos seu corpo foi escorregando para o meu lado e eu uni nossas bocas, deixando minhas mãos acariciassem todo o seu corpo sem pudor algum, apertando os seios, as laterais, arranhando o abdome e ouvindo seus murmúrios de incentivo contra os meus lábios. Minha mão alcançou seu sexo e ela flexionou uma das pernas, se abrindo completamente para que eu fizesse o que bem entendesse. Meus dedos escorregavam de tão molhada que ela estava e eu me permiti brincar com seu clítoris por um longo tempo, apreciando cada reação dela, que gemia baixo, mordia meu lábio, chupava e mordia meu pescoço, colava a boca em meu ouvido pra gemer, massageando meus seios e apertando-os conforme eu atingia um ponto sensível enquanto a masturbava do melhor jeito que sabia. Ela já estava escorrendo de tão molhada e eu tratei de penetrar dois dedos de uma vez, ganhando uma forte mordida no ombro. Meus dedos deslizavam fácil e eu os colocava e tirava, colocava e tirava, rodava, colocava e tirava sem parar até atingir uma velocidade dolorosa para o meu pulso. Lauren gemia e rebolava como se quisesse intensificar meus movimentos, ela rebolava dissimuladamente até soltar um gemido anormalmente agudo e seu corpo relaxar totalmente, me arrancando um sorriso bobo ao ver a forma preguiçosa que ela sorriu, enfiando o rosto no meu pescoço, suspirando de prazer. Tirei meus dedos encharcados de seu sexo e chupei com deleite, vendo-a morder o lábio com a cena e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, seus lábios já estavam nos meus novamente mas não com desejo ou luxúria, era um beijo delicado. Ela não queria domínio, ela me beijava com suavidade, os lábios entre os meus e a língua lenta, agridoce que eu não tardei em entrelaçar na minha. Ela separou o beijo em diversos selinhos demorados, molhados, mordidas nos lábios sem fim, até escostar a testa na minha, envolvendo possessivamente minha cintura com sua perna.

-Fica comigo. -Ela disse baixinho, acariciando meu rosto e eu sorri fraco, rossando nossos narizes.

-Eu não posso. -Selei nossos lábios rapidamente e ela uniu as sobrancelhas.- Eu não vou abrir mão da minha privacidade pra ficar contigo se você não cogita a possibilidade de abrir mão da sua carreira pra ficar comigo.

-Fica comigo, por favor. -Sua voz estava sufocada e eu fechei os olhos com força, negando com a cabeça.- Por favor.

-Por que você não fica comigo? -Meus dedos traçavam seu rosto de forma delicada, decorando cada detalhe. Ela franziu o cenho em confusão.- Vamos comigo, foge comigo. 

-Eu não posso. -Ela sussurrou de forma desesperada, soltei um sorriso fraco, sem humor algum e ela tomou meus lábios nos dela mais uma vez de uma forma apaixonada, quase apelativa.- Fica aqui comigo então, já está tarde…

-Lauren, eu…

-Dorme comigo, passa essa última noite do meu lado, é tudo que eu peço pra você.

-Meu vôo é antes da tarde, eu não posso perder a hora.

-Você não vai. -Ela me garantiu de forma triste, me acariciando o rosto e aconchegando mais o corpo no meu.- Só fica aqui hoje, nos meus braços. -Fez bico de uma forma exageradamente infantil e eu acabei rindo.

-Achei que fazia parte do nosso acordo não passarmos as noites juntas. -Ela riu do meu sarcasmo e revirou os olhos.

-A gente fodeu com o acordo inteiro, não é mesmo?

-Literalmente. -Vi seu sorriso mais uma vez e meu coração se aqueceu. Era aquele sorriso. O sorriso que eu ia guardar na minha mente todos os dias, o sorriso que eu sabia que ia fazer meu peito doer de saudades. O sorriso que eu tinha certeza que eu amava mais do que qualquer outro.- Eu amo você. -As três palavras escorregaram da minha boca e seu sorriso se alargou ainda mais, para logo se transformar numa risada gostosa.

-Ew, você acabou de falar que me ama depois do sexo, que coisa mais brochante. -Ela debochou de forma brincalhona e eu dei um forte tapa em seu braço, vendo-a franzer o rosto em reprovação enquanto ria.

Ficamos em silêncio por um bom tempo depois desse momento, apenas nos encarando de forma dócil e compreensiva. Eu podia ver em seus olhos que ela queria que eu ficasse e ela podia ver nos meus que eu queria que ela fosse comigo e mesmo naquela batalha de olhares, nenhuma de nós duas cedeu. Lauren me beijou algumas vezes, de uma forma exageradamente lenta, como se estivesse se deleitando de meus lábios e eu fazia o mesmo, querendo impregnar meus lábios nos dela para que eles não perdessem meu gosto nunca mais, como se de alguma forma eu pudesse me registrar ali e qualquer pessoa que a beijasse depois de mim, provaria do amor que a gente teve. Suas mãos percorriam meu corpo sem segundas intenções e ao colar nossas testas mais uma vez, ela soltou um suspiro triste, me olhando fundo nos olhos.

-Eu achei que dessa vez ia dar certo. -Ela disse ainda me encarando e eu soube exatamente o que as pessoas sentem quando dizem que as palavras lhe acertaram como um soco no estômago.

-Talvez não é pra ser. -Dei ombros tentando disfarçar a tristeza.- O que começa errado, termina errado. Não é o que dizem?

-Não existe errado quando se trata de amor.

-Desde quando você é essa romântica desesperada? -Perguntei com um falso riso para quebrar aquele clima e ela deu um risinho pelo nariz.- Quando eu te conheci, esse definitivamente não era seu forte.

-Se você realmente acha isso, também se deixou enganar pela imagem de Lauren Jauregui que é distribuída por aí. -Franzi o cenho e ela apertou meu nariz de leve, voltando a acariciar meu rosto.- Eu não gosto de explicitar meus sentimentos mas minhas atitudes sempre mostram o que minhas palavras escondem. Eu disse que não tinha sentimentos por você de uma forma romântica, que só o sexo me interessava, mas eu te levei pra almoçar na Casa de Barcos, não levei? E então eu te dei uma tulipa vermelha na floricultura, eu também te levei pra jantar. Eu cruzei o oceano pra vir atrás de você… -Ela disse assentindo, mostrando o quão grande aquilo era.- Se você nunca me achou romântica, Camila Cabello, você não tem ideia do que é romance.

-O que é romance pra você? -Perguntei com curiosidade e ela negou com a cabeça.

-Isso é romance. -Ela apontou pra nós duas.- Quando você demonstra o que sente mesmo sem ter a intenção de fazê-lo, porque é algo tão forte que toma conta das suas atitudes sem que você perceba.

-Até aonde você iria por um romance? 

-Até o meu limite. 

-Hallstatt é muito longe pra você? -Perguntei de forma manhosa e ela revirou os olhos.

-Infelizmente eu não estabeleço meus próprios limites. -Assenti engolindo seco e ela suspirou.- Parece ser um bom lugar pra um recomeço. Eu não pensaria na Áustria como um refúgio, não acho que vai ser fácil te achar.

-Essa é a intenção. 

-Parece que você se tornou uma mestra em se esconder em lugares inesperados, huh?

-Você pode me visitar quando quiser. -Encolhi os ombros e ela sorriu fraco.

-Não vai ser um recomeço se você ficar arrastando o passado de um lado pro outro.

-Eu não me importo, mas no final das contas a decisão é toda sua. -Ela fechou e abriu a boca algumas vezes, sem saber o que responder até que soltou o ar pesadamente e me puxou mais pra si, envolvendo meu corpo com seus braços e aconchegando a cabeça um pouco acima dos meus seios.

-Eu só quero fingir que você não vai embora e passar essa noite do seu lado, será que a gente pode fazer isso? -Assenti e a abracei de volta, relaxando e encolhendo meu corpo junto ao dela, sentindo como se estivesse em casa depois de uma viagem muito longa.

Lauren's POV

-Você não tem vergonha na cara mesmo, né? -A voz depreciativa de Big Rob fez com que eu acordasse no susto, quase pulando no colchão, usando o lençol para cobrir meus seios, rolando os olhos pelo ambiente.

Meu segurança negou com a cabeça, pegando minha blusa jogada perto dos seus pés e jogando na minha cara para em seguida virar de costas a imagem de Jesus no canto da torre. Minhas bochechas coraram e eu instintivamente tateei o outro lado do colchão, encontrando-o vazio. Ela já havia ido embora. Uma tristeza arrebatadora tomou conta de mim e eu franzi o cenho para o amontoado de coisas que pareciam estar acontecendo dentro de mim. Big Rob bateu palma, me tirando do transe e indo se apoiar numa daquelas "janelas".

-Anda logo, Bela Adormecida, sua carroagem já virou abóbora. -Ele disse com descaso, com os olhos presos na vista do arquipélago.

-Mas a abóbora não era da Cinderella? -Perguntei em nítida confusão, vestindo minhas roupas correndo enquanto ele estava de costas pra mim.

-Você acha que faz parte do meu emprego diferenciar as princesas? -Dei ombros mas ele não viu, estava muito ocupado encarando o seja lá o que fosse há andares abaixo.

-Gostou da vista? -Me prostrei ao seu lado, agora devidamente vestida e ele me encarou quase com raiva.

-Ao contrário de você, Lauren, eu não estou aqui pra apreciar nada. Camila saiu há dez minutos e foram precisos todos os seguranças pra escoltá-la de tanto fotógrafo que tem lá embaixo. -Ele apontou e eu forcei a vista, me dando conta da massa de pessoas na porta da Igreja.- Estou checando as laterais pra ver se tinha a possibilidade de alguém subir nessa merda pra fazer seu segundo sextape, agora na casa do Senhor!

-É muito alto, Rob, não dá. -Disse quase desesperada com sua fala e ele parecia imerso em pensamentos, fitando cada detalhe abaixo dele.- Eu mal consigo ver lá embaixo.

-Espero que esteja certa. -Ele deu dois tapas no meu ombro.- Só o fato deles saberem que vocês passaram a noite juntas Igreja já piora as coisas cem por cento, não precisamos de mais fotos.

-Camila conseguiu sair em segurança? -Ele assentiu com a cara amarrada.

-Espero te tirar daqui com a mesma eficiência, sem o auê de ontém. -Ele apontou para o rosto em meu rosto como se aquilo o incomodasse.- Agora vamos, a gente tem que sair daqui o mais rápido possível.

-Por que?

-O patrão quer ver você agora. -Ele disse com descaso e eu gelei.

Simon havia requisitado a minha presença? Coisa boa não podia ser.
 


Notas Finais


Espero que tenham gostado e sacado as paradas, porém tem uma surpresona HA no proximo capitulo........... ESPEREM REVELAÇOES AHAHJSKJEDKJFEJEDIHSWHQSHSQHDH o final vai ser legal gente aguarde eu prometo


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