Kang Taehyun e Huening Kai eram melhores amigos desde a infância, e sempre fazem absolutamente tudo juntos. Causar encrenca e se meter em problemas devastadores eram bons exemplos do que os dois fazem quando se encontram. E, claro, nada mudou com o passar dos anos.
Taehyun costumava ter umas ideias bem questionáveis sobre os seres que habitam o planeta (acreditem, uma vez Huening e ele foram até uma chácara de madrugada e vasculharam por todas as árvores, tudo porque o mais velho insistia que Curupiras existiam e decidiu caçar um por si próprio), que quase nunca recebiam a crença de alguém, o que levava a si mesmo e ao pobre e Kai a comprovar sua teoria com algumas “aventuras” — ou visitas à morte, como Kai gostava de chamar — por aí.
A aventura da vez, no entanto, parecia perigosa demais. E o Huening, medroso do jeito que era, não tinha cem por cento de certeza que conseguiria acompanhar o Kang até o final.
Os garotos estavam de férias da escola, o que lhes rendeu uma viagem à praia para aproveitar, e nesta, Taehyun cismou que havia visto uma sereia nadando naquelas águas. Como sempre, ninguém acreditou e agora ambos estavam, em plenas seis horas da tarde, andando na beira do mar com lanternas em mãos, tudo isso para procurar a bendita sereia.
Sinceramente, Kai se perguntava porque diabos ninguém ao menos fingia acreditar na peste que chamava de melhor amigo para evitar esse tipo de situação.
— H-hyung, já está ficando tarde. Porque não voltamos amanhã?
— Ah não, Kai! Não vai ter graça se deixarmos para amanhã! E enquanto mais tarde, melhor, assim fica mais tenso e a adrenalina aumenta!
Aí que está o ponto, Kai pensava, essa adrenalina toda está me deixando com náuseas.
— Mas eu acho que, se voltarmos de dia, teremos uma visão mais bela da sereia. Imagine, ela estará com as escamas da cauda refletindo à luz do sol. — tentou novamente fazer o amigo desistir da ideia, finalizando o pedido de socorro disfarçado com um sorrisinho de desespero.
— Minha resposta continua sendo não. — Taehyun afirmou com um biquinho fofo nos lábios, e Huening questionou do o porquê mesmo de ser amigo daquele caçador de encrenca.
[...]
— Eu estou com fome, hyung.
— Você acabou de comer, Kai! Eu te dei o pacote de bolachas recheadas inteirinho!
— Eu quero ir para casa e comer comida de verdade.
— Pois vai ficar querendo, porque eu só saio daqui depois que conseguir uma foto da sereia e você vai ficar comigo. — disse o Kang, rindo da careta irritada que o outro estampava na face.
Contragosto, Huening seguiu o mais velho pela areia. Logo, ambos estavam dentro do mar gelado, ainda com a lanterna e fazendo o máximo para não molhá-la.
Até que o barulho de algo se chocando na água repetidas vezes fora ouvido pelos garotos, que estremeceram quase que de imediato.
— D-dongsaeng, você também o-ouviu isso, certo? — Taehyun perguntou ao maior, com receio, não sabendo se queria ouvir um sim ou um não dele.
— S-sim. — respondeu, engolindo em seco — Você acha que pode ser… a tal sereia?
— Uhum, mas também p-pode ser um peixe ou algum outro animal. — respondeu, vacilando um pouco devido ao desconforto com o barulho desconhecido — Venha aqui, vamos ficar perto um do outro para evitar qualquer coisa.
— Beleza. — Kai já estava indo até o melhor amigo, mas uma voz doce chamou a atenção de ambos.
Começaram a praguejar baixinho, completamente paralisados. Taehyun tinha certeza de já ter ouvido falar de algo assim, mas na sua cabeça era apenas lenda.
Seria a sereia que tanto procurava a verdadeira mãe d'água? Sinceramente, preferia acreditar que não.
— H-hyung, eu estou com medo. — ouviu o sussurro choroso do Dongsaeng e se sentiu mal por tê-lo obrigado a vir consigo. Agora, praticamente havia-o feito chorar por causa de suas cismas.
— Calma, Kai, vai ficar tudo bem. — assegurou — Vamos voltar para trás e esquecer isso, nada irá acontecer conosco.
O Kang sentiu a mãozinha pequena de Hueningkai agarrar a sua própria, devolvendo o aperto logo em seguida. Foram nadando devagarzinho para trás, tentando fazer o menor barulho possível.
Mas quando sentiram suas costas encostarem em algo molhado e macio, tinham certeza de que estariam mortos em alguns minutos.
— Por que estão recuando? Não gostaram da minha voz?
O arrepio não fora contido pelos dois amigos após escutarem aquilo. A voz era risonha, doce, e certamente estava os provocando. Kai choramingou e apertou ainda mais a mão de um Taehyun desesperado.
Viraram-se para trás devagarzinho, tendo a visão de um garoto bonito demais para ser real. Os cabelos eram curtos e loiros, com as pontas mais claras que o restante; seus olhos grandes exibiam um tom de castanho-dourado brilhante que contrastavam perfeitamente com a pele branquinha. E, o pior, ele tinha uma cauda de peixe, tão bonita quanto si próprio, balançando para lá e para cá.
— Q-quem é você? — a pergunta veio do mais baixo, que quase se arrependeu de tê-la feito. O ser desconhecido arqueou as sobrancelhas, visivelmente confuso.
— Sou aquele que vocês vieram procurar, oras! — respondeu, perdendo o foco e desviando de seu objetivo de parecer assustador — D-digo, sou aquele que.. Ah, deixa pra lá. Eu sempre soube que não servia para assustar as pessoas.
Toda aquela confusão para se explicar acabou deixando os dois amigos mais relaxados. Ou, pelo menos, ambos acreditavam que não seriam mortos por aquela criatura.
— Quê? Quer dizer que você é tipo uma Sereia? De verdade mesmo? — Taehyun tinha os olhos arregalados — Que incrível!!
— Sereia não né, meu bem, mais respeito! Eu sou um Tritão, de verdade mesmo, obrigado. — respondeu — E você é maluco por sair à noite para procurar uma pessoa com cauda de peixe!
— Viu, eu te avisei! — Kai pronunciou pela primeira vez depois do aparecimento do aparentemente Tritão — Você é um maluco!
— Não precisa jogar na cara também, né, colega — o baixinho fingiu um falso desapontamento, com direito a mão no peito e tudo mais.
— Precisa sim. — o Tritão afirmou — Seu amigo tentou te avisar que era ideia de girico mas você estava cagando e andando pra opinião dele. Já dizia minha mãe: quem não ouve conselho, ouve coitado mais tarde. — afirmou, bem mais descontraído que anteriormente — Enfim, pra quê vocês queriam ver um Tritão barra Sereia mesmo?
— Ah, é que eu queria mostrar para minha família que é real! Eles não acreditaram em mim quando falei que tinha te visto nadando pelo mar mais cedo, então vim aqui para tirar uma foto e pá.
— Que motivo besta. — o garoto-peixe pronunciou
— Concordo. — o Huening falou, rindo às custas do melhor amigo.
— Hey!
— Qual é o seu nome? — Kai perguntou ao Tritão, que lhe encarou sorrindo.
— Beomgyu, mas podem me chamar apenas de Gyu. — sua voz saiu mais animada do que deveria, e isso assustou barra animou os outros dois garotos. — E o de vocês?
— Eu me chamo Huening Kai. — sorriu — muito prazer.
— E eu sou Kang Taehyun. Repetindo a fala do Ning, muito prazer!
— O prazer é todo meu! — o Tritão realmente havia gostado daqueles dois humanos — Mas agora, eu acho que seria melhor vocês voltarem. Já está consideravelmente tarde para ficar na água, e essa seria a atitude mais sensata que alguém que não quer ficar resfriado poderia ter.
— M-mas... e a minha foto? — Taehyun se desesperou, Beomgyu e Kai somente riram.
— Larga a mão de ser besta, Tae! — Gyu repreendeu aos risos.
— Você vai aparecer amanhã, Gyu-ssi? — o Chinês perguntou, preocupado. Não queria perder o — quase — amigo que havia acabado de conhecer. Beomgyu parecia ser legal e realmente gostou de tagarelar com ele.
— Claro que vou, querido. — a resposta veio rápida, e o tom brincalhão acompanhou um bico bem fofinho aos olhos dos outros dois. — Não pensem que irão se livrar de mim com tanta facilidade. E, como já antes eu havia dito, vão logo para casa! Não vou cuidar de criança gripada!
E foi com aquela última fala, que Beomgyu foi embora, dando a visão esplêndida de sua cauda azul e reluzente aos humanos, que ficaram encantados com tamanha beleza.
Daquele dia em diante, uma amizade bem fofa e engraçada entre aqueles três nasceu e se fortaleceu. E hoje, o antes costumava ser uma dupla, transformou-se em um trio que só sabia se meter em confusão atrás de confusão.
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