História Sereias do Caribe - (Hiatus) - Cap. 08 - Bad liar

(…)

— Ora, me solte Sai! — Exclamei beirando o desespero.

Odiaria ter que ficar a sós com ele naquele momento. E ainda tinha Sakura com Sasuke.

— Calada! — Disse ele sem emoção.

Meu subconsciente gritava a toda voz 'Alerta', e acreditem, eu queria muito correr dalí. Mas a outra parte irracional de mim só queria que ele me emprensasse naquela parede e me beijasse até que o fôlego nos faltasse. Sai estava mais maduro, mais forte, seus cabelos sempre ralos sobre a face na cor preta brilhante.

Ele era estupidamente bonito, e aquilo era desconcertante para mim.

— Sai, para! — Exigi soltando-me bruscamente daquele aperto. — Olha, eu sei que você esperava outra coisa, que talvez eu tenha sido egoísta com você mas, você não pode me arrastar pela minha casa e tentar exigir algo que nós dois sabemos que não vai mudar em nada o que aconteceu.

Vi ele tão desconcertado com o que eu havia dito, que por um segundo senti raiva de mim mesma.

— Eu só não quero mais ter que alucinar com você toda vez que eu me olho no espelho, toda vez que eu bebo, toda vez que eu transo com minha namorada. Droga!

Tropecei levemente para trás sentindo minha garganta fechar. — E-Eu... — O que eu diria? — Você só precisa saber que foi para o seu próprio bem, e também do nos-

O que eu estava prestes a dizer?! Arregalei os olhos e rezei mentalmente para ele ignorar essa última frase.

— Pelo menos assuma que você é egoísta. — Disse seco. — Eu te amo, Ino.

A baixei a cabeça e mordi fortemente o lábio inferior. — Você tem que ir embora. — Declarei quase como um sussurro. — Por favor.

Ele sorriu amargo e aquilo me quebrou. — Pode passar mil anos e você nunca dizer de volta, mas eu sei que você me ama e vai sofrer assim como eu. — Engoli a seco. — A diferença é que eu realmente tenho quem me ame. — E então saiu sem nem olhar pra trás.

Fiquei estóica no lugar, sem conseguir mover um músculo se quer. Nem para vê-lo uma última vez.

— Sai... — Foi o único som que consegui emitir sem cair e chorar ali mesmo.

— Confesso que eu esperava mais desespero na voz dele.

Fechei fortemente meus olhos e respirei fundo antes de dar de cara com meu "querido" marido.

— Gaara!

Ele como sempre não esboçou nada.

— Você tem sido uma péssima esposa, Ino. — Comentou sem emoção, e aquilo me causava medo.

Engoli o bolo na minha garganta e suspirei. — Sinto muito se meu comportamento o desagrada.

— Sente mesmo querida? — Aproximou-se perigosamente perto. — Sua face não me transmite arrependimento, exceto é claro, pelo ser desprezível que ainda está parado em frente a casa esperando que você vá atrás dele. — Talvez em um ato involuntário, acabei virando-me para comprovar aquelas palavras, mas meu cabelo fora puxado bruscamente antes. — Se sair daqui eu juro que mato aquela cópia loira daquele homem.

Senti minha visão embaçar. — E-Eu não vou, por favor me deixe. — Implorei chorosa.

Ele sorriu. — Gosto quando implora amor!

Dito isso, ele saiu me deixando amedrontada para trás.

— Um dia eu ainda vou arrancar seus olhos... — Sussurrei quase inaudível.

…

A casa estava vazia e escura, assim como as emoções dos moradores dela. Sabia que Sakura estava enfurnada no quarto dela, e pelo calor desesperado que ela transmitia, imaginei que não quisesse falar com ninguém e lá no fundo, eu também não.

Peguei mais uma taça de vinho branco e beberiquei totalmente aérea as coisas ao redor. O relógio titaqueando de um lado para o outro, o som maravilhoso das ondas batendo contra os corais… os gemidos.

— Tem que parar com isso Ino! — A voz arrastada e sem vida de Sakura me tirou do meu transe distante.

Ela ainda usava o vestido cinza daquela tarde, mas seu cabelo estava uma bagunça assim como sua face.

— Nós duas temos.

Vi ela praticamente se arrastar até mim e sentar-se do meu lado com um copo de uísque na mão.

— Ele me odeia. — Decretou fitando o nada, só mexendo os cubos de gelo em seu copo semi vazio. — Odeia…

— Sakura?!

Vi seus olhos marejados e senti um aperto no peito. — Talvez tudo não tenha passado de uma lembrança boa.

Sorri amarga. — Lembranças com presentes.

Sakura sorriu lembrando de sua outra parte. — Melhor presente do mundo.

Assenti em concordância. — Sinto saudades de casa.

— Eu também.

Mais de três anos sem poder voltar para Throsten e era óbvio o motivo.

Kakashi Hatake!

Desde que ele assumiu o trono que por direito era de Sakura, que ele não nos deixa voltar até lá.

— Me sinto impotente, Sakura.

Vi ela suspirar e abaixar a cabeça frustrada. — Sinto a mesma coisa. Não posso ver meu tesouro, não posso voltar pra casa, não posso ter Sasuke... eu sou uma sereia frustrada essa é a verdade.

— Nós duas estamos na merda.

No fim essa seja a consequência de nossas escolhas, e com elas as frustrações e decepções de acompanhamento. Talvez essa seja aquela estória que todo mundo tem um final infeliz, mas fazendo parecer que tudo vai ficar bem apesar de que obviamente não vai ficar.

O irônico entre mim e Sai, é que nenhum dos dois é inconstante, estamos sempre mudando. Naquela época eu era completamente ignorante sobre sentimentos e aquele papo furado de amor, sendo que minha única referência era Hinata e Neji com seu caso incestuoso. Mas aí veio Sai, e com ele uma enxurrada de sensações.

Ainda lembro-me bem daquele lual tão especial e triste. Naquele dia perdi a virgindade sem nem pensar duas vezes, e também a dor de ter que abandona-lo. Sei muito bem por quanto tempo ele e Sasuke insistiram, olha que não foi pouco tempo, até no fim Sakura colocar uma mulher em sua vida e eu também.

— Acha que fiz certo em colocar aquela humana com ele? — Perguntou minha amiga distante.

— Nós fizemos o que tínhamos que fazer, o que eles decidiram não cabe mais a nós opinar.

Sakura focou seus olhos em mim profundamente. — Você está mais forte e eu fico feliz por isso. — Comentou carinhosamente.

— Só acho que chorar não vai mudar o buraco que eu tenho no lugar do coração.

— Então talvez eu seja a mais fraca de nós duas, pois meu coração ainda bate acelerado desde que ele saiu daqui.

Sorri terna. — E meu estômago ainda está frio só de imaginar que ele esteve aqui tão perto de mim.

— Talvez no fim sejamos apenas duas mulheres estupidamente apaixonadas e fadadas a sofrer pela eternidade graças as minhas escolhas.

— A escolha não foi só sua Sakura. Estou e sempre estarei aqui por você.

Ela me abraçou forte. — Obrigada Ino, acho que sozinha eu nunca iria conseguir suportar.

— Minha nossa dá pra sentir a melancolia de vocês duas até dentro do oceano. — A voz inconfundível de Tsunade nos fez sorrir, mas meu coração só acelerou quando notei a cabeleira loira que eu tanto amava me fitar sorridente.

— Inojin!

Corri rapidamente para abraça-lo.

Vi um vulto de cabelos pretos como a noite passar por mim feito bala e se jogar nos braços de Sakura.

— Meu amor...

— Mamãe, quantas saudades.