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História Sete Finais - 33 - Sessão 2


Escrita por: caploom

Notas do Autor


Os desconhecidos na capa são o pai do Jungkook (Jeon Yajan) e a mãe da Soyoon (Yun Yura).

Capítulo 33 - 33 - Sessão 2


Fanfic / Fanfiction Sete Finais - 33 - Sessão 2

Confusão que nunca acaba 
 As paredes que se fecham e os relógios que fazem barulhos 
Vou voltar e te levar para casa 
 Eu não poderia parar, agora você sabe  
 Apareça sobre meus mares 
 Malditas oportunidades perdidas 
 Eu sou uma parte da cura? Ou eu sou uma parte da doença? 

— Clocks


Seul, Capital da Coréia do Sul

Basicamente, tudo naquele instante se resumia em uma garota surpresa, um pobre perturbado e um garoto fervendo em raiva. Tudo o que podia ser visto através dos olhos de Kim Taehyung era ódio e desprezo ao se deparar com a cena de seu primo mais novo abraçando a garota a qual perturbava há dias.

Não era apenas um abraço. Era nítida a forma como Kim Namjoon agarrava o corpo magro de Soyoon contra o seu, quase sem se preocupar em marcá-la com seus dedos que lhe tocavam, e era isso o que mais irritava Taehyung.

Soyoon, ainda fitando Taehyung sem dizer nada, começou a sentir sua respiração se comprometer e ficar curta. Ofegante, a menor mexeu o tronco com calma percebendo o quanto estava dolorida. Seus seios estavam deixando-lhe mais desconfortável ainda. Namjoon tinha muita força e usava toda ela para apertar Soyoon com precisão.

— Ahrg... K-kim Namjoon... — ela murmurou sem fôlego e com cara de dor, tentando afastar um pouco o enlaço do garoto, mas o mesmo apenas a apertou ainda mais, fazendo-a arregalar os olhos.

— Namjoon! — Taehyung se aproximou. — Namjoon!

Tae tocou o ombro do primo, mas o mesmo continuou imóvel. Ele ouvia a súplica de Soyoon e principalmente a voz de seu primo desde que o garoto havia chegado, mas, se via incapaz de soltar a menina. Namjoon já estava 60℅ fora de si, e já usava a própria força contra Soyoon. Ele queria machucá-la naquele abraço.

— Me so-solta...! — Yoon murmurou tentando se desfazer dos braços do garoto, mas o mesmo intensificou ainda mais a força nos braços, fazendo-a gemer mais uma vez de dor.

— Namjoon! Você está machucando ela, Namjoon! — Taehyung exclamou e jogou o que segurava no chão, pegando nos braços de seu primo e os puxando para longe do corpo de Yun.

Namjoon era muito forte, fora de controle, criava uma força ainda maior e naquele instante, usava tudo em cima da morena. Ainda de olhos fechados, ele continuou agarrado à ela sem se preocupar com o fato da falta de fôlego por parte da mesma. Naquele momento, ele a via como um medidor de forças.

— Namjoon! — Taehyung o puxou com mais força, tirando um dos braços de perto da menina, fazendo-a conseguir se afastar um pouco, mas ainda estando presa.

Namjoon abriu os olhos rapidamente e olhou ao redor vendo seu primo o olhar com fúria e desgosto. Taehyung engoliu saliva analisando os olhos úmidos e raivosos de seu primo. Fitou as mãos do moreno avistando sua inquietude e travou o maxilar. Sabia que ele estava fora de controle. Namjoon olhou para Soyoon e entreabriu a boca com força, sem aviso prévio, simplesmente a empurrou no chão com toda a força, fazendo-a cair no chão rudemente e se afastou levando as mãos à cabeça.

Atormentado enquanto via tudo girar, cambaleou para o lado e puxou alguns fios do couro cabeludo, em seguida, deu um chute com total violência em um suporte de correio, olhou pela última vez para Taehyung e Soyoon e saiu andando em passos rápidos. Quase correndo.

Soyoon se levantou com cuidado sentindo o peito dolorido e a lateral da coxa arranhada pelo contato com o chão. Taehyung, atento ao caminho que o primo fez ao se afastar, olhou para Soyoon novamente e respirou fundo vendo-a sacudir a roupa confusa. Toda a mistura de tensão que se instalava naquela rua, simplesmente se negava a ir embora. Cada arfada de Taehyung, o fazia ficar cada vez pior acompanhando sutilmente o caminho da rua a qual seu primo havia seguido. Soyoon, já em pé ao seu lado, continuou calada, conversando apenas com os próprios pensamentos.

Para ela, tudo estava muito, muito estranho. Desde o momento em que Namjoon disse que não queria machucá-la até o momento em que ele a machucou.

Ela pensou que o "machucardo garoto fosse algo da boca para fora, mas ele realmente havia a machucado e tentado feri-la novamente. Ele a apertava com tanta força, que ela sentiu que poderia morrer sufocada a qualquer momento, e no momento atual estava completamente dolorida.

Yoon se preparava para entrar ainda sem dar atenção ao fato de não estar sozinha. Taehyung se abaixou pegando o que havia trazido e fitou as costas de Soyoon, já que a mesma estava virada. Ele estava pronto para chamá-la, mas antes que pudesse fazer isso, foi interrompido.

— Soyoon? E... Kim Taehyung? O que vocês estão fazendo aqui fora? — Yoon e Tae olharam para o lado na mesma hora.

Senhora Yun Yura saía de dentro do carro da família com algumas sacolas nas mãos, a pequena Nesook fazia o mesmo, carregando o que podia enquanto Senhor Jisang terminava de desligar o carro. Com as mãos ainda cheias de sacolas, Yura aproximou-se sorridente dos dois jovens com expressões sérias e se curvou um pouco em direção ao moreno.

— Mãe, não carregue tanto peso! — Soyoon deu passos até sua mãe e pegou algumas sacolas, fitou Taehyung com a sobrancelha erguida e o mesmo suspirou.

— Kim Taehyung, fico feliz de vê-los juntos! — a mais velha comentou. — Filha, você também não deve ficar carregando peso!

— Quem é você? O que está fazendo com a minha filha? — Jisang, após sair de perto do automóvel barato — que foi o que suas econômicas puderam compar — e com as mãos cheias, chegou perto também, acompanhado de Nesook. Olhou curioso para o menino mais novo em sua frente.

— Eu me chamo Kim Taehyung, estudo na mesma escola que sua filha. — Taehyung se curvou. — Eu estava passando por aqui e acabei encontrando com ela do lado de fora de casa.

— O que fazia do lado de fora de casa, boba? — Nesook perguntou um pouco debochada, a menor estava suada e sua expressão que antes demonstrava cansaço, agora era puro interesse no bronzeado em sua frente.

— Eu vim... jogar o lixo. Vamos entrar! — Yoon respondeu, dando um riso suave e olhando sugestiva para sua família.

— Por que não almoça conosco, Kim Taehyung?

Foi a gota d'água. Soyoon travou os passos olhando incrédula para sua progenitora. Só podia ser um pesadelo ter que compartilhar a mesma mesa com o garoto que mais a irritava na vida.

— Mãe, ele já está indo embora.

— Na verdade, eu não estou... — Taehyung retrucou fitando divertido a expressão de Soyoon e enfiando no bolso o broche que segurava de Soyoon que segurava nas mãos. O famoso e perturbador broche. 

— Aceite o almoço como minha forma de agradecimento por ter me ajudado aquele dia! — Senhora Yura insistiu com a expressão gentil e sincera, sem tirar os olhos do rosto do menino.

— Bem, eu só preciso fazer uma ligação, mas... — Taehyung olhou para Soyoon, vendo-a virar o rosto o evitando a todo custo. Ele deu um sorriso perverso. — Mas irei almoçar com vocês hoje!

Soyoon bufou e entrou rapidamente para dentro de casa. Ela quase falou super alto para seus pais tudo o que o menino fez, mas estava tão atordoada e louca para poder pensar em tudo o que havia acontecido, que não pôde dar tanta importância para o fato de Kim Taehyung estar agindo feito um menininho legal. Todos entraram na casa em meio à alguns risos, Soyoon foi direto para o quarto após colocar as compras na cozinha. A primeira coisa que fez ao entrar no quarto, foi se sentar na cama e levar as mãos até a testa em um gesto confuso, pensativo e cansado. Nunca pensou que seria tão difícil ajudar alguém. Nunca pensou que seria tão difícil fingir que não tinha curiosidade em relação à algo.

Ela estava assustada e acima de tudo, tensa por tudo o que havia acontecido. De um momento para outro, Namjoon pareceu ter se transformado em alguém totalmente diferente. A forma como ele disse que não queria machucá-la... parecia atormentado, parecia lutar contra algo, lutar em uma luta já ganha, uma luta a qual ele já havia perdido.

Não queria estar tão curiosa, não queria se envolver nem mais 1℅ na vida dos garotos problemáticos, mas ainda assim se via impossibilitada de agir como se nada tivesse acontecido. Suspirou e se curvou pegando a camiseta clara de Namjoon, levemente manchada de vermelho e marrom e a jogou dentro do próprio guarda roupa. Acelerou os passos saindo do quarto novamente e foi em direção às escadas.

Descendo enquanto contava os próprios passos, Soyoon desacelerou drasticamente a velocidade ao ouvir uma voz extremamente grossa e conhecida por seus ouvidos, logo no fim da escadaria de madeira. Assim que terminou de descer, travou as pernas analisando as costas largas de Taehyung, cobertas por um casaco de tecido jeans leve. O menino falava em um tom um pouco mais ofensivo no celular, parecia irritado ou até mesmo ansioso com alguma coisa.

Eu não estou fazendo por brincadeira, estou falando sério! — algo ameaçador parecia soar de si. Soyoon não pôde conter a curiosidade impregnada, mas preparava-se para fingir que nem havia o visto. — Eu vi o Namjoon sair perturbado. Ele está na rua agora. Eu acho que... ele pode acabar machucando alguém!

Sim. Soyoon realmente iria deixar o garoto e voltar para seus pais, mas ao ouvir o nome de Namjoon e a forma como seu nome soou por Taehyung, inconscientemente continuou parada no mesmo lugar, ouvindo cada fala que vinha da ligação alheia, olhando imersa para um canto qualquer. Qualquer canto que não fosse o moreno em sua frente.

Não ouviu muita coisa depois. Perdeu-se em próprias questões criadas por si. Percebeu que Namjoon estava mesmo perturbado, não entendeu o porquê, não conhecia o garoto, não sabia o que estava prestes à acontecer, não entendia o que Taehyung dizia na ligação. Ele parecia preocupado e isso era estranho, já que o Kim mais velho, na maioria das vezes, parecia não se importar nem consigo mesmo.

Taehyung virou-se de uma vez, deparando-se com Soyoon ainda com a mão no corrimão, olhando para um canto qualquer. O garoto engoliu seco lhe notando e se perguntando o que ela havia ouvido, ou se havia ouvido o suficiente.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, já com a boca aberta, Soyoon apenas moveu a cabeça e se afastou em passos ligeiros, sem dar qualquer chance ao menino.

A mãe de Soyoon estava feliz por estar fazendo um almoço para Taehyung. Enquanto Soyoon e Nesook a ajudavam, ela disse mais de duas vezes para sua primogênita que se sentia melhor, como se o almoço e a companhia fossem uma forma de agradecer ao garoto pelo dia em que o mesmo a ajudou à encontrar sua filha, quando já estava morta de preocupação graças ao horário.

Soyoon, de má vontade, cogitou várias vezes a hipótese de "cortar as asas" de sua mãe dizendo tudo o que o garoto havia lhe feito, mas estava tão aérea e presa aos pensamentos direcionados à Kim Namjoon, que nem mesmo conseguiu fazer algo direito sem pensar no que poderia estar acontecendo com o garoto.

Ainda haviam nela resíduos do desequilíbrio emocional ao qual ele se encontrava. O peito e os braços de Yoon ainda estavam ligeiramente doloridos graças à força brutal a qual o jovem havia lhe apertado nos braços. Soyoon, antes que Namjoon partisse nervoso, pensou nos porquês do moreno ter bebido e se envolvido em brigas, pensou em como ele havia se machucado e principalmente nos pesadelos ao quais ele teve durante a madrugada, sendo assim, se sentiu no direito de quase confortá-lo de alguma forma, tentando mostrar que tudo passaria. Mas o abraço ao qual o concedeu, se tornou em um ato violento por parte do mesmo, que usou do corpo magro da morena para descontar toda a sua frustração, quase a impedindo de respirar.

Soyoon estava extremamente quieta na mesa. Seus pais conversavam interagindo com o convidado, mas Yoon ainda assim comia calada, tão calada feito um mudo. Suspirava por repetidas vezes. Não podia interagir como se estivesse tudo bem e não conseguia pensar em outra coisa a não ser o estado psicológico de quem havia ajudado. Durante todo o momento em que Taehyung esteve em sua casa, Yoon não se preocupou em nem ao menos trocar um simples olhar com o mesmo. Sendo assim, o ignorou de uma forma tão grotesca a qual entregava como ela estava fazendo tudo como a coisa mais normal do mundo e não como uma tentativa de provocação.

Tudo o que Kim Taehyung fazia enquanto comia era olhar para a morena em sua frente. Mesmo enquanto conversava com os pais da moça e mesmo enquanto ela estava na cozinha ajudando a mãe e passava rapidamente pela sala à procura de algo. Tudo o que ele buscava era o rosto dela, mas ela estava tão silenciosa que nem mesmo um grito a faria questioná-lo com um olhar.

— O que quis dizer quando falou que este almoço serve como um agradecimento, Yura? — Jisang, que comia vorazmente como um esfomeado, questionou sua esposa, curioso.

— Ah! — Yura sorriu sem graça. O homem ainda não fazia a mínima ideia do que havia acontecido na tal noite. — O amigo de Soyoon nos ajudou com algumas coisas há alguns dias atrás, querido.

Mentiu. Não tinha a intenção de contar sobre a discussão que tivera com a filha na tal noite e na forma como a menina havia saído de casa, então contornou a situação, não sendo negada por nenhum dos dois jovens presentes.

Senhora Yura havia realmente caprichado na comida, preparou um assado com batatas, banhados à um molho de champanhe comum, mas ainda assim doce e saboroso, arroz bem cozido, farofa de beterraba e cenoura, salada de tomates e purê de um legume típico de Daegu.

Ainda que a família fosse humilde, Yura cozinhava perfeitamente bem e sempre preparava pratos espetaculares. Taehyung se surpreendeu, mesmo que estivesse em um ambiente totalmente diferente do que estava habituado, a comida parecia ser a mesma que comia em casa ou em um dos restaurantes da mãe de seu primo Seokjin. O menino até questionou mentalmente sobre Yura ser especializada em culinária.

— Então, vocês se conhecem desde quando? — Jisang, como um belo pai protetor, tornou a fazer perguntas.

Yura deu uma leve risada.

— Jisang, não é como se eles fossem se casar! São apenas amigos. Vamos comer em paz, Soyoon nunca trouxe amigos em casa.

— Claro, ninguém quer ser amigo dela. — a pequena Nesook comentou enquanto comia com os olhos presos em Taehyung. Ela estava encantada com a beleza do garoto.

— Nesook, coma calada! — Yura mandou na mesma hora e olhou para Soyoon, se certificando de que ela não estava ligando.

— Mas é verdade, mamãe. Ei... você, Kim Taehyung! — Nesook chamou pelo menino que a fitou rapidamente, tirando os olhos de sua irmã mais velha. — Soyoon é uma nerd anti social na escola, não é?

Taehyung levantou uma das sobrancelhas e depois olhou para Soyoon. Essa soltou o talher com calma e olhou para frente sem dizer nada, encontrando com as órbitas escuras de Kim.

— Ela é... bem inteligente. — Taehyung murmurou dando uma risada.

— Isso eu também sou. — Nesook confirmou orgulhosa. — Mas, quando estudar no Atakura Seoul, serei a mais...

— A mais bonita. Já sabemos, Yun Nesook. Volte a comer. — Yura mandou e "Sook" suspirou. — Já dissemos, estude o suficiente e assim poderá pensar em entrar no Atakura.

— Eu já estudo o suficiente. Até mais que a Soyoon. — a mais nova murmurou. — Pelo menos serei a mais bonita e inteligente do fundamental.

— Por que pensa tanto nisso? — Soyoon perguntou se virando para a irmã. Taehyung abriu bem olhos e se ajeitou na cadeira de madeira, era a primeira vez que ouvia Yoon falar. — Você só tem onze anos, Nesook. Acha que tudo é muito fácil na vida.

Mesmo que parecesse razoavelmente chateada, Soyoon ainda falava tudo com sua voz padrão baixa.

— E por que não seria? Por que você complica tudo querendo dar uma de anti social coitada? Você pode ser bem mais do que acha que pode ser.

— Certo, Nesook. Entre naquele lugar achando que sua vida será incrivelmente perfeita, cercada de amigos ricos só por ser uma bolsista bonita com um QI apresentável. Eu te garanto que assim que disser que é uma bolsista, será tratada como um fardo ao qual deve ser lembrado do quanto não merece nada além de humilhação!

Soyoon despejou tudo se permitindo olhar intensamente em direção à sua irmã mais nova, que ficou calada por alguns segundos. Queria retrucar e dizer o quanto sua irmã mais velha a irritava, mas não pôde fazer aquilo.

— Eu pago. — enterrando o tom de voz grosso diante de todos ali presentes, Taehyung não falhou ao colocar tais palavras com precisão. — Eu pego pela vaga dela no Atakura Seoul.

Soyoon e todos os outros olharam surpresos para o jovem Kim. Ele limpou a boca com um dos guardanapos e suspirou sorrindo abertamente para a garotinha.

— É o que você quer, não é? Entrar lá? — molhou os lábios e depois fitou Yoon com diversão, que ainda surpresa, não dizia nada. — Você entrará como uma aluna tão digna quanto os outros. Não será uma... bolsista... como sua irmã.

Para Yun Nesook, tudo estava perfeitamente bem. Nada poderia melhorar. Primeiro que estava encantada pela beleza do garoto, segundo que o mesmo havia reconhecido o seu maior sonho, terceiro que ele havia se oferecido a ajudá-la, quarto que... ele parecia ter muito, muito dinheiro. Com toda certeza do mundo, ela não esqueceria o sorriso único do mesmo por um bom tempo.

Nesook havia acabado de encontrar o seu primeiro amor. Ele se chamava Kim Taehyung.

Era totalmente o contrário para os pais da garota e sua irmã, tudo lembrava uma loucura insana por parte do outro. Nenhuma das propostas e informações vindas do jovem entraria nas cabeças de quem o ouvia.

— Que paravras são essas, garoto? Minha filha Soyoon é indigna por ser uma bolsista? — Jisang questionou olhando-o curioso.

— Não. Eu só quero dar à menininha o que ela tanto sonha. — mais uma vez, Taehyung olhou divertido diretamente para os olhos serenos e cansados de Soyoon.

— Você... — Yun Yura, que ainda estava quieta, coçou a garganta desconfortável e respirou fundo. — É neto do grande Kim Kwan-Han.

Ela não perguntou, apenas afirmou. Taehyung assentiu.

— O mais velho. — respondeu calmo. Yura afou pousando o garfo no prato e se mexeu desconfortável na cadeira, dando um sorriso sem graça.

— Você faria isso por mim?! — a voz infantilmente fina de Nesook foi ouvida, ela olhava esperançosa para o garoto.

Taehyung apenas deu mais um sorriso, mas ainda olhando divertidamente sarcástico para Yoon.

— Nesook, você tem que...

— Vocês tem que aceitar, é meu sonho! — Sook soou incrédula.

— Parece tudo muito fácil mesmo conseguindo o que quer à custa dos outros. — Yura raiou respirando fundo. — Kim Taehyung, todo o dinheiro que você e seu clã têm, não nos diz respeito. O que você faz com o que possui é uma escolha sua, se quer fazer isso, faça, ninguém vai te impedir. Ainda que eu ache isso extremamente estranho.

— Você está aceitando, Yura? — Jisang perguntou assustado, olhando para a esposa.

— Estou dizendo que nossa filha mais nova não é capaz de conseguir algo de tanto peso por mérito próprio. Sendo assim, se ela sonha tanto com o dia em que entrará no Atakura Seoul, é melhor que aproveite. Mesmo que isso seja uma vergonha.

Soyoon olhou assustada para sua mãe após ouvir suas duras palavras. Sabia do quanto a mesma era rígida com sua irmã, mas ainda assim ficou mexida ao ouvi-la falar de forma tão seca e inflexível.

— Soyoon, querida, vá buscar um pouco mais de purê para o Kim Taehyung, por favor, hum? — Yura voltou a falar docemente, passando a ponta dos dedos em alguns fios de cabelo de sua filha mais velha.

Taehyung entendeu naquele momento o que acontecia. Senhora Yun Yura tinha uma preferência enorme por Soyoon e isso era tão visível quanto a luz. Ele avistou Soyoon se levantar ainda abalada pela conversa tensa e fitou suas costas estreitas sumirem por entre as paredes da cozinha. A família havia, recentemente, tirado a mesa da cozinha e levado-a para um espaço ao qual cabia, transformando-o em uma pequena sala de jantar, sendo assim, Soyoon teve que andar alguns passos para poder ir até onde estava o resto do purê.

Esperando o momento em que ela voltaria, Tae tornou a conversar normalmente com os pais da moça, sendo constantemente fitado pela Yun mais nova. Só depois de dois à três minutos, Yoon voltou com um pouco de purê em mãos, o entregou à Taehyung e voltou para o próprio lugar.

Taehyung se sentiu o super ao vê-la lhe servindo de bom grado, mas se arrependeu amargamente do momento em que colocou a comida na boca, pois no mesmo momento sentiu sua boca queimar de uma forma absurda, o fazendo arregalar os olhos e tomar uma pigmentação avermelhada.

— O que é isso?! Você não está bem! Soyoon, o que você colocou no purê? — Yura perguntou após se levantar e ir até o menino, tentando ajudar.

— Não sei, coloquei um tempero que estava em cima da pia... — Yoon respondeu calma, olhando para a própria refeição.

— Aquilo é pimenta! Quanto de pimenta você colocou?! — Jisang perguntou eufórico.

— Levanta, levanta! — Yura puxou o menino para levantar. — Yoon, dê um pouco de leite para ele, o efeito vai cortar de imediato, enquanto isso vou atrás de um pó para asia! Deuses, Soyoon, é uma pimenta muito forte!

Soyoon foi andando com calma até a cozinha e logo foi ultrpassada pelo garoto desesperado, que chegou na cozinha bem antes que ela. Quando Soyoon colocou os pés no local, viu o menino abrindo a geladeira em desespero enfiando um pouco de leite em um copo qualquer e tomando muito rapidamente. 

Yoon encostou na pia e analisou:

Taehyung estava ofegante. Uma gota de leite escorria de sua boca por seu pescoço, adentrando por debaixo da camiseta azul. Ele afastou o copo dos lábios e lambeu os cantos da boca, fechando os olhos aliviado, com uma careta ainda formada no rosto. Sua língua estava dormente. 

Ele virou olhando fixamente para a figura feminina por perto e soltou uma risada debochada.

— Você fez de propósito. — ele afirmou, colocando o copo na pia.

Soyoon ficou calada sem o olhar ou respondê-lo, apenas comprimiu os lábios e se preparou para sair.

— Até quando vai me ignorar? — Taehyung tornou a falar com mansidão, mas Soyoon apenas continuou sem olhá-lo, ainda prestes a sair. — Até quando vai fingir que eu não estou na sua frente?

Ele segurou o ombro fino da menina. Ela levou uma das mãos até a dele e tentou deslocá-la de seu ombros, mas assim que Tae sentiu a palma quente da mão média sobre a sua, envolveu seus dedos longos nos dela e segurou sua mão com força.

— Eu estou falando com você. — ele ainda estava manso. Ele estava muito manso. Yoon puxou a mão, mas o mesmo não a soltou. Era claro que ele era muito mais forte e se não quisesse soltá-la, não o faria. — Soy...

— Insetos não falam. — ela sussurrou ainda de costas. Taehyung deu dois passos para frente e se aproximou da parte traseira da cabeça feminina.

— Como é...?

Yoon virou com cuidado, deparando-se com o rosto fixo e neutro em contato com o seu. Ergueu um pouco a cabeça para acompanhar a altura do mais velho e continuou sério.

— Você mesmo disse, Kim Taehyung. Você disse naquela noite que se eu virasse e deixasse seu carro, você me trataria como um inseto irritante ao qual você ignora. O que quer dizer que quem está me ignorando é você, e não o contrário.

— O que você... você realmente levou isso tão a sério? — ele perguntou suspirando, percebendo a leve distração de Yun e entrelaçando seus dedos aos dedos dela com lentidão. Ela estava realmente quente.

— Quando eu deveria te levar a serio?

— Quando eu te digo que não admito ser ignorado por você. — ele retrucou facilmente, soltando tudo sem esforço.

— É tudo muito simples pra você, não é? — ela afirmou baixinho. — Você me humilha. Você finge que nada aconteceu. Você me beija. Você faz pouco de mim. Você aparece se achando no direito de se envolver nos problemas da minha família, tentando empurrar seu dinheiro em nossa direção como se fôssemos um bando de idiotas. E aí, simplesmente diz que não aceita perder um pouco de atenção?

— Agora sim... você está levando tudo muito a sério!

— Estou? Experimenta ser humilhado e atacado verbalmente por alguém da mesma forma que você fez comigo. Uau, você finalmente aprenderia o que é estar na minha pele, Kim Taehyung.

— Você pode esquecer o passado. — afirmou na mesma hora.

— Esquecer o passado? — ela riu. — Faz semanas que temos contato e tudo tá sendo um inferno pra mim.

— Faz semanas que tudo tá sendo confuso pra mim. Faz semanas que te conheço e posso afirmar que você é a garota que ficou por mais tempo perturbando minha mente!

— Você não me conhece.

— Eu sei que você é extremamente interessante, e isso já é um grande passo.

— Todo mundo é interessante. Depende de quem te olha.

E eu estou te olhando agora e surpreedentemente você tá se tornando ainda mais interessante a cada segundo.

Naquele momento, ela se calou. Se calou pois não se viu capaz de atirar contra ele tudo o que gostaria. Ele não havia deixado-a sem palavras, mas ela não tinha a intenção de fazê-lo abrir os olhos e perceber que era um completo babaca.

Taehyung levou a outra mão até o quadril pouco largo da garota em sua frente e puxou ar, sentindo o cheiro de tempeiro em suas roupas. Ela virou a cabeça desviando o olhar de qualquer contato e ele moveu o tronco, levando o rosto até a face desnuda da morena. Yoon abriu os lábios sem tensão, sem sentir absolutamente nada e suspirou, ainda ciente da pressão que ele fazia com a mão entrelaçada à dela. Taehyung encostou a testa com cuidado à testa da jovem e molhou a boca, sentindo que salivava enquanto fitava os lábios pequenos e levemente ressecados da bolsista.

— Eu deveria te conceder um segundo beijo. — ele ditou baixo, dedilhando do quadril dela à cintura bem acentuada ao resto do corpo. — Sendo seu primeiro e seu segundo, você não vai querer pensar em uma terceira pessoa à te tocar. Não é?

Ele tinha plena certeza de que ela estava totalmente entregue aos seus lábios e toques. Tinha plena certeza de que manteria sua boca colada à dela como o primeiro e segundo à se aprofundar com um gesto único em contato com a saliva da menor. Crente de que era exatamente isso o que Taehyung pensava, Soyoon sorriu, ela sorriu de uma forma tão travessa mas também tão bonita, que o moleque em sua frente poderia em uma piscada, agarrá-la de forma frenética, querendo tê-la tão perto de si de um jeito ao qual tanta aproximação se tornasse algo impossível e de outro mundo.

— Você é tão previsível... — a voz melodiosa de Yoon escapou entre os rostos tão próximos, separados pelos narizes que roçavam um no outro. — É claro que você acha que é o meu primeiro, o meu segundo e que assim como qualquer outra vou pedir aos céus que você seja o único... mas eu tenho algo para te contar, Kim Taehyung. — umedeceu as pequenas rachaduras da boca e afastou um pouco mais os rostos, com uma leveza indescritível. — Você não foi o primeiro a me beijar. E eu nem mesmo sou uma virgem que vai cair de amores pela forma a qual você me insulta tentando inutilmente me levar pra cama.

Foi como um anorme balde de água gelada caindo sobre o corpo esguio do moreno. Ele, na mesma hora, afastou completamente a menina de si, tirando sua mão da dela e franzindo o rosto em surpresa.

— Você não é virgem?! — a pergunta de Taehyung quase saiu alta, mas não foi tão louco de tal forma.

— A consciência ainda é sua. Tem o direito de raciocinar como achar melhor. — direta, mandou-lhe a resposta com um olhar claro.

— Quem? Com quem você... — ele arfou. — Foi com o Namjoon?

Yoon ergueu a cabeça analisando o teto, logo voltou a fitar seu companheiro.

— Minha amiga é completamente apaixonada por você. Sei que as circunstâncias foram mais que necessárias pra que tenhamos chegado à isso, mas eu realmente não estou disposta a me fingir de cega sabendo do quanto tudo isso a machucaria!

— Se você sabe que está certa, parabéns, eu posso te ajudar com isso, já que tudo o que os dois lados querem é estampar foda-ses por aí!

— Nós dois não vamos ser atingidos por algo tosco. Você é o Kim Taehyung... O número 5... O herdeiro Kim mais velho... — Soyoon confirmou a situação com calma. — Eu posso lidar com isso sem me sentir uma suja traidora.

Taehyung ficou em silêncio por certos momentos. Prendeu a carne da bochecha nos dentes e soltou ar.

— Se sua certeza é que me ignorar vai me fazer dar uma chance à sua amiga... — ele sacundiu os ombros de forma quase imperceptível. — Ela é virgem pelo menos?

— Você podia ter sido sincero desde o início, é claro. — Yoon afirmou cruzando os braços e balançando a cabeça. — Tudo o que você queria comigo era tirar minha virgindade.

— É. Era exatamente isso. Só que nem mesmo isso você é capaz de me dar, então... foi uma grande perda de tempo ter passado essas duas semanas de merda atrás de você!

Então, em passos grotescos e raivosos, Kim Taehyung saiu da cozinha esbarrando em algumas coisas, sem olhar para o rosto de Soyoon. Sem se preocupar com os olhos inquietos que o acompanhavam.

~◈~

O domingo de Yun Yura tinha tudo para iniciar e acabar perfeito. Sua loja de artesanato estava silenciosa e boa o suficiente para concentração em suas esculturas bem feitas. Lixava com calma e perfeição um cavalo de 58 centímetros de madeira maciça, dando-lhe alguns retoques finais na forma.

Cantava uma música qualquer na mente e assoprava com uma leve suavidade para afastar os resíduos que ficavam sobre a peça. Passou a ponta dos dedos delicados sobre a cabeça do animal satisfeita pelo trabalho.

— Suas mãos continuam as mesmas desde que me lembro. — ao ouvir quem acabara de chegar e parar em pé em sua frente, Yura ficou em silêncio enquanto continuava a esculpir sem dar importância exagerada ao que lhe aguardava.

— Você demorou mais do que pensei que demoraria. — respondeu, finalmente erguendo a cabeça e olhando sutilmente para Jeon Yajan.

O moreno soltou uma risada, ajeitando a gola da blusa social por baixo do terno mosntruosamente caro.

— Então, você me esperava? — perguntou com humor rude.

— Eu não aguardo por agonias. — a mulher elegante voltou com a atenção para o que fazia.

— Mas eu aguardo por um pouco de atenção. Acrdito que eu... — o homem passou a mão pela bancada cheia de joeira de madeira. — mereça.

— A lista de coisas a quais você merece é muito limitada, Yajan. — ela respondeu sem filtros, assoprando a escultura mais uma vez.

— Eu não pensei que tudo o que a grande Bin Yura teria seria... uma lojinha de artesanato enquanto é casada com um... homem do povo. — a sádica risada de Jeon saiu com vontade.

Yura se virou, apoiou os cotovelos na bancada e o queixo nas mãos.

— Eu deveria ter um marido como você, então? — riu debochada. — Agora sou Yun Yura. E meu marido está comigo todos os dias para as refeições em família.

A alfinetada havia sido recebida com tensão por parte do homem, que logo coçou a garganta.

— Yun Yura... você sempre me surpreende.

— Que graça... você não. — mexeu nos cabelos longos e sedosos. — Você só tem três motivos significativos para estar aqui, Yajan.

— E quais seriam, Yura?

A mulher de pele pálida sorriu como um anjo. Mas Yajan já conhecia muito bem toda a falsidade que emanava desde sempre da raposa em pele de ovelha.

— A confusão estúpida a qual seu filho imbecil Jeon Jungkook envolveu a minha filha Soyoon. O passado, e... — mais uma vez a mulher soltou mais uma dose de sorriso falso. — Nosso querido Park Kisung.




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