História Seth e Eve - A decisão certa

EVE

Eu fiz besteira tentando vir falar com ele. Não deveria ter feito isso sem que alguém estivesse comigo, porque talvez agora eu não estivesse tentando me livrar dos braços fortes do meu ex que estão em volta da minha cintura e pedindo para que eu não vá embora e lhe dê outra chance. E eu não quero dar-lhe essa chance, porque não tenho mai sentimentos por ele e também porque jamais vou aceitar ser traída.

Devon pode até dizer que me ama, mas para mim seu jeito de me amar, não é da maneira correta.

Desde que terminamos, ele sempre tem alguma reação quando nos encontramos. Sempre pede a mesma coisa e eu sempre lhe dou a mesma resposta. E tudo sempre termina de uma maneira nada legal. O pior de tudo, que é por minha culpa. Toda vez sou alertada de não fazer, mas acabo fazendo. Vou até ele como um ímã.

Olho em volta, só que ninguém vem até aqui. Percebi no momento em que vi ele conversando com o outro rapaz. E mesmo assim o segui até aqui em cima.

- Devon levanta. Não faz isso. – seguro em seus ombros e o afasto um pouco – Por favor, para com isso? – peço.

Finalmente ele assente e levanta.

Ele deveria sentir vergonha por se humilhar para alguém desse jeito. Nem eu, e nem ninguém merece algo desse tipo.

- Por quê? – ele pergunta e fico confusa.

- Porque o quê?

Seus olhos estuda-me desconfiados.

- Porque não quer me dar outra chance?

Suspiro.

Eu disse tudo isso e ainda assim ele não entende? Ele tem mesmo que perguntar?

Não quero respondê-lo. Não quero mais brigas. Foi uma péssima idéia vir aqui e achar que ele poderia entender que tudo o que ele vem fazendo está afetando o meu dia-a-dia, e principalmente as minhas amizades.

Ninguém quer um ex-namorado psicótico atrás de você, e isso afasta as pessoas ao seu redor. Elas não querem estar perto de alguém que tem um ex maluco que não entende que as coisas tem que seguirem o seu rumo.

Quando comecei a namorar o Devon, me senti tão amada. Eu achava linda a forma que ele costumava demonstrar seus sentimentos, mas então começaram a surgir os ciúmes sem motivos, as brigas bobas só porque um cara estava me olhando. Demorei em aceitar que aquilo era obsessão e não amor de verdade, e quando finalmente resolvi aceitar, meus sentimentos por ele foram diminuindo cada vez mais. Mas não foi o suficiente para diminuir a dor de ter sido traída. Aquilo me arrasou.

É por isso que não quero voltar. Nosso relacionamento não é, e nunca foi saudável.

- Não tem que ter motivo. – digo para ele – Você tem que apenas aceitar que já não dá mais.

Ele ri sem humor.

- Como? Me diga? Como?

- Se tratando. – falo e sua expressão muda.

Droga! Ele não entendeu.

- O que eu quis dizer, é que você precisa procurar ajuda para lidar com tudo isso. Precisa conversar com alguém. – ele balança a cabeça - Você vai ver que isso vai te dar a força que precisa, e tudo vai voltar aos eixos. Talvez não consiga tudo de volta, mas vai te ajudar a superar e...

Me interrompe segurando mais uma vez meu rosto.

- Você ainda não entendeu  Eve? – pergunta com os olhos fixos nos meus – Meu porto seguro é você. Nada mais importa, só você pode me ajudar.

Solto o ar cansada.

- Não Devon, eu não sou. – digo – Você acha que sou, mas isso é porque não procurou a ajuda necessária.

Ele me solta se afastando.

- Que merda. Porque você não pode me entender? – segura os dois lados da própria cabeça frustrado comigo – Se você voltasse para mim, entenderia que as coisas agora serão diferentes. Que posso ser um cara melhor...

- Até quando? – pergunto sem paciência – Até quando duraria essa sua mudança? Até uma olhada torta de um cara para mim? Um vestido muito curto? Meu melhor amigo na minha casa? Ou porque Molly é bissexual? Diga?

Ele fecha os olhos e vira de costas para mim.

Devon sabe a resposta para as minhas perguntas. Ele sabe que nunca poderá cumprir com as suas promessas. Sabe que seria apenas questão de tempo até ele explodir de vez. Até sua obsessão tomar total controle de tudo. E eu não pretendo passar de novo por tudo o que passei.

- Eu preciso ir, Devon. – falo – Por favor, entenda e busque ajuda.

Antes de virar para ir embora, ele volta a falar.

- Ele está fodendo você?

- Não começa Devon...

- Eu te fiz uma pergunta. – diz se virando e me encarando com seus olhos vermelhos – Ele está porra fodendo você?

Balanço a cabeça negativamente, mesmo que aquilo não seja da conta dele.

Sua expressão se suaviza e mais uma vez eu tenho ele caminhando até mim e segurando meu rosto.

- Então para de resistir Eve, e volta pra mim. Seja minha novamente.

Ele encosta seus lábios nos meus levemente, giro o meu rosto para o lado. Então finalmente os ouço chegar, e não sei se fico aliviada ou preocupada com o que pode acontecer em seguida.

- Solta ela Devon! – grita minha amiga entrando no corredor com Mike e Seth logo atrás dela.

Os olhos de Seth encontram os meus e vejo preocupação neles. Desvio meu olhar dele e volto minha atenção para meu ex que está ainda me encarando estudando minhas reações com o rosto sério.

- Eve... por favor... – ele ignora totalmente todos ali e tenta novamente me beijar, e mais uma vez afasto meu rosto para o lado, não querendo aquilo.

- Devon, não. – falo, e assim que termino alguém empurra meu ex que vai para trás surpreso.

Seth puxa meu corpo e se coloca na minha frente, me protegendo de Devon que agora parece furioso enquanto nos encara.

- Ouviu o que ela disse? – a voz de Seth sai calma, mas posso notar em sua postura que ele está se segurando para não avançar no meu ex. – Ela não quer. E eu sugiro que não faça mais isso...

Devon fica cara a cara com Seth e fala ameaçadoramente:

- Se você não sair da minha frente agora, eu juro que vou quebrar essa sua cara de bom moço.

Meu coração dispara no peito ao ver que os dois estão prestes à entrar em uma briga muito feia. Eu não quero isso. Não quero ninguém se machucando por mim.

Os dois continuam encarando um ao outro enquanto busco por ajuda e chamo por Mike que vem ao meu socorro puxando seu amigo para trás. Devon passa por ele ainda o encarando com raiva.

- Falo com você outra hora Eve. – diz passando por mim sem me encarar.

- Não! Você não vai fazer isso. – Seth grita soltando-se dos braços de seu amigo. – Você não vai mais falar com ela.

Devon vira tão rápido que mal consigo registrar o que vem a seguir. De repente ele está em cima de Seth que também não perde tempo e o acerta com um soco. A distribuição de socos continua, e agora estou gritando para dois pararem.

Molly me puxa para trás na intenção de manter-me longe deles e Mike tenta segurar o ombro de seu amigo, mas acaba piorando tudo, pois causa disso Seth leva um soco na boca.

Fico em pânico quando começo a ver sangue escorrer de sua boca. Faço menção de me aproximar e minha amiga me segura no lugar.

- Você está maluca? – fala – QUER SE MACHUCAR? – grita comigo.

Ela tem razão, mas não consigo ficar aqui parada enquanto os dois se matam.

- Precisamos pedir ajudar. – digo me movendo em direção a escada – Isso tem que parar.

Então alguém aparece no corredor. Jordan me encara e depois olha para trás de mim. Seu rosto fica surpreso, e então corre até seu amigo.

Ele puxa Devon gritando ordem para que o mesmo se acalmasse. Enquanto isso Mike segura Seth que ainda tenta se soltar dele.

- Que merda está acontecendo aqui? – pergunta Jordan olhando para mim. – Eu vi essa sua amiga correndo aqui para cima com os dois logo depois de você subir com Devon, e decidi ver o que estava acontecendo. Então encontro isso. – diz – Você foi atrás dele e o encontro brigando. O que pretende com tudo isso garota?

Fico totalmente surpresa com sua acusação. Ele está falando como se eu tivesse armado toda essa briga. O que não é verdade.

- O que? – falo.

Molly vem em minha defesa.

- Seu amigo aí estava tentando beijar ela à força e Seth pediu que ele a deixasse. E depois tudo saiu do controle.

Devon se solta do abraço de Jordan, e só então noto o sangue em escorrendo por seu rosto. Tem um corte logo abaixo da sua sobrancelha, e o local está começando a inchar. Ele olha para mim e aponta um dedo.

- Se ele não está fodendo você, então porque está tão determinado em te manter longe de mim ao ponto de tentar me impor ordens? – vira em direção de seu oponente – A merda se você pensa que vou me afastar dela. Eve é minha e você não tem nada a ver com isso.

Jordan balança a cabeça e puxa seu braço.

- Já conversamos sobre isso cara. Vamos, deixe-a em paz.

O rosto de Devon faz uma careta ao encarar seu amigo.

Meus olhos enchem de lágrimas, porque estou cansada disso. Eu não sou um objeto, e ele não tem o direito de achar que é meu dono. Eu não o quero mais me procurando e odeio que tudo isso chegou á esse ponto, e é por isso que acabo de tomar uma decisão que talvez o deixe com raiva de mim, mas será necessário.

Caminho devagar até ele, que parece esperançoso ao ver que estou andando em sua direção.

- Eve...

Levanto uma mão deixando que uma lágrima escorra por meu rosto.

- Eu não queria as coisas chegasse á esse ponto, e me arrependo de não ter feito nada logo de início. – digo com a voz tremendo. – Mas infelizmente Devon, vou ter que te pedir que fique longe de mim, pois eu vou registrar queixa contra você. Eu não vou mais aceitar isso tudo. Você precisa procurar ajuda. – engulo em seco – A gente já não tem mais nada e eu não amo mais você. Agora... fica longe de mim.

Viro as costas para ele e vou embora escutando a voz da minha amiga gritar atrás de mim e mais passos a seguem. Não olho para ver de quem se tratar, eu só desço as escadas chorando querendo ficar o mais longe possível de cada um ali.

Quando estou fora da casa e depois de todos me verem chorando, corro pelo estacionamento me sentindo sufocada.

Deus eu quero sumir!

Meu corpo dobra para frente, e apoio minhas mãos no joelho tentando respirar. Gemo agoniada, pois meu peito arde com a falta de oxigênio. Começo a tossir desesperada.

Alguém põe a mão no meu ombro e me ajuda a manter equilíbrio.

- Eve respira – a voz de Seth é calma – Devagar. Puxe o ar devagar. Se concentre na minha voz e inspire e expire. Bem devagar. Você consegue.

Faço que sim com a cabeça e tento fazer o que me pede.

Aos poucos vou conseguindo controlar a minha respiração. Quando ele vê que finalmente consegui me abraça, então choro de novo.