História Seth e Eve - Um domingo em casa

Acordo no dia seguinte toda disposta, tomo um banho bem quentinho, visto uma roupa confortável e desço para fazer o nosso café da manhã. Aos domingos papai costuma acordar um pouco tarde e, é por isso que vou aproveitar esse tempo para arrumar a casa.

Frito ovos com bacon, faço panquecas e preparo um bom café que sei que papai adora.  

Estou terminando de colocar tudo sobre a mesa, quando papai entra na cozinha ainda com sua roupa de dormir.

- Bom dia, querida! – e me dá um beijo na testa antes de puxar uma cadeira e se sentar – Acordou cedo. – diz enquanto coloca café em sua xícara – E obrigada por fazer o café da manhã. Deu para sentir lá de cima o cheiro do bacon.

Sento em uma cadeira e sorrio para ele.

- Está tudo bem, pai. Isso não é um grande trabalho para mim.

Papai assente tomando um gole do café, depois disso comemos em silêncio como sempre fazemos. Não nos falamos por falta de assunto e sim porque é, assim que tomamos nosso café da manhã de domingo. Gostamos que seja dessa forma.

Quando terminamos, pego nossos pratos e vou lavar, enquanto papai vai para o quarto tomar o seu banho matinal. De acordo com ele, sua pele está implorando por uma ducha desde ontem. Fiz cara de nojo quando disse isso e, ele riu.

Assim que acabo com a louça, pego a vassoura e o aspirador. A casa está precisando de uma limpeza, mais necessariamente de uma organização. Papai não tem feito muito isso.

Durante uma hora e meia fico totalmente ocupada com a casa.

Depois que tenho tudo limpo sigo para frente de casa. Suspiro. Com as mãos na cintura observo o quintal que antes costumava ser sempre limpo, mas que ultimamente tem ficado assim, todo cheio de folhas.

 Encaro a grande arvore que se encontra bem na frente de casa, tenho boas lembranças dela. Eu costumava brincar em baixo dela e me balançar no balanço que papai fez pra mim.

Bom! O balanço já não existe mais, pois a corda arrebentou desde que Liam achou que poderia se sentar nele. Pobre do meu amigo! Passou dias reclamando da dor no bumbum e, eu não perdi a oportunidade de zoá-lo, o que fazia com que ele me deixasse sempre falando sozinha.  Ele não podia me culpar, a idéia de subir no balanço foi dele e, eu avisei que talvez não estivesse tão bom para alguém sentar nele.

Balançando a cabeça com um pequeno sorriso no rosto, começo o trabalho árduo de limpar o quintal. Levo cerca de mais ou menos quarenta minutos para terminar tudo.

Papai aparece na porta quando tudo está terminado e sorri para mim.

- O que seria de mim sem você? – pergunta.

- Eu ia perguntar a mesma coisa. – brinco com um sorriso no rosto.

Ele põe a mão sobre o peito como se tivesse sido magoado e eu balanço a cabeça para sua cena dramática.

- Obrigada, filha. Eu não tenho tido muito tempo para fazer as coisas de casa.

Vou até ele e lhe dou um abraço.

- Isso não é nada pra mim pai. – digo – Sempre que eu puder vir aqui e limpar a sua bagunça, virei.  Não importa o que, sempre virei.

Papai me olha nos olhos e sorri dando um beijo na minha testa.

- Sabe que você se parece muito com sua mãe falando assim? – diz, e eu olho para ele curiosa, pois papai nunca fala da mamãe – Ela sempre dizia que iria cuidar de mim, não importava o que acontecesse, ela iria estar sempre lá quando eu precisasse. – ele sorri tristemente encarando o nada.

Já passava um pouco das nove da noite e eu estava em meu quarto quando o meu celular começou a tocar. Era Liam, ele estava me ligando para contar que Megan o havia convidado para a festa que ela irá dar no próximo sábado e, que ele poderia me levar com algumas condições.

Quando ele terminou de contar eu tive que rir.

Como assim, se eu não tentasse nada contra ela?

Até parece que eu ando por aí fazendo de tudo para prejudicá-la, quando na verdade é totalmente o contrário. Ela é quem me persegue o tempo todo.

Então eu simplesmente disse a ele que fosse só porque muá, ou seja, eu não iria a essa tal festa fantástica da Megan.

- Mas ela convidou você também. – ele disse depois de um tempo calado – Você deveria ir.

Ri enquanto encarava o teto do quarto.

- Passo. – digo – Liam, eu te amo. Mas não me force a ter que ir nessa festa. Eu estou muito bem ficando em casa.

Ouço ele suspirar.

- Seria tão bom se você fosse. – ele diz – Vou me sentir bastante fora de lugar sem você comigo. Sabe? A dupla imbatível!

Reviro os olhos com todo esse seu drama.

- Você sobrevive sem mim. – brinco enquanto ele xinga um palavrão nada legal do outro lado. – Não é a primeira festa que você vai sem mim. Então deixe de drama.

Eu sei que ele só está tentando fazer com que as coisas entre mim e Megan dêem certo, só que está na cara que não é isso o que ela quer. Não vou dar chances para ela me esnobar em sua festa na frente de todos. Apesar de meu amigo acreditar que não é essa a intenção dela. Mas é como dizem: De boas intenções, o inferno está cheio!

- Você tem certeza de que não quer ir? – pergunta uma ultima vez.

- Absoluta! – respondo me virando de bruços na cama.

Nós conversamos por mais alguns minutos e depois desligamos.

Muitos pensariam que deixar seu melhor amigo confraternizar com o seu inimigo não seria certo. Mas o que não seria realmente certo seria tentar impedi-lo de se divertir um pouco e, começar a me comportar como uma garota mimada.

Não! Esse não é o meu estilo.

Eu prefiro que ele vá e seja feliz, do que obrigá-lo a ter que ficar aqui comigo maratonando séries de vampiro. Que é o que eu pretendo fazer.

Ouço duas batidas na porta antes de papai colocar a cabeça para dentro.

Ele sorri para mim e entra.                 

- No que a minha filha está pensando? – pergunta se sentando na cama.

Me arrasto até ele e deito a minha cabeça em seu colo e, como recompensa, recebo de volta um bom e velho cafuné.

Fecho os olhos sorrido.

- Estava pensando em nada realmente importante. – digo – Liam foi convidado para uma festa e eu disse que não iria com ele.

Papai continuou com seus dedos passeando pelo meu couro cabeludo. A sensação era boa.

- E porque você não vai?

Suspiro.

Este não é um assunto que eu quero ter  com papai , então eu apenas digo qualquer coisa que não o deixe preocupado.

- É que a festa vai ser em um final de semana em que estarei trabalhando.

- Ah! – fala.

- Mas eu me ofereci para levá-lo para a casa dele, caso ele precise e não esteja apto para dirigir.

Ele para por um momento e então volta a fazer cafuné.

- E como você vai fazer para chegar nesta festa, caso ele precise?

Ergo-me de seu colo e lhe sorrio meio sem graça.

- Bem... – digo – Eu pensei que você poderia me levar até lá? – saiu mais como uma pergunta e, ele faz uma careta – Mas é só para garantir que eu estarei segura. – completo é claro apelando para o seu lado de pai protetor – Ou o senhor prefere que eu pegue um táxi? Não tem problema eu posso...

Ele se levanta tão depressa que eu chego a me assustar.

- Nem pensar. – diz muito sério – Eu levo você.

Sorrio e pulo nele abraçando-o e dou-lhe um beijo no rosto, feliz por ele aceitar em me ajudar.

- Obrigada pai.

Ainda sério ele assente , mas diz em seguida.

- Não me agradeça ainda, porque quem ficará me devendo será seu amigo. Por fazer a minha garotinha sair de casa tarde da noite para resgatá-lo. – concordo, só para não provocá-lo, não quero também abusar de sua disposição.

Ele sai do meu quarto resmungando algumas coisas sobre Liam se aproveitar de minha bondade e que ele precisava ter uma conversa séria com ele.

Sei que não preciso me preocupar com isso, papai gosta muito de Liam para acusá-lo de oportunista, no máximo irá dar um puxão de orelha no meu amigo.

Como já está tarde, decido ir dormir, porque amanhã eu tenho aula e também tenho que retornar ao meu quarto no dormitório da universidade.

Amanhã será um longo dia.