Pov Chanyeol.
- Você tem certeza disso Ravi? – perguntei em um rosnado enquanto acelerava o carro roubado.
Havia apenas 2 dias que havia saído da mansão de Yifan e estava na estrada. Já sentia falta de Baekhyun se esgueirando pelos cantos tentando chamar minha atenção.
- Sim. – a voz de Ravi soou baixa e controlada – Dongha esta escondido sob o comando de Yoongmin de acordo com meus contatos. – explicou e minhas mãos apertaram o volante com força tentando conter a raiva.
Mais uma vez Yoongmin estava no meu caminho.
Maldito.
- Qual a localização dele? – perguntei e recebi silêncio em resposta – Eu sei que você sabe Ravi, você é um dos que tem acesso a toda informação do governo. – rosnei e ele suspirou audivelmente.
- Yeol, você sabe que o setor 79 e o 49 estão totalmente ligados e que Jaejoong faria tudo até mesmo ir contra o governo para ajudar Kris. – respirei fundo com aquelas palavras.
Eu sabia.
O setor 79 estava sempre lá, cobrindo nossas costas.
- Sim, eu sei. – respondi.
- Eu sei que você vai matar Yoongmin, principalmente pelo que ele fez ao garoto. – ele falou calmamente – Eu confio em você e lhe darei essa informação, mas em troca também quero sua confiança e saber no que foda estamos nos metendo porque a situação ta descontrolada, não sei mais em quem confiar do sistema e porque porra eles estão guardando a sete chaves a localização desse verme e não o prendem de uma vez. – ele confessou e eu respirei fundo.
- É justo. – suspirei – Eu confio em você Ravi, eu lhe darei duas informações e você imediatamente entrará em contato com Yifan e Jaejoong, provavelmente ele irá pedir que você selecione os agentes dos setores que estão afim de se rebelar. – expliquei.
- O que isso quer dizer? – sua voz soou hesitante como se já estivesse deduzindo tudo.
- Encontramos o diário do pai de Minseok, o sistema foi praticamente corrompido. – falei e ouvi ele grunhir um palavrão irritado.
- Quais as informações que eu preciso saber? – perguntou calmamente.
- Yifan matou Zhaolin. – soltei de uma vez.
- Puta que pariu. – ele berrou e respirou pesado em seguida – E a segunda? – perguntou tentando se recompor.
- Vamos prender todos os chefes da máfia asiática. – respondi e um silêncio absoluto se fez presente.
- Yoongmin está na cidade Daejeon, na zona leste em uma mansão no nome de um laranja que na verdade é de um dos chefes do norte do Japão que faz o tráfico de humanos, mandarei a localização para seu e-mail. – respondeu e eu praguejei.
- Cuide das suas costas e não confie em ninguém. – avisei.
- Faça o mesmo, uma chamada e irei te cobrir. – a ligação foi cortada.
Para chegar a Dongha, eu teria que passar por Yoongmin.
E isso não era nada mal.
Aquele maldito iria pagar por tudo que fez a Baekhyun.
Eu mataria as duas últimas peças desse jogo doentio para enfim ter um pouco de paz. Dongha iria sofrer até implorar para morrer, queria olhar nos olhos daquele maldito que um dia chamei de amigo e mesmo assim enviou minha esposa grávida e meu filho para morte sem pensar duas vezes, queria ver a vida esvaindo de seus olhos e finalmente todos aqueles que machucaram minha família seriam somente uma sombra do passado e de quebra ainda mataria Yoongmin que sem pensar duas vezes enviou seu único filho para sofrer.
Eles mereciam somente a dor.
Eu prometi que iria proteger Baekhyun.
Hoonin e Yumi nunca mais iriam machucar o pequeno, mas eu precisava garantir isso de Yoongmin também, eu o considerava mais uma ameaça que qualquer outra pessoa, apostava que ele usaria Baek em qualquer oportunidade que tivesse para sair ileso, eu precisava agir antes de qualquer atitude que ele pudesse tomar. Ele era esperto e provavelmente estaria planejando algo para sair do país, mas algo havia me preocupado mais que qualquer outra coisa.
O governo estava protegendo Yoongmin.
Isso era um grande obstáculo em meu caminho. Certamente iria precisar ir com calma e planejar detalhadamente cada passo e não poderia recorrer a nenhum dos rapazes, eu não queria que Baekhyun soubesse até que eu matasse seu pai, eu odiaria saber que ele carregaria essa culpa. Mesmo depois de Yoongmin e Yumi fizeram, Baekhyun ainda tinha a influência do sangue em suas veias e isso era o que diferenciava de nós, mesmo com dor, ele ainda era um ser humano que se preocupava em tirar uma vida, principalmente com a dos seus pais.
Eu jamais o julgaria por isso.
Em meu intimo sabia que ele não me odiaria por fazer isso, mas admitia a mim mesmo que não queria de forma alguma o machucar. Porra, era a última coisa que eu queria, principalmente quando pensava em seus olhos brilhantes me encarando com tanta devoção.
E mais uma vez ao desejar estar ao seu lado me deu a sensação de que estava traindo Sandara. Eu odiava sentir aquilo. Além de não a proteger como deveria ainda estava desejando ter uma vida ao lado de Baekhyun enquanto ela estava enterrada a sete palmos em baixo da terra por minha culpa.
Soquei o volante com força e respirei pesado.
Eu não poderia ceder.
Eu não merecia ser feliz.
Acelerei o carro seguindo a rota a caminho de Daejeon, se fizesse uma pausa para meia hora de descanso chegaria lá em 6 horas.
Mais do que nunca eu precisava de foco.
Pisei no acelerador e balancei a cabeça afastando todos os pensamentos.
Minha vingança ainda não havia terminado.
Meus olhos ardiam de cansaço e soltei um gemido dolorido ao me jogar na cama do pequeno hotel de Daejeon. Meu corpo ainda não estava completamente recuperado da luta com os homens de Zhaolin, mas eu me mantinha indiferente a dor pois havia sido treinado para isso. Porém me sentia esgotado.
Fechei os olhos querendo me entregar a exaustão.
Mas antes que o fizesse puxei meu comunicador e apertei o botão ainda de olhos fechados.
- Chanyeol. – quase sorri com o tom preocupado de Yifan.
Não é que o bastardo realmente tem um coração?
- Já estou em Daejeon. – avisei calmamente.
- Sim, Ravi e Jaejoong entraram em contato comigo. – seu costumeiro tom frio e indiferente veio a tona – Não gosto disso. – decretou e eu bufei.
Claro que não.
Yifan tinha esse complexo de nos querer manter protegidos.
- Eu dou conta. – fui direto e ele ficou em silêncio.
- Você quer ajuda? – sorri quando ele finalmente resolveu se pronunciar.
- Estou exausto Yifan, cheguei agora e me instalei em um hotel perto da mansão. – expliquei calmo lutando para não ceder ao sono – Não estou em condições de fazer nada no momento, irei dormir agora. – murmurei sonolento – Amanhã irei fazer reconhecimento do local durante o dia e de noite atacarei, vou seguir o padrão de toda missão que faço, não vou deixar o emocional me atrapalhar, eu prometo. – fui suave porque sabia o quanto eles se preocupavam com isso – Eu realmente não preciso de ajuda. – garanti.
- Faça dessa uma missão como outra qualquer. – era um ordem.
- Sim. – prometi – Se eu não der notícias até o amanhecer seguinte ao meu ataque, você manda o suporte. – cedi.
- Eu farei. – ele pareceu satisfeito com minhas palavras e eu bufei querendo revirar os olhos, mas estava preguiçoso demais para isso – Como irá atacar sozinho faça bombas com gás para coloca-los para dormir, armas com tranquilizantes, use colete, atire primeiro e pergunte depois. – soltei um riso baixo.
Por um momento me perguntei se Baekhyun estava ouvindo nossa conversa e estaria preocupado por eu estar me colocando em risco dessa forma.
Quis perguntar se ele estava bem, mas me calei.
- Você anda tão sentimental Yifan. – falei divertido – Esta parecendo uma mãe coruja protegendo seus filhotes. – debochei e tentei não rir ao ouvir seu grunhido – Eu sei que a situação não é a mesma, que existe muita gente atrás de nós e um preço alto por nossas cabeças, mas eu sei o que faço. – ditei cansado.
- Eu sei, eu vou te deixar descansar. – ele murmurou mas não desligou o comunicador.
Franzi o cenho.
De repente o entendimento tomou conta de mim.
Ele esperava que eu perguntasse de Baekhyun.
Eu realmente queria perguntar, mas não achava certo. Essa atitude só mostraria o quanto me importo e poderia dar falsas esperanças ao garoto e isso era a última coisa que eu queria.
Era frustrante.
- Mais alguma coisa, Yifan? – perguntei indiferente e ele bufou.
- Não se faça de cínico Chanyeol, não combina com você. – ele rosnou me deixando irritado – Baekhyun não sai do quarto desde que você foi, Yixing e Sehun estão o forçando a se alimentar. – senti meu coração pesar com aquelas palavras – Você é tão corajoso para enfrentar uma mansão cheia de assassinos, mas não tem coragem de perguntar sobre o homem que você se apaixonou. – o escarnio provocativo em sua voz me fez abrir os olhos com irritação.
Desliguei o comunicador sem falar nada e o joguei em cima da cama bruscamente.
Respirei fundo tentando me acalmar.
Não estava com raiva pelas palavras de Yifan e sim por saber que tinha colocado Baekhyun nessa situação. Ele havia se apaixonado e se agarrado a mim quando seu mundo foi virado do avesso. Mesmo com todos os motivos para desistir e sentir ódio do mundo, ele se manteve forte e lutou contra todos seus fantasmas.
E agora esta sofrendo, por mim.
E por mais assustador que fosse admitir, Yifan estava certo.
Eu havia me apaixonado por Byun Baekhyun.
Por um momento eu desejei ceder, eu quis ouvir sua voz e dizer que voltaria para ele. Quis um futuro ao seu lado. Deitar de noite e sentir seu corpo contra o meu.
Me amaldiçoei por finalmente ser verdadeiro com meus sentimentos.
Pensei em Sandara e no quanto aquele sentimento de peso e culpa sumiram, e havia apenas uma saudade nostálgica de tudo que vivemos e que finalmente eu aceitava que fazia parte do passado e vi quanto tempo passei me afundando e remoendo desejando que tudo voltasse a ser como era antes. Finalmente havia entendido que não voltaria.
Lutei contra as lágrimas.
Me sentia um maldito traidor e aquela sensação só piorou ao assumir o quanto desejava estar ao lado de Baekhyun. Minha família estava morta e era nojenta a forma que eu queria me agarrar a felicidade.
Me envergonhava.
Era como se eu pudesse substitui-los e eu jamais o poderia fazer.
Eu me sentia tão confuso com todos esses sentimentos me sufocando. Queria gritar. Amaldiçoei o dia que Baekhyun entrou em minha vida me fazendo desejar algo diferente do que estava fadado, o sofrimento. Seu sorriso era como uma luz no fim do túnel me mostrando que tudo ficaria bem.
E porra, eu queria que ficasse.
Havia uma guerra em minha mente, um lado queria me lembrar que eu deveria sofrer por não ter sido capaz de proteger minha família e o outro me dizia que eu poderia sim ser feliz, que já havia passado o tempo de me culpar, que eu deveria voltar a viver. E eu não sabia qual das duas escutar.
Estava ficando louco.
Loucura essa que começou no dia que coloquei os olhos naquela criatura doce de sorriso meigo, que derrubou minhas barreiras e se infiltrou em minha alma sem permissão, que me fez querer protege-lo e segura-lo em meus braços, que me fez ama-lo.
E por mais que eu lutasse contra eu sentia que era uma batalha perdida. O desejo de ceder era tão forte que eu sentia que era apenas questão de tempo para cair naquele poço sem fim.
Deixei a exaustão me levar.
E estranhamente me peguei desejando encontrar Baekhyun em meus sonhos.
Estava cansado de lutar.
Praguejei ao ver que havia dormido por 12 horas.
O relógio marcava 11 horas da manhã e eu precisava me apressar para fazer o reconhecimento da área.
Me levantei e rapidamente fiz minha higiene matinal e abri a mochila tirando algumas barras de cereal, água e uma arma.
Me sentia renovado e confiante.
Sai do hotel com óculos escuro e um guia turístico para disfarce, teria de parecer o mais deslocado possível. Caminhei pelas ruas lotadas fingindo ser um turista perdido, perguntei sobre parques e florestas onde poderia fazer trilhas para pessoas aleatórias nas ruas, pensando em rotas de fuga e principalmente se Yoongmin tem homens observando a área, precisava passar despercebido.
A mansão não ficava longe dali apenas duas quadras.
Não queria pensar em Baekhyun naquele momento, mas não pude deixar de pensar em como ele se sentiria sabendo que eu estaria ali para matar seu pai, e mesmo que ele me pedisse para não o fazer, eu faria.
Yoongmin não merecia viver.
Não sei porque estava me preocupando com aquilo naquele momento.
Praguejei baixo balançando a cabeça querendo o tirar de meus pensamentos.
Em passos lentos fui sorrateiro, uma boa imagem era tudo. Isso que me fazia ser bom no meu serviço, eu era habilidoso publicamente, era expressivo e comunicativo, ninguém jamais imaginaria que eu era um dos assassinos mais letais do governo.
Eu era uma peça importante daquela equipe e tinha ciência disso.
Por cima do panfleto fitei a mansão. Sorri em escárnio ao ver dois homens fazendo a segurança logo na frente da enorme casa. De acordo com o mapa da cidade, havia um pequeno parque na parte de trás da mansão, isso daria uma vantagem de visualizar o parâmetro pela parte de trás. Caminhei lentamente estudando a parte da frente, na parte de cima havia uma janela aberta, rapidamente vi um segurança passar com um comunicador preso a orelha. Enquanto caminhava contei a quantidade de janelas visíveis na parte da frente. 6 janelas na parte superior, e arrisco 4 na parte de inferior. Dei a volta na quadra até chegar ao parque tendo uma visibilidade perfeita da parte de trás. Havia um grande muro rodeando a mansão, eu sabia que aquela era a melhor forma de entrar. Olhei ao redor vendo alguns casais no parque, algumas pessoas correndo e outras apenas sentadas aproveitando o dia ensolarado. Só tinha visibilidade de 8 janelas na área superior, provavelmente pelo espaço entre a mansão e o muro, haveriam pelo menos de 3 a 4 homens fazendo a segurança dali, esse era o padrão, mas eu sabia que Yoongmin esta desesperado, então eu contaria 5 homens.
Isso era um problema.
Um grande problema.
O muro era alto e pela largura da mansão os seguranças estariam muito afastados uns dos outros, se eu jogasse uma bomba com gás sonífero, daria tempo de algum deles avisar os outros, sem contar que eu não poderia subir no muro pois os seguranças que provavelmente estão rondando dentro da casa me veriam ali.
Observei atento cada detalhe em volta da mansão buscando uma saída.
Deveria pensar como Yifan naquele momento, no depois.
Dessa vez eu não o tenho para criar um plano e eu somente executar o serviço como o fazia normalmente, era tudo por minha conta.
Havia um outro problema, as janelas superiores tinham melhor visibilidade para a parte dos fundos, eu apagaria os seguranças, mas se outro passasse na ronda e percebesse que eles haviam desaparecido acionaria o alarme.
Isso não era nada bom.
A não ser que...
Um sorriso de deboche escapou pelos meus lábios.
A ideia perfeita me veio à mente.
Olhei a maior arvore mais perto da mansão e sabia que eu se eu seguisse aquele caminho, seria perfeito e não haveria erros.
Sem pensar duas vezes, dei as costas para mansão e rumei em direção ao hotel.
Um sorriso psicótico escapou dos meus lábios.
Yoongmin não perdia por esperar.
Cuidadosamente apliquei os tranquilizantes nos cartuchos das armas. Havia 5 bombas feitas em cima da mesa, era apenas tirar a capsula e joga-la o contato com algo sólido a faria explodir. De forma organizada separei as bombas, facas, armas carregadas com tranquilizantes e com cartuchos de balas.
Havia se passado 5 horas me preparando.
Quando meu equipamento de ataque estava todo organizado respirei fundo ligando o comunicado e acionando o botão de chamada a Yifan.
- Irei atacar a meia noite. – avisei antes que ele pudesse se pronunciar.
- Verificou tudo Chanyeol? Quando eu digo tudo, é realmente tudo. – suas palavras duras me fizeram revirar os olhos.
- Sim, Yifan. – falei com confiança e arrogância – Não terei problemas em executar o plano. – afirmei convicto e ele suspirou.
- Se você não me enviar notícias até o amanhecer, Luhan, Sehun e Joonmyun irão para você. – avisou – Fale com Baekhyun. – pediu e antes que eu pudesse questionar a comunicação fora cortada.
Filho da puta.
Olhei para o comunicador ponderando se aquilo seria uma boa ideia.
Me joguei na cama e olhei para o teto como se a resposta do que porra eu deveria fazer estivesse ali.
Apertei o botão do comunicador para chamar diretamente Baekhyun.
Levou um momento até ele ficar verde.
Baekhyun não proferiu uma palavra.
- Eu vou matar seu pai. – falei e mordi a língua para não me xingar pela forma maravilhosa que iniciei essa conversa.
Sabia que se Kyungsoo e Minseok estivessem ouvindo essa conversa, eu ouviria piadas sobre isso até o fim da minha vida. Baekhyun continuou em silêncio o que me deixou tentado a desligar aquela porra na medida que o arrependimento por ter o chamado se apoderou de mim.
- Me desculpe se isso vai te machucar. – arrisquei novamente me sentindo estúpido e vacilei completamente ao ouvir o suspiro de Baekhyun.
- Isso não é sobre meu pai, Chanyeol. – quis amaldiçoar a porra do mundo quando meu corpo arrepiou apenas ouvindo sua voz melodiosa – Isso se trata do quanto você se importa. – sua voz estava calma e isso apenas fez eu me sentir estupido novamente – Yeol, você esta preocupado se eu vou te odiar por matar o homem que me maltratou a vida inteira e pagou para me estuprarem apenas porque ele tem o mesmo sangue que eu, você diz para si mesmo que Yoongmin é a ponte para chegar até Dongha, mas a verdade é que você quer me manter seguro e esta fazendo isso em absoluto, por mim. – ele estava certo mas eu não estava pronto para admitir isso em voz alta – Eu te amo Chanyeol. – prendi a respiração e fechei os olhos – Channie, existem coisas que estão fora de nosso controle, os acontecimentos do destino estão fadados a acontecer, havia chegado a hora de Sandara assim como de Woohyun, infelizmente essas coisas acontecem, pare de se punir por algo que não temos controle, você pode sim ser feliz e construir uma nova família e isso não te fará os amar menos, vamos inverter a situação e seja sincero. – franzi o cenho com suas palavras – Se fosse ao contrário, se fosse Sandara e Woohyun em seu lugar, o que você desejaria para eles? – aquela pergunta me pegou totalmente desprevenido.
Eu jamais desejaria que Sandara ou meu pequeno se culpasse por algo que aconteceria a mim, eu diria as mesmas coisas que Baekhyun falou, existem coisas fadadas a acontecer e não temos controles sobre o rumo das coisas, eu iria querer que eles fossem felizes.
- Você iria querer totalmente o contrário do que vive certo? – eu não conseguia responder e seu tom suave fez com que eu me encolhesse levemente – Você sabe que não teve culpa, eu sei que dói, que a saudade é desesperadora, mas tudo esta fora do limite do seu poder em mudar as coisas, se fosse ao contrário sei que jamais iria querer Woohyun ou Sandara sofrendo por ti, porque no fundo você sabe que essas coisas acontecem e por mais que isso fodidamente doloroso e desesperador, a vida é assim. – fechei os olhos respirando fundo.
Eu sabia.
Mas era tão difícil aceitar.
- Baekhyun. – sussurrei com a voz carregada de confusão.
Ele estava tão certo que doía.
- Eu te amo Yeol, faça o que tem que fazer e volte para mim. – pediu e senti meu coração bater descompassado no peito.
Aquilo não deveria ter esse efeito sobre mim.
Sem conseguir proferir uma palavra desliguei o comunicador.
Covarde.
Eu era um maldito covarde.
"Eu te amo, faça o que tem que fazer e volte para mim"
As palavras de Baekhyun ainda ecoavam em minha cabeça enquanto caminhava lentamente pelas ruas desertas de Daejeon. Já havia passado um pouco da meia noite.
Eu precisava focar.
Respirei fundo.
Havia dado a volta na quadra pois certamente ainda haveria seguranças na parte da frente. Repassava automaticamente o plano em minha mente. Precisava tomar cuidado ao subir na árvore pois minhas roupas estavam carregadas com as armas e as bombas.
O plano era simples.
Um tanto suicida, porém simples.
Entrar e disparar o alarme contra invasores.
Que tipo de pessoa aciona o alarme que vai revelar sua presença? Eu.
Me esgueirei na árvore perto da mansão e a escalei até ficar firme sentado em um galho. Observei a frequência que o segurança de ronda aparecia na janela. Pacientemente observei por uma hora fazendo a contagem e ele havia aparecido 4 vezes de 15 em 15 minutos. Era tempo suficiente para me preparar. Como esperado havia 5 seguranças na parte dos fundos, de cima da árvore tinha visão privilegiada de todos eles.
Assim que o segurança de ronda passou e saiu do meu campo de visão eu sabia que era hora de agir.
Ergui a arma com tranquilizantes e observei atento, teria de ser 5 tiros certeiros. O melhor nisso era Jongdae não poderia negar, mas não poderia haver erros.
Ou estaria completamente fodido.
Olhei fixamente para meus alvos e disparei 5 vezes seguidas e sorri ao ver que não houvesse reação e os seguranças caíram em sequência completamente desacordado.
Agora eu precisava agir mais rápido ainda.
Saltei da árvore em direção ao muro, senti as pontas dos meus dedos escorrerem sangue com o impacto e a força para me segurar. Agilmente escalei e rodei meu corpo sem me preocupar com a altura, pulei direto rolando na grama.
Senti a bomba pressionar contra meu corpo e paralisei por um momento. Verifiquei rapidamente se a capsula não havia escapado e para meu alivio ainda estava intacta. Me aproximei rapidamente dos homens e arrastei um por um até o canto até a parede sabendo que o segurança da janela não teria visão dos corpos ali.
A porta dos fundos com provável acesso a cozinha estava a minha direita.
Tateei a roupa de um dos seguranças desacordado em busca do comunicador e soltei um palavrão baixo ao ver que era um comunicador padrão governo. Me encheu de ódio a certeza que o governo estava protegendo esse maldito.
Disparei o alarme e puxei o comunicador.
- Suspeito avistado na parte da frente da casa, todos os seguranças avancem, alerta vermelho. – falei apressado no comunicador e sorri sabendo que provavelmente o segurança da janela apareceria nesse momento para verificar a parte dos fundos e ver se os seguranças haviam seguido a ordem dada antes de rumar a parte da frente da mansão.
Esperei cerca de um minuto e voltei a ficar de pé.
Agora seria tudo ou nada.
Parei na frente da porta e a chutei bruscamente me deparando com três mulheres vestindo trajes domésticos, encolhidas com os olhos arregalados no canto. Respirei fundo e sabendo que elas não tinham culpa apenas atirei três vezes com dardos tranquilizantes e as deixei ali mesmo. Me esgueirei pelo corredor e usando a lógica, Yoongmin estaria na parte superior da mansão no último quarto, pois qualquer invasão o certo seria todos os seguranças não deixarem o invasor se aproximar do protegido.
Patético.
Ninguém iria me parar.
Ouvi vários passos vindo em minha direção, puxei rapidamente e me encostei contra a parede e puxei uma mascara contra meu rosto, foi o tempo de puxar a capsula e jogar a bomba e o barulho da explosão ecoou pela casa à medida que a fumaça invadia o corredor.
Virei vendo seis homens jogados no chão completamente desacordados.
Não havia tempo, então corri, mas na hora que virei no outro corredor me bati com dois seguranças. Por puro reflexo puxei uma faca girando fazendo um rasgo certeiro na garganta do homem pego de surpresa que caiu levando a mão no pescoço. Foi o tempo do outro puxar a arma e eu erguer o pé chutando seu braço fazendo a arma voar de sua mão.
Saquei a arma e atirei na testa do segurança.
Precisava chegar o mais rápido possível no andar de cima.
Dei as costas e continuei correndo.
Assim que cheguei à beira da escada uma série tiros foram disparados em minha direção. Grunhi ao sentir meu braço ser atingido à medida que me jogava nos degraus. Puxei duas bombas e desprendi da capsula e joguei me rastejando para não ser atingido. Os tiros cessaram. Virei o rosto apenas para ver cinco homens caídos ao chão.
Me ergui rasgando um pedaço do pano que havia separado justamente para caso isso acontecesse e à medida que subia as escadas, fiz um torniquete impedindo o sangue de jorrar, movimentei o braço sentindo a bala alojada no osso e fechei os olhos por um momento tentando controlar o grito de dor.
Ignorei o latejar e segui rumo ao extenso corredor.
Estava vazio.
Sorri em escarnio.
Provavelmente todos os seguranças estavam na parte da frente.
Haviam apenas mais três bombas.
De forma inteligente coloquei uma em cada porta e tirei a capsula vagarosamente para elas não explodirem.
Yoongmin estava tão perto, mas eu precisava ser lógico nesse momento. Fui até a penúltima porta e a abri lentamente me posicionando atrás do batente para quando os seguranças passassem pelo corredor, não pudessem me ver.
De acordo com meus cálculos, os seguranças viriam para esse andar em cerca de dois minutos. Meu coração pulsou com a adrenalina. Sabia que ainda teria outra luta para enfrentar. Certamente haveriam pelo menos 5 homens no último quarto fazendo a proteção de Yoongmin, altamente armados e esperando o momento que eu abrisse a porta para atirarem.
Como esperado o penúltimo quarto estava vazio.
Olhei para a janela aberta e uma ideia insana tomou conta de minha mente.
Mas talvez ser louco seja a melhor saída.
Prendi a respiração quando ouvi os passos dobrarem o corredor.
1, 2, 3.
Me virei colocando o corpo visível e apontei a arma para o chão no canto da porta e atirei na bomba. Em seguida atirei na segunda e depois na terceira. Três explosões foram ouvidas enquanto a fumaça com o gás tomava conta do corredor.
Me joguei no chão dentro do quarto vazio.
Yoongmin estaria me esperando entrar pela porta da frente, mas eu iria pega-lo de surpresa. Saquei uma das armas carregadas de tranquilizante e me pendurei na janela.
A distância de uma sacada para outra era grande.
Pular dali era loucura.
Mas eu iria arriscar.
Subi no parapeito da sacada e respirei fundo.
Era tudo ou nada.
Eu nem ao menos conseguia sentir mais dor no braço devido a adrenalina. Pular, cair rolando e atirar. Esse era o plano.
Não morrer, isso também era importante.
Aquilo era insanidade até para mim.
- Foda-se. – murmurei e flexionei minhas pernas para dar impulso e saltei. Pisei com o pé no parapeito da varanda do quarto de Yoongmin e joguei meu corpo para frente caindo no chão e rolei erguendo a arma atirando nos homens que entravam no meu campo de visão.
Atirei seis vezes e só parei de rolar quando meu corpo bateu bruscamente na parede e eu consegui derrubar todos do quarto sem ser atingido.
Um sorriso psicótico cresceu em meus lábios ao ver o corpo de Yoongmin estirado no chão com um dardo tranquilizante preso em seu pescoço.
O efeito duraria cerca de 15 minutos.
Eu não tinha tempo a perder.
Saquei uma arma e matei os cinco seguranças com tiros na cabeça. Fui até a grande cômoda e a empurrei na porta para caso ainda houvesse algum segurança vivo não atrapalhasse meu interrogatório.
Puxei o corpo de Yoongmin e o coloquei sentado em uma poltrona que estava ao lado da enorme cama e desenrolei a corda escondida dentro de um bolso falso da minha jaqueta.
O amarrei com firmeza.
Caminhei pelo quarto e comecei a retirar todas minhas armas e facas da roupa, as deixando em cima da cama com mil ideias de como usar naquele verme.
Olhei seu rosto tombado para baixo e sorri desdenhoso.
Agora era só espera-lo acordar.
Quando Yoongmin ergueu o rosto abrindo os olhos vagarosamente não pude deixar de notar a semelhança entre ele e Baekhyun.
Seus lábios se torceram desgostosos ao ver me ver ali em sua frente.
- Park Chanyeol. – seu tom amargo me fez sorrir – Imaginei que você viria atrás de mim. – seu tom solene fez com que eu semicerrasse os olhos o encarando atentamente – Mas responda minha curiosidade, esta aqui por vingança, Dongha ou Baekhyun? – seus olhos era calculistas e frios.
Eu sabia que ele queria tempo.
Eu não era tolo, sabia como o governo trabalhava e estava tudo planejado. Em meia hora provavelmente a casa estaria cercada de agentes.
- Yoongmin, você sabe qual é a minha especialidade no setor 49? – perguntei e ele arqueou a sobrancelha, mas negou.
- Interrogatório. – sorri calmo pegando a maior faca que tinha no estoque recebendo uma careta desgostosa.
- Vai responder minha pergunta? – me aproximei lentamente de seu corpo e assenti.
- Por Baekhyun, mas a vingança e a localização de Dongha irão vir com o pacote. – seus lábios se torceram em escárnio.
- Se eu vou morrer, por que lhe diria alguma coisa? – seu tom debochado me fez gargalhar alto.
- Quem disse que você vai morrer? – perguntei fingindo confusão – Meus planos para você são outros. – apontei e puxei sua mão amarrada e lentamente comecei a cortar seus dedos recebendo urros de dor em resposta.
Segurei um dos dedos arrancados e olhei atentamente.
- Seus dedos são pequenos. – murmurei antes de joga-lo para trás recebendo um choramingo de dor.
- O que você vai fazer? – ele perguntou parecendo pela primeira vez temeroso com o que eu ia fazer.
Dei de ombros enquanto enrolava um pano em sua mão para conter o sangue.
Ele não podia desmaiar.
- Você realmente achou que eu iria te matar? – perguntei curioso e pela sua expressão tive a certeza que ele realmente achava isso – Yoongmin, você pagou um homem para estuprar seu filho, isso não merece a morte. – fui sincero e ele arqueou a sobrancelha me encarando atento – A morte é pouco, você tem que sofrer. – sorri largamente – Por isso, eu vou te vender. – expliquei e ele me encarou espantado.
- Me vender? – seus olhos se tornaram puro horror.
- Sim, arranquei seus dedos e vou arrancar seus pés. – falei calmamente – Vai me dizer que você nunca ouvia falar de bonecos humanos? – debochei e ele começou a se debater.
- Você não pode fazer isso. – ele berrou e eu ri.
- Imagina, você não pode gritar, não pode lutar, não pode correr, totalmente incapacitado e sendo fodido por qualquer um que pague mais. – é claro que eu estava mentindo mas ele não precisava saber disso.
Finquei a faca em sua outra mão e ele urrou de dor.
- Eu faço qualquer coisa. – ele implorou em um grito estridente e eu neguei.
- Mas preciso vingar Baekhyun, quero fazer você sentir o que ele sentiu, mas a diferença é que você vai estar acordado a todo momento e nada poderá fazer. – puxei a faca rasgando metade de sua mão e ele berrou.
- Eu dou a localização de Dongha. – ele barganhou.
- Nah, eu consegui a sua... Posso conseguir a dele fácil também. – ronronei e ele negou.
- Não, não, não. – sua voz estava desesperado e seu rosto pálido enquanto sangue jorrava lentamente – Eu menti para o governo, levei Dongha para outro lugar. – seu desespero me dava prazer.
- Prove que esta falando a verdade e eu não te vendo. – exigi e ele assentiu em desespero.
- Embaixo da cama, tem um celular o primeiro número da discagem rápida é o número dele, mas quem irá atender é Yora, uma segurança de minha confiança. – suas palavras soaram emboladas.
Disquei o primeiro número e com apenas um toque o celular foi atendido.
- Yora. – Yoongmin falou com a voz fraca – Minha localização foi descoberta, irei enviar um outro segurança para lhe ajudar com a proteção de Dongha. – avisou.
- Não é melhor eu sair daqui? – ela perguntou com desconfiança e eu olhava atentamente.
- Não, esse apartamento esta bem localizado no centro e atrás existe a reserva verde e é uma boa rota de fuga, vocês estão mais seguros aí. – explicou e eu arqueei a sobrancelha vendo que ele estava garantindo a veracidade da informação.
- Me avise se eu precisar sair daqui, não estou disposta a morrer por você e esse verme. – desligou na cara de Yoongmin.
- Quero o endereço exato de onde Dongha esta. – rosnei enquanto fazia um novo torniquete em sua mão decepada.
- Você vai me vender? – perguntou desconfiado.
- Não, eu não sou um verme como você. – falei com indiferença – Eu honro minha palavra. – rosnei já irritado.
- Avenida Park Avery, prédio 3, segundo andar apartamento 8. – murmurou fraco.
Olhei com desprezo para a figura fraca do homem a minha frente.
- Tão fraco. – puxei seus cabelos o fazendo me olhar – Eu não menti quando disse que você merecia sofrer Yoongmin, você merece. – acusei e não me surpreendi a não ver nenhum brilho de arrependimento em seu olhar – Eu realmente queria a localização de Dongha, mas eu vim atrás de você por um motivo. – puxei a faca vendo seus olhos se arregalarem – Eu vou garantir que você nunca mais machuque Byun Baekhyun. – sorri em escárnio.
Antes que ele pudesse esboçar reação passei a faca em seu pescoço abrindo sua garganta.
Eu disse que não ia vende-lo, mas não prometi que não iria mata-lo.
Meus olhos estavam focados nos seus enquanto a vida esvaia de seu olhar.
Rapidamente retirei a corda amarrada de seu corpo.
Precisava sair dali imediatamente.
Fui até o parapeito da sacada e observei que não havia nenhum segurança no jardim. Rapidamente prendi a corda na janela e sem olhar para trás comecei a descer.
Yoongmin estava morto.
Baekhyun não precisava mais temer.
Ninguém o machucaria novamente.
Assim que pulei o muro dos fundos pelo menos seis carros pararam na frente da mansão.
Puxei o capuz da minha jaqueta e cobri minha cabeça e sorrateiro caminhei em direção contrária do hotel. Invadi uma casa e roubar o carro da garagem saindo em alta velocidade não foi um problema para mim. Pouco me importava se a polícia iria atrás de mim em questão de minutos ou a bala alojada em meu braço.
Eu só queria chegar até Dongha.
Liguei o gps e sorri em escárnio ao ver que o prédio ficava a poucas quadras dali.
Depois de tantos anos finalmente ficaria frente a frente com o homem que até pouco tempo chamava de amigo e que no final havia me apunhalado pelas costas.
Abandonei o carro uma quadra antes da Avenida Park Avery e segui a pé. Assim que entrei na longa rua, visualizei o terceiro prédio. Franzi o cenho ao ver que havia três andares e quando passei pela guarita nem porteiro havia. Saquei a arma e sem medo entrei no prédio. Comecei a subir as escadas sentindo meu coração bater em expectativa.
Eu iria fazer doer naquele maldito o que doeu em mim.
Quando cheguei no segundo andar fiquei em alerta ao ver que o apartamento estava com a porta aberta.
O maldito estava me esperando.
Ergui a arma, respirei fundo e entrei.
Para meu total horror havia uma mulher sentada em uma poltrona enquanto duas crianças dormiam tranquilamente no sofá, um menino e uma menina.
- Park Chanyeol. – a mulher me analisou de cima abaixo e eu apontei a arma para ela.
- Cadê Dongha? – perguntei irritado sem paciência para jogos.
- Você matou Yoongmin? – ela ignorou minha pergunta e eu assenti e sua expressão se tornou aliviada – Ótimo, eu já estou te esperando a dois dias, eu não sirvo para isso e se não fosse pelos milhões que recebi de Dongha, já teria me mandado e largado esses pirralhos insuportáveis. – seu desgosto era visível e ela ficou de pé e eu acompanhei com a arma vendo ela caminhar até a uma pequena estante e tirar um enorme envelope de lá – Tome, Dongha sabia que viria e pediu para eu entregar isso a você. – explicou e pegou uma arma prendendo na calça.
Peguei o envelope e me permiti abaixar a arma sabendo que ela não me oferecia nenhum risco.
- O que é isso? Quem são essas crianças? Cadê Dongha? – perguntei confuso e ela bufou irritada.
- Eles são filhos de Dongha, Joshua e Amélia, a esposa morreu no parto do menino. – aquela informação me pegou desprevenido – Dongha a dois dias me entregou esse envelope e pediu para que eu cuidasse dos pirralhos até você chegar, seja o que ele foi fazer, ele me pagou uma grande quantia para não contar a Yoongmin que ele havia saído e da existência dos filhos. – explicou rumando em direção a porta – Preciso sair do pais imediatamente. – e sem que eu pudesse ter reação a mulher saiu pela porta me deixando estupefato.
Que tipo de jogo doentio Dongha estava jogando?
As crianças dormiam pacificamente, Joshua e Amélia, pelas feições deduzi que a mãe deles era estrangeira, pois os traços coreanos eram fracos.
Sentei na poltrona completamente perdido e abri o envelope. Haviam três papeis. Peguei o pequeno que parecia uma carta e o abri.
Park Chanyeol, meu grande e velho amigo.
Sei que carrega um grande ódio de mim e não tiro sua razão. Não a justificativas para o meu erro, fui egoísta e mesquinho, por dinheiro aceitei entregar sua família e mesmo que não sirva de nada, também fui enganado. Seunjoon me garantiu que não iria machuca-los, que era apenas uma armadilha para te atrair e eu tolo acreditei. Dia após dia a culpa me consumiu, pensar em Woohyun que sempre foi tão amoroso comigo e Sandara sempre receptiva e amorosa, me dói as lembranças.
A pequena Hanah que nem chegou a nascer.
Por minha culpa.
Tenho o direito de pedir perdão? Creio que não, mas pedirei.
Se um dia você ser capaz de seguir em frente e me conceder o perdão talvez de onde eu esteja eu possa me perdoar.
A culpa é algo sufocante e com o nascimento de Amélia o peso somente aumentou, eu a segurava em meus braços e pensava no quão doloroso seria se alguém a machucasse. Eu me afundei em uma depressão e isso foi pouco perto do que mereci.
Há dois dias soube da morte de Zhaolin e sabia que você viria a mim nesse momento. Eu sou tão covarde que estou escrevendo essa carta para dizer que você não precisa se preocupar, eu irei tirar minha vida, eu farei isso por você Chanyeol, porque sei que esta em minha hora, mas não consigo olhar em seus olhos.
Porque você irá me pergunta o porquê e eu nunca terei uma resposta para tamanha monstruosidade que fiz.
Perdão por tirar de ti o direito de ver a vida deixar meu corpo, mas sinto que se olhar a dor em seus olhos eu irei enlouquecer.
Chanyeol, eu fiz algo que talvez te fará me odiar mais e não pense que estou tentando os substituir em sua vida ou te compensar de alguma forma. Não. Eu apenas tenho medo do destino dos meus filhos e então deixei os dois sob sua guarda, legalmente. Se você não foi capaz de cuidar deles e eu realmente entendo se não for, apenas peço que encontre alguém que não vá os maltratar e os separar. Não faça por mim, mas por eles.
Porque eu não mereço nada.
Me perdoe Chanyeol pelo mal que eu te causei, estou aliviado por finalmente dar um fim ao peso que venho carregando durante anos.
Espero que Sandara, Woohyun e Hanah estejam em um lindo lugar.
E que eu finalmente seja punido pelo meu ato.
Estarei no inferno meu velho amigo.
Seja feliz, ainda não é tarde para você.
Jung Dongha.
Arregalei os olhos completamente horrorizado.
Ele não fez isso comigo.
Maldito Dongha, maldito.
Olhei chocado as crianças adormecidas. Inocentes. Lembrei de Woohyun e um nó se formou em minha garganta. Dongha havia deixado a guarda dos filhos para mim. O quão insano isso soa?
Passei as mãos no cabelo completamente desesperado.
Isso não pode estar acontecendo.
Só pode ser uma maldita brincadeira.
- Maldito covarde, o que você fez? – rosnei para o nada.
O que porra eu devia fazer agora?
Quase desesperadamente peguei meu comunicador e chamei diretamente Baekhyun.
- Chanyeol? – sua voz soou preocupada.
- Baekhyun. – murmurei desesperado ainda olhando para as crianças.
- Você esta bem? Esta ferido? – ele praticamente berrou assustado.
- Não, estou bem. – falei apressado – Preciso de você. – sussurrei e ele ficou em silêncio.
- O que esta acontecendo? – perguntou confuso.
- Avenida Park Avery, prédio 3, segundo andar apartamento 8. – dei o endereço e de fundo o ouvi gritando Yifan.
- Chegaremos aí em duas horas. – ele avisou e me sobressaltei ao ouvir o choro de Joshua – Isso é o choro de uma criança? – pude notar o choque na voz de Baekhyun.
Desliguei o comunicador e engoli em seco.
Ainda incerto puxei o pequeno para os meus braços e prendi a respiração ao vê-lo se aconchegar em meu colo e levar um dedo gorducho a boca e o sugar quase desesperadamente.
Eu estava completamente fodido.
Depois de uma hora Joshua voltou a chorar.
Eu me sentia completamente desesperado por dentro. Caminhei em direção a cozinha com o pequeno no colo, claramente ele estava faminto. Amaldiçoei aquela mulher me perguntando se ela havia alimentado direito as crianças.
Engoli em seco pegando uma papinha dentro do armário, verifiquei rapidamente o prazo de validade e comecei a prepara-la. Joshua olhava atentamente minhas ações agarrado ao meu braço.
Aquilo fez com que lembranças de Woohyun invadissem minha mente.
Quis chorar.
Preparei tudo lentamente e voltei a sala sentando na poltrona. Observei Amélia que ainda dormia parecendo alheia ao choro e resmungos do irmão.
Meu coração se apertou ao ver o pequeno comer apressadamente e totalmente faminto. Amaldiçoei Dongha novamente por deixar seus filhos na mão daquela mulher que claramente estava pouco se fodendo para tudo.
Minha cabeça estava um caos, eu tinha plena consciência de que aquelas crianças não tinham culpa, mas como olhar para eles e não ver o homem que destruiu minha família?
De repente me sobressaltei ao ver Baekhyun entrar no apartamento ao lado de Yifan. Quando dei por mim já estavam na sala, Zitao, Sehun, Luhan, Minseok, Joonmyun, Yixing e Kyungsoo.
Todos me encaravam assustados ao ver Joshua em meu colo comendo afobado e Amélia dormindo.
- Chanyeol? – Baekhyun perguntou hesitante.
Ergui meu rosto encarando seus olhos confusos.
Peguei a carta de Dongha e desajeitadamente entreguei em suas mãos.
Baekhyun começou a ler a carta em voz alta, mas eu não conseguia prestar atenção em suas palavras pois minha mente de repente estava vagando, e para meu total desespero imagens de nós dois cuidando de Amélia e Joshua encheram minha mente. Me senti enojado ao perceber que em meu intimo desejei construir uma família ao lado de Baekhyun.
Aquilo era tão fodidamente errado.
O que eu estava fazendo?
No que porra eu estava pensando?
Baekhyun se ajoelhou em meus pés e só então pelo olhar chocado de todos percebi que ele já havia terminado de ler.
- Aquele maldito não tinha o direito de fazer isso comigo. – rosnei baixo – Olha a situação que ele me colocou. – apontei desesperado – Responsável pelos seus filhos quando ele mandou os meus para a morte. – olhei aflito esperando que alguém me desse a porra de uma solução, mas todos pareciam tão perdidos quanto eu – Ele não pode me dar os filhos dele em troca dos meus, isso é fodidamente doentio. – berrei apertando Joshua em meus braços e ele choramingou irritado.
- Yixing e Luhan, vocês podem levar Joshua e Amélia para outro cômodo? – Yifan perguntou calmamente e os dois assentiram.
Luhan pegou Amélia ainda dormindo nos braços e Yixing pegou Joshua indo em direção a uma porta que eu julgava ser o quarto.
- Você esta com medo. – Baekhyun falou calmo e eu o fuzilei com um olhar.
Eu estava com medo? Eu estava apavorado, porra.
- Você não sabe o que diz. – falei raivoso e ele me encarou desafiante.
- Você não esta com raiva, esta com medo. – o encarei fixamente – Medo porque sabe que não vai ser capaz de abandonar essas crianças, medo porque sabe que deveria as odiar por ser filhos de quem são, mas não odeia. – fechei os punhos o olhando com raiva.
- Eu nunca vou trair minha família desse jeito. – rosnei em desespero e para minha surpresa sua expressão suavizou.
- Você tem medo que Sandara e seus filhos se sintam menos amados, caso você se permita viver. – ele estava certo, mas eu jamais admitiria isso.
- Eu jamais vou amar alguém mais do que os amei. – meu tom soou defensivo até para mim – Eu jamais vou te amar mais do que amo Sandara. – sabia que minhas palavras soaram cruéis, mas eu queria machuca-lo.
E para minha surpresa ele não pareceu ficar nem um pouco abalado com minha afirmação.
- Eu realmente não lembro de ter te pedido para você me amar mais do que a ama. – sua sobrancelha se arqueou e seu lábio se curvou em um sorriso debochado.
Fiquei em silêncio.
A sua resposta me deixou sem palavras e ele estava certo.
- Eu quero ser amado Chanyeol. – suas mãos embalaram meu rosto e ele me obrigou a olhar em seus olhos – Não mais, não menos, apenas amado. – meu coração acelerou com sua proximidade e seu tom doce – Eu já me apaixonei, eu já amei, já tive pessoas especiais em minha vida e aprendi que não existem contos de fadas. – sua expressão serena fez meu corpo relaxar – Eu te quero com toda sua bagagem, e porra, eu quero que você continue amando Sandara porque sei tudo que ela representa em sua vida, seus filhos sempre serão amados com todo seu coração, mas não seja uma sombra da dor. – seu pedido me fez respirar fundo e me perguntar se eu era capaz de voltar a viver – As coisas não acontecem por acaso, sua família é amada e onde eles estiverem sabem disso, agora aquelas crianças precisam de você e sua família esta aqui para te ajudar, eu estou aqui. – um nó se formou em minha garganta e eu só pude assentir minimamente – Se você sentir que é um fardo muito grande para se carregar, que não conseguirá olhar para eles como uma família e sim como os filhos do homem que destruiu sua vida, nós vamos encontrar um bom lar para eles serem criados, mas se for capaz de os aceitar em sua vida jamais pense que esta traindo sua família porque você não esta, seu amor por eles sempre será intacto e você pode se permitir amar outras pessoas Chanyeol, chega de culpa, chega de dor, agora acabou. – abaixei a cabeça afundando meu rosto em minhas mãos.
- Não posso, não posso. – falei desesperado e ele me fez erguer o rosto fitando seus olhos brilhantes e seu sorriso gentil.
Não seja assim Baekhyun, não seja tudo que eu quero e preciso.
- Do que tem medo, Chanyeol? O que verdadeiramente te assusta? – suas mãos acariciaram meu rosto e eu fechei os olhos.
- Eu quero isso. – sussurrei sem conseguir abrir os olhos e encara-lo – Eu quero uma família com você. – confessei sentindo meu corpo mais leve por estar admitindo aquilo em voz alta – Que tipo de porra de marido e pai eu sou? Que quero cuidar dessas crianças quando o pai dela enviou meus filhos para morte e te quero ao meu lado quando a mulher que eu jurei amar a vida toda estar enterrada a sete palmos debaixo da terra por minha culpa? – perguntei baixo abrindo os olhos e ele negou.
- Você sabe que não fui sua culpa. – abri a boca para argumentar e ele pousou os dedos em meus lábios me silenciando – Você sabe. – ele afirmou e eu suspirei assentindo – Você esta vivo e tem a oportunidade de fazer diferente dessa vez, mantenha sua nova família segura e honre a memória de seus filhos e Sandara sendo feliz, pare de pensar em como seria se eles estivessem vivos, deixe-os e descansar e carregue esse amor com a certeza que eles entraram em sua vida lhe ensinando o verdadeiro significado da palavra família, e recomeçar não significa que você os ame menos, muito pelo contrário significa que você os ama o suficiente para ser o Chanyeol que eles tem orgulho, um homem forte e honrado. – e aquilo foi o suficiente para eu me agarrar em seus braços e afundar o rosto em seu ombro.
Um choro descontrolado escapou de meus lábios enquanto meu corpo convulsionava.
Baekhyun me segurou.
Me apertou forte contra seu corpo me dando a certeza que eu estava pronto para recomeçar.
- Minseok, vá com Kyungsoo e Joonmyun e junte as coisas do bebê. – ouvi a voz de Yifan que parecia carregada de emoção – Vamos para casa. – fechei os olhos sentindo meu corpo se acalmar.
Finalmente eu me sentia pronto para recomeçar.
Quando chegamos na mansão eu ainda olhava um tanto perdido.
Amélia havia acordado e conversava sem timidez com Sehun o que me fez perceber que era comum para a garota estar rodeada de desconhecidos. Baekhyun havia verificado as coisas das crianças e encontrou seus documentos em uma mochila. Certidão de nascimento, nome completo e certidão de óbito da mãe.
Amélia tinha 4 anos e Joshua 2.
Joshua pulava no colo de Joonmyun e ria animadamente sob o olhar amoroso de Yixing.
De repente Baekhyun segurou minha mão e eu o fitei cansado.
- Vocês podem cuidar das crianças por um tempo? Chanyeol precisa descansar e colocar a cabeça em ordem – pediu baixo e os rapazes sorriram assentindo.
- Fiquem sossegados, vão descansar e conversar. – Kyungsoo deu um sorriso fraco – Levem o tempo que precisarem. – deixou um beijo estalado na testa de Baekhyun que sorriu agradecido.
Eu me mantive em silêncio.
Tudo estava acontecendo muito rápido.
Baek puxou minha mão me forçando a me movimentar.
Estava agradecido por ele ser completamente paciente comigo. Minha cabeça estava um caos e eu me sentia em guerra com meu coração. Mas estava cansado de fugir. Peguei uma toalha e uma muda de roupa e rumei ao banheiro. Lentamente retirei o torniquete do braço e gemi de dor ao movimentar o ombro, peguei a pequena caixa de primeiros socorros no balcão do banheiro e coloquei a toalha na boca. Peguei a pinça e enfiei no buraco da bala e a puxei sem hesitar tendo um urro de dor abafado pela toalha que mordia com força. Abri o vidro de álcool e joguei em cima da ferida estremecendo com a dor latejante e respirei fundo.
Abri o chuveiro e deixei a água quente cair sob meu corpo ignorando toda a dor que meu corpo machucado sentia.
Limpei a ferida com sabão e lavei meu corpo com os olhos fechados.
A exaustão tomava conta de mim.
Fechei o registro e puxei a toalha secando delicadamente meu braço ferido e depois meu corpo. Vesti apenas uma boxer e um moletom. Peguei a caixinha novamente tirando agulha e linha e limpei com álcool novamente antes de começar a dar os pontos. Retirei uma faixa e enrolei com firmeza.
Quando sai do banheiro Baekhyun secava os cabelos e seu olhar encontrou o meu assim que notou minha presença.
Sentei ao seu lado na beira da cama e fitei minhas mãos nervosamente.
- Eu tenho medo de não ser capaz de dar amor a essas crianças ou um dia os olhar como filhos do homem que destruiu minha família e não como crianças inocentes. – murmurei e para minha surpresa Baekhyun jogou a toalha no chão se ergueu sentando em meu colo de frente para mim.
Seus braços envolveram meu pescoço colando nossos corpos e seu olhar fixado no meu, me deu a estranha sensação de paz.
- Vai ser um passo de cada vez Chanyeol. – ele assegurou e eu assenti – Não vai ser fácil e em suas mãos esta uma difícil decisão, a única coisa que posso te aconselhar é que se você se permitir a recomeçar, apenas deixe as coisas rolarem, pare de querer prever o futuro ou se preocupar com o que pode acontecer, apenas viva um dia após o outro e aproveite as coisas boas que a vida esta te dando. – sem quebrar o contato de nossos olhos deixei minha mão serpentear pelo seu corpo e enrosquei em seus cabelos o puxando levemente para mim e selei nossos lábios lentamente.
- Eu te amo. – murmurei contra sua boca e ele se afastou minimamente surpreso enquanto prendia a respiração – Eu tenho consciência que fugi, que tive medo e te machuquei. – falei calmamente observando sua reação – Mas não quero mais te machucar, não posso mudar minhas inseguranças e nem matar meus monstros de uma hora para outra, mas eu estou tão cansado de fugir e me culpar, de lutar contra você e o que estou sentindo. – suspirei vendo seu olhos brilharem intensamente – Não desista de mim. – pedi baixinho e ele negou e eu quase sorri ao ver as lágrimas se acumularem em seus olhos.
- Eu não vou. – ele prometeu se aconchegando em meus braços – Eu entendo tudo isso Yeol e não te julgo, você perdeu sua família toda de forma brutal e eu entendo cada dor que você carrega, respeito seu sentimento por Sandara, mas a única coisa que eu te peço é que se quer me amar eu o quero por inteiro, e que entenda que o fato de se doar inteiro a mim não significa vai ama-la menos e sim a amar de um jeito diferente, com saudade e respeito, como alguém que entrou na sua vida e te fez feliz mas hoje não esta mais aqui fisicamente, apenas as boas memórias que sempre estarão aqui. – sua mão pousou em meu coração – Agora sua vida é outra. – segurei sua mão e a puxei para cima pressionei meus lábios em um gesto calmo.
- Eu posso fazer isso. – afirmei me sentindo completamente leve e o abracei com força – Eu não quero te machucar Baek, eu quero fazer você se sentir amado e te dar tudo que você merece, mas me sinto tão incapaz. – sussurrei e novamente ele buscou meus olhos.
- Você é capaz Chanyeol, nós vamos passar por isso juntos, eu prometo. – seu sorriso foi tão brilhante que eu me derreti todo por dentro.
E eu tive a certeza que recomeçar foi a melhor escolha que fiz.
Enrosquei minha mão em seu cabelo e segurei com firmeza e Bakhyun ofegou e mordeu o lábio enquanto me encarava.
- Passei tanto tempo fugindo. – encarei sua boca com desejo – Me deixa sentir teu gosto. – pedi e ele fechou os olhos se derretendo sob meu toque.
O beijei.
Lento e sôfrego.
Me entreguei completamente sem restrições, sem medo e sem hesitação. A oportunidade estava ali, em meus braços. Chega de viver fechado e sozinho.
Chega de culpa.
Eu senti em meu coração que minha família aprovava minha escolha.
Eu havia escolhido viver.
Quebrei o beijo com um selar e encontrei seus olhos completamente desejosos.
- É tão bom te ter assim Yeol. – suas mãos pequeninas acariciaram meu rosto – Pensei que jamais teria a oportunidade de te ter. – confessou e eu em um impulso o abracei.
- Para mim isso também é novo, jamais permiti que outra pessoa entrasse em meu coração. – busquei seus olhos brilhantes que me encaravam em devoção – Quando eu te vi naquela cama, amarrado e machucado, tão delicado e vulnerável, me perguntei como alguém poderia ter coragem de te machucar, e foi que percebi que algo que nunca pensei que poderia acontecer, aconteceu. – sua íris brilharam em curiosidade e eu respirei fundo – Eu me importei Baekhyun, e agora, acredito que nós dois era para acontecer, porque no segundo que eu te olhei tudo mudou. – suas mãos se embrenharam em meus cabelos e ele sorriu contra minha boca.
- Em um segundo tudo pode mudar. – ele falou contra meus lábios e antes que eu pudesse responder, sua boca estava sobre a minha novamente.
Eu não conseguiria parar, não agora.
Na medida que nosso beijo aprofundava, Baekhyun começou lentamente a rebolar no meu colo.
- Você esta disposto a acabar com toda minha sanidade, não é? – grunhi contra sua boca e ele sorriu arteiro.
Estava na hora de mostrar quem estava na porra do comando.
Segurei seus quadris com força recebendo um ofego em surpresa. Mordi seu lábio inferior com força e suguei ao mesmo tempo que o forcei a rebolar com força em meu membro. Seu gemido ficou preso contra meus lábios.
O virei na cama bruscamente e o joguei na cama ficando por cima de seu corpo. Nossos corpos colado e meu nariz roçou no seu suavemente. E mesmo assim envolvi minhas mãos em seus cabelos e os puxei com força ouvindo seu gemido dolorido.
- Sabe quantas vezes eu te imagine assim? Submisso a mim? Implorando por meus toques? – falei rouco em seu ouvido e ele choramingou se roçando contra meu corpo – Sabe quantas vezes eu quis te foder até esse desejo sumir do meu corpo? E agora sabendo que isso é real, eu apenas tenho a certeza que nunca vai ser o suficiente, eu te quero de um jeito fodidamente insano, Baekhyun. – mordisquei sua orelha e suguei adorando a forma que seu corpo tremeu embaixo do meu.
Eu não conseguia ver seu rosto, mas sabia que ele estaria com os olhos fechados enquanto buscava ar.
Uma visão deliciosa.
- Chanyeol. – suas mãos agarraram meus cabelos quase em desespero e eu deixei meu rosto ser puxado e fitei seus olhos.
Suas pupilas estavam dilatadas em puro prazer e a boca entreaberta com uma expressão derretida.
Levei os dedos em sua boca e contornei seus lábios.
- Eu quero meu pau aqui. – e para minha surpresa ele envolveu meus dedos entre seus lábios e sugou lentamente me fazendo gemer com a provocação – Porra Baekhyun. – grunhi retirando meus dedos de sua boca – Fodido provocador. – rosnei vendo seu sorrisinho de lado.
O puxei bruscamente o fazendo sentar em meu colo. Seus braços rodearam meu pescoço e ele soltou um gritinho por ter sido puxado de repente. Segurei a barra da sua camisa e ele entendeu o recado e ergueu os braços e eu retirei sua blusa.
Suas bochechas coraram.
- Você é lindo. – o acalmei e ele negou.
- Eu não tenho esse corpo. – sua mão deslizou sobre meu abdômen definido e cheio de cicatrizes – Essas marcas apenas te deixam mais gostoso. – arqueei a sobrancelha ao vê-lo lamber os lábios.
Firmei minha mão em nuca e o aproximei, porém quando nossos lábios estavam para se encontrar o empurrei para trás novamente o fazendo cair na cama. Ri baixo do seu olhar incrédulo.
Apoiei uma mão em cada lado de sua cabeça e sentei em seu quadril. Abaixei a cabeça e lambi seus lábios, me afastando antes que ele pudesse me beijar. Virei o rosto beijando seu pescoço. Prendi a pele entre os dentes e suguei com força. Um gemido alto se desprendeu de seus lábios e eu grunhi quando suas unhas cravaram em minhas costas.
- Eu vou te marcar todo. – avisei enquanto minha a língua passeava por seu peitoral deixando um rastro molhado. Minha boca sugava e marcava. Me afastei o suficiente para me admirar os chupões roxos que deixei em sua pele – Lindo. – murmurei completamente satisfeito.
Levei minha mão até seu mamilo e o apertei com força. Seu corpo se ergueu na cama e um choramingo esganiçado ecoou pelo quarto. Meu sorriso foi largo ao ver que ele era completamente sensível ali.
- Perfeito – enganchando meus dentes em seus mamilos. Levei meus dentes ali e mordisquei levemente para lamber, os deixando eretos. Chupei com força sentindo seu corpo convulsionar. Aqueles gemidos e choramingos estavam me levando ao limite.
Ergui o rosto e quase me arrependi de o ter feito. Baekhyun estava com a boca aberta gemendo manhoso e as pálpebras pesadas em puro deleite. Minha vontade foi o virar e colocá-lo de quatro e o foder com força.
Meus cabelos foram puxados com brusquidão e quase desesperadamente Baekhyun me beijou, roçando nossos corpos em um ritmo furioso como se quisesse aplacar todo desejo que sentia; eu não estava diferente.
Nossos corpos roçavam em desespero.
- Yeol, por favor. – ele implorou contra minha boca e aquilo foi o suficiente.
Prendi seu corpo contra a cama e serpenteei minha mão até a barra de seu moletom. Encarei seus olhos que brilhavam em expectativa. Colei nossas testas e ele fechou os olhos quando coloquei a mão por dentro de sua calça e segurei seu membro com força. Seu corpo ergueu e observei seus dentes morderem com força seu lábio tentando controlar o gemido.
Eu o queria de forma tão desesperada.
Comecei a masturba-lo lentamente. Forcei meu corpo a escorregar para baixo sem parar os movimentos. Fechei a boca em seu mamilo e aquilo foi suficiente para seus gemidos se tornarem altos e desconexos. Mordisquei com força o pequeno broto e massageei seu membro na altura da cabeça. Observei sua cabeça tombar para trás enquanto meu nome saia de seus lábios naquele tom que me deixava louco.
- Yeol, por favor. – fechei os olhos com seu tom de suplica.
Soltei seu membro e ele resmungou. Mas em seguida deslizei para a ponta da cama e puxei suas calças e boxer e os joguei em um canto qualquer.
Baekhyun se apoiou nos cotovelos me fitando curioso. Seus cabelos revoltos, seu corpo suado e todo marcado. Me coloquei entre suas pernas e deixei uma lufada de ar bater contra seu membro. Me deliciei com suas feições que se contorceram em desejo e sorri quando o vi morder o lábio e apertar os lençóis com força. Seus quadris impulsionaram para cima de forma inconsciente, lambi seu membro de baixo para cima e gemi quando se endureceu mais ainda entre meus lábios.
Deixei seu membro deslizar em minha boca indo até o fundo da minha garganta e quase sorri com os sons desesperados que saíam de sua boca. Suguei com força a cabeça e apertei seus quadris o forçando contra a cama para mantê-lo parado. Brinquei com a língua o provocando e passei minha boca raspando os dentes bem de leve, tirando o membro dele da minha boca. Deixei novamente escorregar na minha boca e senti a cabeça bater direto contra a parede da minha garganta. Quase sorri com gemido longo e arrastado que ouvi. Comecei a movimentar lentamente minha cabeça para cima e para baixo. Ele gemeu em protesto e me surpreendi ao sentir uma de suas mãos puxar meus cabelos com força, ditando o ritmo.
- Channie. – seus olhos reviraram a medida que estocava minha boca com brutalidade.
Não me importei.
Seu prazer era minha prioridade.
Porém quando percebi que ele já estava perto segurei seus quadris e o empurrei fazendo seu membro deslizar para fora da minha boca. Baek caiu sem folego na cama e eu sorri lambi os lábios.
- Desesperado? – debochei e o puxei pelas pernas.
Seus olhos se arregalaram quando abri suas pernas expondo sua entrada rosada para mim. Suas bochechas queimaram e eu quis sorrir diante sua inocência. Lambi os dedos e contornei sua entrada vendo sua vergonha se desfazer com um soluço de prazer.
- Chanyeol. – ele arregalou os olhos quando abaixei meu rosto entre suas pernas.
Não respondi.
Lambi sua entrada e um grito rouco ecoou pelo quarto. Eu sabia que aquilo era novo para ele e podia ver o esforço para não gozar em sua expressão desesperada. Empurrei minha língua em seu buraco apertado e fechei os olhos apenas ouvindo seus gemido e gritos. Eu nunca havia feito isso em nenhum dos homens que fodi, mas eu queria dar a ele a primeira vez perfeita.
Quando tive a certeza que ele estava molhado o suficiente.
Me afastei tirado minha calça e boxer. Suspirei em alivio a quando finalmente meu pau estava livre daquele aperto.
- Aqui tem lubrificante? – perguntei e Baekhyun respirou fundo parecendo tentar se recompor.
- Na gaveta. – avisou e eu me ergui sem vergonha e fui até o guarda roupa e peguei o lubrificante – Eu nem te toquei ainda. – ele resmungou – É injusto, só você me deu prazer. – ri baixo e o puxei para meu colo e grunhi quando meu membro encaixou em sua entrada.
- Eu sinto prazer em te dar prazer. – rocei meu nariz no seu e encarei seus olhos fixamente – Eu quero que sua primeira vez seja especial. – seus olhos se arregalaram levemente e eu segurei sua mão – Essa é sua primeira vez e eu estou honrado em ser o primeiro homem a tocar seu corpo e ter todo seu amor. – beijei de leve seus lábios – Eu serei o primeiro e último. – avisei e senti seu sorriso contra meus lábios.
- Eu te amo. – apenas o beijei.
Tateei na cama o lubrificante abri derramando entre meus dedos. Enquanto o beijava furiosamente deslizei a mão na sua bunda e circulei o dedo em sua entrada. Introduzi um dedo. Baek gemeu contra meus lábios sem quebrar o beijo. Introduzi o segundo e gemi quando seus dentes morderam meu lábio inferior com força. Comecei a fazer movimentos tesoura para alarga-lo e sua cabeça tombou para trás gemendo alto. Seus quadris começaram a se mover contra meus dedos e gemi rouco.
- Baek, diz que você já esta pronto. – implorei e ele assentiu freneticamente.
- Por favor. – fechei os olhos tentando controlar meus impulsos.
- Fica por cima e vem no seu ritmo. – falei mesmo que minha vontade fosse o foder como um animal – Eu não quero te machucar. – seu sorriso foi largo.
Podia ver o amor transbordar em seus olhos.
Eu sabia que aquele homem o havia ferido, tomado uma escolha importante e eu queria fazer desse momento sua única lembrança.
Para minha total agonia, Baekhyun empurrou meu corpo me fazendo deitar na cama e sentou em meu quadril.
- Você realmente quer testar minha sanidade. – rosnei segurando seu quadril quando com um sorriso arteiro ele começou a rebolar em meu membro. Quando meu pau encaixou em sua entrada suas mãos espalmaram meu peitoral. Seus olhos se fecharam e porra, foi difícil me controlar quando vagarosamente ele começou a sentar descer em meu membro.
Meu grito ficou preso na garganta com a sensação de sua parede interna me apertando.
Porra, ele era apertado demais.
Gostoso demais.
Eu precisei de muito autocontrole para não erguer meu quadril e penetra-lo de uma vez. Soltei um gemido esganiçado ao estar completamente dentro.
Seu corpo se abaixou e sua língua serpenteou meu peitoral.
- Você é tão grande, Yeol. – ele gemeu fechando a boca em meu mamilo. Meu corpo tremeu e aquilo foi o suficiente.
Virei nossos corpos na cama bruscamente.
Sua expressão era de puro deleite.
Prendi suas mãos na cama e abaixei meu rosto beijando seus lábios. Sai de seu canal e o penetrei bruscamente. Grunhi rouco quando sua entrada se contraiu. Suas unhas cravaram minhas costas e eu senti o rasgo de cima a baixo. Comecei a estocar com força e seu corpo se contorcia embaixo do meu à medida que seus gemidos se tornavam mais altos e desesperados. Abaixei o rosto e mordi seu mamilo com força. Baekhyun urrou puxando meus cabelos e meus quadris se moviam cada vez mais rápidos.
Eu estava desesperado por alivio.
Baekhyun era apertado demais e minha sanidade cada vez se esvaia mais e mais.
Rosnei desesperado saindo de seu canal.
Baek praticamente se agarrou a mim com os olhos arregalados.
- Yeol. – ele choramingou desesperado.
- De quatro. - mandei vendo suas bochechas ficarem coradas – Empina essa bunda gostosa. - rosnei e ele gemeu se virando na cama e ficando de quatro. Porra. – Eu vou te foder. – grunhi o puxando pelos quadris.
Rosnei insano quando ele empinou aquela bunda redondinha na minha direção exibindo sua entrada rosada e aquilo só aumentou meu desejo.
Ele realmente estava me testando.
- Porra Baek. - rosnei desferindo um tapa em sua bunda e ele choramingou manhoso empinando mais. - Puta que pariu. - gemi e introduzi meu membro de uma vez e ele soltou um grito rouco enfiando o rosto no travesseiro, acelerei meus movimentos, impulsionava com força. Não tive dó, segurei sua cintura e comecei a impulsionar rápido, forte e com total brutalidade em seu canal que me esmagava.
- Yeol. – ele berrou esganiçado e eu sorri sabendo que estava pressionando o lugar certo. Sai vagarosamente para entrar com força e revirei os olhos cada vez que ele contraia entrada gemendo rouco. Desferi outro tapa com força em sua bunda e gemi ao ver quão vermelha ficou.
Nossos gemidos se mesclaram, ele entortou a cabeça no travesseiro e eu grunhi ao ver seus olhos semiabertos e sua expressão perdida em prazer enquanto sua boca entreaberta busca ar e ele gemia manhosamente pedindo por mais.
- Caralho Baek. – apertei sua bunda com força à medida que investi com mais força. Ele parecia sem forças para gritar, sons desesperado saiam de seus lábios e seus olhos reviravam em órbita.
- Yeol. - sua voz saiu em um choramingo fraco e eu vi que ele estava perto. Inclinei meu corpo sem parar de movimentar meus quadris freneticamente e levei minha mão em seu membro enquanto a outra apertava sua cintura com força. Comecei a masturba-lo sentindo seu membro inchar e pulsar em minha mão.
- Mais... Yeol... Oh... Yeol... Por favor. - seus choramingos aumentaram e ele revirava os olhos enquanto eu o fodia sem dó. Seu corpo estremeceu e seu paupulsou em minha mão. Com um gemido rouco ele gozou entre meus dedos. Urrei quando senti sua entrada se contrair apertando meu pau, revirei os olhos, sentindo o orgasmo me atingi de forma intensa. Meu corpo estremeceu e sua entrada esmagou meu membro me fazendo gozar com um grito esganiçando.
Minha mente ficou em branco e meu corpo caiu totalmente de mau jeito por cima do dele. Beijei suas costas suadas e fechei os olhos como o corpo trêmulo devido ao orgasmo intenso.
- Meu Deus, não consigo me mexer. – sua voz estava rouca pelos gritos e eu ainda me sentia com forças o suficiente então virei na cama e o puxei para meus braços o deitando por cima de mim. Ele gemeu baixinho quando meu membro deslizou para fora de seu canal. Baek deitou a cabeça em meu peitoral e eu o abracei com força.
- Eu nunca pensei que poderia ser dessa forma. – sua voz estava fraca e eu sorri beijando seus cabelos – Estou tão feliz Yeol, parece que estou em um sonho. – ele ergueu o rosto e me derreti ao ver o sorriso em seus lábios – Obrigado por ser meu primeiro, obrigado por me trazer a confiança de ter esse momento, por me ter me ajudado a vencer essa barreira, por ter me dado uma lembrança maravilhosa de uma primeira vez cheia de amor. – acariciei seus cabelos e o puxei para cima o suficiente para beijar seus lábios.
- Eu prometo apagar todas as lembranças ruins e te proteger Baek. – seu rosto afundou na curvatura do meu pescoço e eu sorri calmo – Ninguém nunca mais irá te machucar. – prometi e ele esfregou o rosto no contra mim.
- Eu te amo. – ele sussurrou sonolento e aquilo foi o suficiente.
- Eu te amo meu anjo, obrigado por não desistir de mim. – sussurrei – Pode descansar bebê, quando você acordar eu estarei aqui, do seu lado. – confirmei e ele ergueu a cabeça novamente.
Nossos olhos se encontraram.
E eu percebi que nunca conseguiria fugir daquele amor.
Baekhyun entrou na minha vida e abalou todas as minhas certezas. Trouxe uma nova esperança, algo que eu achava que estava morto em mim. Agora eu tinha uma nova perspectiva de futuro, estava preocupado pois ainda tinha aquele lado que insistia que era errado e que eu era incapaz de ser feliz.
Baekhyun o calou me beijando.
Prometi a mim mesmo que sempre que os pensamentos negativos vierem, eu olharia nos olhos de Baekhyun.
Lá estaria todo o amor que eu precisava.
Estava começando uma nova etapa em minha vida.
E quando novamente Baekhyun deitou a cabeça em meu peito se aconchegando contra meu corpo, não tinha como pensar que aquilo era errado.
Fechei os olhos e agradeci ao destino.
Obrigado por ter colocado Byun Baekhyun na minha vida.
- Obrigado por me salvar. – sussurrei para o pequeno adormecido.
E senti naquele momento que tudo ficaria bem.
Não havia mais dúvidas.
Prometi a Baekhyun que quando acordasse, eu estaria ali.
E cumpri minha promessa.
Porém quando abri meus olhos estava sozinho na cama.
Olhei para o relógio e gemi ao ver que havia dormido por 16 horas.
Era noite.
Me levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal ansioso para encontrar Baekhyun e perguntar o porquê de ele não estar na cama quando eu acordei. Percebi que meu corpo estava limpo e nada grudento. Sorri ao imaginar Baek me limpando enquanto eu dormia. Não podia negar que a sensação de ser cuidado era prazerosa para mim.
Vesti um moletom e desci as escadas apressado.
Assim que cheguei na sala todos estavam ali e viraram o rosto ao me ver.
Engoli em seco ao ver Baekhyun no centro da sala brincando com Amélia e Joshua. Todos me encaravam atentamente e eu tentei não ficar encantado ao ver a menina soltar um risinho e se sentar na perna de Baek. Um tanto tenso me sentei ao lado de Yifan no sofá. Todos continuaram a conversar, mas sabia que suas atenções estavam voltadas para mim.
- Alguma notícia de Jongin e Jongdae? – perguntei e Kris arqueou a sobrancelha me fitando.
Revirei os olhos.
- Não. – Yifan falou por fim e suspirou – Estou preocupado. – confessou e eu o encarei surpreso – Eu tinha confiança de que você iria bem, veja, Yoongmin estava sob a proteção do governo e você sabe quais são todos os movimentos deles, minha preocupação em relação a você foi simplesmente porque tu é impulsivo pra caralho. – arregalei os olhos com suas palavras – Me preocupei com sua fuga, porque vocês sempre esquecem de planejar opções de fuga. – massageou a têmpora em visível frustração – Mas Jinwon e Soonmin são fodidos doentes, minha preocupação não é eles usarem a morte de Taemin ou de Jinhe para machuca-los, mas usar o que eles transformaram. – murmurou e eu suspirei.
- O que isso significa Yifan? – perguntei cansado e ele me olhou de solsaio.
- Somos fodidos animais, eu tenho Zitao que é mais danificado que eu. – sua admissão me fez engolir em seco – Você acha que merece Baekhyun? – sua pergunta me pegou desprevenido.
Olhei para Baekhyun e senti um aperto no peito. Ele ria enquanto Amélia segurava uma perna de Joshua e ele a outra enquanto arrastavam no tapete felpudo o pequeno que gargalhava gostosamente. Aquilo o fez pensar em Sandara e Woohyun, mas dessa vez havia um sentimento diferente, uma saudade nostálgica, longe, um sentimento bom. Queria que meu filho estivesse ali obviamente, mas não havia mais aquele desespero doentio que sentia no peito quando pensava sobre isso. Apenas uma saudosa tristeza.
Baekhyun olhou para mim e seu sorriso aumentou.
- Não mereço. – murmurou para Yifan que concordou.
- Sim, eu acredito que não mereço a família que tenho hoje. – ele falou de forma pensativa – Mas de alguma forma é o que temos, e porque vamos continuar fodendo com tudo negando o que de bom a porra da vida tem nos dado? – questionou e eu me virei encarando atentamente seu rosto – O que eu quero dizer meu irmão, é que a vida já nos fodeu da pior forma possível, quando chegamos ao fundo do poço e nos perguntamos se tudo poderia ficar pior, ela veio e nos provou que podia sim ficar pior. – seu sorriso foi sarcástico e seus olhos estavam sombrios – Zitao me mostrou o quão cansativo é viver se banhando em sangue esperando minha própria morte, podemos viver e vamos porra. – antes que eu pudesse responder Amélia soltou uma gargalhada alta ao ser pega no colo por Sehun.
Aquilo me surpreendeu.
Os rapazes pareciam encantados com as crianças.
Arregalei os olhos ao ver cambaleante Joshua vir em minha direção arrastando uma fralda de pano. Sua mãozinha foi para cima coçando os olhinhos. Olhei atentamente cada ação. Assim que parou na minha frente eu prendi a respiração quando ele ergueu os bracinhos.
Engoli em seco e respirei fundo.
Antes que eu o pudesse pegar no colo, ele se pendurou em minha perna e começou a me escalar. Acabei soltando um riso baixo e o puxei o ajeitando em meu colo.
- Nana, yeollie. – resmungou esfregando o rosto em seu peitoral enquanto enrolava a mão na fralda de pano e procurava uma posição confortável.
Comecei a balança-lo lentamente e encarava fixamente cada reação sua. Quando esfregou a fralda no rosto e respirou fundo. Sua respiração foi ficando pesada e sua boquinha entreabriu indicando que finalmente havia adormecido. Não conseguiu prender o sorriso quando o pequeno ergueu o dedo e levou a boca sugando freneticamente.
De repente me dei conta de onde estava.
Quando ergui o rosto fiquei constrangido ao ver todos me olhando com um sorriso nos lábios. Estava com vergonha de olhar para Baekhyun.
- Você é um bom pai Chanyeol. – Minseok murmurou me surpreendendo.
- Obrigado. – sussurrei envergonhado.
Finalmente criei coragem e olhei para Baekhyun. No momento em que nossos olhos se encontraram um sorriso nasceu em seus lábios. Seus olhos brilhavam com tanta intensidade que eu quis me beliscar para ver se aquilo era real. E eu sabia que olhava para ele da mesma forma ao ver Amélia em seus braços.
Sorri para Baekhyun.
Senti em meu coração que aquilo não era errado.
Não podia ser.
Não quando pela primeira vez em anos me senti estranhamente completo.
3 dias depois.
Olhei para Amélia acariciando os cabelos de Joshua que estava deitado com a cabeça em sua perna enquanto assistiam desenho. Sabia que não seria fácil. Ainda não estava totalmente familiarizado com a situação, porém estava feliz. Não podia negar.
As crianças eram maravilhosas e em três dias Baekhyun apenas fez com que eu me apaixonasse mais.
Sorri.
Baekhyun entrou na sala e de automático olhou para as crianças. Eu via em seus olhos o quanto ele havia se apegado. Eu não conseguiria assumir tão cedo, mas eu também já havia criado um laço forte com os pequenos. Ao ver que estava tudo bem, ele veio e se sentou em meu colo e se aconchegou em meus braços.
Deixei um beijo estalado em sua cabeça e sorri com o seu suspiro.
- Eu nunca pensei que poderia ser tão feliz. - ele murmurou ao pé do meu ouvido fazendo um arrepio gostoso correr pelo meu corpo - Se isso for um sonho, não quero acordar. - soltei um riso baixo e puxei seus cabelos de leve o fazendo me olhar.
- Você é muito clichê. - rocei nossos lábios e ele resmungou contra meus lábios fazendo bico - Sabe Baek. - suspirei e ele me encarou curioso - Quando eu percebi que minha atração por você não era só desejo carnal, eu costumava me perguntar como seria se um dia reencontrasse Sandara, se eu a amaria da mesma forma que antes, eu quis te odiar por me fazer duvidar desse amor. - confessei e quis chorar quando vi compreensão em seus olhos e nem um pingo de magoa ou julgamento - Eu fui feliz ao lado dela, eu a amei verdadeiramente e acreditei que seria eu e ela para sempre, Woohyun e Hanah foram a prova de nosso amor verdadeiro e porra eu quis morrer tantas vezes pelo desespero de não os ter. - sussurrei e sua mão acariciou meu rosto com delicadeza e eu continuei encarando seus olhos - Agora tudo parece tão estranhamente longe, entende? - perguntei e com um sorriso suave ele assentiu - Antes minha mente insana comparava vocês de forma quase doentia, ela era tão delicada e frágil, e você é tão sensível e forte. - fechei os olhos e colei nossas testas e respirei fundo - Você é doce, compreensivo e determinado, me impressionava o quão rápido você podia se reerguer de suas quedas, seu sorriso tímido e bochechas coradas me deixavam louco de desejo de ter nos meus braços, eu queria tudo de ti, ser o motivo do seu sorriso e de olhos brilhantes, e aquilo era desesperador pela minha incapacidade de seguir em frente. - quando abri os olhos vi algumas lagrimas escorrendo em seu rosto e apressadamente as limpei - Tudo virou de cabeça para baixo com Amélia e Joshua, e mais uma vez meu desejo de estar com você veio a borda e eu me senti tão fraco para lutar, a verdade é que eu estava cansado porque eu sabia que era uma batalha perdida. - seu rosto roçou no meu e eu o apartei contra meus braços - Eu só quero que saiba que eu te amo, que nesse momento eu olho para trás e consigo sorrir com a memória das pessoas que mudaram minha vida, que Woohyun e Hanah vão ser para sempre meus pequenos e ninguém vai mudar isso, que Sandara foi uma mulher excepcional que me ensinou a amar, mas hoje apenas esta em meu coração de forma saudosa, a vida esta me dando a oportunidade de ser feliz e eu vou me agarrar isso. - seus dedos enroscaram em meus cabelos e ele me olhou em expectativa - E hoje eu não consigo pensar em outra pessoa para estar ao meu lado do que você, em passos lentos eu quero te amar, te fazer feliz e construir nossa família, obrigado por me fazer voltar a viver. - um soluço rompeu em seus lábios e eu sorri quando desesperadamente ele buscou minha boca enquanto as lágrimas insistiam em cair.
- Eu te amo. - e mais uma vez ouvir aquelas palavras me encheram de paz e esperança de um futuro melhor.
Baek manhosamente esfregou o rosto em meu peito. Entre mimos e carinhos, com as mãos entrelaçadas observamos as crianças soltaram risinhos enquanto assistiam o desenho.
Aquele era meu futuro.
De repente Yifan, Luhan, Kyungsoo e Joonmyun entraram na sala com expressões sombrias.
- Jongin encontrou o rastro de Jinwon. - Yifan avisou e eu arregalei os olhos levemente.
Baekhyun automaticamente olhou para Kyungsoo que tinha uma expressão determinada e eu franzi o cenho.
- Ele precisa de ajuda? - perguntei pronto para ir em auxilio do meu irmão, porem Yifan negou.
- Kyungsoo irá até Jongin. - avisou e eu engasguei o encarando incrédulo.
- O que? - Baekhyun berrou.
Antes que eu pudesse questionar o que porra estava acontecendo Minseok entrou na sala.
- Sehun esta ajeitando as armas para te levar até Jongin, ele quer falar com você Yifan. - avisou e antes que eu pudesse falar qualquer coisa todos saíram da sala.
Tombei minha cabeça para trás e fechei os olhos.
O que diabos aconteceu com Jongin? Por que ele precisa da ajuda de Kyungsoo?
Desejei do fundo do meu coração que as coisas se resolvessem para Jongin. Ele merecia ser feliz.
A vida havia me forçado da forma mais estranha possível a voltar a viver. Agora eu tinha uma pessoa com quem compartilhar todo o peso que tinha em minhas costas, alguém que me faria feliz e dois filhos para cuidar.
Em um dia me vi sem nada, perdido, sozinho e desejando morrer. Então eu o fiz. Virei um homem morto do setor 49. Baekhyun deveria ser apenas um trabalho, porém ele foi aquele que me tirou da escuridão.
Abri os olhos e fitei seus olhos curiosos.
- Eu te amo. - sussurrei e antes que ele pudesse me responder, o beijei.
Nos meus braços estava a felicidade.
E quando pensei no meu futuro, me vi feliz.
A batalha havia sido perdida.
Eu estava completamente apaixonado por Byun Baekhyun.
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