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História Seus Olhos Escarlates (Imagine Hidan) - Chapter I



Notas do Autor


Espero que gostem.

Capítulo 1 - Chapter I


Londres 

Século XIX 

 

 O enorme quarto com papéis de parede ornados de flores com brilhos dourados e o chão de taco de madeira de bétula, esbanjava luxo. Notou assim que adentrou naquele cômodo, com uma cama de casal enorme e um guarda-roupas duas vezes maior que o seu. 

 O anel de ouro com brilhantes em seu dedo e o longo e pesado vestido branco, a puxava para triste realidade que se encontrava. Trocada por seu pai após perder nas jogatinas da noite para a grande e gloriosa família Uchiha. 

 Um casamento arranjado com o chefe viúvo da família, Madara, no qual era conhecido por sua crueldade e sadismo. Não queria aquilo, não era isso que era para ter acontecido. 

 Estava semi-despida, com sua camisola branca rendada e com a brisa gélida das janelas beijando sua epiderme nua lhe fazendo arrepiar. 

 Torcendo para que Madara continuasse no andar de baixo com seus familiares e esquecesse de sua silenciosa presença naquela mansão. Tinha horror em imaginar ter uma noite de núpcias e selar o acordo de corpo e alma com ele. 

 Sua mente vagava por cenas de sua imaginação, na qual seu namorado secreto descobrisse que havia se casado com um homem muito mais velho e ruim, como o chefe do clã Uchiha. 

 Hidan não aceitaria aquilo de bom grado e até mesmo seria capaz de fazer alguma loucura para tirar das garras daquele lugar, assim como prometeu em fazer com seu pai alcoólatra e viciado em jogo. 

 Mas após uma visita noturna de um homem estranho na casa dele durante a madrugada, Hidan havia sumido e lhe deixado para trás. Então, poucos dias depois, havia sido vendida para Madara e agora casada. 

— Hidan...— Sua voz soou baixa. 

 Levantou com passos vagarosos de seus pés descalços, foi até a janela aberta onde debruçou sobre o parapeito, notando que as carruagens ainda estavam ali e a neve formava grossas camadas pela estrada que guiava para fora da mansão. 

  Eles ainda estavam festejando o casamento do viúvo. 

 Cogitou fugir. Mas para onde iria? Não tinha família, lugar ou proteção. Estava sozinha. 

 Sem muitas esperanças, voltou a deitar na cama grande com o colchão tão fofo que quase engolia seu corpo junto aos grossos edredons. 

 Sua mão foi até o travesseiro ao lado e imaginou se Hidan estivesse ali. Provavelmente lhe provocando sobre o quanto esperou esse dia, te deixando com as bochechas vermelhas. 

 Enquanto esperava seu marido subir para os aposentos, enrolada debaixo de grossas camadas de cobertores, acabou adormecendo pela demora. Escutando o relinchar dos cavalos, o vento chicoteando as árvores do lado de fora e as taças brindando no andar de baixo. Diferente dos sons da área precária onde nasceu e cresceu. 

 Você não sabia ao certo quanto tempo passou desde que adormeceu, apenas despertou ao sentir um cheiro desagradável que havia sentido uma ou duas vezes antes, além de um peso deitado ao seu lado. 

 Suas pálpebras abriram devagar, acostumando com a escuridão ao seu redor. Um rosto perto do seu a fez recuar um pouco, não sabia que Madara fazia tão perto de ti. 

 Uma mão mediana, gélida e calejada, lhe puxou um pouco mais para perto, fazendo seu nariz captar o tom metálico ferroso do odor que ali estava, então, por instinto, se empurrou um pouco para trás e ergueu a cabeça. 

— Shh! Não vai querer acordar os empregados — Aquela voz aveludada soou familiar. 

 Com um sobressalto, sentou na cama e acendeu a lamparina que estava em cima do criado mudo. Vendo melhor o amor de sua vida em sua frente. 

  Sem pensar muito, pulou e o abraçou, beijando suas bochechas. Sentir o cheiro dele e sua pele, te fez sentir segura e em casa. 

 Foi quando a ficha caiu. 

 Não estava em sua casa, muito menos na de Hidan. Estava longe de onde considerava um lar. 

— Meu Deus, Hidan, se Madara te pega aqui. Onde esteve? Estava preocupada. — falou de forma eufórica e ligeira. 

 Ele nada falou. 

— Meu Deus! Estava com tantas saudades, achei que tinha me esquecido. — Algumas lágrimas escorreram de sua face. 

  Ele aproveitou para selar seus lábios num beijo roubado, como sempre fazia. 

— Eu nunca te esqueceria. 

 Os olhos escarlates de Hidan desceram até sua mão, onde notou o anel de casamento que você portava. Quando notou o olhar perdido de seu amor, colocou a outra palma por cima, numa tentativa falha de esconder aquele objeto. 

— Meu pai me perdeu num jogo — explicou. 

 Hidan segurou sua mão que portava o anel no qual ele nunca poderia comprar um de tamanho e valor semelhantes. 

— Você o ama? 

— Somente a ti. 

 Sem hesitar, ele arrancou o anel de sua mão e o arremessou para longe. 

— Vamos embora. 

 Ele se pôs em pé, mostrando que sua blusa branca estava suja com alguns resquícios de um líquido rubro, pegou uma capa negra e se vestiu. 

— Vamos fugir? 

 Então ele se virou com aquele rosto sarcástico que sempre tinha e sorriu. 

— Conhece outra palavra para o que vai acontecer? — lhe questionou num tom divertido. 

 Você negou silenciosamente. 

  Então Hidan lhe estendeu a mão e a puxou para fora da cama, dando uma boa olhada para sua camisola, te fazendo encolher e mandá-lo se virar. Pegou um casaco de pele que herdou de sua mãe e o vestiu. 

— Preferia da outra forma. 

 Você deu um tapa em seu ombro, então ele quase saltou pela janela aberta, mas você o impediu. 

— Você está louco?! Vai se machucar, já está se arriscando muito em vim aqui, e agora pular desta altura? 

 Ele arrumou os cabelos acinzentados para trás e falou que não tinha problema, mas continuou negando. 

— [seu nome], você não vai entender agora. Apenas confie em mim. 

 Então ele saltou para baixo, pousando na grossa camada de neve e esticando seus braços em direção a janela do quarto onde fazia sinais com as mãos para que repetisse o ato dele, seus olhos foram até a porta de madeira escura da entrada do dormitório, onde a travou com o criado mudo, andou novamente até ficar de frente ao parapeito e olhar para baixo. 

 Atravessou uma perna e depois a outra, sentando no parapeito enquanto tomava coragem para saltar para os braços de seu namorado, até que batidas fortes começaram a soar na forte a fazendo tremer. 

— Abra, [seu nome]! Abra a maldita porta! — A voz de Madara soava raivosa. 

 Seus olhos foram para Hidan que gritava para que se apressasse. A força que o velho Uchiha empregava na porta a fez que empurrasse um pouco o criado mudo o suficiente para vê-la antes de saltar para os braços de seu salvador. 

 Algo lhe fazia imaginar que o baque seria uma dor ao bater nos braços de Hidan, fazendo que ambos caíssem no chão gelado, mas foi segurada pelos braços firmes do rapaz de cabelos acinzentados. 

— [seu nome]! Volte aqui! Você me pertence agora — Madara esbravejou na janela. 

  Seus pés descalços afundaram na camada espessa de neve, Hidan passou o braço por seus ombros, puxando para mais perto. 

— Não mais, ótario — Hidan respondeu, mostrando o dedo do meio. 

  Sua mão foi de forma instintiva encontrar a dele, então ele lhe pegou no colo no estilo noiva, correndo para longe no meio da floresta que cercava a mansão. Seus braços estavam ao redor dos ombros e com o rosto escondido na dobra do pescoço dele, aspirando o perfume almiscarado com toques metálicos ferrosos que ele exalava. 

 Seus olhos mal conseguiam captar a paisagem que passava de forma borrada pela alta velocidade que Hidan estava conseguindo alcançar, fazendo que seus cabelos ficassem emaranhados e seus pulmões enchessem de ar. 

— Como? — Foi a única palavra que conseguiu soltar. 

  Então conseguiu reparar na cor dos olhos dele, ainda mais vermelhos do que o normal, duas pequenas cicatrizes circulares em seu pescoço onde sua mão foi por instinto tocá-las, no qual ele se arrepiou. 

— Jashin é misericordioso com seus filhos. 

 

[...]

 

  O tempo pareceu escorrer pelos seus dedos, a madrugada se despedia lentamente, deixando a lua perder seu posto para os fracos raios solares que despertavam atrás de algumas colinas de onde era possível ter um vislumbre de um casarão. 

— Estamos chegando. 

 Hidan havia diminuído a velocidade, fazendo sua visão captar todo esplendor de onde a civilização ainda não havia tocado. Durante a trajetória haviam passado por algumas propriedades rurais que se escondiam no meio daquelas estradas de terra batida que levavam para os cantos mais isolados do país. 

— Aqui é lindo. 

  Estava maravilhada com aquela paisagem bucólica, até sentir um cheiro de queimado chamar sua atenção, quando olhou para o rosto de seu amado salvador que estava começando a ficar machucado onde o sol lhe tocava. 

— Não podemos demorar. 

 Ele te colocou de pé no chão e com a mão na sua, te guiou pelos campos levemente verdejantes que se esforçavam para serem beijados pelo sol novamente, após tanto tempo soterradas. 

— Hidan, seu rosto...— Sua mão tocou no machucado da face dele. 

— Por isso não podemos demorar, fora que aquele caquético irritante vai pegar no meu pé por ter saído sem permissão. 

— Caquético irritante? — indagou. 

 Algo se passou na mente dele, o fazendo rir de forma anasalada. 

— Suas perguntas vão ser respondidas com a palavra do nosso Deus, Jashin. 

  Jashin. Não era um nome que lhe soava desconhecido, Hidan já havia falado algumas vezes sobre o tal Deus, mas nunca deu muita atenção já que tinha outras coisas mais importantes para resolver, como seu enxoval de casamento. Que no final não foi preciso. 

 Hidan se locomovia de forma sutil sobre a neve, como se nada o prendesse, mas o mesmo não podia ser dito para você, pareciam que duas pernas tinham mais de quinze quilos amarrados nelas. Erguia cada passo com dificuldade, fazendo que mais alguns raios solares machucassem sua epiderme pálida. 

 Você retirou seu casaco de pele e colocou sobre ele, o escondendo do sol. 

 Assim que chegaram no casarão, notou que as janelas e os vitrais daquele lugar eram cobertos por longas cortinas pesadas por dentro e um vasto jardim mal cuidado. 

— Chegamos. Entre — Hidan abriu a porta para ti. 

  O casarão tinha tons sóbrios e com a má iluminação do lugar, deixava aquele hall pavoroso e com as camadas elevadas de poeira esvoaçarem no ar. Era silenciosa e com correntes de vento gélido em todos os cantos. 

— Kakuzu, cheguei! — Hidan gritou em plenos pulmões. 

  Admirando aquele lugar, que parecia ostentar luxo de alguns anos atrás e que com uma boa limpeza poderia voltar todo seu esplendor. Girando entre os calcanhares, observando todo o redor daquela enorme sala, acabou esbarrando em alguém que havia chegado silenciosamente no cômodo.

— Não dei permissão para sair. — A voz do homem era grossa. 

 Sem hesitar, deu alguns passos para trás, encostando no peito desnudo de Hidan. 

 O homem era claramente mais velho que seu namorado, mais alto e seus olhos eram únicos. Escleras avermelhadas e íris verdes, não mostrava ser um bom anfitrião e seu corpo era repleto de cicatrizes. 

 Aquele olhar medonho desceu até você, lhe analisando como uma pessoa analisa um pedaço de carne para comprar. 

— Pelo menos trouxe o jantar. 

— Kakuzu, não é…

 O homem chamado Kakuzu, abriu a boca mostrando seus caninos mais alto que os outros e correu rapidamente em sua direção. Hidan segurou em seu ombro e lhe escondeu atrás de suas costas, enquanto o outro braço bloqueava o ataque daquele homem. 

  Você mal teve tempo de raciocinar o que estava acontecendo ali e o que era aquele homem. Mas o que mais lhe incomodava, era esse o segredo que Hidan guardava de você. 

— Ela não é jantar. Pelo amor de Jashin, não ataque assim novamente.

 O homem mais alto que o jovem de cabelos prateados encolheu suas presas, esperando alguma resposta vinda de Hidan. 

 Sem medo algum, pela confiança que tinha em seu amado que iria te proteger, colocou a cabeça para o lado, espiando a reação do homem. 

— Quem é ela, então? 

 Hidan lhe colocou ao seu lado.

— Essa é [seu nome], minha mulher. 

 Você imitou uma tosse forçada e cutucou Hidan com o cotovelo. 

— Namorada. 

— Que em nome de Jashin, vai se tornar esposa — completou. 

 O homem que mal havia conhecido e tinha tentado te atacar, não esbanjou reação. Como se esperasse compreender perfeitamente a ideia que Hidan iria apresentar em seguida. 

— Não esqueça do nosso acordo — se pronunciou. 

 Hidan fez uma feição pensativa e logo voltou a mostrar seu jeito comum de agir. 

— Eu te pago então. 

 Kakuzu bufou e concordou com a cabeça, deixando ambos sozinhos naquela imensa sala de estar e hall. 

— Hidan, você tem muito a me explicar. 

 Ele respirou fundo e suspirou. Então apenas concordou silenciosamente com a cabeça. 


Notas Finais


Agradecimentos especiais:
Projeto que me proporcionou isso @Project_Escrita
A capa feito com muito zelo por @Zartarx
Betagem feita com muito esmero por @TVS095


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