Sentir essa paixão boba desabrochando no meu peito por você, Sehun, foi inevitável. Você, com as palavras bonitas. Você, com três idiomas aprendidos e o sotaque mais bonito do mundo em cada um deles. Você, com os dois mil e trezentos seguidores no Twitter. Você, com a falsa vida perfeita. Você, com seus olhos que transbordavam caos.
Tanto caos que às vezes eu quase sentia ele se derramando sobre mim, nos momentos em que eu insistia em passar mais tempo do que devia no seu perfil, observando suas fotos quando tudo que eu queria era observar um pouquinho que fosse da sua alma. Tanto caos que às vezes eu quase sentia que a gente era a única população de um mesmo planeta, abandonado pelo resto da galáxia, porque ainda que eu não falasse a sua língua, essa dominada por múltiplos likes e uma popularidade que eu só vejo em filmes, ainda que a gente sequer tenha trocado mais de duas palavras, eu me via um pouco em você.
Eu me via um pouco em você quando a sua máscara de perfeição ruía, eu me via um pouco em você quando a tristeza dominava suas postagens, quando a insegurança nublava seus sentidos, quando o caos que permeava meu coração era refletido nos seus olhos. Eu me via um pouco em você e muitas vezes doía mais te ver assim, impotente diante da sua dor, do que doía carregar essa mesma dor no peito.
Mas você nunca me viu, Sehun. Pra você, eu era só um número. Uma entre mil curtidas. Um entre trinta comentários. Um entre dois mil e tantos seguidores. E foi a partir daí que eu entendi que a gente não era parte do mesmo planeta. A gente não podia ser porque você é uma estrela, Sehun. A única que aparece na escuridão do céu do meu pequeno e solitário planetinha.
E por mais que você seja a luz que guia minhas noites, pra você, eu sou só um espectador no meio de um sistema solar cheio de planetas mais bonitos, mais engraçados, mais especiais do que eu. E todos eles estão relativamente perto, se for comparar com os milhares e milhares de anos luz separando eu e você. Com essa distância toda, como um planeta sem graça e sem forças podia te alcançar?
Eu sei que todo mundo fala que o que os olhos não vêem o coração não sente. Mas então como eu paro de sentir, se tudo que eu vejo é você?
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