História Seven Days - Day 1 (True Colors)

Pov's Ha Sooyoung

Ok, eu estava bem nervosa, na verdade muito nervosa, ou eu diria prestes a ter um colapso? Minhas mãos suavam e meu coração estava frenético, de dois em dois segundos eu ajeitava minha roupa e meu cabelo. Sim, eu iria ter um treco.

Respiro fundo mais uma vez e me encosto-me ao carro, cruzo meus braços e volto a olhar para o movimento da rua, o relógio em meu pulso marcava 16h00, uma música calma saía do som de meu carro e acabo por abaixar a cabeça e fechar os olhos para curtir o som.

Para os que ainda não estão entendendo, ontem a noite eu acabei chamando Jiwoo para dar uma volta, ficamos conversando por horas e foi incrível ouvi-la rir das minhas piadas. Jiwoo era atenciosa, pelo tempo que conversamos pude perceber isso, ela parecia ser uma pessoa muito carinhosa e alegre, porém ela também parecia se conter bastante quanto a isso.

Sou tirada de meus pensamentos ao ouvir o barulho do portão abrindo, levanto minha cabeça e vejo Jiwoo caminhando até o portão, de nervoso começo a conferir minha roupa e cabelo. Eu usava uma calça preta um pouco larga e uma blusa branca coberta por escritas, por cima da blusa usava também uma jaqueta jeans com as mangas um pouco dobradas e por fim, nos pés um converse preto.

- Demorei muito? - ela pergunta sorrindo pequeno e nego com a cabeça. É impossível não reparar em como ela estava tão linda, ela usava uma saia de pregas preta, uma blusa de manga compridas preta e um colete de lã cinza com alguns detalhes preto e branco, nos pés um coturno preto e apoiado em seu ombro uma bolsa preta.

- Você está linda. - mal percebo meu pensamento escapando e arregalo os olhos, vejo o rosto de Jiwoo ficar vermelho e me desespero. - M-me desculpa... Soltei sem querer e acabei te deixando sem graça. Juro que não foi minha intenção.

- Está tudo bem Sooyoung! - ela diz sorrindo, ainda com o rosto vermelho, e quase me derreto. - Para onde vamos? - pergunta e abro a porta do carro para a mesma entrar.

-É surpresa, mas prometo não te levar para um lugar ruim ou algo do tipo. - digo enquanto ela passava por mim e entrava no carro, fecho a porta e dou a volta quase correndo e entro no carro também.

- Não me decepcione. - ela diz ajeitando o cinto e sorrio confiante.

- Não vou. - dito isso coloco meu cinto e dou partida no carro rumo ao lugar não muito longe dali.

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Estaciono em frente um pequeno parque pouco movimentado e de relance vejo os olhos de Jiwoo percorrerem o local com curiosidade, saio do carro e vou para trás do mesmo para abrir a carroceria, tiro de lá uma cesta de piquenique e um violão.

- Uh, isso realmente está ficando interessante... - ela diz sorrindo de lado e acabo rindo.

- Eu sei agradar uma moça bonita. - digo piscando um de meus olhos e ela gargalhou, sorri boba por ser a primeira gargalhada que tiro dela e meu coração acelera, limpo a garganta discretamente e Jiwoo pega a cesta de minha mão, agradeço e fecho a carroceria.

Começamos a andar procurando um bom lugar e aproveito para lhes descrever sobre o lugar. Como eu disse antes, nós estávamos em um parque, mas não um  parque qualquer, um dos mais bonitos de Seul. Nele havia pistas asfaltadas, para quem quisesse alugar uma bicicleta e dar uma volta, além das áreas verdes espalhadas pelo local compostas por árvores grandes e formosas, havia também um lago ao longe, podíamos enxergar ele de onde estávamos. Não tinha muitas pessoas por ali, apesar de ser um domingo bem fresco e tranquilo.

- Acho que aqui é um bom lugar. - Jiwoo diz e assinto. Ajeitamos o forro no chão e as coisas que estavam na cesta, eu não havia preparado muita coisa e optei pelo simples, mesmo estando acostumada a fazer comidas mais trabalhosas. Por aqui tínhamos sanduíches, frutas, suco, doces e alguns outros petiscos.

- Espero que você goste, não fiz muita coisa e eu não sei se-

- Não se preocupe, está tudo perfeito! - ela me corta e sorri ao terminar a frase, sinto meu rosto querer esquentar, mas procuro não deixar que isso aconteça, coloquei o violão no chão e me sentei ao lado de Jiwoo, que já estava sentada, logo começamos a comer e engatamos em uma conversa sobre comidas.

E assim nossa tarde foi cheia de vários assuntos e até algumas brincadeiras, ouvir a risada de Jiwoo fazia meu coração se encher, ela era simplesmente perfeita. Neste exato momento eu estava deitada com as mãos embaixo da cabeça e Jiwoo estava concentrada em acertar todas as uvas para dentro de sua boca.

- Hey Jiwoo. - chamo sua atenção e ela me olha. - A quanto tempo você mexe com música? - pergunto me sentando e ela se ajeita.

- Desde os cinco anos, eu já tinha um contato bem grande com a música. Minha mãe tinha um piano em casa, ela era professora de música em uma faculdade, ela me ensinou tudo que eu sei de piano hoje em dia. Meu pai era um cantor amador e sempre me dizia que eu poderia conquistar o mundo com minha voz e eu sempre acreditei nisso, até um tempo atrás, mas isso não vem ao caso. - ela dá uma pausa e mordo o interior de minha bochecha curiosa e com algumas coisas maquinando em minha cabeça. - Eu não acredito que a música tenha abrido muitas portas para mim, digo, eu sou apaixonada por música, mas parece que ainda falta alguma coisa, entende?

- Eu entendo perfeitamente. E quanto a você não saber o que ainda falta, eu posso lhe ajudar a encontrar o que falta, se me permitir é claro. - digo tirando o violão da capa e ajeito o mesmo em meu colo, coloco a capotraste onde eu queria e começo a dedilhar algumas notas, automaticamente Jiwoo fixa seu olhar no instrumento.

You, with the sad eyes

(Você,  com os olhos tristes)

Don't be discouraged

(Não desanime)

Oh, I realize

(Oh,, eu percebo)

It's hard to take courage

(É difícil ter coragem)

In a world full of people

(Em um mundo cheio de pessoas)

You can lose sight of it all

(Você pode perder tudo de vista)

And the darkness inside you

(E a escuridão dentro de você)

Can make you feel so small

(Pode fazer você se sentir tão pequeno)

Ao cantar a primeira estrofe sozinha vejo Jiwoo abrir os olhos e meu coração se aquece ao ouvir sua voz se unindo com a minha em algumas partes da segunda estrofe da música.

Show me a smile then

(Mostre-me um sorriso então)

Don't be unhappy

(Não seja infeliz)

Can't remember when

(Não me lembro quando)

I last saw you laughing

(Eu te vi sorrindo pela última vez)

This world makes you crazy

(Este mundo te deixa louco)

And you've taken all you can bear

(E você guardou tudo o que pode suportar)

Just call me up

(Apenas me chame)

'Cause I will always be there

(Porque eu sempre estarei lá)

Nunca na minha vida eu estaria preparada para sentir o que senti quando nossas vozes completavam em algumas partes do refrão.

And I see your true colors

(E eu vejo suas verdadeiras cores)

Shining through

(Brilhando por dentro)

I see your true colors

(Eu vejo suas verdadeiras cores)

And that's why I love you

(E é por isso que eu te amo)

Deixei que Jiwoo cantasse esse pedaço sozinha, me juntando com ela no final.

So don't be afraid

(Portanto, não tenha medo)

To let them show

(De deixá-las aparecerem)

Your true colors

(Suas verdadeiras cores)

True colors  are beautiful

(Verdadeiras cores são lindas)

Repetimos como na primeira vez, mas agora Jiwoo fazia a harmonização e era impossível não me arrepiar com sua voz.

I see your true colors

(E eu vejo suas verdadeiras cores)

Shining through (true colors)

(Brilhando por dentro (verdadeiras cores))

I see your true colors

(Eu vejo suas verdadeiras cores)

And that's why I love you

(E é por isso que eu te amo)

So don't be afraid

(Portanto, não tenha medo)

To let them show

(De deixá-las aparecerem)

Your true colors

(Suas verdadeiras cores)

True colors  are beautiful

(Verdadeiras cores são lindas)

Like a rainbow

(Como um arco-íris)

Ooh ooh oh ooh, like a rainbow

(Ooh ooh oh ooh, como um arco-íris)

Ao tocar as últimas notas vejo uma lágrima descer por uma das bochechas de Jiwoo e levo minha mão até seu rosto e limpo o caminho traçado em sua bochecha, ela abre um sorriso lindo e pela primeira vez eu pude sentir que esse era um sorriso mais que especial.

- Obrigada. - ela diz om a voz um pouco embargada e sorrio afastando minha mão de seu rosto.

- Não precisa agradecer. - digo e coloco o violão em cima da capa, ouço Jiwoo respirar fundo e me levanto. - Vem, vamos pedalar um pouco. - ofereço minha mão e sem hesitação ela segura, ajudo Jiwoo se levantar e ainda segurando sua mão nos guio até as bicicletas. - Que tal uma corrida?

- Nem pensar!

- Já sabe que vai perder, não é? - digo debochando e vejo a mesma subir em sua bicicleta, ela cerra os olhos para mim e sorrio de lado.

- Você tem um ego muito inflado. - ela diz direta e abro a boca ofendida. - Até mais perdedora. - ela mal termina a frase e sai pedalando pelo parque.

- Que golpe sujo! - digo indignada e logo vou atrás da garota que agora gargalhava alto enquanto eu tentava alcançá-la.

Eu certamente poderia classificar essa tarde e fim de tarde como uma das melhores da minha vida, as coisas que Jiwoo me fazia sentir apenas com um sorriso, sua voz, sua presença... Era tudo único, era perfeito. Torcia para que Jiwoo pudesse estar sentindo essas coisas também, não com a intenção de que no final ela e eu tenhamos alguma coisa, mas só de ela estar se sentindo bem e feliz, eu já me sentia feliz também.

- Infelizmente vamos ter que partir princesa. - digo em um tom brincalhão e Jiwoo faz cara de choro. Nós já tínhamos parado de andar de bicicleta e estávamos jogando pedrinhas no lago, já havia anoitecido e eram por volta das 20h15.

- Ainda está muito cedo, Soo. - ela reclama e tento não ter uma parada cardíaca com ela me chamando de Soo.

- Cedo está, mas prometi para Seulgi que deixaria em casa antes das 21h00. - digo e ela faz bico. - Ora, não faça esse bico... - “Senão serei obrigada a tirá-lo de sua boca” - Quase tenho uma crise ao notar o que pensei.

- Tudo bem, vamos embora. Mas você vai ter que prometer que amanhã nós vamos ter outro dia incrível como hoje. - ela diz segurando minha mão e se aproximando de mim, meu coração só piorava a situação, a proximidade de Jiwoo fazia eu me desconcertar por inteira e acredito que ela percebeu o efeito que tem em mim, pois seu sorriso fofo e ao mesmo tempo confiante fez minhas pernas quase perderem a força. Ela se aproximou mais, sua mão desocupada lentamente se aproximou de meu rosto e acariciou minha bohecha, num toque tão sutil que parecia irreal.

- Eu prometo... - praticamente sussurro e Jiwoo parece voltar a realidade, ela se afasta de mim e sorri pequeno assentindo. Percebo a mudança de clima e rapidamente penso em algo para que o clima bom continuasse. - Que tal para finalizar a noite, a gente não toma um sorvete? Ninguém nega um sorvete! - digo animada e vejo os olhos de Jiwoo brilharem.

- Meu ponto fraco. Você é uma pilantra. - ela diz cerrando os olhos para mim e sorrio me gabando.

- Sabe como é né, eu tenho meus contatos.

- Essa Seulgi é uma bocuda mesmo, mas tudo bem foi por um bem maior. - ela diz assentindo e acabo rindo.

Voltamos para onde tínhamos deixado nossas coisas e guardamos tudo, caminhamos brincando até o carro e guardei as coisas na carroceria. Ali perto tinha um carrinho de sorvete e não demorou muito para estarmos muito bem acomodadas em cima do capô de meu carro tomando sorvete.

- Por que escolheu gastronomia? Você leva muito jeito pra música. - Jiwoo diz me olhando e sorrio.

- Minha mãe trabalhava com música, assim como a sua, a diferença era que ela era produtora musical. Já meu pai era cozinheiro, desde sempre mexeu com comida e afins e me ensinou muita coisa, assim como minha mãe. - explico e Jiwoo continua a me olhar. - Antes de minha mãe falecer, ela me deu seu livro com todas as suas composições, eu digo livro porque ela realmente transformou seu caderno de músicas em um livro. Em menos de um mês eu aprendi a tocar todas as músicas que tinha ali, é como se eu pudesse senti-la em cada letra, em cada nota. É uma sensação ótima. - termino de dizer e vejo Jiwoo sorrir.

- Ela deve estar muito orgulhosa de você. - ela diz e cerro meus olhos.

- Eu não acho, ela com certeza deve querer bater em meu pai por ter me levado pro caminho da culinária. - digo e Jiwoo me acerta um tapa no ombro rindo, logicamente a acompanho e terminamos de tomar nossos sorvetes em conversas descontraídas.

Já dentro do carro Jiwoo mexia no som enquanto eu colocava meu sinto.

- Uh, essa é das boas. - Jiwoo diz e ao notar a música que tocava acabei sorrindo. The Man da Taylor Swift.

- Eu não ouço música ruim Srta. Kim. - digo e ela ri, ligo o carro e sigo rumo a casa da ruiva.

O caminho até a casa de Jiwoo foi tranquilo, o clima dentro do carro estava mais do que agradável, o sorriso não saía dos meus lábios e muito menos dos de Jiwoo, o que deixava meu coração aquecido. Assim que parei o carro em frente ao prédio de Jiwoo pude ouvir a mesma soltando um suspiro.

- Nosso passeio acaba por aqui, só peço que não chore a noite inteira morrendo de saudades, ok? - digo e recebo um soco no braço.

- Você é muito piadista.

- Isso é um elogio?

- Não.

- Que garota rabugenta. - resmungo e ela ameaça a me dar outro soco, levanto as mãos em rendição e ela nega com a cabeça. - Só por isso amanhã eu faço você escalar um paredão.

- Sonhou. Não saio nem do meu quarto se o passeio for esse amanhã. - ela diz e gargalho alto.

- É brincadeira, nem eu quero escalar um paredão. - digo quando paro de rir e a olho. - Que horas você está disponível amanhã? - pergunto e ela olha alguma cosa no celular.

- Hummm... Amanhã o dia vai estar complicado, sem falar que vou sair com Yoojung pra gente comprar um presente pra mãe dela. - ela diz e balanço a cabeça concordando. - De noite dá? Até porque a senhorita tem um restaurante pra cuidar também, não quero você dando mais atenção pra mim do que para  seu trabalho. - ela diz num tom reprovador e sorrio.

- Isso não é um problema e além do mais, prefiro dar mais atenção pra você mesmo. - digo dando de ombros e vejo suas bochechas corarem.

- Você sabe que não vai me comprar assim né? No final de tudo eu vou embora. - ela diz e sinto suas últimas palavras como um soco em meu estômago.

- Se vou te comprar assim eu não sei, mas suas bochechas coradas me dizem outra coisa. - digo tentando não demonstrar desconforto e parece funcionar já que além de suas bochechas, seu rosto todo estava vermelho agora.

- Por que você é assim? - ela diz tampando seu rosto e é impossível segurar o riso. - Tchau Sooyoung, passar bem! - ela diz agora emburrada e tenta abrir a porta do carro, mas ela estava trancada ainda. - Abre.

- Você pensa que vai aonde sem nem ter me dado um abracinho de despedida? - pergunto e ela revira seus olhos, ela se aproxima e fecho meus olhos ao sentir seus braços me puxando devagar, enlaço a cintura da mesma com um dos braços, pois o outro estava apoiado no banco, e completo o abraço mantendo-o firme, praticamente impedindo ela de se afastar.

- Obrigada pelo passeio, você me fez um bem enorme hoje. - ela sussurra bem perto do meu ouvido e me arrepio, sorrio e ela ameaça se afastar, mas mantenho-a perto.

- Obrigada você por me dar a chance de te conhecer melhor antes de você partir. - digo tentando segurar as lágrimas e tentando manter minha voz firme, o que era praticamente impossível.

- Pois saiba que mesmo depois que eu partir, eu ainda irei me lembrar de você e agradecer por ter conhecido você. - ela diz me apertando ainda mais e aperto meus olhos segurando o choro. Jiwoo quebra o abraço e abre um lindo sorriso para mim. - Boa noite Soo, até amanhã. - ela se despede e eu destravo o carro para que ela possa sair.

- Boa noite Jiwoo. - digo em um tom mais baixo e ela sai do carro, ao bater a porta Jiwoo se afasta um pouco e acena freneticamente para mim, acabando por irar um sorriso de meus lábios, ligo o carro e vou para minha casa.

Andando pela cidade ainda movimentada pelo horário, o sorriso ainda não saia de meu rosto, mas em certo momento pude sentir as lágrimas rolando por minhas bochechas. Eu não estava preparada para a partida de Jiwoo, nunca estaria. Não queria me precipitar, porém Jiwoo parecia irredutível com sua decisão.

Como eu faria Jiwoo mudar de ideia? O que eu devia fazer?  O que a faria ficar?

E agora eu só tinha seis dias e para mim era pouco, muito pouco.