História Seven Demons- BTS - Um melhor que o outro

   [4:30 a.m.]

   Chegamos a Toronto. Depois de horas exaustivas de vôo, não consegui dormir um minuto se quer. Além de terminar de resolver os assuntos que já deviam estar resolvidos e já feitos, fui obrigada a escutar a conversa furada de Pilar e Namjoon nos assentos atrás de mim.

   Ela teve coragem de vir sentar ao lado dele assim que viu uma oportunidade.

   Não que eu estivesse com ciúmes, mas isso estava me incomodando. De certa forma incoveniente.

   — Srtª ＿＿, o carro está a sua espera. — o meu segurança me avisa.

   — Ótimo. Tire as minhas malas do jato e as deixe no hotel.

   — Espera, ＿＿. — Taehyung me chama. — Não vai para o hotel com a gente?

   Me viro para ele e o respondo.

— Não, preciso passar no local do desfile. Tenho que ver se aqueles imprestáveis conseguiram deixar as coisas aceitáveis. — suspiro e pego meu celular. — Pilar, pode ir para o hotel descansar. Mas quero que esteja acordada amanhã bem cedo!

   Abro a lista de contatos e ligo para o Rufos.

   Faz já tanto tempo que eu não o vejo pessoalmente...

   — ＿＿, você precisa descansar, são 4:30 da manhã. — Namjoon se aproxima de mim.

   Me viro para ele e faço sinal com o dedo indicador, pedindo silêncio.

   — Rufos? It is good that you are awake... You go with me to the parade site now?... Ok, I wait for you, kisses! (Rufus? Que bom que você está acordado... Você vai comigo para o local do desfile agora?... Ok, eu espero você, beijos!). — desligo o celular e volto a minha atenção para Namjoon. Me aproximo dele e guardo meu celular em minha bolsa novamente. — Obrigada por estar preocupado comigo. Só que... se eu dormir agora, o meu trabalho todo estará disperdiçado. Então, vá para o hotel, descanse, e eu te vejo na hora do almoço. — digo calmamente.

   — Almoço? — arqueia as sombrancelhas.

   — Sim. Agora eu preciso ir, até mais tarde. — me despeço dele. — Tchau meninos! — digo aos outros e vou em direção ao carro.

   [22:30 p.m. Hotel]

   Acabou que o dia foi bem mais cansativo do que eu esperava. Mas ao menos ocorreu tudo bem. Tudo está pronto. E amanhã vamos revisar todas as roupas e mais alguns pequenos detalhes e então, estarei preparada para o grande dia.

   Passo o cartão e destranco a porta do meu quarto. Me despeço do meu segurança e então fecho a porta. Deixo o cartão chave em cima do painel da TV. Jogo a minha bolsa em cima do sofá e me sento no mesmo. Retiro os meus saltos e descanso por breves segundos em uma posição relaxada — literalmente. Pego ao meu lado, em minha bolsa, o meu celular e me encosto novamente.

   Fiquei o dia todo ocupada que... Aí meu Deus! Eu disse que veria o Namjoon no almoço...

   Desbloqueio o celular e vejo que tinha 7 chamadas perdidas dele, que eram de horas e horas atrás. Passo a mão pelo rosto e respiro fundo tentando me acalmar.

   Ele deve estar chateado... Que merda ＿＿!.

   Abro a lista de contatos e clico em seu nome, iniciando uma chamada de voz. Começo a balançar a perna um pouco ansiosa até que ele atenda o celular.

   Chamada on

   — Alô? — escuto sua voz rouca.

   — Oh, desculpe. Eu te acordei? — passo a mão pela lateral de meu pescoço, fazendo uma leve massagem em mim mesma. Estava exausta.

   — Hmm... não. — ele parecia meio confuso. — Na verdade... sim, eu acabei cochilando.

   — Me desculpe de novo... Eu ligo uma outra hora. — afasto o aparelho do ouvido, mas ainda consegui escutar sua voz.

   — Não! Não precisa desligar. Aconteceu alguma coisa? — sua voz soou preocupada.

   — Não, é que... — suspirei. — Me senti mal por ter esquecido do almoço que combinei com você. Então queria saber se está livre agora. — varro os olhos pelo teto enquanto o silêncio do outro lado da linha me deixa angustiada.

   Depois de longos segundos, ele finalmente me responde.

   — Você já viu que horas são? — ouço seu tom irônico e sua risada gostosa.

   — Não tem problema se não quiser vir. — falei, e era nitidamente que eu tinha dito uma mentira.

   Mais uma vez, uma longa espera vindo da parte dele.

   — Está no quarto? — ele diz de súbito, me fazendo dar um salto de susto.

   Me levantando rapidamente do encosto do sofá.

   — Uhum. — respondo logo após me recompor do susto.

   — Então... eu posso ir aí te ver?

   Inconscientemente, um sorriso se instala em meu rosto.

   — Me dê 10 minutos e pode vir. — digo aliviada e desligo a chamada, logo depois de ouvir um "ok" vindo dele.

   Chamada off

   Deixo o celular em cima do sofá e corro para o banheiro, afim de tomar um banho rápido. Fui direto para o box. Me banho e lavo o meu cabelo rapidamente. Assim que acabei, sai logo do box. Me enxugo e enrrolo uma toalha no meu corpo e em meu cabelo.

   Saio e sigo para o quarto. Vou até o armário e resolvo pegar uma roupa confortável: um short um pouco mais folgado, de cor preta e uma blusa de mangas curta, também preta, com uma coroa desenhada com strass da cor branca na parte da frente. A blusa deixava a minha barriga a mostra.

   Assim que acabo de passar meu creme, decido ir secar meu cabelo. Logo que termino, escuto a campainha do meu quarto tocar. Penteio rapidamente meu cabelo e corro para atender a porta com o coração palpitando.

   Era uma sensação ótima.

   Assim que toco a maçaneta e abro, minha alegria se esvai por completo.

Encaro os dois que conversavam alegremente até finalmente perceberem a minha presença.

   — Ah, srtª ＿＿, boa noite — sorriu.

   Namjoon me olha, também sorridente e me cumprimenta.

   — Boa noite... Pilar. — forço um sorriso. — Posso ajudá-la? — inclinei um pouco a cabeça para o lado, a encarando.

   — Vim te entregar esses relatórios. — ela me mostra as pastas em suas mãos. — Chegaram na portaria para a srtª, resolvi trazê-los agora como um adianto.

   — Obrigada Pilar. — a agradeço e pego as pastas de suas mãos.

   Ela olha para Namjoon e depois para o chão, como se encarasse o nada.

   O que ela está esperando?

   Um silêncio constrangedor se instala no ambiente até que chamo Namjoon para entrar.

   — Bom... então,... e-eu vou indo. Boa noite srtª e Namjoon. — ela enfim, se retira.

   "Namjoon"? É Sr. Kim para ela!

   Reviro os olhos e fecho a porta.

   Por que me senti tão incomodada com isso?

   — Eai, como foi seu dia? — me pergunta ele, se sentando no sofá, deixando a sacola que trazia em sua mão em cima da mesinha. — Fiquei preocupado com você... Já comeu alguma coisa? — ele me encara e me chama para me sentar ao seu lado.

   — Uma hora ou outra passavam uns estagiários servindo alguns lanchinhos. — me sento ao lado dele.

   — Você é doida! — ri negando com a cabeça e ele passa seu braço por de cima do meu ombro.

   — Sim... mas é o meu trabalho, né. — entrelaço os meus dedos com os seus e o encarei de volta.

   — Confesso que, sim, fiquei um pouco chateado. Não te vi o dia inteiro, não me ligou. Nem me mandou uma sequer mensagem! Achei que estava brava comigo.

   — Tenho motivos para ficar brava com você? — tombo a cabeça um pouco para o lado, vendo Namjoon negar. — Então...

   — Às vezes o problema não era comigo...

   Por que eu sinto que vou me estressar?

   — ＿＿... — sua voz saiu um pouco receosa. — Qual é o seu problema com a Pilar?

   Obrigada Namjoon, acabou com o pouco de alegria que eu tinha.

   Suspiro e olho para o lado, solto sua mão e passo a mão pelo rosto.

   Como é que eu vou explicar para ele que o que me incomoda nela é o fato dela gostar dele e ficar dando em cima dele?

   O Namjoon pode não ter percebido, mas eu notei de primeira. Desde o dia em que a entrevistei no restaurante.

   — Tenho os meus motivos...

   — E você...

   O interrompi de imediato.

— São motivos pessoais, meus. Mas isso não vai interferir no trabalho dela, saiba que não sou esse tipo de pessoa. — olho de canto.

   Sinceramente Namjoon: Por que você tinha que tocar no nome dela?.

   — Ok... não toco mais em qualquer assunto que tenha haver com o seu trabalho. — ele se desencosta e se inclina para a frente. — Sei que estaria exausta então... Eu trouxe uma coisa para você. — pega algo de dentro da sacola que ele havia trazido consigo.

   De dentro dela, ele retira três barras de chocolate e me mostra.

   — É o seu preferido, eu suponho. — sorrio.

   — Namjoon... — paro de falar por estar surpresa, abobada. — Como... Como você sabia? — um sorriso se instala em meu rosto e imediatamente, pego uma das barras de sua mão e a abro. — É o meu favorito...

   — Quando eu fui na sua casa, naquele dia em que você estava passando mal, Wang-Ke me deu umas dicas. Sabe? — ele comenta divertido, e quando acaba de falar, pisca um olho para mim, me fazendo rir.

   Namjoon se encosta no sofá novamente. Eu quebro um pedaço da minha barra e coloco em minha boca.

   — Hmm... — digo desconfiada e brincalhona. — E por que ela faria isso, em? — arqueio uma sombrancelha.

   — Porque... ela gostou de mim? Óbvio. — me encara. Não me aguento e então começo a rir junto com ele.

   — Obrigada! — me deito sobre ele e o abraço.

   O clima voltou a ficar gostoso. Sinceramente, não sei o que fiz para merecer uma pessoa igual ele no meio da correria e do caos que normalmente é a minha vida.

   Mas você também não pode reclamar né ＿＿, você que quis trabalhar com isso.

   [...]

   Ficamos bons minutos ali conversando, sobre qualquer assunto que vinha a nossa cabeça, desde qual é a minha marca favorita de lápis para desenhar e colorir até suas espécies preferidas de plantas. O que era um pouco estranho, isso me surpreendeu um pouco, mas, mantínhamos distância de qualquer palavra que nos fazia relembrar o trabalho.

   Nesse momento nos encontramos deitados no sofá. Eu estava deitada sobre seu peito, só havia sobrado uma barra de chocolate. Me sento, na intenção de me levantar e pegar o último chocolate, mas sou impedida por suas mãos agarrando a minha cintura, me puxando para me deitar de volta, ao lado dele.

   — Hey... — protesto.

   — Nhaa... Você deu mais atenção pra esse chocolate do que pra mim. Agora eu me arrependi de ter trago isso pra você. — me prende entre seus braços e seu peito.

   — Não tenho culpa se você trouxe uma coisa tão gostosa pra mim. — me viro para ele, me apoiando sobre ele enquanto sorrio.

   — Correção: DUAS coisas gostosas, e na minha opinião, entre elas... eu prefiro eu. — disse convencido, me arrancando risos.

   Levo uma mão até a boca e bocejo.

   — Está cansada? — acaricia minhas costas, fazendo um leve carinho.

   — Bom... trabalhar 19 horas seguidas tem seu preço. — apoiei minha mão em seu peito e me sentei.

   — Acho que está na hora de eu ir então... — coloca uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

   — Você... ficaria? — sussurro quase inaudível.

   Ele me encara um pouco confuso e estranho.

   — Se eu pedisse pra você ficar, você ficaria? — peço com cabeça abaixada.

   Eu queria ele comigo, queria sua companhia para o resto da noite, sentir como se eu pudesse tê-lo só pra mim por pelos menos algumas horas, mesmo que meu sono me tire toda essa consciência. Apenas adormecer sabendo que ele está ali, já seria o suficiente para um bom descanso para mim.

   — Como? — pergunta enquanto se senta a minha frente.

   Confesso que minha fala saiu um pouco baixa e confusa, foi por... timidez. Talvez? Não estava acostumada a pedir essas coisas, normalmente, estou acostumada a recusar pedidos assim.

   — Você... pode ficar? Dorme aqui comigo? — levanto meu rosto e o olho.

   Namjoon sorriu ladino e segurou meu queixo, aproximando meu rosto do seu e depositando um selinho em meus lábios.

   — Claro que fico. — ditou calmo e com ternura.

   Sorrio. Uma sensação de alívio se instalou em mim, o que foi estranho, pois eu não tinha motivos para isso.

   Me levanto e pego sua mão, o puxando para ficar de pé. O guio até o outro lado do cômodo, onde fica a cama do quarto. Puxo a coberta e me sento, enquanto ele permanece em pé a minha frente.

   — Vem... — o chamo estendendo a minha mão.

   Ele parece pensativo. Namjoon se senta e segura a minha mão, me olhando nos olhos.

   — ＿＿... aconteceu alguma coisa?

   O encaro confusa, sem entender o porquê que ele havia dito isso.

   — Hm?

   — Você pediu para eu ficar... Aconteceu alguma coisa?

   Sim, mas não sei explicar...

   Flashback on

   Uma pausa de cinco entre todo o trabalho para todos. Eu já me sentia exausta, mas não podia parar agora. Peguei uns dos catálogos em cima da mesa em frete a passarela e comecei a folhear ele, revisando pela milésima vez só naquele dia.

   — Desculpa srtª atrapalhar você, mas achamos este envelope pequeno, em frente a um dos banheiros do local. Está endereçado a você.

   — Estranho... — pego o envelope pequeno e começo a analisar ele. — Obrigada. — o coreano faz uma breve reverencia e sai.

   Flashback off

   Não o respondi, apenas desviei o olhar para nossas mãos.

   — ＿＿, você está com medo?

   Demoro alguns segundos para formular uma resposta que parecesse trazer algum nexo, que ele deveria compreender.

   — O quê?! Medo? Mas... medo de quê? — pergunto fingindo não entender.

   Flashback on

   Vejo meu sobrenome na frente do envelope. Abro o mesmo, vendo um pequeno papel, com poucas palavras escritas, que parecia terem sido feitas por uma máquina de escrever.

   Era um pequeno verso que rimava, no final do minúsculo texto, um "S." como assinatura.

“

Você pode até não ser minha,

Mas eu nunca irei deixar você sozinha.

S.

”

   Flashback off

   — Medo de ficar sozinha...

   Agora entendi sobre o que ele está falando: Soobin.

   Ele está falando do Soobin.

   Não era a primeira vez disso. Era como se eu sentisse sempre sua presença, paranóia sem importância minha.

   — Não! Não é isso. Apenas... quero que você fique aqui comigo.

   Ele não pareceu muito convencido, mas ainda sim se deitou. Me deito de frente pra ele, bem próxima de seu corpo.

   — Tem certeza de que é só isso mesmo? — sua mão desce pela lateral de meu corpo, até chegar em minha cintura.

   — Tenho... — acaricio sua bochecha.

   O surpreendo quando avanço contra si e o beijo. Ele demorou um pouco, mas me retribuiu. Sua mão aperta minha cintura enquanto começa a desliza pela minha coxa lentamente.

   Namjoon me puxa para cima de seu quadril, fazendo-me rebolar sobre si, puxando a lateral das minhas coxas. Namjoon tomba seu corpo contra o meu, trocando de posição rapidamente, ficando por de cima de mim, agora, entre as minhas pernas.

   O ósculo se itensificou e nos separamos pela falta de ar. Guiei minhas mãos até a barra de sua camisa e a puxei para cima. Ele se levantou e a retirou.

   — Achei que estivesse cansada.

   Apenas sorri e o puxei de volta para um outro beijo, era um melhor do que o outro.