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História Seven love letters - Fantasmas do passado


Escrita por: myavengedromanc

Notas do Autor


Nesse capitulo vamos conhecer um pouco do passado do Frank e também do porquê dele não ter respondido as cartas, então é basicamente um capítulo ponte, porém um dos mais importantes para coisas que vão acontecer mais para frente... Por isso vou postar o próximo capítulo ainda essa semana pra ninguém desanimar :D

Boa leitura, espero que gostem <3

Capítulo 2 - Fantasmas do passado


Meu Deus, que idiota eu fui. Pontuadas com paixão, as cartas de Gerard ainda aqueciam minha alma, vinte anos depois. Então, por que eu não tinha respondido em 1989? Precisava encontrar a resposta. Procurando no meu passado, imaginei, talvez fosse hora de pensar no meu futuro. Porque eu não queria viver o resto da minha vida num casamento sem paixão, nem me tornar um solteirão amargurado, com um coração de pedra. Se existia algum momento para mudar tudo na minha vida, era agora.

Colocando as cartas de Gerard de lado, pulei do meu assento e liguei todas as luzes do apartamento. Ike ergueu a cabeça grande, e um olhar de irritação cruzou seu rosto. Meu velho filho peludo, inclusive com um focinho grisalho, esticou-se lentamente para fora da poltrona.
Ele me lançou um outro “olhar” antes de arrastar as patas para o corredor. Pelo som, parecia que ele estava arrastando pantufas. E então veio: o rangido. Ele pulou para a cama do quarto de hóspedes — a nossa cama, desde que eu havia saído do quarto que dividia com Chris.
Sentei-me no sofá, perguntas roendo meu cérebro: por que um homem casado mantinha tantas cartas que supostamente não significavam nada para ele? Será que eu me importava tanto assim com o que outros homens pensavam de mim? Eu precisava guardar recordações para provar que eu era amado? Como se, para me responder, um cartão caiu no chão. Apanhei-o.

Minhas mãos tremeram com desgosto e decepção. Era do meu pai biológico, Anthony.

Um homem enlouquecido com olhos castanhos e cabelos escuros ondulados estava na frente de um bolo de proporções cômicas, sob um cartaz de Feliz Aniversário, segurando uma arma apontada para a cabeça. Os convidados em volta de uma mesa, todos em poses exageradas de morte, com línguas de fora e olhos revirados. Anthony tinha escrito uma mensagem banal no interior do cartão, fechando com os dizeres: “Bem, aqui está o cartão de aniversário que fiz. Te amo”.

Com certeza era melhor do que o outro cartão de aniversário que ele enviou alguns anos depois, com uma mulher vestida com um sobretudo e lingerie de renda. O texto dizia: “Toque mais uma vez, Frank”.

Enfiei os dois cartões na pasta com a face para baixo, indagando se os jogaria fora. Verdade seja dita, eu estava questionando tudo.
Meu marido sempre me acusou de ter “problemas de abandono” por causa do Anthony. É suficiente dizer que eu sempre nutri um ressentimento profundo pelo meu pai biológico. Qualquer pessoa de mente sã o faria. Depois de um ano e meio de casamento, ele deixou a mim e minha mãe por outra mulher. Roubou o carro. Partiu para o sol da Califórnia. Deixou a porta do nosso apartamento aberta e os gatos fugiram. Nem sequer deixou um bilhete. Eu tinha seis meses, com icterícia e cólicas. Minha mãe era jovem, com 21 anos, temerosa de seu futuro. Pior ainda, a família de Anthony também nos rejeitou, cortando todo o contato.

Ainda assim, a vida continuou para mim e minha mãe, e foi uma vida muito melhor. Quando eu tinha 6 anos, ela se casou com o homem que eu orgulhosamente chamo de pai, Ernest. Como um menino precoce de 5 anos, é provável que eu tenha desempenhado um papel pequeno em sua decisão de se casar com a gente quando olhei para ele com grandes olhos infantis e perguntei: “Você vai ser o meu pai?”. E não, minha mãe não me encorajou a fazer a pergunta. Foi tudo ideia minha, um menininho que queria completar o círculo familiar.

Ernest aceitou minha proposta, e minha mãe se casou com ele um ano depois. Nossa vida foi ótima… não, fantástica, perfeita de um jeito arco-íris, marshmallows e unicórnios, pelo menos para mim.

Anthony não estava por perto para vetar a decisão do juiz, e meu pai me adotou formalmente quando eu tinha 10 anos.
Dois meses depois da minha adoção, minha mãe deu à luz minha irmãzinha, Jessica. Graças ao livro de Peter Mayle, De onde viemos?, eu sabia o suficiente sobre os fatos da vida. E então eu declarei com naturalidade:

— Papai vai amar mais a Jessica do que me ama. Ela é filha verdadeira dele. E eu não sou.

E comecei a chorar.

Mamãe e papai me colocaram sentado e explicaram que só porque o meu pai não tinha me feito durante um de seus espirros felizes (como descrito no livro), não significava que eu não era seu verdadeiro filho. O amor não vinha apenas do DNA. Eu ainda estava com ciúmes da atenção que minha irmã recebia, mas, por enquanto, a questão havia sido resolvida. Esqueci sobre minha adoção, do meu antigo sobrenome. Eu era um Iero, como Ernest e Jessica. E tinha orgulho disso.

Até o dia em que me lembrei de que não tinha nascido Iero coisa nenhuma. O que me leva de volta a Anthony.

Meu pai caloteiro e irresponsável fez o primeiro contato quando eu tinha 12 anos, bem quando eu enfrentava as dores da puberdade, bem na época em que eu não me encaixava.

Como se a vida não estivesse confusa o suficiente. Claro, o desejo que ele tinha de me conhecer perturbou minha mãe, mas ela me deu a opção de falar com ele ou não. Curioso sobre minhas origens, eu esperava ter algumas respostas. Como? Por quê? Por que ele havia deixado minha bonita mãe? Deixado a mim? No entanto, eu estava muito nervoso para fazer essas perguntas.

Logo depois daquele primeiro telefonema, os presentes chegaram: um casaco de camurça vermelha da Saks e um colar de ouro. Como se aquilo pudesse compensar por ele nunca ter pago pensão alimentícia. Na oitava série, perdi o colar; depois de uma das piadinhas ridículas sobre eu estar parecendo um gangster. Um colega de classe invejoso destruiu o casaco; as marcas de caneta azul rabiscadas nas costas não puderam ser removidas.

Depois do contato inicial, enviei algumas fotos minhas a Anthony. Em troca, ele enviou uma foto de si patinando pelo píer de Santa Mônica, vestindo uma sunga de oncinha. E depois, tão rápido quanto ele tinha entrado patinando na minha vida, desapareceu, prova de que as onças — em especial as que usam sunga — nunca mudam suas manchas.

Muitos anos se passariam antes que Anthony entrasse em contato comigo de novo. De alguma forma, ele conseguiu me rastrear na Universidade de Syracuse no verão anterior à mudança da minha família para Londres, por causa do trabalho do meu pai, e ele entrou em contato comigo, perguntando se eu precisava de alguma coisa. Bom, sim, foi a minha resposta. Eu contei a ele sobre os meus planos de viajar para a Europa, como eu trabalharia como garçom durante todo o verão para pagar a viagem, e perguntei se ele não se importava em doar duzentos dólares aos meus fundos de viagem.

— Sem problema algum — ele disse. — O cheque está no correio.

Persegui o carteiro durante semanas. E todos os dias era a mesma coisa. Ele via meu rosto perder a expressão de expectativa e ganhar um olhar de decepção dolorosa. Ele fazia uma dancinha, deslocando o peso do corpo de um pé ao outro. Meus olhos procuravam uma resposta no rosto dele. Sua voz era sempre em tom de desculpas, como se trazer más notícias fosse culpa dele. O cheque nunca chegou e, mais uma vez, Anthony desapareceu da minha vida.

Jurei esquecê-lo.

Mas não o fiz.

Sempre otimista, ou talvez o tipo de pessoa que sempre volta para mais um pouco de dor e punição, eu dei a Anthony mais uma chance de ganhar minha confiança quando minha família se mudou de Londres para Newport Beach. Independente dos meus sentimentos em relação a ele, naquele verão não consegui ignorar minha curiosidade. Anthony morava a uma hora de distância.

O momento parecia certo. Eu tinha 21 anos, era um adulto de boa-fé e tinha uma forte vontade de conhecer aquele homem cara a cara. Então fiz o que qualquer garoto americano com sangue nas veias faria. Liguei para ele.

Por incrível que parecesse, ele atendeu. Convidei-o para almoçar. Ele aceitou e combinamos de nos encontrar em algum café da moda. Pedi para minha mãe jurar sigilo, pois não queria aborrecer meu pai, o homem que me criou. Seria um encontro clandestino. No dia seguinte, dirigi duas horas pelo inferno que sempre vai ser a rodovia 405, depois pela rodovia 10, e peguei a Pacific Coast Highway, nervoso para enfrentar o homem com metade da responsabilidade pela minha existência. Surpresa, surpresa, lá estava ele, do lado de fora do restaurante. Não tinha me dado o cano.

Durante o almoço, enquanto ele falava e falava — basicamente sobre ele mesmo — inspecionei Anthony como se ele fosse algum tipo de atração bizarra em um show de horrores, tentando ver se nós compartilhávamos quaisquer características semelhantes. Como os meus, os olhos dele eram avelã, mas eram mais escuros, não tinham os toques de verde ou o círculo dourado ao redor das pupilas. Seu cabelo, porém, era ondulado, quase preto, e sua pele também era mais escura. Contudo, a pior coisa que ele tinha era o sorriso. Ah, a alegria no rosto dele me deu náusea. Quem era aquela pessoa sentada à minha frente?

Então Anthony fez o impensável. Ele me arrastou por todo o restaurante, e me apresentou a todo mundo como filho dele. Acidez encheu minha boca e minha refeição ameaçou subir. O homem era um completo estranho. Depois que fui embora do restaurante, nunca mais falei com ele. Eu tinha minha resposta. Mal sabia eu que Anthony influenciaria nas muitas decisões ruins que eu tomaria sobre homens. Bom, nessa época eu já era mais que bem resolvido com minha sexualidade, minha verdadeira família não se importava que eu saísse com pessoas do mesmo sexo, mas foi Anthony, o estranho pai que me fez ter um péssimo pensamento. Desenvolvi um padrão: ir atrás de caras que não me queriam, dispensar os caras que queriam. Se alguém gostava de mim, era porque devia ter algo de errado com ele. Afinal, meu pai biológico, sangue do meu sangue, tinha me abandonado.

Longe da vista, longe do coração. Antes que a aventura parisiense com Gerard pudesse deixar meu coração em pedacinhos, voltei aos meus estudos na Universidade de Syracuse, para nunca mais ouvir falar dele. Não respondi às cartas porque eu gostava dele. O que, para mim, fazia todo o sentido do mundo. Sem risco, sem coração partido. Em vez de me expor à queda de todas as quedas, evitei qualquer tipo de intimidade real.

Só que agora, vinte anos depois, eu esperava que não fosse tarde demais para pôr um fim ao ciclo. Eu tinha tanto medo de me apaixonar, que nunca tinha feito isso de fato.
Sem nada a perder, tomei uma decisão.
Iria pedir desculpas a Gerard.

Carta Dois
PARIS, 30 DE JULHO DE 1989


Meu menino, meu doce Frankie,
Sua lembrancinha da França está sentindo muito a sua falta.
Tudo em mim sente a sua falta. Quero tanto compartilhar meu tempo com você, que esta carta nos une. Estou na frente do papel, como poderia estar na sua frente, falando com você, mas, infelizmente, sem conseguir trocar carícias e beijos. Toda vez que saio do meu apartamento, me pergunto se você está me ligando de Nice, sem que eu possa chegar até o telefone. É uma sensação muito chata.
Se você tivesse ficado, em dois dias eu poderia ter te mostrado os fabulosos castelos franceses e a Normandia, uma lembrança dos seus compatriotas que vieram, 45 anos atrás, para morrer na praia.
Eu teria gostado de te mostrar Paris e a França pelos olhos franceses, para que você entendesse nosso modo de vida, algo diferente do pão e da garrafa de vinho debaixo do braço.
Conhecendo a França, quero que você conheça a mim. A vida de todo francês está intimamente ligada à história de seu país.
Frank, quero que você saiba que me sinto um menino escrevendo uma carta para o primeiro namorado. Conheci muitas pessoas durante minha vida, mas realmente foram poucas de quem gostei ou mesmo que amei. Não pense que tenho (como dizemos em francês) um “coração de açúcar”, que me apaixono por todo garoto que conheço. Esse não é meu estilo de vida. Mas é tão maravilhoso gostar de alguém, compartilhar pensamentos, viver para alguém. A vida é incrível.
Às vezes coisas engraçadas mudam nossa história com a força de um furacão. A gente não sabe como ou por quê, mas ela muda. 
Gosto de escrever quando sinto meu coração batendo a cada palavra.
Sou um garoto do mar, aquecido pelo sol da Provence, mas seu calor é maior e faz meu sangue ferver em todas as partes do meu corpo. Meu cérebro, geralmente frio, está queimando de tal forma que não o reconheço. Você é um bruxo fugido de Salem, não é?
Frank, acredite em mim quando digo que me sentia muito bem com você, muito bem-amado em seus braços. Sua ternura me mostrou que estávamos em harmonia.
Nossa aventura não é de um turista encontrando um estranho numa capital estrangeira. Não era esse o meu propósito desde o início. Você é o Frank que eu estimo. Espero que compartilhe dos meus sentimentos. Nos seus olhos avelã, quero me perder por muito, muito tempo.


Avec amour et désir, (com amor e desejo)

Gerard

 


Notas Finais


Pode ter ficado um pouco confuso a história do nome do Frank, então quero explicar...
O pai biologico dele é Anthony e o sobrenome não é descrito... Portanto, o sobrenome Iero veio do pai adotivo, que é o Ernest. E com isso, o nome de Frank não tem o "Jr." e nem Anthony... Ficando apenas Frank Thomas Iero. Sei que é meio estranho, na verdade isso não muda merda nenhuma na história, mas quis explicar haushausha

Bom, é isso, espero que tenham gostado, venho ainda essa semana atualizar <3


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