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História Seven love letters - Integração e transpiração


Escrita por: myavengedromanc

Capítulo 25 - Integração e transpiração


Eu precisava seguir em frente, esperançoso de que tudo desse certo, por isso me joguei de cabeça no planejamento do casamento para os familiares e amigos, em julho. Do lado de Gerard, dezenove pessoas viriam da França para Malibu, incluindo Max e Elvire, é claro; as duas irmãs, Alain, o marido de Muriel, junto dos filhos, Steeve e a noiva, Laura, Maxime e Arnaud; Christian, Ghislaine e a filha Anne; Claude e Danielle; Gilles e Nathalie. Os pais de Gerard e seu irmão não poderiam vir, em decorrência de problemas de saúde de sua mãe, mas nos desejaram felicidades. Richard, companheiro de Isabelle, não poderia tirar folga do trabalho, e Anaïs, filha de Muriel, tinha passado algum tempo na Califórnia, no verão anterior, portanto, também não viria.

Do meu lado, eu estava tentando manter a lista equivalente, mas a minha mãe não parava de incluir pessoas, algumas que eu nem conhecia. No total, a lista chegou a algo em torno de setenta convidados, e haveria mais, se os familiares que moravam em outros lugares decidissem que poderiam arcar com a viagem. Eu só estava convidando alguns amigos próximos e contando que uns oito, dos doze, poderiam comparecer. Porque minha mãe estava aumentando o custo do casamento com cada convidado novo, meus pais se ofereceram para dividir os gastos. Gerard tinha me dado um orçamento total de três mil euros, uma das razões pelas quais tanto o jantar de ensaio, quanto o casamento aconteceriam na casa dos meus pais.

Por isso, contei minhas estrelas da sorte. Gerard e eu poderíamos pagar pela grande noite.

O quintal dos fundos na casa dos meus pais, apesar de ter sido usado principalmente como canil, era um lugar mágico, rodeado por arbustos de roseiras brancas selvagens e, u-lá-lá, lavanda francesa. Com vista para o cânion infinito, Gerard e eu trocaríamos votos de casamento sob um caramanchão de madeira, revestido de jasmins brancos. Enquanto eu caminhava pelo jardim com minha mãe, que poderia ser considerada mais empolgada até do que eu, atualizei-a sobre minhas ideias.

— Estou pensando no tema “jardim à beira-mar”, com tons de verdes, azuis e brancos. — disse eu — Vamos manter as flores simples, basicamente orquídeas dendrobium como base e três buquês gigantes de orquídeas cymbidium, em vasos com uma folha enrolada e uma vela flutuante nas mesas. — peguei minha planilha — Fiz um orçamento com um atacadista e, se nós mesmos fizermos os arranjos, diminui muito o orçamento. Só precisamos comprar doze vasos de uma loja de 1,99, com os quais você pode ficar depois do casamento. O que acha?

— Ooh, vamos comprar luzes de LED submersíveis para a parte debaixo do arranjo.mFicaria tão bonito à noite. E muitas velas. Muitas, muitas velas. — assenti. Minha mãe gritou — Isso é tão divertido!

— Já encomendei setecentas estrelas-do-mar filipinas no eBay para decorar e também fazer as lembrancinhas. — mostrei-lhe uma foto dos pingentes tibetanos que eu também tinha encontrado — Encomendei também setecentos pingentes tibetanos por quarenta dólares. Cada um simboliza algo do casamento: a flor-de-lis para a França, uma libélula para o jardim, um coração com uma chave e fechadura, dois corações abertos representando nosso amor, e uma estrela-do-mar e uma concha para o oceano. Vou passar glitter nas estrelas e prender sete pingentes em cada uma com uma cordinha prateada. Também vai ser o cartão marcando os assentos.

— Adorei. — minha mãe franziu os lábios, em pensamento — Você pode colocá-los na minha bandeja de madeira branca. Podemos encher com areia.

— Também vou fazer os convites do casamento. Achei convites em branco na internet por vinte dólares e podemos imprimi-los aqui. Com uma fitinha e um pingente de estrela-do-mar, vão ficar lindos. — caminhamos até o deque nos fundos — Após a cerimônia, o coquetel vai ser aqui. Falei com Gerard e decidimos manter as opções de bebida modestas, o que também vai baixar o orçamento. Então, vamos fazer sangria e oferecer pastis, uísque e vinho branco e tinto, o mesmo vinho que vamos servir no jantar.

— E quanto à vodca? Ou tequila?

— Mãe, é um casamento. Não queremos que as pessoas fiquem chapadas e depois peguem uma estrada de cânion. — fiz uma careta — E vodca leva ao divórcio.

Onde quer que houvesse um yin, havia um yang, e a natureza encontrava seu equilíbrio. Se as coisas ruins aconteciam por uma razão, as coisas boas também. Agora eu acreditava verdadeiramente em carma. Enfim, minha certidão de nascimento chegou. Não sabia quem era responsável por enviá-la tão depressa, o escritório do governador Schwarzenegger ou do senador Pavley, mas, de qualquer forma, enviei duas notas de agradecimento por e-mail.

Também recebi a notícia da minha advogada de que minha liquidação tinha passado, que o magistrado tinha aceitado meus arquivos revisados. Eu estava livre de dívidas e receberia um aviso pelo correio em um mês ou dois.

Tendo superado o susto do financeiro, eu poderia finalmente avançar sem medo. Peito estufado, marchando com orgulho, cuidei rapidamente da certificação da Apostila da Convenção de Haia necessária sobre minha certidão de nascimento, rezando para não se perder no correio.

Liguei para Gerard quando cheguei em casa.

— Querido, sou um homem livre. Estou livre de dívidas. Estou com minha certidão de nascimento. E sou todo seu. Faça-me seu marido!

Poucos minutos depois, Gerard me enviou meu itinerário, tendo utilizado suas milhas, novamente, para comprar minha passagem. Eu chegaria a Toulouse dois dias antes de seu aniversário. Junto de algo sexy, que começava com Calvin e terminava com Klein, eu tive uma ideia para o presente perfeito para ele. Algo muito especial que iria durar uma eternidade.

Eu não tinha fortuna nenhuma para pagar, mas comprei nossas alianças de casamento. O total chegou em torno de 350 dólares. A dele era uma aliança de ouro branco lisa comprada na Amazon. A minha também era de ouro branco, com um X delicado incrustado com ouro amarelo, que eu tinha encontrado no eBay.

Depois disso, toda minha fortuna era de 475 dólares.

Independente das minhas finanças, não havia muito o que comemorar. Olhei para o meu relógio.

— Mãe, temos que buscar Bert no aeroporto!

Com meu melhor amigo ao meu lado, meu mundo estava completo. No segundo em que chegamos à casa dos meus pais, Bert e eu nos debruçamos sobre o velho álbum de fotos da nossa aventura europeia de 1989. Então lemos as cartas de Gerard e de Quinn e o antigo diário de viagem de Bert, dando risadinhas com todas as lembranças, como dois garotos bobos de colégio.

— Não acredito que você vai se casar com Gerard. — disse ele.

— Não acredito que vou me mudar para a França.

— Não acredito que tenho outro lugar incrível para visitar.

— É fantástico, não é? — sorri e virei uma página no álbum de fotos e vi uma imagem de Quinn — O que será que aconteceu com ele? Você também não gostaria de saber?

— Às vezes. — disse ele — Mas Jepha e eu estamos muito felizes.

Jepha era o companheiro de Bert havia oito anos. Tínhamos nos conhecido no ensino médio, quando ele sempre havia tido uma queda por Bert. Nós o chamávamos de garoto do telefone vermelho. Quando o carro de Bert quebrava, ele ligava para o Jepha. Se passasse por uma separação ruim, ligava para Jepha. A persistência e a paciência de Jepha finalmente deram frutos e ele conseguiu o garoto de seus sonhos.

— Você pode não ser curioso, mas eu sou. Gerard e Quinn perderam contato logo depois de nos conhecerem. — abri meu computador — Qual era o sobrenome dele? Talvez esteja no Facebook. — ele me disse Allman, eu procurei e lá estava ele. Ainda bonito como uma estrela de cinema, ele não tinha mudado nem um pouco. Bert e eu erguemos as sobrancelhas. Sua página no Facebook não tinha privacidade restrita, por isso pudemos ver algumas fotos. Ele parecia estar feliz, casado com uma francesa linda; tinham dois filhos bonitos.

— Vou enviar um recado. Você se importa? — perguntei — Quero que ele saiba que eu, finalmente, escrevi a Gerard.

— Por que eu me importaria? Também estou um pouco curioso para saber se ele vai responder.

Com Bert olhando por cima do meu ombro, enviei um pedido de amizade no Facebook para Quinn, juntamente da notícia de que Gerard e eu iríamos nos casar. Quinn respondeu dois segundos depois, em francês. Abri o Google Tradutor numa janela do navegador e colei o recado:

 

Parabéns, é realmente incrível, como, quando cai um raio, deixa vestígios que continuam, mesmo anos depois. Se algum dia você e Gerard vierem a Paris, por favor, me procurem. Eu adoraria ver vocês dois. E, por favor, dê meu “olá” para Bert.

 

— Uau, isso foi rápido. — disse Bert — Rápido como um raio.

— Incrível o poder da internet, hein? Quer que eu conte que você está aqui? Comigo, agora?

— Não. — disse ele — Já estou com meu cara do passado; mas, se algum dia você o vir novamente, diga que eu disse “olá” também.

O telefone tocou, uma chamada internacional.

— Falando de “olás”, atenda. É Gerard. Tenho certeza de que ele adoraria falar com você.

Ele não me devolveu o telefone por mais de uma hora. Só pude falar com Gerard por cinco minutos, apenas tempo suficiente para alertá-lo de que Bert, minha mãe e eu iríamos para o deserto em poucos minutos, para ficarmos com Bob por dois dias.

— É uma despedida de solteiro? — perguntou ele.

— Não, nos despediremos da minha antiga vida e saudarei a nova com você na França.

— Bem, então não vou te ligar.

— Você pode.

— Não, Frank, passe tempo com seus amigos. Beba champanhe, mas não muito. Vou esperar pelo seu retorno.

E voltei. Duas semanas depois, eu estava de volta à França.

No momento em que cheguei a Toulouse, liguei para o consulado geral dos Estados Unidos em Marselha para marcar uma consulta e pegar o certificat de coutume e o certificat de nonremariage, falando com um homem cuja voz lembrava a de James Earl Jones, profunda e inconfundível. Expliquei minha situação, como eu tinha contratado um advogado para elaborar os dois documentos, mas que a prefeitura não iria aceitá-los, que era para eu buscá-los no consulado. Ele riu; não provocativo, nem condescendente, mas calorosamente.

— Ahhh, a burocracia francesa! É um caminho divertido e interminável a ser seguido, não é? Quando você quer passar aqui?

— Amanhã, às 13h?

— Ótimo. — ele pegou meus dados — Nos veremos amanhã.

Eu estava esperando um bloqueio na estrada. Mas não, na viagem de quatro horas, não encontramos sequer um semáforo no caminho.

Gerard esperou por mim num café enquanto eu conhecia o homem por trás da voz, o próprio cônsul: um homem forte, alto e moreno, com olhos gentis e uma risada ruidosa.

Preenchi a papelada necessária e paguei. O cônsul me entregou os dois certificados.

— Se criarem algum problema para você — disse ele —, ligue para mim.

Eu estava prestes a desmaiar. Pelo menos uma vez! Alguém do meu lado! Eu poderia tê-lo chamado de meu salvador pessoal. Agradeci ao cônsul enfaticamente.

No dia seguinte, com todos os nossos documentos em mãos, todos certificados e traduzidos, incluindo a apostila, Gerard e eu seguimos caminho para a mairie. A mulher estava começando a discutir sobre um dos meus documentos, dizendo algo sobre não atender às exigências de Toulouse, mas Gerard interrompeu. Em francês, ele disse:

— Temos tudo o que é necessário na lista, segundo as exigências de Toulouse. Eu olhei. Também falamos com o consulado americano em Marselha. Realmente espero que a senhora não me force a envolver a prefeitura.

E foi suficiente.

Ela abriu o calendário, olhando as datas.

— Le sept mai, ça marche?

O sorriso distendeu minha face.

Ah, sim, o dia era bom para nós. Dia 7 de maio era o dia exato em que eu tinha escrito a primeira postagem no “blog do amor”, um ano antes, quando ainda não tinha certeza sobre meu futuro.

Quanta sorte.

Enquanto esperávamos com expectativa pelo grande dia, Gerard me inscreveu para um mês de aulas intensivas de francês no Institut Catholique de Toulouse. Todas as manhãs, cinco dias por semana, durante quatro horas por dia. Era hora de me integrar um pouco melhor à cultura francesa e cometer menos gafes, bem como encontrar uma maneira melhor de me comunicar com as crianças, que riam do arremedo das minhas habilidades de linguagem e só me ensinavam palavras como dégueulasse (nojento), nul (perdedor), e méga moche (não apenas feio, mas megafeio). De forma surpreendente, meu teste me qualificou para “Elémentaire II”, dois níveis acima de iniciante, mas não completamente intermediário. De forma não tão surpreendente, eu era a pessoa mais velha (por uma diferença de vinte anos) e o único americano na sala de aula com outros dez alunos: uma menina bonita da Etiópia, um rapaz gentil da Argentina, e um sujeito vietnamita muito engraçado chamado Paul que flertava com as meninas e os meninos japonesas, que compunham o resto da minha classe de companheiros linguistas. Paul meio que não tinha limites.

— Ei — disse Paul, sentando-se à mesa ao meu lado. Ele olhou para o meu anel, balançou as sobrancelhas —, tant pis.

Que pena? De forma alguma. As coisas estavam melhorando. Fui capaz de reaprender todas aquelas temidas conjugações e melhorar meu vocabulário, o que tornou muito mais fácil conversar com Max e Elvire. Ninguém contestou minha união com Gerard e a plublication des bans foi tirada da vitrine da prefeitura. Mais uma semana e seríamos unidos legalmente como marido francês e homem americano. Tudo o que tínhamos de fazer era aparecermos no dia 7 de maio. E, de repente, o dia especial chegou.

Eram 15h40 e eu estava pronto para a cerimônia civil, só faltava uma bela roupa. Corri para o armário e o tirei do cabide. Graças a minha demora para ajeitar o cabelo, me olhar no espelho pelo menos cinquenta vezes, perguntar pelo menos trinta vezes à Gerard se ele havia gostado do meu terno... Estávamos quase atrasados.

Joguei as alianças nos meus bolsos, e Gerard e eu corremos para o carro. As crianças estavam na escola. Tínhamos decidido torturá-las com apenas um casamento — o especial, em julho.

Gerard enfiou o pé na tábua por três quarteirões até a mairie. Minha cabeça deu uma guinada para trás por causa da velocidade, o que bagunçou meu cabelo novamente.

Ele me deixou em frente ao hall onde Christian e Ghislaine, nossas testemunhas, estavam à espera, e parou cantando os pneus numa vaga de estacionamento. Ghislaine me cumprimentou com um sorriso largo.

Entramos na sala de casamento, onde Gerard se juntou a nós alguns minutos depois.

Naquele dia, o vice-prefeito da nossa cidade realizaria a cerimônia. Ele vestia um terno cinza com uma faixa azul, branca e vermelha por cima. Sentamos em nossos lugares, na frente de uma grande mesa de madeira. Ghislaine sentou ao meu lado, enquanto Christian tirava fotos e mais fotos durante a leitura do código civil francês. Cinco minutos mais tarde, Gerard e eu assinamos o livro de casamento, o qual Ghislaine e Christian também assinaram.

Eu estava casado?

— Les bagues? — perguntou o vice-prefeito.

As alianças. Praticamente haviam sido as duas únicas palavras que compreendi em toda a cerimônia. Tirei a caixinha do meu bolso do paletó, abri e coloquei o anel de ouro branco no dedo de Gerard. Tirei meu anel de noivado e o coloquei sobre a mesa. Gerard cautelosamente me pegou pela mão, e uma aliança de casamento logo adornou meu dedo anelar esquerdo. Depois de colocar meu anel de noivado de volta no lugar, ergui minhas mãos em vitória, sacudindo-as duas vezes.

Todos riram.

Ahh, os americanos! Éramos uma espécie muito divertida.

Et voilà! O vice-prefeito entregou a Gerard o Livret de Famille, um livreto vermelho fino, e depois ofereceu outro buquê de flores: um presente de felicitações da cidade.

— Félicitations, Monsieur et Monsieur Way!

— Félicitations! — ecoaram Christian e Ghislaine.

Depois de meses de estresse, agora tudo tinha acabado? Olhei para Gerard, e o alívio inundava todo o meu corpo.

— O que acabei de assinar?

— Agora você me pertence. Você tem de fazer tudo o que eu mandar. — Gerard me puxou para perto dele — Então me beije, Senhor Iero Way.

 

Carta seis

PARIS, 16 DE AGOSTO DE 1989

 

Meu doce Frank,

Esta noite eu queria muito escrever-lhe algumas palavras, das mais doces, espero, para comunicar meus sentimentos. Estou ouvindo Bach, uma bela peça de música clássica. Leva a gente às lágrimas, mostra que nossos sentimentos ocultos podem ser despertos em nossa consciência com a beleza do som. Temos vontade de esquecer tudo por um tempo, a única coisa que sobra somos nós e nossos pensamentos. Meus pensamentos conseguem chegar até você como flechas para abrir seu coração ao meu?

Cada palavra que escrevo para você é tão fresca como o ar que eu respiro. A água e o ar são a base da vida. Assim como o fogo. Você ainda queima no fundo de minha pele quando penso em ti. Às vezes me pergunto se as estrelas é que brilham ou se é a luz dos meus olhos, estimulados por sua memória, projetada nelas. Então, quando você olhar para o céu e vir as estrelas, talvez, ao mesmo tempo vou estar olhando para elas.

Com amor,

Gerard



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