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História Seven love letters - A ressaca


Escrita por: myavengedromanc

Notas do Autor


Dessa vez não demorei <3

Eu amo esse capítulo, acho que é o meu preferido!

Boa leitura ♥

Capítulo 5 - A ressaca


 

Enquanto eu esperava minha irmã chegar, a correspondência entre Gerard e eu se intensificou — de três a cinco e-mails por dia; na maior parte era ele me dando palavras de apoio. Como Bert ainda não tinha desenterrado o álbum de fotos da nossa aventura europeia, a única imagem que eu tinha dele era uma impressão nebulosa na minha memória: uma foto nossa parados na escadaria da basílica de Sacré-Coeur. De qualquer forma, eu estava morrendo de vontade de ver com que cara estava meu cientista de foguetes, como ele tinha se saído ao longo dos anos. Enviei-lhe algumas fotos bobas minhas, tiradas com a câmera do meu computador, e pedi que ele me mandasse uma em troca. Ele topou.

Abri o anexo, que ele havia enviado como um documento do Word, e… e… e… aquilo devia ser a ideia dele de piada. A primeira foto era de Gerard, mas ele tinha cortado a cabeça fora, então eu só conseguia ver um corpo vestindo um terno bonito. A legenda da foto dizia: “Um cara decapitado vinte anos depois, cabeça nas nuvens. Apenas um cientista de foguetes comum e caseiro”.

Girei a tela até a próxima foto, que era dos filhos dele sorrindo em um bonde nos Pireneus. 

Elvire tinha lindos cabelos ruivos e olhos azuis, e ela seria um absoluto arraso quando ficasse mais velha. O filho, Maxence, não era apenas adorável, mas tinha também uma atitude confiante que faria dele um verdadeiro destruidor de corações. Então Gerard tinha feito umas crianças bonitas, mas eu me perguntava: Com que aparência ele estava?

Havia mais uma foto.

Era uma flor em seu jardim?

Ele estava me matando.

Ou ele era profissional em torturar as pessoas, só que sem causar dor, ou havia algo terrível de errado com ele. Talvez algum acidente horrível ou uma experiência aeroespacial que tinha dado errado o tivesse deixado terrivelmente desfigurado. Peguei o telefone e disquei o número da única pessoa com quem eu estava compartilhando todos os detalhes suculentos, cada palavra, cada frase, cada mensagem desde a primeira resposta.

— Gerard me enviou uma foto, mas cortou a cabeça da imagem.

Bert cuspiu uma risada.

— Ele deve ter ficado careca.

— Talvez — eu disse.

Dava tempo de ter manobrado um trem de mais de seis quilômetros de comprimento ao longo da pausa que se seguiu. Fiquei me perguntando: Será que eu realmente me importava se ele estava perdendo os cabelos? Só estávamos trocando e-mails. Meu computador apitou. 

Havia uma nova mensagem de Gerard.

— Tem mais alguma coisa — eu disse, com a voz sumindo no final.

— O quê? O que foi?

— Ele acabou de enviar uma mensagem. Ele quer me ligar.

— Bom, não me deixe atrapalhar você. Ciao.

Clique.

Olhei para a tela do computador por um minuto. Aquele telefonema poderia mudar tudo.

Estava eu pronto para abrir minha vida a Gerard em tempo real? Além disso, eu conseguiria abrir? Era hora de descobrir.

Precisei de vários minutos para digitar três palavras simples: “Me ligue agora”. Trinta segundos após eu ter enviado o e-mail, meu celular vibrou na mesa da sala de jantar. Antes que o telefone caísse no chão, com os meus nervos faiscando como se fossem fios eletrificados, tomei uma atitude e atendi.

— Alô? — falei, embora soubesse exatamente quem estava do outro lado da linha. Minha voz tremeu. Meu coração batia contra as minhas costelas. De um lado para o outro, eu andava por todo o comprimento do corredor.

— Frank — mesmo com uma única palavra, profunda, forte e sensual, a voz de Gerard carregava a confiança que faltava em mim — Nesta primeira conversa, você poderia falar devagar? — ele continuou — Inglês não é minha língua materna. Às vezes é difícil de entender pelo telefone, e eu não quero perder uma palavra que sair de sua boca.

— Isso é estranho — eu disse.

— Estranho? Como?

— Desculpe. É só que faz vinte anos que eu não falo com você. E a maneira como nos conectamos nas cartas… bem, estou achando isso tudo muito estranho. — fiquei em silêncio por um momento — Só estou tentando me desculpar com você, mas as coisas… Eu não sei. Só estou achando isso tudo um pouco louco…

— Frankie?

Ai, Deus, era tão esquisito.

— Desculpe.

— Nunca, jamais se desculpe. Você não tem nada por que se desculpar.

Era hora de mudar de assunto antes que eu pedisse desculpas de novo. Além disso, minha curiosidade estava me matando.

— Seus filhos são absolutamente dois anjos. Adorei as fotos deles, mas quando é que você vai me enviar uma foto sua? Com a cabeça?

— Só estou com um pouco de medo de não ser mais o cara bonito que você conheceu. No momento, meus cabelos estão ficando grisalhos e longos para disfarçar a falta deles em alguns pontos. Não sou fotogênico. Sério, não sou. Quanto a você, Frank, e a suas fotos, você está muito bonito. Eu nunca poderia passar direto se te visse na rua. Não, nunca.

Sorri para mim mesmo. Ele também estava nervoso.

— Só me envie uma foto, por favor, apenas uma.

Com um suspiro, ele concordou.

Uma vez que o choque inicial passou, Gerard conduziu a conversa, pelo que eu ficava grato. As frases deslizavam facilmente da língua dele. Discutimos seu divórcio iminente, como ele tivera uma primeira reunião com um advogado, e como Natasha ainda não estava ciente por completo de suas intenções. Enquanto isso, a chamada em espera foi apitando, juntamente de dezenas de e-mails e mensagens de texto do Chris; de coração partido e suplicante, pedindo-me para pensar sobre nossos bons momentos. Minhas respostas a Gerard eram de uma palavra só, sons: uh-hum, é, sim. Parecia que ele já tinha tudo sob controle. Eu, por outro lado, estava perdido.

— Você está bem? — perguntou Gerard — Você mal disse uma palavra.

— Estou bem — menti. Meus olhos saltaram para o relógio na cozinha — Gerard, eu realmente peço desculpas, mas agora preciso ir buscar a minha irmã.

— Eu entendo — respondeu ele — E lembre-se: você nunca tem de pedir desculpas para mim. Para nada.

Desligamos e eu me sentei à mesa da sala de jantar, com os cotovelos sobre o tampo, sustentando a cabeça com as mãos. O cheiro do perfume Jo Malone ainda estava nos meus pulsos, evocando a memória da discussão que tinha acontecido minutos antes de Chris me dar os dois vidros. Náuseas rondavam meu estômago. O perfume só mascarava minha infelicidade, era uma correção temporária.

Meu celular apitou com uma mensagem de texto da Jessica, alertando-me para o fato de que seu avião tinha aterrissado mais cedo, e que agora estavam taxiando até o portão de desembarque. Mandei uma mensagem para ela com um “Estou a caminho. Encontre-me fora da esteira de bagagens”. Achei que pela hora do desembarque, mais o tempo de pegar as bagagens, eu teria cerca de 45 minutos para percorrer uma distância de vinte minutos. Era cedo o bastante para fugir do rush do fim de tarde, não teria jogo dos Cubs nem dos Bears, e isso me dava alguns minutos. Antes de eu sair para o aeroporto, escrevi um e-mail rápido a Gerard, agradecendo pelo apoio e explicando por que eu estava tão desanimado durante o nosso telefonema. 

 

**

 

Não tínhamos nem subido as escadas, quando Jessica fez a exigência:

— Quero ler aquelas cartas.

— Eu também — reforçou Meg, uma amiga nossa que tínhamos pegado no caminho de volta do aeroporto O’Hare.

— Quais? — perguntei — As antigas ou as novas?

Jessica jogou a mala no chão no quarto de hóspedes.

— Quantas são as novas?

— Não sei. Cinquenta? Cem?

— Fala sério. — disse Jessica — Ele escreve em francês? — afirmei com a cabeça. Ela arregalou os olhos azul-bebê — E você lembra? Do ensino médio?

— Nem um pouco. — eu ri — Agradeça aos poderes do Google Tradutor.

Ou talvez não. De acordo com Gerard, as cartas que eu escrevia em francês eram completamente sem sentido, e eu precisava reescrevê-las em inglês para esclarecer meus pensamentos.

Meg deu de ombros.

— Visitei seu blog. Quero ler as sete cartas.

Passeamos pela sala de estar, zigue-zagueando pelas caixas e mais caixas. As duas garotas se sentaram no sofá, ambas com expressões de expectativa, mãos no colo, os lábios franzidos.

Provocando-as com um suspiro excessivamente dramático, peguei as cartas da mesa de cabeceira e as entreguei. Enquanto elas se ocupavam com a leitura, fazendo “ohs” e “ahs”, fiz-me útil e servi o vinho. Depois verifiquei meu computador e encontrei a resposta de Gerard para meu último e-mail.

 

Para: Frank

De: Gerard

Assunto: Re: Obrigado

 

Frankie,

Eu falei demais e não deixei você explicar sua situação o suficiente. Desculpe pelo meu comportamento, mas eu estava tão nervoso, que as palavras simplesmente fluíram da minha boca como um rio. Não se sinta culpado. Você é corajoso e não covarde. Tem de fazer o que é certo para você e só para você. Estou do seu lado, independente do que a tempestade trouxer.

Obrigado por estar aqui e por sua boa alma.

Gerard

 

 

Minha boa alma? Mesmo com todos os meus segredos mais profundos e sombrios revelados, Gerard ainda me via como um santo. Prendi a respiração.

Meg olhou para mim com lágrimas nos olhos. Ela estendeu as cartas.

— Meu Deus. Eu quero isso.

Eu também queria. Até aquele momento, eu não tinha percebido o quanto. Desviei o olhar e, nervoso, mexi nas alianças que eu ainda usava na mão esquerda. Naturalmente, aquele ato não passou despercebido. Jessica agarrou a minha mão e a soltou logo em seguida, como se eu tivesse uma doença mortal e contagiosa.

— Por que diabos você ainda está usando isso?

— Dá um tempo. Depois de quase doze anos de casamento, a gente se acostuma com algumas coisas. E eu tentei tirá-las, mas me senti muito estranho, nu sem elas.

— Ah, por favor. — a expressão de Jessica mudou o rosto de boneca Kewpie para Chucky.

Ela afastou os cabelos compridos de cima dos ombros, em postura desafiadora — Você está se divorciando. É por isso que eu estou aqui, não é? Para te ajudar a embalar as coisas?

Lá estava ela, a temida palavra com “d”. Eu não sabia o que me assustava mais: o jeito definitivo de tudo ou o medo do desconhecido.

— Jessie, ainda não me divorciei. Preciso de um pouco de tempo para me acostumar com a ideia. Por favor, sem julgamentos. — agarrei meu casaco — Vamos sair para jantar.

 

**

 

Uma mulher de uns vinte e poucos anos apareceu através do teto solar aberto de uma limusine, com uma taça de champanhe na mão. Sua camiseta mostrava uma noiva arrastando um noivo pelo cabelo. Tive que apertar os olhos para entender as palavras acima das caricaturas: “Eu tenho um”. Ah, sim, era uma festa de despedida de solteira com tudo o que tinha direito.

Já que eu estava sentado em um dos lotados cafés ao ar livre de Chicago, a coisa razoável que eu deveria fazer era levantar a minha taça de vinho e desejar os parabéns, como os outros clientes, mas um único pensamento amargo me conteve. Eu queria gritar: “Não faça isso!” e precisei de uma força sobre-humana para não abrir a boca. Só fiquei olhando para a menina e mordi meu lábio inferior. Infelizmente, a futura noiva captou meu olhar antes que a limusine se afastasse.

Ela gritou:

— Vou me casar…

Ao que eu respondi imediatamente, com todas as forças dos meus pulmões:

— Vou me divorciar!

O burburinho de conversas em volta de nós cessou.

Garfos e queixos caíram.

O que posso dizer, além de que tive um reflexo automático?

Jessica e Meg cuspiram vinho tinto por toda a mesa — um desperdício de um ótimo Pinot Noir, se querem saber minha opinião — e todo mundo no restaurante, e quero dizer todo mundo, olhou na minha direção com olhares do que eu só posso descrever como espanto e choque. Afundei em minha cadeira e dei de ombros, desculpando-me fingido. Em poucos segundos, risadas sacudiram o pátio, copos foram erguidos ainda mais alto, e gritos de incentivo vieram de todos os cantos.

— Boa jogada!

— Casamentos são uma droga.

E eu acho que pronunciei as palavras:

— Me dá seu número?

Jessica me acotovelou nas costelas, seus olhos azuis ficando úmidos com lágrimas de riso.

Ela mal conseguia falar.

— Não acredito que você acabou de fazer isso.

Nem eu acreditava.

— É bom ter o velho Frank de volta.

A afirmação de Jessica me deixou pasmo.

— O que você quer dizer com isso?

— Bom, você tem uma faísca, um brilho nos olhos. 

— O Chris não era um mau sujeito. — murmurei — Ele só não era o cara certo para mim.

— Puxa, nunca ouvi isso antes. — Jessica fez um ruído com o nariz e continuou — O que você está fazendo é muito corajoso.

Eu? Corajoso? Se eu fosse corajoso, não teria levado seis anos para reunir a coragem de terminar as coisas. Se eu fosse corajoso, não teria pedido o divórcio numa explosão como a de Hiroshima depois de beber dois martínis com um toque de limão.

— Foi como eu terminei tudo. Não foi certo.

— Como teria sido melhor? — perguntou Jessica — Olha, você finalmente disse o que estava na sua cabeça. Foi alimentado pelo álcool? Grande coisa. Supere isso. Sério, quantos casamentos acabam de um jeito legal?

Balancei a cabeça, agradecido por pelo menos não termos filhos para complicar a questão.

— Ainda assim, eu provavelmente deveria tatuar na minha testa a seguinte frase: “Cuidado: sou mal e quase um quarentão divorciado”.

— Não, você definitivamente não é mal. — disse Meg — E essa história com a noiva foi muito engraçada. As pessoas ainda estão rindo.

Engoli meu último gole de vinho.

— Acho que o tempo da piada é tudo.

Meg levantou o copo.

— Um brinde ao tempo certo.

Mais cansado do que nunca, fui para casa cedo e me arrastei para a cama, apenas para acordar na manhã seguinte com uma forte ressaca. Não era por causa do vinho que tomamos no jantar, mas por causa do medo. Jessica e eu passamos o dia todo arrumando o resto das minhas coisas. Folheei fotos antigas. Mesmo as fotos eram estranhas. A vida que eu tinha compartilhado com o meu futuro ex parecia estar a galáxias de distância. Quando terminamos, fiquei triste ao ver tudo dos últimos treze anos em dez caixas médias de mudança. Jess e eu deixamos tudo na agência de correio local, e enviamos para a casa dos meus pais.

Isso acrescentou mais novecentos dólares à minha dívida já perigosamente alta de cartão de crédito.

Eu levaria todos os objetos de valor e os quebráveis no carro alugado que Jessica tinha me ajudado a conseguir. Na Califórnia, Ike poderia nadar e ir à praia. Ele não teria de enfrentar três lances de escadas, bufando e chiando no peito. Chris e eu tínhamos concordado que a mudança de estilo de vida seria boa para nosso filho peludo.

Jessica foi até a mesa da sala de jantar e pegou os saleiros e pimenteiros Nambé, que tinham sido presentes de casamento. Ela os jogou numa das caixas abertas.

— Você pode precisar deles.

Como eu precisava de um buraco na minha cabeça. Tirei-os dali.

— Estou tentando levar pouca bagagem.

Ela enrugou as sobrancelhas.

— Mas você não está levando quase nada.

Olhei para a mobília, para as coisas que tínhamos acumulado ao longo dos anos.

— São só coisas.

Lembranças de uma vida que eu estava deixando para trás. Mas eu sabia que a mudança não seria fácil.

Dois dias antes de me mandar da cidade, meu marido voltou para nosso apartamento, precisando de encerramento. Ele também queria dizer adeus ao Ike. Não importava como as cartas de Gerard me afetavam, não importava o quanto eu tentasse evitar, abri a porta e convidei a culpa para entrar de volta na minha vida. Chris me disse como eu era um homem maravilhoso, como ele queria começar uma família comigo, tudo o que eu precisava ouvir.

Conversamos sobre tudo, todos os pecados que tínhamos cometido um contra o outro, as coisas boas, as más e as feias, e confessamos e declaramos. Pelo menos uma vez, culpar um ao outro foi deixado de fora da equação. Ele quase me convenceu a ficar. Quase.

— Enquanto você estava fora, comecei a me comunicar com outro homem. — falei.

— Você está tendo um caso?

— Não. — respondi — Só trocando e-mails.

Eu estava esperando uma explosão. Ela não veio. A visão do homem com quem eu havia me casado há quase doze anos passou pela minha memória — um homem que eu não reconhecia mais.

— Bem, pare — disse ele — Pare agora. Coloque um fim. Por nós.

Talvez Chris estivesse certo. Talvez ainda houvesse um nós. Mas se houvesse, por que eu me sentia como se fosse tarde demais? Mantive minhas observações para mim mesmo.

— Tudo bem — concordei, querendo saber se havia alguma coisa, algo em que me agarrar naquele casamento.

Conversamos e choramos e conversamos.

Após doze anos de mal-entendidos e sentimentos feridos, estávamos finalmente nos comunicando, mas o estrago já estava feito, as chamas vinham ardendo há muitos anos. A culpa entrou em cena. Eu estava me afogando. O fracasso do nosso casamento só poderia ser atribuído a uma pessoa: eu. Nunca expressei meus sentimentos para o Chris, e ao longo dos anos, tudo o que eu sentia por ele tinha se extinguido. Eu estava tão desconectado, tão sem emoção. Eu não reconhecia esse lado frio de mim mesmo. Quando a comunicação foi interrompida, problemas ainda maiores surgiram. Era tarde demais. O amor não vinha com um interruptor que eu pudesse ligar e desligar quando queria.

Finalmente encontrei os olhos dele.

— Vou para a Califórnia, mesmo assim.

— Eu sei. — Chris retorceu as mãos — Talvez essa separação seja boa para nós.

Ike me seguiu até o quarto de hóspedes. Sentindo-me como um completo bosta, peguei meu computador e fiz um backup do meu blog, arquivando-o na área de trabalho antes de excluí-lo. Então mandei um e-mail a Gerard, terminando o nosso caso de cartas. Eu não merecia a sua amizade. Eu era fraco e covarde e tinha concordado em uma separação temporária de Chris apenas para evitar uma guerra.

De manhã, antes que o Krakatoa pudesse entrar em erupção, cuspindo raiva líquida, Chris saiu do apartamento, a caminho de outra viagem de negócios. Da sacada, eu o vi entrar no táxi.

Ele olhou para mim. Eu olhei para ele. Quando ele foi embora, uma nuvem escura saiu do meu coração. Eu conseguia respirar outra vez.

 

 

Carta três

PARIS, 3 DE AGOSTO DE 1989

 

Meu tão doce Frank,

Realmente não sei onde você está agora, mas meu espírito te acompanha durante toda a sua viagem. Seus olhos âmbar não sai de minha mente, parece que vejo a cor em todos os cantos da minha cidade.

Seu corpo cheira aos perfumes encontrados em toda a Provence, mas mesmo a Provence pode ter inveja do seu frescor. Sua pele é tão doce, tão bonita e macia, suave como as pétalas de uma rosa.

Quero cheirar e sentir o gosto de cada centímetro do seu corpo, para despertar todos os meus sentidos. Você bombardeou minha cabeça com foguetes 52 de ternura. Minha cabeça pode explodir como os fogos de artifício queimados no Dia da Independência.

Frank, eu sinto demais a sua falta. Acho que todas as minhas cartas podem ser uma prova disso. Claro, posso parecer louco, mas banalidade não é uma maneira de viver a vida; a paixão é. Fomos todos feitos em um momento de paixão porque o amor é um vínculo entre duas pessoas, dois corações e dois corpos. Tudo deveria ter paixão. Quando eu amo, eu amo com paixão, ou a coisa já estava morta desde o início.

Senti algo tão diferente com você, tão poderoso. Fui atraído para você no primeiro segundo em que nos conhecemos. Realmente quero ser algo diferente para você e te dar tudo o que você procura nas coisas. Frankie, talvez não acredite em mim, mas você é a primeira pessoa a causar tal reação em todos os meus sentidos. Eu não sou um místico. Sou apenas Gerard, ardendo de uma forma que nunca conheci antes de você. E você é Frank, uma espécie de bruxo bem-amado!

Paris sente sua falta para contar toda sua história. Eu gostaria de te apresentar o meu país, que tenho certeza de que você vai adorar.

Eu tinha tantas coisas para te dizer, para te mostrar, para te dar.

Quando o trem deixou a estação, me senti muito triste e sozinho.

Só quero que você, por meio destas cartas, me conheça um pouco melhor. Responda logo. Sinto sua falta. Esta noite vou mergulhar na memória dos seus olhos para te encontrar novamente.

Com amor,

Gerard



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