História Severo Snape e a Lufana - Capítulo 47- Terror e Desespero

Rua da Fiação, Cokeworth, Casa da família Snape, Inglaterra.

Severo caminhou durante uma hora até em chegar em casa, a forte chuva de verão o ensopou mas ele não se arrependeu de não ter telefonado para Eileen, ele não queria ser um estorvo para sua ela.

Enquanto caminhava pela chuva todo calor e felicidade que vinha de Elisa pareceu se esvaziar durante o caminho, ele tentou se agarrar aos resquícios de felicidade alcançados na presença da amiga mas conforme ele se aproximava de sua casa o medo e tristeza tomaram conta de seu coração e ele se perguntou do por quê ele ter aquela vida.

Ao chegar na porta de casa ele ficou do lado de fora na chuva juntando coragem para entrar,  se agarrando mentalmente as lembranças de momentos felizes com Elisa para não se perder na dor e solidão que o esperavam do outro lado da porta. 

Ao entrar em casa tudo estava escuro e silencioso, era meio de tarde e ele suspirou aliviado pois Tobias estaria trabalhando naquele horário, ele entrou na cozinha e tomou um copo de água.

Ao passar pela sala Severo congelou, seu coração acelerou e por alguns instantes ele não conseguiu respirar.

Tobias estava sentado no velho sofá no escuro em silêncio apenas o observando.

Severo o encarou de volta em pânico, a sala estava mais escura do que o habitual por causa do dia chuvoso, ele pode ver o brilho de ódio no olhar do pai que não se mexeu, continuou parado o encarando no escuro.

Severo sentiu muito medo, era como estar diante de uma entidade maligna pronta para fazer qualquer atrocidade que fosse.

-Então você voltou ...-A voz grave de Tobias o fez pular, Severo estaria ofegante não fosse o pânico ter paralisado todo seu corpo.

-Aonde ela está ?-Tobias perguntou com voz calma, Severo sentiu todo o corpo arrepiar, aquilo não era um bom sinal, em toda sua vida ele nunca tinha sentido tanto medo quanto estava sentindo agora.

-E-Eu não sei. -Severo respondeu apavorado, ele acabara de chegar e nunca iria imaginar que Eileen não estaria em casa e muito menos que Tobias estaria em casa á quela hora da tarde.

Tobias não respondeu, Severo permaneceu parado no mesmo lugar e posição que estivera desde que entrara na sala, ele tinha medo até de respirar.

Estava escuro mas os olhos de Tobias brilhavam em puro ódio e maldade o fuzilando com nojo e desprezo.

Longos e pavorosos minutos se passaram naquele silêncio insuportavelmente apavorante.

Severo desejou que o pai apenas se levantasse e o espancasse logo de uma vez,

ao invés de ficar como uma entidade maligna sentada no escuro o aterrorizando com olhos cintilantes de maldade.

Um barulho de chave pode ser ouvido na porta, os olhos de Tobias faiscaram no escuro.

Nesse momento severo pareceu se lembrar de como respirar pois ficou audivelmente ofegante, o terror desceu como gelo por sua espinha e ele quis gritar para ela não entrar, para que ela corresse, mas não conseguiu se mexer.

Ao passar entre o corredor e a sala Eileen vislumbrou o filho.

Uma tentativa muito fraca de sorriso ameaçou aparecer no rosto dela e nitidamente os olhos de Eileen cintilaram quando ela o viu.

-Severo você vol...-Eileen arregalou os olhos ao se aproximar do filho e ver Tobias sentado no sofá no escuro.

A sombra de sorriso que ameaçou surgir no rosto dela sumiu imediatamente dando lugar a uma expressão de choque e medo.

-Tobias... O que faz aqui a essa hora ?- Eileen tentou disfarçar e agir naturalmente mas sua voz falhou. 

Por alguns minutos que pareceram horas Tobias não respondeu, Eileen permaneceu parada, petrificada em pânico assim como Severo. 

Ambos pareciam evitar respirar.

-Você achou que eu não descobriria ?- Tobias disse se levantando, o piso de madeira velha rangeu com o peso dele, Tobias caminhou lentamente até a outra ponta da sala, os únicos sons no ambiente eram dos passos dele.

A cada “Tum, Tum “ dos passos Severo sentia o corpo congelar um pouco mais, como se sua alma estivesse saindo de seu corpo apenas de medo.

-Descobriria o quê? -Eileen perguntou com a voz trêmula, Severo desejou mentalmente que ela se calasse, que ficasse quieta.

Tobias ascendeu a luz da sala, Severo e Eileen piscaram varias vezes para a luz que feriu seus olhos.

Tobias passou a enorme mão pelo rosto e pescoço como se tentasse se controlar, ele parecia calmo, mas o ódio em seus olhos parecia uma outra presença maligna na sala como se ele estivesse possuído. 

-Aonde você esteve ?-Tobias perguntou com voz calma andando de vagar pela sala em direção a mesa.

-Eu fui ao médico...-Eileen disse sem vacilar.

-É mesmo ?-Tobias perguntou com ironia reprimida como se soubesse que ela estava mentindo, Severo voltou a ficar ofegante. 

-Sim.-Eileen respondeu com firmeza. 

-Por um acaso você pensa eu eu sou idiota ?- Tobias perguntou com tanta calma que Severo sentiu a cabeça girar, ele sentia que algo de muito ruim estava para acontecer.

-Não.- Eileen sussurrou, ela estava tão apavorada quanto Severo. 

-Não?- Tobias coçou o pescoço com cara de deboche.

-Você já contou para ele ?-Tobias perguntou caminhando até um velho aparador aonde ficavam suas bebidas e serviu uma dose de conhaque, tudo em sua postura, em sua calma, em sua respiração transparecia ameaça e perigo.

-N-Não!-Eileen respondeu com desespero e olhou para Severo. 

-Contou o quê?- Severo se virou com cautela para Eileen que encarava Tobias sem piscar, ela estava com o cabelo transado e enrolado em um coque baixo, Severo sabia que ela havia ido trabalhar.

-Nada ! -Eileen disse sem o olhar.

Tobias gargalhou, foi uma gargalhada assustadora de arrepiar os pelos do corpo.

-Nada ?-Ele perguntou com sarcasmo. 

Eileen não se mexeu.

-Nada ?! Sua vadia, cadela imunda !-Tobias estourou a garrafa de conhaque no chão e gritou a plenos pulmões assustando Severo que deu pulo, Eileen não se mexeu mas parecia tão assustada e amedrontada quanto o filho. 

Tobias atravessou a sala tão rápido que Severo nem o viu o caminhar, ele agarrou Eileen pelas bochechas e a encarou com os olhos arregalados de fúria e ódio.

-Nada ?-Ele tornou a perguntar com nariz praticamente encostado no nariz dela apertando com força as bochechas dela.

Novamente Severo se viu petrificado de terror.

-Aonde-você-esteve ?-Tobias voltou a perguntar de forma pausada e ameaçadora.

Os olhos de Eileen se desviaram rapidamente para Severo, como se ela estivesse pedindo ajuda. 

Severo desejou desesperadamente que alguém aparecesse para os ajudar, mas ninguém apareceu, ninguém nunca apareceria. 

-No médico !-Eileen tornou a respondeu e encarou o os olhos do marido.

Tobias a soltou e deu uma uma risadinha de sarcasmo colocando a mão na cintura, ele lançou um olhar para Severo que quase respirou aliviado não fosse o tapa inesperado que Tobias deu no rosto dela com as costas da mão.

Eileen caiu, imediatamente o sangue escorreu pelo lábio dela.

Severo tentou se mexer, desta vez é defenderia sua mãe, mas seu corpo não o obedeceu, ele se sentiu um covarde petrificado de medo. 

-No médico ? Você esteve no médico sua cadela ?-Tobias a levantou do chão pelo coque do cabelo dela.

-Você seu imprestável !- Tobias olhou para Severo.

-Já viu uma vadia antes ?-Tobias perguntou chacoalhando Eileen pelo cabelo. 

-Tobias por favor !-Eileen implorou em meionas lágrimas. 

-Venha aqui, seu pai vai te mostrar com  é uma vadia imunda.- Tobias ignorou as súplicas de Eileen e a arrastou pelo cabelo até perto de Severo.

Uma fina trilha de sangue escorria pelo canto do lábio dela traçando um caminho pelo maxilar e o pescoço, Eileen estava em desespero vendo a expressão de terror no rosto do filho petrificado de medo. 

Ele começou a rasgar as roupas dela enquanto a xingava.

-Tobias por favor! -Eileen implorou aos prantos em desespero, ela tentou se agarrar as peças de roupa que ele estava rasgando sem sucesso.

Severo estava tão apavorado que não conseguia se mexer, por dentro ele queria ajudá-la mas seu corpo não o obedecia. 

-É ..Assim que ...é uma vadia... imunda ! -Tobias gritava com dificuldade enquanto rasgava as roupas dela, ele tinha um olhar vidrado de loucura e obsessão enquanto rasgava as roupas dela.

Eileen tentou impedir mas ela não podia contra ele.

-Você está vendo ? -Tobias perguntou balançando Eileen pelo braço na frente de Severo quando ela estava quase que completamente nua.

-Você está vendo ?-Tobias gritou e voltou a chacoalhar Eileen.

Severo não pode acreditar no que estava vendo.

Eileen estava grávida, ela estava tão magra que as roupas escondiam sua barriga mas a barriga pequena e redonda estava ali. 

-Essa puta barata, vadia imunda esteve se vendendo para gente como você por aí...Esse é o resultado da imundice dela! -Tobias gritou fora de si e tornou a chacoalhar Eileen pelos cabelos na frente de Severo, ela cruzou os braços na tentativa de cobrir os seios, mas Tobias não deixou.

-Está se cobrindo por que, deixe que ele veja toda a sua imundice. -Tobias estava descabelado e fora de si com cara de louco.

-Essa aberração que você carrega deve ser de algum mendigo por aí... Você achou que eu não descobriria sua vagabunda imunda!- Eileen deu um tapa no rosto de Tobias quando ele tentou arrasta-la para mais perto de Severo para humilha-la ainda mais.

Se Tobias tinha algum fio de humanidade ele a perdeu naquele momento.

Eileen tomou um murro de punho fechado no rosto, ela cambaleou para trás e caiu desorientada no chão, Tobias correu com violência até ela, Eileen tentou se arrastar para longe dele mas ele a pegou pelos cabelos que a essa altura já estavam praticamente todo solto.

Ele puxou os cabelos dela e bateu a cabeça dela no chão. 

Severo viu o sangue escorrer da testa dela.

Ele tentava se libertar daquele medo mas seu corpo não se mexia, ele estava chorando desesperado.

Por que ele não conseguia se mexer, ele se perguntava em desespero desejando  que alguém os ajudasse, que alguém aparecesse, internamente ele gritava por socorro.

Tobias mataria sua mãe bem diante de seus olhos e ele não conseguiria fazer nada para ajudá-la. 

Tobias voltou a bater a cabeça de Eileen com força no chão, o rosto dela se tingiu de vermelho, os longos cabelos negros grudaram no sangue que agora esparramava pelo chão. 

-Se você acha que eu vou sustentar outra aberração imunda igual a você, você está muito enganada.-Tobias disse enquanto tentava arrancar os cabelos dela pelas raizes. 

No ápice de sua maldade Tobias chutou varias vezes seguidas a barriga de Eileen que já estava à beira da inconsciência.

-Eu vou te dar o que você gosta sua puta imunda, você não sai dando esse rabo imundo por aí? Eu vou te dar o que você tanto gosta.-

Eileen sangrava tanto que poderia estar morta, Tobias arrancou o que restava da saia dela e começou a soltar o cinto.

-S-s-severo...-Ela chamou baixinho vendo o filho presenciar toda aquela barbaridade.

-Severo corra, s-sai daqui ...P-por favor vá e-embora! -Eileen tentou se arrastar para o filho mas Tobias pisou nas costas dela.

-Ele não vai a lugar nenhum, ele vai aprender como se lida com uma prostituta como você ! -Tobias disse abaixando as calças.

-S-severo ...P-por favor, vá !-Eileen implorou, lágrimas se misturavam ao sangue dela, ela  não queria que ele visse aquilo. 

-E-está tu-tudo b-bem, S-Severo por f-favor!-Ela se esforçou o máximo que conseguia para conseguir falar, se ela fosse morrer não queria que ele visse, queria ele bem longe dali. 

Tobias gargalhou e pisou com todo seu peso na mão dela que estava esticada na direção do filho. 

-S-Severo n-não o-olhe, S-sever...-Tobias tornou a chuta-la dessa vez na altura das costelas, Eileen estremeceu, seus olhos giraram nas órbitas e ela vomitou uma poça de sangue. 

Ela estava morrendo. 

-Estupefaça !- Tobias foi arremessado pela sala, ele bateu a cabeça na parede e caiu desacordado no chão.

Severo não suportou ver o que Tobias faria com sua mãe, a dor de vê-la implorando para que ele fosse embora, mesmo quando ela estava sofrendo, mesmo quando estava à beira da morte ela só conseguia vê-lo em sua frente. 

Ele correu para ela e tirou a cabeça dela da poça de sangue em que ela estava se afogando.

-E-eu s-sin...-Ela tentou falar mas ele a interrompeu, ele estava desesperado.

-Vamos embora, Eileen por favor vamos embora ! -Ele pegou um enorme casaco que era de Tobias e a enrolou, alguma coisa estava errada com o bebê, muito sangue estava escorrendo pelas pernas dela.

-S-Severo me perdoe, eu-eu sinto muito.- Eileen sussurrou, ela estava perdendo muito sangue.

-Não se desculpe, não agora. Vamos embora!-Ele disse tentando fazer com ela se se levantasse.

-Eu prometo que eu vou cuidar de você, se você for embora comigo agora eu prometo que seremos eu você para sempre, por favor Eileen, mãe por favor.-Ele implorou chorando segurando o rosto dela com as duas mãos, se Tobias acordasse seria o fim dos dois.

Ele sentiu suas roupas se encharcarem com o sangue dela.

-Por favor !- Severo voltou a implorar segurando o rosto dela com firmeza com as duas mãos. 

Eileen assentiu.

Sem dizer nada Eileen usou suas últimas forças para aparatar.

Severo se viu com a mãe desmaiada e ensanguentada em seus braços, ao olhar ao redor ele suspirou de alívio.

Ele não sabia como mas ela os levou a porta de Elisa. 

Severo esmurrou a porta sem se importar com mais nada, não demorou e Mary Johnson abriu a porta assustada.

-Sev... Oh, meu Deus ! 

-Frank, Frank socorro, Frank me ajude aqui! -Mary Johnson gritou em desespero ao ver Severo todo sujo de sangue com uma mulher ensanguentada e desmaiada nas costas dele.

-Por favor, minha mãe está morrendo!-Severo implorou, ele não tinha certeza do que estava acontecendo com Eileen mas sabia que ela estava perdendo muito sangue, algo estava errado com ela e o...Bebê.

O pai de Elisa apareceu desesperado e assustado com os gritos da esposa.

-Sev... Meu Deus !- Ele arquejou.

Frank pegou Eileen no colo e a levou para dentro, Mary correu atrás dele assustada.

-Elisa vá buscar minha maleta !- Ela gritou para Elisa que estava assustada com toda a correria e gritaria repentina.

-Frank chame o Dumbledore, agora.- A mãe de Elisa arregaçou as mangas do hobe do pijama e começou a verificar os batimentos cardíacos de Eileen.

Severo continuou parado na porta novamente petrificado, a única coisa que ele enxergava era Eileen ensanguentada e desacordada no sofá dos Johnson enquanto a mãe de Elisa realizava os primeiros socorros.

-Frank, Frank me ajude ela está perdendo o bebê ...-Mary gritou como se estivesse em uma sala de cirurgia com outros médicos.

Continua...