Seattle, Washington; 21H40M, Sábado.
Ryan Butler Point of views.
Após terminar de escovar os dentes, saiu preguiçosamente do meu quarto, a única suíte do meu apartamento. Ao chegar ao corredor, meus olhos o percorrem lentamente notando uma segunda porta entreaberta. Havia disponibilizado meu antigo quarto de hóspedes (que agora era uma sala de jogos) para o meu velho amigo e colega de faculdade se hospedar, enquanto o mesmo se organizava em Seattle.
Volto andar, seguindo caminho para a cozinha. Estava morto de fome e precisava me reabastecer antes de ir comprar os comes e bebes para a social com as meninas daqui a algumas horas. Entro na cozinha e a primeira coisa que foco minha atenção é nas panquecas em cima da bancada (nossa… O cheiro estava maravilhoso). A segunda coisa que vejo é Justin remexendo em uma frigideira ao fogo, com exímias habilidades de chef, bacons suculentos que fizeram minha barriga resmungar em aprovação.
Devo mencionar que o meu grande amigo é um ótimo cozinheiro, vindo diretamente da frança, e que esse foi um dos motivos para qual eu facilmente o oferecesse o meu apartamento para ele ficar.
— Bom dia, meu grande chef. — O saudei, sentando-me sobre o balcão.
— Grande chef é a sua irmã, aliás, sabia que ela faz uma salada inglesa incrível? — Falou na clara intenção de me provocar com aquela informação que claramente eu não sabia.
— Eu já falei para você fingir não saber da existência dela na minha frente. — Revirei os olhos impaciente.
Se existe uma coisa que eu poderia afirmar sem sombras de dúvidas, é que Justin Bennett tinha algum tipo de atrativo alucinantes que funcionava com todas as mulheres, uma prova disso foi ele ter tido um rolo longo e duradouro com a minha irmã mais velha, que era simplesmente conhecida por não se apegar a homem nenhum. E ele sabe que detesto esse passado deles pelo fato da segurada de vela desgraçada que ele me fez aguentar por meses.
— Essas panquecas já tem um dono, então não encoste suas mãos sujas nelas. — Falou, no momento em que eu levava minhas mãos em direção a elas, sem ao menos olhar para trás e confirmar suas suspeitas.
Suspiro alto, odeio quando ele faz isso.
— Aqui tem umas dez panquecas cara! Você não vai morrer de fome se eu pegar uma. — Quando fatio um pedaço com o garfo e a perfuro para levar a boca, Justin vira-se em minha direção apontada uma espátula para mim, arqueando as sobrancelhas em desafio. — Tudo bem, tudo bem... — Solto o garfo sobre o prato e levanto as mãos em sinal de rendição.
As vezes eu esquecia que Bennett tinha um complexo sobre a própria comida, ele geralmente não cozinhava para ninguém (mesmo que eu já tenha provado uma coisa aqui e ali em suas sobras que ele guardava na geladeira do alojamento), o mesmo nunca explico o porque até os dias de hoje.
— Eu já coloquei rótulo com o meu nome em algumas coisas, se pegar sem a minha autorização, eu toro seus dedos. — Sorriu falso, guardando a espátula enquanto desligava o fogo, servindo a frigideira sobre um descanso de panela.
Salto da bancada indo abrir a geladeira, confirmando o que ele havia dito. Pego uma caixa de suco e bebo pelo gargalo, a depositando de volta a seu lugar após uns goles.
— Eu não acredito que coloquei um inimigo debaixo do mesmo teto que o meu. — Comentou irônico e ele dá de ombros, sentando-se a mesma para comer.
Me escorou no balcão, pescando umas uvas da fruteira é comendo. Estavam meio azedas, mas não me importei.
— Eu preciso ir no mercado comprar as bebidas para hoje a noite. — Falo após mastigar a última uva em mão.
— Eu vou com você. — Falou de boca cheia. — Preciso conhecer mais as ruas de Seattle para pegar o jeito na direção.
— Preciso abastecer o meu Mustang e nele você não dirige, hã-hã. — Balancei a cabeça em negativo e me levantei do banco. — Ainda não me esqueci o estrago da última vez.
— É só um carro, Ryan. Camisinhas estouram; pessoas morrem; bebês nascem todos os dias e carros batem! — Alterou a voz na última palavra como se fosse óbvio.
— Não o meu carro. — Ele revirou os olhos e se levantou indo até a geladeira abrindo-a. — Nós vamos daqui a trinta minutos, não demore para se arrumar, Cara. — Enrolo uma panqueca a levando a boca no súbito momento em que ele virou-se, me pegando no flagra.
— Ryan seu... — Disse raivoso vindo em minha direção.
Mastigava a panqueca enquanto corria até o meu quarto, trancando a porta em meio as minhas próprias risadas, já que claramente o meu amigo estava se sentindo possesso demais para rir de alguma coisa.
[...]
— Você não toca mais no meu carro! — Retruquei indignado, andando a frente, para dentro do grande mercado do Bairro.
Ele apenas ria alto enquanto me acompanhava para dentro, já perdi as contas de quantas vezes já repeti essa frase para ele que chego a me detestar por não cumpri-la. Ao chegarmos na porta de entrada, fomos barrados por duas senhoritas bem distintas, que conversavam aleatoriamente enquanto vinham em nossa direção, entretanto assim que avistaram Justin, que caminhava um pouco a minha frente, só faltava cair em cima do mesmo, uma chegou até a piscar o olho enquanto já estávamos a entrar no supermercado.
— Gostei desse supermercado. — Ironizou ao fitar os produtos assim como eu já fazia.
— Sim, imagino o quanto. — Sorri malicioso, dando de ombros enquanto manobrava um carrinho de compras até a entrada do corredor. — Aliás, isso não cansa você? — Não escondo o tom sarcástico a qual minha voz soou.
— E a você, não cansa?. — Bennett rebateu a minha pergunta, encarando-me de braços cruzados.
— De quê? — Me faço de confuso.
— De fazer questionamentos tão sem nexo. — Justin revira os olhos, entrando comigo em um outro corredor. — Se está tão carente pela atenção de velhas senhoras, deveria tê-las convidado para a sua festa. — Murmurou entediado.
— Primeiramente não é uma festa, é uma social entre amigos. — Retruquei, retirando um pedaço de papel dobrado de dentro do bolso da minha calça. — E segundo, eu não boto gente estranha dentro da minha casa.
Justin resmungou algo parecido com um “tanto faz”, prestando mais atenção ao que eu segurava rente ao rosto.
— O que é isso? — Questionou-me, franzindo o cenho.
— Uma lista. — Respondi como se fosse óbvio e desviei o olhar para o papel outra vez, lendo-o. — Whisky... — Andei em direção a prateleira de bebidas alcoólicas e peguei uma garrafa em mãos,e em seguida, retornando ao carrinho de compras a despejando lá dentro.
Mas de repente fui surpreendido ao ver mais duas garrafas de Whisky serem postas no carrinho.
— Mas o que você acha que ta fazendo?
— Tava escrito na lista. — Ele arrancou o papel da minha mão, dando iniciativa de a uma falsa leitura. — Três garrafas de whisky...
— Onde está escrito isso, eu não lembro de ter anotado assim. — Tentei recuperar a lista quando ela simplesmente foi amassada e jogava longe.
— Mais que caralho, Cara! — Não consigo conter o palavrão, eu tinha feito a lista com base no que eu tinha de dinheiro no bolso.
— Para de agir feito uma idiota e vamos logo comprar as bebidas... e esquece essa lista ridícula. — Ele respondeu impaciente, pegando o carrinho enquanto colocava todo tipo de bebida alcoólica ali dentro.
— Eu não tenho grana pra comprar tudo isso! Vim com dinheiro contado, Justin. — Retruquei seguindo-o.
— Você reclama demais, Ryan. Elas nem devem ser tão caras assim. — O olhei incrédulo, enquanto apontava para uma das várias etiquetas nas prateleiras, que mostravam claramente o preço consideravelmente alto daquelas diversas bebidas alcoólicas.
— Você só pode ser completamente cego. — Passo as mãos impaciente por meus cabelos, os bagunçando-o.
— Deixa comigo, Butler. Quem está comigo, está com Deus! — Sibilou colocando duas garrafas do vinho mais caro do supermercado, mais um espumante, dentro do carrinho.
— A última coisa que eu pensaria é que estando com você, estou com ele.
[...]
— São quatrocentos dólares e cinquenta cents! — Engoli em seco com o resultado do custo das compras, na verdade, eu já sabia que isso aconteceria, com a quantidade exagerada de bebidas que tínhamos passado.
— Justin... — Grunhi, o chamando disfarçadamente.
— Quanto você tem? — Ele perguntou tranquilo ao me encarar.
— Trezentos vivos e nada de cartões. — Sussurrei entre os dentes enquanto observava a morena do caixa nos fitar receosa. — E você?
— Eu não trouxe a minha carteira. — Ele deu de ombros, fazendo uma careta em seguida.
Sinto a fúria me dominar conforme arfava incrédulo, nós iríamos passar uma puta vergonha na frente de uma fila imensa de pessoas e o desgraçado continuava tranquilo como um dia sereno, cerro os punhos contendo-me.
— E como vamos pagar? — Soltei o temido questionamento em um grunhido baixo, arqueando uma sobrancelha para ele. — Porquê você disse que iria dar um jeito e ninguém na terra faz isso sem dinheiro, Justin. — Ele fingiu estar pensativo por um segundo com deboche.
— Então eu acho que sou de marte. — Ele sorriu outra vez e se aproximou da garota apoiando-se sobre o balcão do caixa para falar com ela, não consegue entender praticamente nada, mas só pelas expressões da pobre garota, pude deduzir que Bennett estava jogado o seu charme em um flerte óbvio sobre a mesma.
Alguns minutos passaram-se enquanto Justin conversava, algumas pessoas da fila começaram a reclamar e pedir para irmos logo, era mais do que notável a minha expressão de vergonha. Porém, Justin havia me apresentado a garota dizendo que éramos médicos o que me forçou a dar-lhe um sorrisinho sem graça, as risadas deles ficaram sucessivas. A garota, a qual se apresentou com Rachel, correspondia esporadicamente a investida de Justin, no entanto, mal ela sabia o quanto estava sendo enrolada.
Cruzo os braços desviando o meu olhar impaciente, torcendo para que tudo isso chegasse em algum lugar que não fosse na cadeia. Enfim, notou Justin se afastar da tal Rachel, erguendo-se outra vez ao meu lado, pescando os óculos de sol que estava pendurado a gola de sua camisa com um sorriso vitorioso a boca, a moça subitamente voltou a digitar algo no computador antes de nos fitar outra vez.
— Bom, acho que houve uma falha no caixa, o total são de trezentos dólares! — Ela sorriu meiga e lançou uma piscadela para o meu colega de apartamento, enquanto eu me perguntava onde foram parar os quatrocentos dólares e cinquenta cents com bebidas alcoólicas de minutos atrás, e o que aconteceu com a ideia de irmos parar na cadeia.
[...]
Digitei o numero do celular de Mia enquanto desfazia-me das sacolas de compras com uma mão, guardando as garrafas de vinho dentro da geladeira com a outra. O desgraçado que eu chamo de amigo, estava na sala se “aquecendo” antes das meninas chegarem. No passado, bebidas eram algo que sempre consumimos em excesso durante todo o período na universidade, contudo, jamais pensei que velhos hábitos ainda estavam enraizado na vida de Justin.
— Alô? — Uma voz serena soou do outro lado da linha.
— Oi Mia, está tudo certo pra hoje? — Perguntou com uma pitada de ansiedade tomando o estômago. Coloco outra garrafa dentro da geladeira.
— Oi Ryan, sim está! Nina e eu estamos ansiosas, talvez mas ela do que eu, a mesma está louca para chegar em casa totalmente bêbada. — Rir em imaginar tal cena. — Além de que faz tempo que não fazíamos isso então... — Deixou no ar e sorriu ao concordar mentalmente.
— É, bebida é o que não vai faltar. — Comentei olhando as garrafas de vinho e caixas de cervejas que guardava, ela riu fraquinho do outro lado da linha.
— Tudo apenas para você e Nina? Nossa. — Senti meu lábio treme em meio a minha risada forçada.
— Na verdade... — Parei de falar quando não consegui achar as frutas. — Droga!
— O que aconteceu, Ryan? — Pergunto-me parecendo Preocupada.
— Eu esqueci das frutas para os coquetéis. — Respondi chateado.
— Tudo bem, Ryan, eu vou comprar, não precisa se preocupar com isso, estava mesmo precisando ir no supermercado. Além de que você já fez demais por hoje. — Respondeu muito solicita.
— Mais...
— Sem mais, Ryan. Sou eu que não bebi bebida alcoólica, consequentemente, aqui só toma coquetel. — Me cortou. — Então a gente se ver daqui a... — Ficou em silêncio por uns segundos. — Uma hora e meia.
— Tudo bem então, Mia, obrigado!
— Sem problemas, eu vou indo no mercado agora, até logo, beijo. — Gargalhei baixo por ela ter falado tudo muito rápido.
— Beijo, Mia. — E assim ela encerrou a chamada.
Guardei o celular no bolso e voltei a terminar de levar as bebidas até a geladeira com um sorriso bobo na cara. Adams poderia ser vista como a bondade em pessoa, e eu não conseguiria dizer o quanto gosto dela, nenhum tamanho específico chegaria perto, muito menos quantidade ou peso. Sua simpatia com certeza encantava muitos, porém nem sempre foi assim, demorou muito para que eu e Nina pudéssemos conhecer a personalidade da mesma. Quando fui a sua assistência médica, a sua timidez nos atrapalhou por um longo tempo, e se não fosse pela minha amiga de longa data, não sei como teríamos construído um laço.
— E então? — Escuto uma segunda voz adentrar a cozinha, fazendo-me sair de meus devaneios.
Ao desviar os olhos das garrafas em minhas mãos, me deparo com Justin segurando uma garrafa vazia de cerveja na mão, a qual ele pôs em cima da bancada.
Arqueio uma sobrancelha confuso e ele revira os olhos.
— O quê?
— Faltou alguma coisa? — Perguntou calmo.
— Ah sim, graças a você! Falei que a lista era importante. — Tentei soar o mais irônico possível para provar o meu ponto, mas logo revirei os olhos deixado para, levando outra garrafa até a geladeira. — As frutas para os coquetéis.
Ouvi Justin rir fraco. Vejo seu braço se esticado ao meu lado pegando uma maçã na fruteira — Que ficava ao lado da geladeira. — dando uma mordida em seguida na mesma.
— Não se preocupe, os seus problemas serão resolvidos. — Subitamente ao me virar, o vi pegar as chaves do carro em cima da bancada e sair da cozinha.
— Mais... — Andei em passos largos atrás dele, que ia em direção a sala até chegar à porta da frente, a qual cruzou em segundos, não me dando tempo de terminar a frase. — Ok, então.
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