O clima estava tenso a caminho da cabana, o silêncio parecia cortar a minha garganta aos poucos, e enquanto caminhávamos todos olhavam para o chão.
Finalmentes chegamos na cabana, e todos se enfurnaram em seus cantinhos, menos Jonathan, ele foi pintar a porra do casebre de novo. Fiquei alguns minutos na cama, peguei uma garrafa de rum e levei para fora onde estava Jonathan.
— Você não se cansa de fazer essas merdas?
— Sinceramente até gosto — falou Jonathan com um sorriso sutil
— Seu sorriso me irrita
— Você me irrita — responde Jonathan sorrindo
— Tão encantador e perfeito que me da vontade de te socar
— Vou encarar isso como um elogio
— Está bem então — digo e logo em seguida abro a garrafa de rum e tomo dois goles
— Não exagere na bebida — falou Jonathan com uma expressão de pena no rosto
— Eu faço o que eu quiser — digo é logo em seguida tomo mais dois goles
— Nao ouviu o que a infermeira disse? Você não pode beber se está tomando remédio
— Foda-se a infermeira, foda-se meus pais, foda-se toda essa merda, se ninguém se preocupa comigo por que eu deveria me preocupar?
Jonathan me observa com um olhar de pena e raiva ao mesmo tempo, se levanta e pega a garrafa da minha mão
— O que pensa que está fazendo?!
— Eu me importo...
— o que?
— Eu me importo com você seu idiota! — Jonathan diz e logo em seguida parte pra cima de mim para me dar um soco, me assusto e ele quase acerta meu rosto
— O que você pensa que está fazendo?!— digo e desvio do soco
Ele não responde e simplesmente avança de novo, mas dessa vez nos dois caímos, ao ouvir o barulho da queda Cris e Bruno correm até onde estamos.
— Que merda vocês estão fazendo?!
— Nada! — eu e Jonathan dizemos ao mesmo tempo, olhamos um para o outro e começamos a rir descontroladamente. Cris nos olha confusa
— Idiotas — Cris fala dando um sorriso logo em seguida
— São mesmo...— Falou Bruno
— Desculpa por hoje...eu perdi o controle — disse Cris, que aparentava estar prestes a chorar
— Que nada, só não repita isso, se não eu juro que acabo com você — falou Brundo, com seu sorriso contagiante
— Estou morrendo de medo — falou Cris debochando de Bruno
— Não duvide das minha habilidade — disse Bruno, Levantando os punhos, brincando
— Quem cê acha que é? O Anderson Silva por acaso?
— Sou melhor, Hehe.
Todos voltamos para a cabana e sentamos em círculo no chão, igual a crianças da escola primária, Cris subiu em cima da mesa de madeira d se curvou
— Me desculpe por ser uma completa imbessil! Estando bem?
— Estamos bem! — todos disseram ao mesmo tempo
— Ótimo, o peso na consciência foi embora — sussurrou Cris
— Bom pra você, por que acho que o meu nunca vai embora...— falei sem notar que ela estava prestando atenção
— Você sabe que eu não te culpo pelo que aconteceu com o Jonathan, não sabe?
— Mas eu me culpo e isso já é o suficiente
— O Jonathan passou por uma fase complicada a culpa não é sua...
— Fui eu que vendi as drogas pra ele! Foi minha culpa ele ter acabado no hospital
— Se você não tivesse vendido ele teria conseguido com outra pessoa... eles estava com problemas, e eu também não fui de grande ajuda
— Gosta de rum? — perguntei a Cris
— Detesto
— Ótimo, sobra mais pra mim
Dou uma procurada e não acho a garrafa, olho para Jonathan
— Onde?
— Onde o que? — Jonathan responde fingindo não saber do que eu estava falando
— Não se faça de idiota, onde está?
— Não sei do está falando
Avanço no pescoço dele e o agarro pelo colarinho, mesmo sendo mais baixo que ele sei botar medo nas pessoas quando quero.
— Me diz antes que eu quebre sua cara
— Você está destruindo a sua vida
— Não vem com essa não, onde está?
— Nunca
Quando estou prestes a dar um soco nele Cris me segura
— Qual é o problema de vocês?! Já chega de brigar, uma hora é o Jonathan outra é você, puta que pariu já chega — olho para o chão, nervoso e constrangido
— É que essa personalidade autodestrutiva me irrita! Só quero ajudá-lo — Falou Jonathan
— Vocês mal se conhecem, desde quando se preocupa tanto com os outros?
Jonathan dá um soco na parede e se tranca no casebre ao lado da nossa cabana
— Jonathan! Volta aqui!
— Deixa ele...— falou Bruno
Acho a minha garrafa e entro na mata, acho um cantinho perto de um arbusto e dou mais alguns goles, e fomeço a pensar em voz alta
— Quem ele acha que é?
— Um super herói? — dou uma risada que logo se desfaz, sinto que estou prestes a chorar, mas sou durao de mais para fazer isso
“Por que ele se preocupa tanto comigo? Só nos falamos algumas vezes antes de eu vir para esse acampamento de merda” pensei
— Minha cabeça tá doendo — olho para as árvores fixamente e começo a gargalhar
Bebo até acabar a garrafa, tento me levantar e me manter em pé, dou dois passos e tropeço, fico no chão olhando para o céu estrelado, aponto para uma estrela e digo a mim mesmo
— Por que você não morre logo?....
Me ajoelho e vomito em uma moita até perder a consciência.
Acordo e são três e meia da manhã, faz 40 minutos desde que eu saí da cabana, mas ninguém se importa. Minha camisa está manchada de vômito e acho que a minha dignidade realmente foi para o ralo, estou fraco de mais para levantar então simplesmente permaneço no chão, minha visão está embaçada, e eu não ouço direito.
— Quero sumir...
Ouço alguns ruídos e enxergo a silhueta de alguém, e meus sentidos parecem estar simplesmente se tornando inúteis.
Sinto que estou sendo carregado, mas antes que eu saiba que é fico enconciente outra vez.
— Puta merda! Ele cheira a vômito
— Cris?...— murmuro
— Acho que ele acordou bota ele na banheira
Abro os olhos assustado com o jato de água gelada na cabeça
— Cacete... que porra é essa?— Bruno joga um jato de água no meu rosto
— Olá! — falou Bruno
— O que você está fazendo? E o onde eu estou?
— Você está no no banheiro da cabana, e eu estou te dando uma lição
— Desde quando você é tão descontraído? — sorrio e ele aponta o choverinho para mim me ameaçando
— Ok, Ok
— Tira a roupa
— O que?
— Se quer dormir cheirando a vômito por mim tudo bem
— Esta bem
Tento tirar a camiseta, mas eu to tão bebado que nem isso eu consigo fazer. Bruno suspira e me ajuda a tirar
— Por que está fazendo isso consigo mesmo? — falou Bruno com um olhar de pena
— Eu lembro de estar jogando na casa do meu tio, e o dos personagens disse uma frase que me define tanto que eu nem consigo descrever o quanto... ela era assim “nunca tenho coragem para apertar o gatilho, então vou me matando aos poucos” agora você tem a sua resposta... está feliz?
— Não... nao estou
— Sinceramente eu também não — sorrio
Bruno joga outro jato de água em mim, e dessa vez parece estar mais gelado que antes
— se eu pegar um resfriado a culpa é sua
— Nao, não é, agora tira a roupa
— Sei tomar banho sozinho, não preciso de ajuda
— Você não consegue nem se manter acordado, não vem me dizer que não precisa de ajuda
— Ok, mãe — falo debochando dele, e logo em seguida tiro a roupa, Bruno tenta disfarçar o constrangimento, mas mesmo sua pele sendo morena ele estava muuuito vermelho então não dava para esconder
— Gosta do que vê? — dou um sorriso olhando diretamente em seus olhos
— D-deixa disso Malcom
Me aproximo de seu rosto, quase encostando em seus lábios, quando ele estava prestes a ceder tomou juízo e me empurrou
— Por que?
— Você está bebado e provavelmente nem vai se lembrar disso
— Não tem como eu esquecer de você
Bruno fica mais vermelho que antes, era interessante ver um cara grande como ele corar
— A-ande logo com i-isso — falou Bruno
— ok, ok, já estou indo.
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