1. Spirit Fanfics >
  2. Shadow - Supernatural Fanfic >
  3. Um idiota não fictício.

História Shadow - Supernatural Fanfic - Um idiota não fictício.


Escrita por: nameiswhite

Notas do Autor


Olá Hunters.
Depois de MUITO tempo temos um novo capítulo. Mil desculpas pela demora, mas tive um problemão para poder escrever. Espero poder recompensar.
Também tenho encontrado bastante erros de no decorrer da história e preciso tirar tempo para revisá-la, mas avisarei quando isso acontecer.
Muito obrigada pelo carinho e por todos os comentários ♥
Enfim, aproveitem a leitura xoxo

Capítulo 15 - Um idiota não fictício.


St. George, Utah.

O sol nascia sobre as montanhas e Dani o observava com a mais pura fidelidade. Estava desolada depois de mais uma tentativa frustrada.

Sam empurrou um café em sua direção, mas ela nem deu atenção.

Pela janela da lanchonete do simples Motel 6, ela via a vida de todos passar enquanto a dela estava estacionada com o mesmo enigma.

_ Nós podemos ir embora? – ela se virou para Sam, implorando.

_ Dani... – pela primeira vez, ele desejou que Dean estivesse ali. Danielle possuía uma pose determinada quando ele estava por perto. – Nós ainda podemos conseguir algo aqui.

Ela balançou a cabeça em concordância, dando um gole em seu café e se voltando para os grandes e morros de terra seca que cercavam a cidade.

Anastácia havia a devastado de tal maneira que se sentia desmoronando aos poucos. A cada dia ela tinha mais certeza de que seu destino estava ligado ao lado das sombras, mas ela nunca se sentiu uma vilã.
Danielle só queria respostas e estava sendo desanimador nunca encontrá-las.

 

Depois do café da manha, Sammy e ela voltaram ao quarto, encontrando Dean escovando os dentes.

Dani se jogou sobre sua cama, fechando os olhos e se negando a encarar mais um de seus problemas, Dean Cretino Winchester.
 Ela escutava a movimentação e a conversa dos irmãos, mas insistia em fingir que descansava para não ser incomodada.

_ Você pode me emprestar o carro? – Sam perguntou, fazendo Dani abrir o olho no mesmo momento.

_ Para que? – Dean e ela perguntaram ao mesmo tempo, fazendo o mais novo sorrir.

  Ele tinha a intenção de pesquisar mais sobre a vida de Anastácia e sobre o caso de Dani, mas também queria deixá-los sozinhos.

_ Marquei uma entrevista com um professor da Universidade de Utah, ele pode ajudar. – deu de ombros, fingindo que não estava criando um problema.

  Danielle e Dean se entreolharam, nervosos.

  Ele queria ficar perto dela, mas precisava se preparar para isso. Ela, por sua vez, queria manter seu plano de se afastar.

  O mais velho indicou as chaves sob a mesa, lançando um ultimo olhar sobre Dani e vendo-a voltar para sua posição de descanso.

  Sam colocou seu casaco e pegou as chaves, indo até o irmão, batendo em seu ombro e sussurrando:

_ Boa sorte.

(...)

   Já havia se passado horas desde a saída de Sam e Dani continuava na mesma posição.
Ele tentou conversar, mas ela só murmurava “sim”, “não”, “uhn”... Já havia visto televisão, comido um sanduíche, escutado música no último volume, criticado a carreira de publicidade e zombado de sua chatice. Contudo, Danielle continuava deitada e fingindo que dormia.

   Ele suspirou, desligando a TV e anunciando que ia buscar o almoço. Ela nem sequer o respondeu.

   Dean realmente queria que Dani tivesse alguma reação, mas também apreciava sua resistência.  Foi seu caráter que o fez se sentir daquela forma e não desejava mudá-lo. E estar em pé de guerra com ela era algo tão prazeroso que o fazia se sentir vivo. Todavia, naquele momento, Dani estava ganhando e ele odiava se sentir em desvantagem.

  Enquanto esperava seus pedidos, viu pelas janelas da lanchonete imensos tobogãs sobre os morros. O atendente havia o informado que era uma forma comum de diversão na cidade e que qualquer um poderia participar.
Dean se imaginou no meio daquela gente, pelo menos tentou. Não tinha mais idade para aquele tipo de diversão, nem era a sua cara. Mas as garotas de biquíni eram... Dani de biquíni era!

(...)

   O quarto estava mal iluminado, mas Dani podia ver nitidamente o ponteiro do relógio se movendo.
   Olhou para porta e imaginou o que faria quando Dean a cruzasse. Estava esgotada de todas as formas. Era a vivida sensação de fracasso juntamente com o desejo errôneo que possuía por um tal Winchester.
   Danielle sempre pensou que sair da fazenda e largar a caçada foi uma atitude necessária para ser feliz. Mas sabia que a felicidade a abandonava cada vez que se afastava. Naquele momento, ela se sentia como aquela garota que largou tudo e foi para a faculdade. Ela queria ir embora, mas sabia que abandonaria algo tão especial que nunca se perdoaria por partir. Todavia, a falta de respostas e o desespero a mortificavam de tal forma que talvez buscar outro lugar amenizasse esses sentimentos.

   Sentou-se, calçando seus tênis. Teria que sair antes que Dean sonhasse em voltar, não queria ser pega e sabia que ele  podia ser rápido nisso. Colocou o casaco e ajeitou-o sobre o corpo.

  Ela podia não partir, mas precisava de um tempo sozinha.

(...)

  Andar nunca foi o forte de Dean. Teria que se lembrar disso da próxima vez que Sam pedisse o carro.
  Quando entrou no quarto, percebeu que o chuveiro estava ligado. Era uma boa forma de cortar contato, Danielle estava ficando boa nisso.

_ O almoço está aqui! - gritou, tentando decidir se esperava por ela para comer.

  Então se lembrou da insistente tentativa de o manter longe, o que - com certeza - incluía não comer juntos. Se sentou na cama com um frango frito na mão, deliciando o que havia caminhado bastante para conseguir.

  O irritante relógio o mostrava que o tempo havia passado e que não possuía mais nada para comer enquanto esperava a princesa dar as caras.
  Dean olhou para a cama ao lado, onde antes Dani fingia dormir. Agachou-se e levantou o lençol a procura de tênis que não estava lá.

  Correu até a porta do banheiro, a escancarando sem medo de encontrar Danielle nua - o que não seria tão ruim. Entretanto, a água caia e o vapor inundava o local, mas não havia ninguém dispondo disso.

Ela fugiu.

_ Droga! 

(...)

_ Droga, Sam. Essa já é a quinta mensagem!  - Dean falou, correndo pelas ruas do centro da cidade. - Ela fugiu! Danielle sumiu e não consigo encontrá-la. Traga meu carro de volta!

  Era difícil ir à procura de uma desaparecida. Ainda mais complicado ir a pé.
  Ele havia mostrado a foto de Dani nos primeiros três quarteirões, mas percebeu que era perigoso. Afinal, alguns monstros parecem pessoas.
  Danielle não seria tão burra para fugir desarmada, mas se alguém tivesse a pegado, não esperaria pôr os sapatos. E a jogada do chuveiro pareceu suja o bastante para vir de apenas uma mente, a dela. Dani queria fazer algo, ele só não entendia o que.
  O pior é que ela era tão imprevisível que era quase impossível imaginar para onde iria.
Ela não se esconderia em um bar, pois sabia que esse era o primeiro lugar em que ele procuraria. Podia ter ido atrás de Anastácia novamente, mas ela estava chateada demais para receber outro não.

  Ele parou, olhando ao redor e tentando ter alguma idéia. Precisava pensar com clareza se quisesse conseguir algo.
  O que Danielle faria para o despistar?
  É claro que ela faria isso para fugir exclusivamente dele. E o conhecia o bastante para saber que ele descartaria os lugares óbvios.
  Ela podia estar em um bar, pois Dean não iria lá de primeira. Entretanto, ela também pensaria na hipótese de ele estar desesperado, então teria que encontrar um meio termo. Um lugar em que ela pudesse se distrair e que não seria tão fácil de achar. 

Ele conhecia um lugar. 

  Dani observou os apostadores do pequeno cassino dando tudo de si e não recebendo nada em troca. Era divertido ver pessoas tão inúteis perdendo tudo, afinal, se fossem inteligentes, não estariam ali.
  Sam havia comentado sobre aquele local quando chegaram a cidade. Era totalmente ilegal, mas comandado por pessoas da polícia. Um trocadilho político caloroso. Ela gostava de coisas que possuíam história e, naquele caso, uma bem suja. 
  Pensou que beber a faria se distrair, mas o copo quase totalmente cheio a sua frente a fez perceber que não era disso que precisava. 
  Um dos seguranças passou por ela e não fez questão de esconder sua arma. Se houvesse alguma confusão, não seria nada amigável. 

_ Parece que eu te conheço mesmo muito bem.  - Dean se sentou ao lado, a assustando. 

_ Demorou um pouco mais do que eu esperava. - ela passou o copo para ele, que o aceitou sem questionar.

_ Eu estou nu. - ele deu um gole na bebida, vendo-a não entender. - Sam está com o Impala, vim a pé.

_ Mesmo assim, demorou.

  Ela desviou o olhar dele para as mesas de jogos.
  Dean acompanhou seu olhar, vendo que Dani gostava de cortar o contato para o intrigar ainda mais. 

_ Fugiu para que eu viesse atrás de você, não é?

_ Eu não fugi, só queria um tempo sozinha. Coisa que você não é capaz de me dar.

  Dean pediu mais uma bebida para o garçom. 

_ Não posso te deixar sozinha, você sabe disso. 

  Dani riu, voltando a observá-la. O Winchester indagou o motivo daquele sorriso, mas fez o mesmo, esperando que ela falasse algo. 

_ Não pode ou não quer?

  Dean engoliu seco, não esperando por aquela pergunta. Pensou que ela quisesse o afastar, não o provocar daquela maneira. 
  Dani, por sua vez, só queria tirar o peso do apartamento e se divertir um pouco com a falta de jeito de Dean.

_ Se eu disser os dois faria alguma diferença para você?

  Ela abriu um sorriso acanhado, vendo que Dean também podia falar algo inesperado, mesmo estando sem jeito. 

Achou melhor mudar o assunto.

_ Esse deve ser um bom lugar para você, não vai apostar?

  Ele balançou a cabeça em concordância, mas percebeu que fazia isso não para a pergunta, mas pela opção de Dani em não continuar com a conversa.

_ É claro. - ele bagunça um pouco o cabelo. - Só preciso de um desses cheios.

 Indicou o copo de whisky,  mostrando a Dani que usaria da boa e velha tática de fingir estar bêbado para conseguir apostas altas. 

_ Estamos em um cassino, não em um bar da estrada. - ela advertiu. - Acha que eles não vão manjar essa?

_ Eu sei o que estou fazendo. - piscou, indo até o bar e pegando mais um copo antes de se juntar aos outros apostadores. 

  Danielle riu do jeito prepotente de Dean, mas sabia que isso só o diminuía quando seu grande coração estava na ativa.

  Abriu a bolsa à procura de um dos livros do avô que estavam com Sam. Ele havia marcado a maioria das páginas, mas nenhuma possuía alguma resposta. 
  Ela folheava o objeto quando leu algo que a chamou atenção.
  Era a anotação de um feitiço antigo de controle de mentes. Já havia escutado falar de algo parecido. Controlar a mente de humanos é algo relativamente fácil em termos de bruxaria, mas aquela era uma copia do feitiço original de aprimoramento: o de controlar a mente de qualquer criatura suscetível.
  Mas parece que Anthony nunca conseguiu fazê-lo, pois para o realizar era necessário o DNA de alguém que a criatura fosse devota.

  Um branco invadiu sua mente e a imagem do lobo cinza se curvando a puxou novamente para baixo. Em um breve surto de consciência, ela considerou que seu DNA seria o suficiente para o feitiço.

  Quando recobrou a consciência, se sentia exausta da mesma forma que da última vez.  Foi até o bar trocando os pés e pediu uma água para o garçom.
  Depois, pegou uma caneta e anotou sua visão nos mínimos detalhes. Fazia isso para relembrar com clareza e tentar descobrir algo importante que havia deixado passar.

  Tudo pareceu à mesma esquisitice da primeira vez. Só que ela possuía um feitiço em mãos e teria que descobrir se estava certa. 
  Estava recolhendo suas coisas para encontrar Dean e saírem daquele lugar quando escutou um tiro e viu as pessoas correrem para a saída desesperadas.

(...)

  Dean nocauteou o barbudo de quase dois metros que tentava o impedir de correr. Todavia, não importava o tamanho daqueles dois seguranças, ele não desistiria daquela luta.

  Danielle, mais uma vez, estava certa.

  Fez apostas altas com um Senhor classudo e cheio de si, que fez questão de desmascarar sua farsa quando perdeu. Negou-se a dar o dinheiro e chamou os seguranças.
  Acontece, que aquele homem não era qualquer um. Era o pai do dono!

  Desviou do soco do segurança menor, enquanto o grandão ainda analisava o estrago que havia em seu nariz. Agachou-se e deu uma banda no cara, fazendo-o cair e bater a cabeça no chão. O maior reagiu, correndo em sua direção. Dean, que ainda estava agachado, sabia que não podia competir em questão de força com ele, por isso,  concentrou a potência de seu chute no calcanhar do adversário, fazendo-o vacilar o suficiente para lhe dar uma banda, assim como fez com o outro.

  O Winchester se levantou, se ajeitando e lançando um sorriso para o perdedor que lhe devia dinheiro.
  Ele ia caminhando em direção ao homem para confrontá-lo quando alguém agarrou seu pé, o levando ao chão com toda força.
  Bateu com a parte superior da cabeça com muita brutalidade e pode sentir o sangue escorrer dali.
  O segurança mais forte virou Dean de barriga para cima e desferiu socos oprimidos de ódio que precisavam ser descarregados. Ele tentou reagir, mais tinha um homem de mais de 120 kg em cima que adorava destruir a capacidade de resistir do inimigo.
  Em um descuido, Dean conseguiu alcançar os olhos do homem, os pressionando e fazendo-o para de bater no mesmo segundo. O homem gritou enquanto Dean se levantava e o fazia cair no chão de dor.

_ Se não o soltar, puxo esse gatilho. - Dean sentiu um cano gelado em sua nuca, se ajoelhando e lembrando que ainda havia outro segurança.
 

  Ele levantou as mão, vendo o grandalhão/bebê-chorão se recuperar e voltar a postura hipócrita de machão.

_ Já chega! - escutou o grito de Danielle e não sabia distinguir se estava desesperado ou feliz por ela ter chegado.

   Dani soube ser cautelosa ao chegar perto da briga, fazendo com que o segurança nem notasse sua presença ao lado até que gritasse.
  Ela sorriu debochada antes de chutar sua costela e pegar sua arma em um movimento rápido. Empurrou o corpo do homem para o chão e pôs a arma em sua cabeça.

  O outro segurança, o enorme, apontou sua arma para ela, mas estava claro seu apavoramento.

_ Abaixa a arma ou eu atiro. - o homem tentou se soltar, mas ela puxou seu cabelo. - Está esperando o que?

  Dean se levantou enquanto via o homem se abaixar e largar a arma no chão. Foi até ele e pegou o objeto, ficando alerta.

_ O negocio é o seguinte. - Dani voltou a falar. - Nós dois vamos sair daqui e ninguém vai nos seguir.

  Dean raspou a garganta.

_ E vamos levar o dinheiro. - ele olhou para o senhor, não apontando a arma em sua direção em respeito à idade.

_ O que? Claro que não!  - ele a encarou como se ela fosse uma mãe que lhe negava algo. - Só vamos sair daqui sem ser seguidos.

  O segurança maior olhou para o senhor que concordou com os termos.
  Danielle encarou Dean, que ainda observava obcecado as fichas na mão do homem. 

_ Nós temos que levar o dinheiro! Foi difícil ganhar! - ele implorou, chegando mais perto e falando em voz baixa.

_ Você é tão idiota... - ela revirou os olhos. - Tudo bem.

  Dean sorriu, esticando a mão para o homem e esperado o dinheiro. O cara não parecia nem um pouco satisfeito ao lhe entregar e mostrou isso quando não quis soltar as notas.
  Quando finalmente o cabo de guerra feito com dólares acabou, Dean começou a caminhar para saída, passando por Dani.

_ Nós estamos ricos! - ele descarregou a arma, soltando o obejto no chão e ficando com as balas.

  Enquanto Dani fazia a mesma coisa, ele contava o dinheiro.

_ Idiota!

(...)

  Eles correram por vários quarteirões, não acreditando que o chefão e seus capangas cumpririam a palavra.
  Quando finalmente pararam, Dean sorria triunfante.

_ Você foi incrível! - ele recuperava o fôlego.

_ E você um imbecil! - Dani não estava tão feliz quanto ele. – Acha que eles ficaram felizes em perder essa grana?

_ Você devia me agradecer. - guardou o dinheiro na carteira. - O que acha de comermos alguma coisa com meu suado capital?

Danielle andava sem encará-lo, segurando sua bolsa como se ela fosse seu bem mais precioso.

_ Precisamos encontrar Sam.

_ Por quê? Eu joguei e você nos salvou. - ele ainda estava alheio aos sinais de seu comportamento. - O que ele fez para usar da grana?

  Dani parou, pegando a carteira da mão de Dean tomando as notas para si. Guardou em sua bolsa e tirou um dos livros que carregava para lhe entregar.
  Ele queria o dinheiro de volta, mas tentaria tomá-lo depois.

_ Encontrei algo. - voltou a andar, sendo seguida por Dean. 

  Ele folheou as páginas buscando a resposta para poupar Dani do dever de explicar, mas não encontrou nada. 

_ São as anotações do seu avô, já olhamos isso mil vezes.

_ É um dos feitiços de controle de mentes, o que foi aprimorado para controlar as criaturas.

_ E daí? - ele pôs o livro em sua bolsa enquanto andava. Tentou pegar o dinheiro, mas Danielle bateu em sua mão. - Precisa do DNA do alfa, é um feitiço inútil.

   Danielle queria lhe contar sobre as visões. Afinal, era o Dean! Todavia, isso a transformaria em uma vilã e ela deixaria de ser a protegida para se tornar um possível alvo. Precisava dos Winchester e apreciava demais a relação dos três para estragar isso.
   Não contaria sobre suas visões até ter total certeza de qual era seu lado nessa historia.

_ Pode haver alguma brecha. - enrolou.

_ Mesmo assim, pode ser uma tentativa inútil.

_ Tentativas inúteis são as únicas coisas que temos, Dean.

  Ele não respondeu, pois sabia que precisaria de muito mais do que palavras para preencher as esperanças de Danielle.
  Realmente estava se comportando como um babaca e se sentia ridículo por não conseguir se controlar. Sempre foi impulsivo, mas a falta de triunfo em conseguir o que queria estava o deixando louco.
  Ele a queria.
  Entretanto, acima de tudo, queria salvá-la e estava longe disso. 

_ É melhor voltarmos logo para o motel, seu rosto ainda está sangrando.

  Ele pôs a mão, percebendo pela primeira vez o corte em sua testa.
 

  Caminhava ao lado dela tentando formular algo para dizer. A postura firme de Dani não o intimidava. Ele tinha coragem, menos imaginação.

_ Seus pensamentos são gritantes, consigo escutá-los daqui. - ela brincou, quebrando o clima. - Não precisa me consolar.

_ Eu sei que não, você é superior a isso. - ele falava sem se importar em ser pego. - E escutou errado, queria dizer algo para animá-la, não para consolá-la.

_ Você tem o caminho todo para descobrir o que me deixaria feliz, Dean.

(...)

  Ambos voltaram em silêncio, percebendo o quanto estavam cansados no momento em que pisaram no chão de madeira do quarto.
  A calmaria os mostrou a tensão que pairava entre eles. Eram Dean e Dani, sozinhos novamente.
  Ela se perguntava se devia tentar, ele discutia a mesma questão.

  Dani tirou o casaco, lavou as mãos e pegou a caixa de primeiros socorros. Dean, obediente, se sentou na cama.

  Ele tentou pegar a caixa de sua mão, mas ela não deixou.

_ Eu faço. - sussurrou.

Soltou um barulho estranho em concordância e esperou que começasse.

_ Sei o que vai te deixar feliz.

_ Algo me diz que se você dizer, vai estragar o momento. - ela levou o algodão ao seu rosto, fazendo-o respirar fundo com a ardência.

_ Estamos tendo um momento. – perguntou, brincalhão.

_ Não diga nada, Dean. – ela riu.

  Ele fechou os olhos por míseros segundos e sentiu o cuidado que Dani tinha ao cuidar de seu machucado. Quando os abriu, encontrou os delas fixos em seu rosto e se perguntou se havia algo mais bonito do que aquela face.
  E havia, ela por inteiro.
  Dean se tornava apenas um cara quando estava perto dela, pois daria tudo para saciar sua vontade de tê-la.

_ "Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui... " - ele começou a dizer, mas Dani apertou o algodão em sua testa, o fazendo protestar.

_ Não continue! - ela elevou o tom de voz. - Não pode citar isso para mim! Por que está fazendo isso?

  Era uma das declarações mais vivais de Orgulho e Preconceito e Dean acreditava que ela se encaixava perfeitamente para Dani.

_ Eu só...

_ Só estava tentando! - ela guardou o kit e se virou para ele, mostrando que a tensão também a perturbava. - Não pode me dizer isso se realmente não sente.

_ Eu sinto. - Dean simplesmente disse. - E não tenho medo de continuar.

_ Você não é o Sr. Darcy, Dean. E eu não serei sua Elizabeth. - Dani sentiu que uma lágrima saia de seu rosto e achou melhor acabar com aquela discussão. - Eu... Eu vou tomar um banho.

  Ele passou a língua pelos lábios e pôs a cabeça entre as mãos. Só levantou novamente quando escutou a porta do banheiro se fechando.

  Danielle se olhou no espelho e quis voltar. Sentiu-se a mais estúpida das pessoas por reprimir seus sentimentos.
  Ela não podia ouvir aquela frase de Dean, pois era muito forte para ser dita apenas pelo momento. A questão é que o sentir possui vários estágios e ela e Dean não passaram das ocasiões, aqueles que só aconteciam quando os dois eram tomados pela inquietação. Ela não sabia se chegaria ao próximo estágio, muito menos ao mais importante deles, amar infinitamente e reciprocamente.
  Era Dean e ele poderia voltar a ser sua pior versão no outro dia, assim como ela.

   Dean, que andava de um lado para o outro no quarto, queria entendê-la. Qualquer garota teria adorado que ele terminasse, mas não devia se surpreender com a desnaturalidade de Dani.
  Ele sabia que do outro lado da porta estava algo que ele desejava tanto que nem se lembrava se um dia quis tanto algo quanto ela. E a cada dia que passava parecia que estava mais perto de perdê-la, como um todo.

_ "Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente." - sussurrou o que tanto  queria lhe falar.

  E, no mesmo momento, soube que não seria capaz de perdê-la.

  Dean abriu a porta do banheiro sem pudor, fazendo Dani gritar.

_ Você está maluco!? - gritou, se enrolando as presas na toalha e esquecendo de desligar o chuveiro.

_ Você tem razão, não sou um idiota fictício. - começou a dizer, sem se importar com o estado de Dani. - Sou o Dean e não posso te dizer aquelas palavras porque não seriam minhas e nada daquilo que eu teria dito.

  Danielle respirou fundo, vendo o peito de Dean subir e descer com uma respiração carregada de determinação.

_ E o que você teria dito?

_ Eu teria entrado nesse banheiro... - seu tom se voz abaixou e ele se aproximou. - E dito que não há nada que eu queira mais do que você. Que todas suas estúpidas tentativas de me afastar foram o bastante para te querer ainda mais.

  Ele entrou no box, fazendo Dani recuar sem abandonar seus olhos.

_ E, então, eu derrubaria essa toalha. - falou em tom brincalhão.

_ E é isso que você vai fazer agora?

_ Não... - ele segurou seu rosto. - Vou deixar de ser esse Dean para te dar a oportunidade de dizer se me quer ou não. Se sua resposta for diferente do meu desejo, saio desse banheiro agora.

_ E nunca mais vai tentar?

_ Só estarei te dando um espaço, amanhã é outro dia. - deu de ombros, fazendo-a soltar um sorriso.

  Dani enfim abandonou seus olhos e tentou estudar aquele momento como um todo.
  Ele estava ali, como ela desejava e totalmente diferente do planejado. A meta era não se envolver, mas não podia se enganar, pois já estava envolvida.
  Era como estar no famoso precipício novamente e querer pular.

  Jogou seus braços sobre o ombro de Dean e o puxou para de baixo da água. Ele segurou sua cintura e a obedeceu.

_ Qual...

_ Não estrague o momento, Dean.

  Ela sorriu, levando suas mãos a barra da toalha e a deixando cair no chão molhado.

  Em um ato rápido e completamente inesperado, Danielle sentiu seu corpo ser pressionado conta a parede fria e ser levantado acima com uma precisão fora do comum.
  Dean passou a mão em toda a extensão de suas pernas e ela as envolveu em sua cintura, agarrando-se a ele em um beijo urgente, cheio de um desejo inesgotável.

  Ela levou a mão a sua camisa e a puxou para cima. Teve dificuldades pelo fato de estar molhada, mas Dean se livrou dela em questão de segundos.

   Danielle apertava as pernas ao redor dele quando sentia suas mãos explorarem seu corpo e sua boca lhe mostrar que havia um céu, pois ela estava nele.
  Em um dos momentos em que tomavam fôlego, ela lhe lançou um sorriso sugestivo, distribuindo beijos no seu rosto e pescoço. Usava suas mãos para lhe arrancar suspiros quando o tocava.

  Era como se a cada contato houvesse um mundo de descobertas.
  Dean a tocava e sentia seus músculos se contraírem sob suas carícias.
  Dani provocava e ouvia seus gemidos perto de seu ouvido e sua respiração lhe mostrar que aquele era o momento certo.
  Ambos perceberam que não havia nada mais correto do que aquele lugar. Era o ato certo, com as pessoas erradas. Eles se completavam de tal maneira que nem mesmo uma romancista como Jane Austen seria capaz de rotular aquele acontecimento.
  Era o amor que nenhum dos dois havia percebido que sentia, mas que estava explícito quando se uniam.
  Não havia nada que ambos soubessem fazer melhor do que dar amor para o outro.

(...)

  Danielle foi despertando de um sono tranquilo, o qual ela não tinha há muito tempo. Pensou no que acontecerá como um sonho, mas se recordou que só sentia essa calmaria enquanto dormia quando estava com Dean.
  Abriu os olhos, sentindo um braço firme sobre seu corpo e a respiração rítmica em seu pescoço. Virou-se, tomando cuidado para não acordá-lo e o observou dormir. Ele notou a agitação e abraçou mais forte sob as cobertas, abrindo um sorriso de canto. Tinha consciência que era estudado, só não queria acabar com aquele momento.

  Danielle contornou seu rosto com os dedos, mas acabou lhe dando um tapa quando batidas na porta a assustou. 

_ Au! - ele colocou a mão no rosto ardido pelo tapa.
_ Me desculpe. - ela se enrolava no lençol as pressas, quase deixando Dean sem ter o que cobrir. - Já vai!

  Ela procurava alguma roupa em sua mala enquanto Dean vestia a cueca e a calça que estavam pelo caminho.

_ Quem é?!

_ Anastácia!

  Danielle parou no mesmo momento, sem se importar em estar coberta por apenas um lençol, abriu a porta e revelou o olhar curioso da bruxa.

_ Posso voltar outra hora. - ela olhou para Dean e depois para Dani, sabendo que havia interrompido um grande ato.

_ Me desculpe... Você quer entrar? - a garota estava desconcertada. - Vou colocar uma roupa.

_ Não, não. - Anastácia a interrompeu. - Serei breve.

_ Claro...

  Dean quase riu do desespero de Dani. E não era pela situação, mas pela esperança que depositava naquela mulher.

_ Então... - ele começou a dizer. - O que veio fazer aqui?

_ Eu pensei muito e resolvi ajudar vocês.

   Uma chama de felicidade se ascendeu em meio a aquela que já havia no coração de Danielle. O “sim” daquela mulher era quase como um sinal de vitória para a sua luta.

_ E o que a fez mudar de idéia? - Dean falou antes que Dani começasse a comemorar.

_ Digamos que há algo em meio a essas sombras que me intrigou.


Notas Finais


E ai, o que acharam?
Até o próximo ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...