História Shadow world - Capítulo 15

Capítulo 15

O meu... Eu.

 

Depois do portal Seelie. Alicante. – Residência Carstairs, noite de 25 de Setembro de 1886.

 

Jem olhava preocupado para a esposa, Tessa estava muito fraca, já havia pegado um pouco de sua energia para realizar o feitiço, porém estava tentando retardar a hora de terminar, por algum motivo os demônios ainda estavam naquela dimensão e ela não podia lacrar a dimensão, antes de expulsa-los e antes que os visitantes fossem embora. 

— Tessa, você precisa terminar isso, está esgotada! Isso vai acabar te matando! 

— Não posso James, enquanto não sair esses demônios e nossos visitantes não deixarem essa dimensão, não posso terminar o feitiço. - Sussurrou a garota exausta. 

— Mas isso está te matando Tessa! - Gritou Jem desesperado. 

— Sinto muito James, mas tem muito em jogo, não posso desistir agora. 

Percebendo que a esposa não voltaria atras, Jem se retirou da sala e foi até o escritório, onde mandou uma mensagem de fogo para Jace, onde explicava a situação. 

Ao perceber que o marido havia saído, Tessa rapidamente entrou em contato com sua outra eu e suspirou aliviada ao ver a imagem no espelho mudar, mostrando um parque onde um ritual acontecia. 

— Tessa o que está havendo? Por que os demônios ainda continuam por aqui? 

— Acho que os demônios não perceberam o portal ainda, preciso que pelo menos um atravesse para que os outros venham, numa reação em cadeia. O feitiço não surte efeito se eles não perceberem o portal, pois quando o verem serão atraídos para cá. - Respondeu sua outra eu.

Tessa pode ver que ela estava tão exausta quanto ela. 

— Não sei o que faremos, os submundanos se negaram a nos ajudar. Não se interessam por assuntos da Clave, preferem morrer do que ajudar a um caçador de sombras. 

— Mas isso é ridículo! Isso é um problema que atinge eles também! 

Tessa arregalou os olhos ao reconhecer a voz, um movimento ao lado de sua outra eu chamou sua atenção e uma lagrima solitária escorreu por seu rosto ao ver a figura de Willian Herondale se aproximando do espelho. 

— Will. - sussurrou a feiticeira em choque. 

Will a olhava com uma expressão preocupada, divertida e curiosa ao mesmo tempo. Aquela era sua esposa e ao mesmo tempo não era, a garota parecia exausta, assim como sua mulher, estava pálida e assim como sua amada estava gravida. O moreno se perguntou onde diabos estava e o que estava fazendo para não estar ao lado da própria esposa. 

— Tessa, mandei uma mensagem para Jonathan, ele irá atrair os demônios . . . - Jem entrou na sala apressado, parou a fala na metade ao ver no espelho a imagem de uma Tessa exausta e ao seu lado nada mais nada menos que Willian Herondale, seu parabatai.

— Will? - Perguntou incrédulo. 

Will olhava para Jem com os olhos arregalados, não acreditava no que seus olhos viam, Jem, James Carstairs, sua outra metade! 

— Jem! - Disse o moreno incrédulo. 

— Sem querer estragar esse encontro, mas as feiticeiras não irão aguentar muito tempo. - Disse Mark olhando para ambas a sTessa que pareciam não aguentar ficar com os olhos abertos. 

— Sim, eu mandei uma mensagem para Jonathan, ele e Clarissa irão atrair os demônios, mas infelizmente não sei o que está acontecendo e o por que de Magnus demorar tanto para tira-los daqui. Tessa não vai aguentar esperar muito mais para terminar o feitiço! - Disse Jem desesperado.

— Droga! O que faremos agora? - Perguntou Will, tão desesperado quanto Jem.

— Talvez. . . Não, isso é loucura. - Disse Tessa para si mesma. 

Jem que estava junto da esposa a olhou ansioso.

— o que Tessa? O que é loucura? 

— Talvez, se eu chamar minha outra eu de outra dimensão, ela talvez possa nos ajudar. 

— Colocar mais uma dimensão? É arriscado demais. - Disse sua outra eu. 

— Não se for de mesma dimensão para qual Magnus e os outros irão. Não temos opção, temos que tentar. 

Dizendo isso Tessa começou a fazer outro feitiço para entrar em comunicação com sua outra eu, de outra dimensão. 

Tanto ambas as Tessa, como Will, Jem, Mark e Kieran ficaram surpresos quando um belo rapaz de olhos cinzentos e cabelos castanhos apareceu. 

Will abriu e fechou a boca várias vezes e Jem arregalou os olhos, ambos sabiam de quem se tratava aquela figura, os olhos cinzentos eram inconfundíveis, porém estavam receosos do que viria a seguir.

— Eu reconheço essas carinhas. - Disse o rapaz com uma fala mansa e calma. 

— Q-quem é você? - Perguntou Tessa, mas no fundo ela já sabia. 

— Eu sou Thomas, mas acho que você já sabe, afinal eu creio que vocês sejam minhas versão femininas. - Disse Thomas calmo. 

Ninguém respondeu nada, apenas ficaram chocados quando mais duas figuras apareceram em seu campo de visão. Uma bela morena de brilhantes olhos azuis, cabelos negros ondulados e compridos e uma outra garota asiática, belos cabelos castanhos e lindos olhos negros. 

— Q-quem são essas? - Perguntou will.

— Essas são minhas esposas, Wendy e Jennifer. 

O silêncio reinou após essa declaração, ninguém acreditava no que haviam ouvido. 

— Acho melhor vocês se recuperarem da surpresa e emprestarem sua energia para suas esposas, não quero que minhas versões femininas morram assim. 

Will e Jem correram para suas esposas para lhes dar sua energia, aos poucos viram a cor voltar em seus rostos e perceberam que elas estavam mais fortes. 

Nessa dimensão Jem não havia tomado yin fen, assim como Will em sua dimensão seelie e Jem na originaria.

— Não temos muito tempo, precisamos fechar esse portal! - Disse Tessa de desvencilhando de Will. - Trazer esses malditos demônios para cá! 

— E eu vou lacrar esse portal! Você pode nos ajudar?

— Isso vai depender do que vocês vão me explicar. - Respondeu Thomas esperando que alguém explicasse o que acontecia ali. 

Ambas as Tessas se entreolharam pensando na melhor maneira de explicar, afinal precisavam da ajuda dele! 

 

***

 

Depois do portal Unseelie. Idris. –Ruinas de Gard, noite de 25 de Setembro de 1886.

 

Estar numa missão era algo corriqueiro para Simone Lewis Lovelace, a jovem de cabelos marrons, ondulados abaixo dos ombros, adoráveis olhos castanhos, sempre adernado por óculos, pele alva e roupas negras, não conseguia parar de analisar o rapaz que tinha arrebatado o seu coração, Isaac Lightwood, um rapaz alto e garboso, de cabelos castanhos escuros e olhos negros, corpo atlético, que estava avançando sobre os demônio com o seu chicote e o aniquilando, para logo em seguida enrolar o seu chicote em seu braço, deixando-o com uma aparência de bracelete de cobra.

-O que foi, Simo? –Pergunta, encarando-a, analisando-a.

Isaac é um destruidor de corações nato, ele tinha uma lista de conquistas e de corações partidos, lista essa que sempre deixará Simone apreensiva, mas desde que eles começaram a se conhecer, a ter um envolvimento mais intimo, Simone soube que nenhum outro alguém poderia tomar o lugar do seu amado.

Isaac é órfão, os seus pais e a sua irmã mais nova foram mortos na ascensão de Sabine, deixando-o mais ligado a Abi, parabatai da sua irmã mais velha, Alexandra, e Simone.

Quando os demônios venceram, quando Abigail, mais conhecida como Sabine, conseguiu a ascensão de Lúcifer, grande parte dos humanos que tinham sobrevivido tentaram a sorte com o cálice mortal, infelizmente, muitos morreram, mas o que os que sobreviveram juntaram-se ao restante dos caçadores de sombra, que hoje lutam de igual para igual com os submundanos contra os demônios.

Muitos seelies e unseelie se juntaram a Lúcifer, mas também houve aqueles que se recusaram, como a filha da rainha Unseelie, Nareik, e sua companheira, a hibrida, Cleópatra.

-Estava pensando em algo. –Revela, aproximando-se do rapaz.

-No quê? –Pergunta, encarando com nojo a sua camisa, camisa essa que estava ensopada por gosma de demônio.

-Acho que nós dois deveríamos nos casar. –Responde, engolindo em seco e chamando a atenção de Isaac.

-Deveríamos. –Revela, aproximando-se de Simone e a pegando em seus braços.

-Sério? –Pergunta, sorrindo.

-Sério. –Responde, tomando os lábios da jovem com paixão.

 

***

 

Depois do portal Seelie. Alicante. Residência Lightwood, noite de 25 de Setembro de 1886.

 

Jace parou hesitante na entrada do belo jardim da mansão Lightwood, a cena a sua frente o deixou em deleite e ao mesmo tempo angustiado, o loiro reparou que o jardim era muito bem cuidado, várias qualidades de flores bem cuidadas, a grama bem aparada, algumas estatuas de anjos espalhadas, alguns bancos estrategicamente colocados em alguns pontos do jardim e bem no centro uma magnifica fonte com a estatua do anjo Raziel jorrava água cristalina. 

E foi exatamente na fonte que Jace teve a imagem mais bela que seus olhos já viram, Clary estava sentada num banco ao lado da fonte e olhava sorridente os gêmeos tentando pegar as flores que caiam nas águas. Os raios de sol do fim da tarde refletiam nos cachos vermelhos de Clary e de Nicholas, dando a impressão de que queimavam. Já os cabelos loiros de Brittany caiam como cascatas brilhantes pelas costa da garotinha, todos pareciam felizes e despreocupados e Jace se amaldiçoou por ter que estragar aquele momento, ele  sabia que quando Clary finalmente concordou em ir com ele e quando conseguiram convencer os gêmeos de que tudo ficaria bem, que seus pais nunca os abandonariam, a ruiva achava que teriam mais tempo com os filhos.

Até mesmo ele havia acreditado nisso, porém a mensagem urgente de James Carstairs lhe tirou de seu pequeno sonho e o trouxe de volta para a dura realidade, uma realidade que mais parecia um pesadelo e o que mais o estava matando por dentro era ter que tirar Clary disso tudo, da vida que a ruiva sempre quis e sempre sonhou, era maldade, mas era preciso. 

— Olá meus amores? Como está a família mais linda do mundo? - Perguntou o loiro chamando a atenção da noiva e dos filhos.

— Papai! Olha quantas flores nós pegamos! Nick vai fazer uma coroa pra mim! - Gritou Britany se jogando nos braços do loiro. 

— Eu vou?! Britt eu não sei fazer uma coroa!  - Disse o menino assustado, enquanto se aproximava do pai.

Clary sorriu para a cena, Jace segurava Brittany no colo, a semelhança deles era gritante, os mesmo cachos loiros, o mesmo sorriso, a ruiva viu o loiro se abaixar um pouco e fazer uma festinha nos cachos avermelhados de Nicholas, porém a ruiva sentiu seu coração se apertar ao olhar bem para o noivo, o sorriso de Jace era tenso, ele estava preocupado com alguma coisa, algo o estava corroendo por dentro. 

— Nick, por que você e sua irmã não levam as flores para o jardineiro? Tenho certeza que ele deve saber fazer a cora mais linda para nossa princesa. - Disse Jace enquanto colocava a loirinha no chão. 

— Tá bom! - Disseram os gêmeos juntos e saíram correndo, parando apenas para dar um beijo na mãe. 

Jace que tinha um sorriso no rosto ao ver as crianças sarem correndo, virou-se para Clary e seu sorriso morreu no rosto. 

— O que aconteceu? - Perguntou à ruiva. 

— Recebi uma mensagem de James Carstairs. 

— Estou começando a odiar James, toda vez que ele nos manda alguma mensagem boa coisa não é! 

— Clary, eles estão com problemas, as Tessas já começaram os feitiços, porém o submundo não vai ajudar, eles se recusam a trabalhar com caçadores, mesmo que isso signifique o fim do mundo! 

— M-mas o que podemos fazer, nada quanto a isso, você sabe que nós não conseguiríamos persuadi-los Jace.

— Clary, James está preocupado, Tessa está ficando sem energia e os demônios parecem não querer atravessar o portal, eles se sentem atraídos pelo feitiço que a Tessa de nossa dimensão fez, porém por algum motivo não atravessam, elas não podem ficar com os portais e feitiços pela metade por muito tempo, isso as matariam. Fui atras de alguns contatos e parece que os demônios estão todos reunidos no parque, onde o portal foi aberto. 

— E-e o que podemos fazer? Não sei como podemos ajudar.

Jace chegou perto da noiva e se ajoelhou à sua frente segurando suas mãos. 

— Clary, você sabe exatamente o que temos que fazer, você apenas não quer aceitar. - Disse gentilmente o rapaz.

— Não quero deixa-los Jace, eu os amo, são nossos filhos e também será muito perigoso, se algo acontecer com você, o que eu vou fazer? Você é tudo que me resta! São demônios Jace! Demônios! - disse a ruiva chorando.

— Clary, amor, não deixe que essa dimensão pacifica iluda você, nós não somos daqui Clary, nossa realidade é bem diferente meu amor, somos caçadores, protegemos mundanos e submundanos, colocamos a ordem, eu sou um guerreiro Clary, fui treinado para isso, você é uma guerreira, uma caçadora, eu sei que é forte e é capaz, eu te treinei! Essa dimensão em que estamos é linda, nossos sonham são realizados aqui, mas Clary, a nossa realidade é diferente, lá nós ainda não nos casamos, ainda não temos nossos filhos, mas para isso, precisamos vencer tudo isso, acabar com essa guerra estupida que está para acontecer, para que possamos dar um mundo de paz para nossos filhos. se ficarmos aqui, tudo isso que você vê, tudo será destruído, essa gente não está preparada para uma guerra desse porte Clary. Eu sei que é difícil, você se apegou a eles, eu também, mas precisamos ir, não podemos deixar nossos amigos na mão, eles contam conosco. - Disse Jace dando um leve beijo nos lábios da ruiva. 

Clary respirou fundo e encarou Jace, ela sabia que o loiro estava certo, precisavam acabar com isso, para darem a seus futuros filhos um ler decente, precisavam também ajudar seus amigos, não podiam deixa-los quando mais precisavam,mas isso não impedia que seu coração se quebrasse por ter que se despedir das crianças. 

— Tudo bem Jace, qual o plano? 

Jace deu um leve sorriso para a noiva, Clary era a mulher mais corajosa que ele já vira, mesmo sofrendo e se despedaçando por dentro, a ruiva faria o que era certo, faria isso por eles, pela família que ainda iriam formar e pelos amigos que tinham e precisavam de ajuda. 

— Vamos espantar esses demônios, faremos com que atravessem o portal, Magnus também deve estar perto de nos tirar daqui, então vamos ajudar as Tessas. 

Clary levantou e se jogou nos braços de Jace, onde deixou as lagrimas caírem soltas, apesar de entender e aceitar, a dor não diminuía, mas ela tinha Jace ao seu lado e no momento isso era tudo o que precisava, o loiro não a deixaria cair. 

 

***

 

Depois do portal Unseelie. Idris. –Esgotos, noite de 25 de Setembro de 1886.

 

Alexandra andava ao lado da sua esposa, Maggie, com o seu arco e flecha em punho, enquanto faíscas azuis se mostravam nos dedos da esposa. Elas moravam com as duas filhas, Rafaela, uma caçadora de sombras argentina, com a sua pele morena, cabelos ondulados e negros, que tinha cinco anos, e Marie, de um, uma feiticeira, que gosta de pele e olhos azuis, cabelos negros, um prodígio, que desde que aprendeu a mudar a cor da pele das pessoas, vive deixando Rafael verde.

Assim que eles entraram em casa, encontram Rafaela lilás, deixando Maggie com uma expressão espantada.

-Marie. –Resmunga, seguindo em direção à menina, que estava brincando em seu berço.

Rafaela não se incomodava com nada que Marie fazia, ela até gostava da situação.

-Tudo bem, querida? –Pergunta, aproximando-se dela e alisando os seus cabelos.

-Tudo. –Responde, concordando com a cabeça.

-Alex. –Chama Maggie e Alex segue em direção ao quarto que Marie dividia com Rafaela, era algo bastante improvisado, mas que tinha grande charme. Afinal de contas, as filhas de Margareth Bane não iriam dormi num lugar que não fosse no mínimo confortável.

-O que houve? –Pergunta, adentrando o quarto e encontrando Marie levitando.

Não foi a situação mais fácil do mundo, mas logo as duas meninas estavam devidamente alimentadas e dormindo, o que deixou a morena de olhos azuis mais tranquila. Ela estava sentada em sua cama, observando a sua runa matrimonial, enquanto sentia que estava sendo observada pela asiática.

-Você precisa comer também. –Afirma, séria.

-Está cada vez mais difícil arrumar comida... Prefiro deixar para as meninas. –Revela, encarando Maggie que nega com a cabeça.

A vida estava cada vez mais difícil, mas era só observar os olhos de gato da companheira que tudo começava a fazer sentido, que tudo, de alguma forma, encaixava-se.

-Se não estivermos fortes, não conseguiríamos lutar, Alex. –Afirma, beijando a mão da arqueira.

-Ok. –Sussurra, concordando com a cabeça. –Ainda está tendo aqueles sonhos? –Pergunta, avaliando-a.

-Sim, estão cada vez mais fortes. –Afirma, estalando os dedos e alguns pães aparecem para elas.

-Não consegue entrar em contato com essas nossas versões? –Pergunta e Maggie desvia o olhar.

-Não tenho os ingredistes necessários. –Responde, desconfortável.

-Ainda bem que se pode abrir um portal de outra dimensão para essa, senão eles nunca sairiam daqui. –Comenta Alex e Maggie suspira.

-Não acho que seja algo bom, Alex. A dimensão deles venceu, os demônios não reinam e se o plano desta feiticeira der errado, Lúcifer consegue todas as dimensões existentes. –Afirma, olhando-a nos olhos. –Nós perdemos e quem quer seja ganha. –Murmura, desconfortável.

-Tem ideia de quem esteja causado esse desequilíbrio? –Pergunta, preocupada.

-Não, mas sei que é alguém próximo ao meu eu. –Responde, abraçando Alex, aninhando-se em seu colo.

-Que eu, Maggie? Você tem dois. –Lembra, suspirando.

-Eu não sei. –Responde, olhando-a nos olhos e tomando os seus lábios.