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Shadows - I - Black Butterfly


Escrita por: 1wannatell

Notas do Autor


Dedico este livro a todas as boas garotas que estão apenas esperando seu vilão e não um mocinho, porque todas nós sabemos que o lobo mau fode melhor que o príncipe encantado.

Boa leitura!

Capítulo 1 - I - Black Butterfly


Fanfic / Fanfiction Shadows - I - Black Butterfly

Aurora:

Toda vez que uma borboleta se aproximava, eu acreditava que era meu irmão vindo me ver. E todo ano eu via pelo menos uma ou duas borboletas brancas, mas eu tinha medo de insetos, e a borboleta era um, então nunca me aproximava muito, apenas ficava vendo de longe ela bater suas asas em volta de alguma flor e então voar para longe. Livre.

Mas já fazia cinco anos que eu não via uma borboleta e dez que meu irmão tinha morrido.

Porém, eu realmente esperava ver uma hoje, no meu casamento, como um sinal de boa sorte. Mesmo que fosse um casamento arranjado, eu ainda queria que meu irmão estivesse aqui de uma forma ou de outra.

- Ela precisa de mais blush - Anastácia, minha irmã mais velha, falou em um inglês arrastado para uma das maquiadoras enquanto analisava meu rosto. - Está pálida que nem um papel.

Ela era minha única familiar presente hoje, e também já tinha passado por isso: um casamento com alguém da máfia americana.

- Como foi? - deixei escapar a pergunta em russo, minha língua materna, num misto de ansiedade e nervosismo.

Ela me olhou confusa com seus olhos azuis por baixo de cílios quase transparentes de tão brancos que eram. Anastásia era linda, parecia uma boneca de porcelana, apesar de sua personalidade não ser tão bonita assim.

- A primeira noite.Ela suspirou, sentando-se em uma poltrona de frente para mim.

- Uma bosta. Não vai ser bom, Aurora, principalmente com todos aqueles velhos olhando. A única coisa que posso te falar é que pelo menos depois para de doer.

Apertei meus lábios em uma linha fina, tentando descontar meu nervosismo em algum lugar. Não era só o fato de ser minha primeira vez que me deixava ansiosa. Afinal, toda mulher, dentro ou fora da máfia, hora ou outra teria sua primeira experiência sexual. Mas sim a tradição dos malditos americanos.

A primeira noite do casal era assistida por um grupo seleto de espectadores, apenas para garantir a pureza da noiva. Nojento.

A primeira esposa do meu futuro marido tinha passado por isso, então eu sabia que também passaria. Mas agora ela estava morta, enterrada a sete palmos do chão. Ela tinha sido assassinada pelo próprio marido, meu futuro marido.

Rezava para que ele também não me enterrasse a sete palmos do chão.

- You're ready, my lady - a maquiadora sorriu, se afastando com o pincel do meu rosto, provavelmente orgulhosa do seu trabalho. - Não gostaria de ver como ficou?

Neguei com a cabeça. Eu estava de costas para o espelho e não tinha coragem de me virar, porque, quando me visse pronta, eu sabia que me daria conta de que a corda já estava no meu pescoço, só faltava tirar a cadeira de meus pés.

Ouvi batidas suaves na porta antes de Hera abri-la e entrar no quarto onde eu era preparada. Hera era a mãe do Don e, consequentemente, minha futura sogra. Ela tinha uma presença imponente e ameaçadora que preenchia o ambiente. Seus cabelos negros estavam presos num coque baixo, e seus olhos azuis me analisaram da cabeça aos pés.

- Senhora! - minha irmã exclamou com uma falsa felicidade, se levantando da cadeira e posicionando-se ao meu lado. Senti sua mão circular meu braço enquanto suas unhas compridas perfuravam minha pele. - Se comporte - sussurrou no meu ouvido. - O que faz aqui?

- Vim para acompanhar Aurora até o altar. - Pelo que eu sabia, quem me acompanharia seria Anastácia, mas aquilo não parecia um pedido e sim uma ordem. - Já que nem sua mãe ou pai estão aqui. - A voz em tom de desagrado em relação à ausência de meus pais ficou bem clara para mim, mas não tanto para minha irmã, que resolveu abrir a boca.

- Ah, você sabe como eles são, pessoas ocupadas.

- Bem, há alguns compromissos que temos que comparecer se não quisermos sofrer as consequências.

Naquele momento, achei que as palavras foram apenas da boca para fora, para nos assustar. Mas, mais tarde, descobri que nada que os King's falam é apenas da boca para fora.

- Vamos, querida? - ela perguntou, estendendo-me o braço.

Concordei com a cabeça, soltando-me das garras da minha irmã e entrelaçando meu braço ao de Hera.

⊱ĭ⊰

Minhas mãos tremiam enquanto eu agarrava firmemente o braço da minha futura sogra, como se ela fosse uma espécie de salva-vidas.

Eu deveria conhecê-la há menos de 30 minutos, mas sentia menos maldade exalando de seus poros do que das pessoas com quem convivi a minha vida toda. E eu era boa em julgar as pessoas, era assim que tinha conseguido sobreviver até agora; eu sabia de quem deveria me manter afastada. Eu era uma boa observadora.

- Vai ficar tudo bem, querida. - ela deu leves batidinhas na minha mão sem tirar os olhos da enorme porta de madeira à nossa frente.

O casamento estava ocorrendo no final da tarde, quando o sol já não estava mais no céu. A cerimônia seria no jardim do castelo da família.Assim que as portas começaram a se abrir, senti meu coração disparar, quase saindo pela boca, e travei no lugar. Mas Hera começou a andar, me arrastando junto.

E então eu o vi... parado e imponente no altar com seu terno preto. E eu imediatamente soube que aquele homem exalava maldade. Pior ainda, ele era o próprio demônio.

Seus olhos cinzentos estavam fixos em mim enquanto eu andava pelo corredor de velas. Por algum motivo, eu não conseguia tirar os olhos dele. Geralmente, eu não mantinha contato visual com ninguém por mais de um minuto, mas era como se seu olhar tivesse engolido o meu. Eu não conseguia parar de olhar.

Deus, eu estava arruinada.

Assim que chegamos até ele, sua mãe retirou minhas mãos de seu braço ao ver que eu não estava me mexendo, e as colocou sobre o braço do enorme homem à minha frente.

Quando ficamos de frente para o padre, finalmente consegui desprender meu olhar do dele, mas ainda sentia seus olhos queimando minha nuca. O padre parecia começar a falar alguma coisa, mas é como se tivesse um enorme zumbido no meu ouvido e a única coisa que eu ouvia eram meus batimentos acelerados.

Apenas percebi que o padre estava falando comigo quando senti um leve aperto da mão de Apolo sobre a minha. Minha audição pareceu voltar, assim como o formigamento que tomou as costas da minha mão onde nossas peles se tocavam.

- Aurora? - A voz do padre cortou o zumbido em meus ouvidos, me puxando de volta à realidade.

- Sim? - Respondi confusa.

O padre sorriu, voltando-se para meu noivo. - E você, Apolo King, aceita Aurora Romanova como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de sua vida?

- Sim - sua voz era firme e grossa, de certa forma me lembrava um trovão.

- Eu vos declaro marido e mulher! - o padre anunciou com um brilho nos olhos. - Pode beijar a noiva.

Me virei para Apolo levantando um pouco minha cabeça para conseguir enxergar seu rosto. O homem era enorme e cheio de músculos, deveria ter quase dois metros de altura.

Ele me encarou por segundos, seus olhos cinzentos cravados nos meus, antes de inclinar-se. Seus lábios encontraram os meus em um beijo que deveria selar nosso matrimônio. Meu primeiro beijo. Foi um selar rápido e discreto, mas eu pude perceber o quanto seu toque era frio e distante. Sua boca pressionou-se contra a minha com a mesma vivacidade de uma pedra, e me deu a sensação de que eu estava beijando uma estátua. Ao mesmo tempo, a pressão firme e dominadora de seus lábios transmitia uma mensagem clara: eu era sua agora. Ao meu redor, os aplausos discretos dos convidados soaram como um eco distante, abafados pelos sentimentos conflituosos dentro de mim.

O calor do beijo que eu sempre imaginei na minha primeira vez estava ausente, substituído por uma frieza cortante que parecia penetrar até meus ossos. Fechei os olhos, tentando bloquear a realidade por um segundo, mas a presença imponente de Apolo era impossível de ignorar.

Quando finalmente nos afastamos, senti o peso dos olhares de todos fixos em nós. Meus olhos correram pelos convidados desconhecidos até pararem em minha irmã e seu marido, que eu tinha visto uma única vez na cerimônia de casamento deles. Era um subchefe da máfia americana, assim como meu pai era da russa.

Imaginei que a presença de pelo menos dois rostos conhecidos pudesse me confortar, mas eles eram exatamente apenas isso: rostos conhecidos.

Após a cerimônia, fomos levados para a recepção. O jardim do catselo estava iluminado por milhares de pequenas luzes, dando um ar de conto de fadas ao local.

Durante toda a festa, me mantive sentada em uma mesa mais afastada. Alguns convidados vinham me cumprimentar e parabenizar, mas eu apenas abria um sorriso falso e agradecia.

Já deveria estar chegando ao final da noite quando vi que Anastácia vinha em minha direção. Meu coração acelerou, já sabendo o significado daquilo: a primeira noite. Ela ia me retirar da festa para começar a me preparar. Era tradição as mulheres já casadas da família vestirem e adornarem a nova esposa para o grande momento.

Antes de ela chegar até mim, meus olhos correram pelas pessoas buscando meu marido. Quando finalmente o achei, ele estava de pé com uma taça na mão conversando com outros dois homens. Sua postura era relaxada, apesar de ele não parecer completamente descontraído, como se nunca baixasse a guarda completamente.

Como se sentisse meu olhar, seu foco se desviou da conversa até mim, me encarando fixamente. E então eu vi, mesmo em meio à escuridão da noite: uma borboleta. Mas não era uma borboleta branca, como eu estava acostumada, mas sim uma negra.

Observá-la me trouxe uma sensação estranha, uma mistura de conforto e inquietação. Era como se meu irmão estivesse ali, ao mesmo tempo que me mandava uma mensagem clara: corra.

Anastácia finalmente chegou à minha mesa, colocando a mão no meu ombro com um aperto firme. Seus olhos azuis me encaravam com um misto de prazer e maldade.

Eu teria que passar pela mesma merda que ela. E ela gostava disso.

- Vamos, querida irmã, não queremos deixar o Don esperando demais, não é? Estou certa de que ele está ansioso para ver se você é tão obediente quanto aparenta ser.

Me mantive quieta, me levantando e me desvencilhando de seu aperto. Eu nunca respondia a Anastácia. Eu nunca respondia a ninguém, eu era uma covarde.

Meus irmãos faziam de mim de gato e sapato e eu deixava, porque sabia que não tinha poder nem forças o suficiente para confrontá-los. E minha melhor arma era meu silêncio.

Minha irmã me guiou para fora da festa, e conforme eu passava pelos convidados sentia seus olhos se voltando para mim, mas me mantive de cabeça baixa, evitando encará-los. Anastácia me levou para dentro do castelo, que parecia me teletransportar para o passado com sua decoração antiga e paredes de pedra; eu tinha até visto a armadura de um cavaleiro medieval exposta em um dos corredores. Subimos as escadarias até o segundo andar onde, após andar por um longo corredor, ela parou em frente a uma grande porta de madeira escura, empurrando-a e me levando para dentro.

O quarto era sombrio ao mesmo tempo que parecia emanar luxúria com seus tecidos vermelhos e dourados. Todas as janelas estavam cobertas por cortinas pretas e possuía apenas duas portas, a por onde entrei e outra no canto ao lado da cama, uma porta vermelha.

- Vai ser aqui? - perguntei, me virando para Anastácia.

Meu massacre público.

- Não. - ela falou, se dirigindo para a cama e pegando um sutiã e calcinha brancos e rendados que estavam ali em cima. - Esse é o quarto adjacente, onde a esposa é preparada. Depois daquela porta - apontou para a porta vermelha - fica o quarto principal, onde acontece a primeira noite. - Por segundos, vi sua expressão soberba falhar e seu olhar ficar sombrio, como se lembrasse de algo ruim, mas logo um sorriso debochado voltou ao seu rosto. - Vista-se - falou, jogando o conjunto em minha direção.

Suspirei e comecei a me preparar.

Com sua ajuda, me livrei do vestido pomposo de noiva e coloquei aquele conjunto que deixava pouco para imaginação de tão transparente que era. Anastácia me ajudou a soltar o coque elaborado do meu cabelo, deixando meus cachos castanhos, feitos por fonte de calor, desabarem sobre minhas costasaté quase minha cintura.

Fiquei feliz quando achei um robe de cetim, também branco, pendurado em uma cadeira e logo tratei de cobrir meu corpo, fazendo um laço forte na sua frente, como se aquele nó pudesse me proteger daquilo que estava para vir.

Logo que fiquei pronta, ouvi duas batidas fortes vindas da porta vermelha e uma fechadura sendo destrancada. Meu corpo todo estremeceu.

- Vamos - Anastácia me guiou até a porta, colocando a mão na maçaneta, mas parou por um segundo e me olhou pela primeira vez com pena nos olhos. - Quando começar... apenas feche os olhos, Aurora. - disse antes de abrir a porta e me empurrar para dentro, fechando-a logo em seguida.

Abracei meu próprio corpo assim que vi o tanto de gente lá dentro. Eram dez no total, oito homens mais velhos e duas mulheres também de idade. Alguns bebiam em suas taças e outros conversavam entre si; minha presença parecia insignificante, mas todos estavam me olhando.

Corri meus olhos pelo local, mas não vi meu esposo. Ao mesmo tempo que sua ausência me apavorava, também me aliviava.

Com muito esforço, fiz minhas pernas me levarem até a enorme cama no centro do quarto escuro, só iluminado por velas. Um lençol branco e brilhoso de cetim se estendia por ela, mas não tinha nenhum travesseiro em cima. Sentei-me na ponta da cama e levei meus joelhos até o peito, abraçando meu próprio corpo, tentando me esconder, mas os olhos da plateia não me abandonavam nenhum segundo, nem as vozes de seus sussurros. Meu corpo começou a tremer, mas eu tentava disfarçar me apertando mais forte no meu próprio casulo.

Não sei quanto tempo passou, mas pareceu uma eternidade até eu ouvir uma porta sendo aberta.

Não era a vermelha, mas sim uma porta dupla de madeira no lado oposto do quarto, que eu nem tinha reparado.

No mesmo momento que a figura grande de Apolo entrou no quarto, os cochichos pararam e o local ficou assustadoramente silencioso. A única coisa que eu ouvia eram seus passos pesados vindo em minha direção. Assim que ele parou em minha frente, tive que levantar o rosto para enxergá-lo. Ele me encarava fixamente, quase como se eu fosse uma miragem, mas seus olhos pareciam nublados.Quando sua mão veio em minha direção, foi inevitável não me encolher e fechar os olhos.

"Quando começar... apenas feche os olhos, Aurora."

Lembrei das palavras de minha irmã e decidi segui-las, mas o toque não veio e eu não ouvia mais nada. Então, decidi abri-los, vendo quando sua mão recuou de volta para o lado de seu corpo. O encarei confusa, quando ele levantou a cabeça e encarou a plateia à nossa volta.

- Saíam - sua voz saiu firme e calma, mas assim que viu que ninguém se mexia, um berro saiu de sua boca, quase como um rosnado - SAÍAM!


Notas Finais




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