História Shake it Out - She aimed and she shot me, I just can't believe it

Nick

Nos últimos meses minha vida tinha sido uma verdadeira loucura. Antes do Odin nascer, minha vida tinha mudado bastante e eu me sentia um homem completamente diferente do que eu fui um dia. Depois do nascimento do meu filho, eu descobri que tudo aquilo era apenas uma pequena parte de tudo que eu aprenderia e que eu ainda tinha muitas transformações pra passar. Graças a ele, todas pra melhor. Minha vida sempre foi conturbada, especialmente quando se trata de família, mas eu realmente tirei a sorte grande quando encontrei a Lauren.

Desde o primeiro dia nos entendemos e não demorou muito até que eu me apaixonasse por ela. Lauren era tudo que eu sempre quis, tudo o que eu procurava e precisava ter em alguém. Não vou mentir, não foi fácil. Somos de mundos diferentes e ela, até hoje, encontra dificuldade em encarar certas coisas que vieram inclusas no pacote que é ser minha esposa. As críticas, as ofensas, pessoas inventando rumores horríveis sobre ela, mas eu só tinha a agradecer… Independente de tudo, ela se manteve firme ao meu lado em todos os momentos, mesmo querendo me matar algumas vezes.

Eu tinha certeza que aquilo seria para sempre, é claro que seria. Nós éramos perfeitos um pro outro, mesmo com os nossos mundos diferentes, sempre nos apoiamos e sempre estivemos lá quando precisávamos um do outro. Lauren e eu éramos os melhores amigos do mundo…

E esse era o problema.

Demoramos a perceber, mas tudo ficou quando fomos para Vegas. Lauren não era idiota, nunca foi. No começo do nosso casamento, ela tinha um pouco de ciúmes e odiava quando eu dava certos tipos de liberdade para algumas fãs, mas, depois de alguns anos, mais precisamente há alguns meses, ela simplesmente parou de se importar… Eu fingi que não percebia e ela fingia que ainda ligava se eu saía ou não com alguém, mas a verdade é que nenhum de nós dois enganou o outro por muito tempo.

-Ok, Nick… Eu sei que nenhum de nós dois cogitou a possibilidade disso acontecer, mas qual é o sentido de nós dois continuarmos esse casamento – ela falou de repente, me parando na cozinha. Eu quase cuspi a água que eu tava bebendo, enquanto ela me olhava com uma tranquilidade perturbadora.

-Lauren, do que você tá falando? – perguntei com uma careta e ela suspirou

-Querido, quem a gente tá tentando enganar? – ela perguntou pegando o copo da minha mão e colocando sobre a bancada – Eu adoro você e a nossa vida de casados foi ótima, enquanto ela durou…

-Lauren, a gente acabou de ter um filho… Como você fala sobre separação assim? – perguntei realmente ofendido com aquela situação, ela apenas rolou os olhos e me encarou

-Ok, não seja cínico. Odin não tem nada a ver com isso. Nosso amor por ele não muda nada entre eu e você, Nick – ela falou – Eu adoro você, eu me importo muito com você e só quero o seu melhor, mas isso entre nós… Não é o melhor pra mim e nem pra você. Eu posso até ser chamada de louca por muita gente, mas não quero isso pra nós, Nick. Não quero que o nosso casamento seja de faixada, muito menos por comodismo. Isso também não muda o nosso amor por ele.

-Lauren, você sabe muito bem como é a vida de filhos com pais divorciados, não podemos fazer isso com ele – falei irritado

-Nick, nós não somos os nossos pais – ela falou tocando meu braço – Eu prefiro que o nosso filho saiba que somos felizes independente de estarmos juntos ou não e que ele sempre vai ter o apoio do pai e da mãe independentemente de qualquer coisa. Isso é muito mais do que eu tive da minha mãe e você dos seus pais, Nick.

Eu odiava admitir, mas ela estava certa… Eu sabia que podia confiar e contar com Lauren pra qualquer coisa, qualquer desafio, mas era bem verdade que o nosso casamento já não existia mais há muito tempo.

-Quando você quer fazer isso? – perguntei olhando pra ela, que sorriu fraco e me abraçou forte. Ela não disse mais nada, apenas me abraçou. Eu retribuí o gesto, pensando em como seria tudo depois de termos posto um fim nisso.

Eu confesso que precisei de alguns dias pra compreender tudo. Não, eu não estava emocionalmente abalado por me divorciar, eu só estava surpreso e um pouco nervoso. Eu realmente tinha me acomodado e é difícil demais sair da nossa zona de conforto. Nós estávamos providenciando tudo, eram dias de incansáveis reuniões com advogados, decidindo qual o melhor acordo possível. Lauren fez questão de abrir mão de tudo que tinha direito, já que nos casamos com comunhão total de bens e ela tinha direito a metade de tudo o que era meu. Mesmo que ela não quisesse, eu muito insisti que ela aceitasse uma pensão boa o bastante pra que ela tivesse o máximo de conforto, principalmente por causa do nosso filho. Estávamos muito perto de fechar nosso acordo e assinar os papéis, mas foi aí que o furacão Melissa Schuman passou na minha vida.

Eu não esperava ser atingido por esse golpe, ela me pegou totalmente de surpresa e em um momento crítico da minha vida. Não importa como seja amigável, um processo de divórcio sempre é esquisito, agora imagina passar por um processo de divórcio enquanto uma louca te acusa de estupro.

Pior fase da minha vida.

E olha que eu já passei por muita coisa ruim, mas aquilo ali foi pesado. Ver as pessoas me acusando sem nem ao menos ouvir o meu lado, me xingando de coisas horríveis e algumas até mesmo se estendiam ao meu filho, que não tinha absolutamente nada a ver com tudo aquilo. Eu realmente não conseguia acreditar que aquilo tava acontecendo e não fazia ideia de como agir diante daquela situação. Foi horrível, mas recebi muito apoio dos que acreditavam em mim e, felizmente, apesar das incontáveis tentativas dela de me derrubar, as pessoas foram descobrindo furos e falhas na história de Melissa… Não demorou muito até que, mais uma vez, ela caísse no esquecimento das pessoas com as suas acusações vazias. Mesmo assim, Lauren se recusava a finalizar o divórcio enquanto ela continuasse tentando. Ela se preocupava com o que falariam de mim, com o que falariam dela e principalmente o que poderia refletir em Odin. Eu não insistia, depois de tanto tempo, juntos, esperar mais um pouco não fazia mais a menor diferença.

Até a Hannah aparecer.

Não me entenda mal, não tô dizendo que meus olhos pousaram sobre ela e então foi amor a primeira vista, isso é coisa de adolescente. Depois de algum tempo e de ter visto a vida como eu vi, essa coisa de conto de fadas perde todo o sentido, a vida real funciona de um jeitinho muito diferente. Ainda que eu tivesse plena consciência disso, ela era uma garota muito difícil de não se notar. A beleza chamou a minha atenção no mesmo instante, mas quanto mais ela falava, quando mais contava de onde veio e pra onde queria ir, mais ela me encantava e me fazia querer aprender mais sobre ela.

Ela era impressionante, isso eu tenho que dizer. Além de linda, era engraçada, não tinha muitas frescuras e ambições muito nobres, Grace e as crianças caíram de amores por ela em questão de dias, Hilary e Henry não tinham nada além de coisas incríveis pra contar, nós cinco nos apaixonamos por ela e ainda teve o dia que ela me ajudou com o Odin, como eu ia ignorar uma mulher dessas?

Eu sabia que ela gostava de mim… Eu sabia que em algum lugar lá dentro, eu mexia com ela. Eu não estava tentando ser um babaca convencido, mas eu sentia que tinha alguma coisa lá dentro que a atraía pra mim e, pensando nisso, eu tomei uma atitude por nós dois. Pra minha surpresa, tudo ocorreu de um jeito bem diferente do que eu esperava. Ela tinha ou estava conhecendo alguém. Há anos eu não sabia o que era tomar um toco, eu não estava acostumado e nem soube como reagir, mas fiquei mais preocupado com ela querer se afastar de mim do que com o meu ego ferido… Resolvi deixá-la em paz, mas era uma sensação muito louca. Eu passei a querer frequentar cada vez mais a casa de Henry, porque eu sabia que ela estaria lá. Sempre tinha uma boa desculpa pra observá-la, mesmo que de longe. Era contagioso, ela sempre estava tão alegre e sorridente perto das crianças e aquilo acabava me afetando, mesmo que ela não fizesse ideia de eu estava vendo. Aprendi muito sobre ela. Aprendi que ela é comprometida, corajosa e que nunca existe tempo ruim pra ela, nunca vi Hannah reclamar de nada e sempre encontrava uma solução pra qualquer imprevisto. Ela dizia ter tirado a sorte grande com os Scott, mas ela mal sabia que a sorte era deles por tê-la lá.

Quando estávamos juntos, eu fazia graça o tempo inteiro e falava coisas idiotas, eu gostava de vê-la sorrindo e, juro por Deus, o som da risada dela era viciante.

-Você tá gostando mesmo dessa menina… – AJ falou parando ao meu lado enquanto eu observava ela brincar com as crianças na área da piscina. Eu apenas suspirei e olhei pra ele.

-Não há o que não gostar – falei dando de ombros

-Ela gosta de você também – AJ falou, dessa vez era ele quem estava observando a movimentação lá fora – Dá pra ver pelo jeito que ela fica quando você tá perto.

-Ela gosta mais de outra pessoa – falei olhando pra ele de um jeito engraçado, ele fez uma cara de dor e levou a mão ao peito – É, pode crer.

-Como se sente, Carter? Sabendo que existe uma mulher por aí que você não pode ter – AJ perguntou com seriedade, mas eu ri – Mortal?

-Cala essa boca, AJ – falei rindo e ele riu também

-E é isso, vai se dar por vencido?

-Quer que eu faça o que? – perguntei com uma careta – Ela não é obrigada.

-Realmente, mas acho uma pena você desistir assim – ele falou encolhendo os ombros – Eu acho mesmo que ela quer…

-Quando ela quiser, se ela quiser… Ela pode me procurar – falei olhando pra ela, coberta de tinta e gargalhando com as crianças. Não consegui suprimir um sorrisinho que nasceu quando pensei na possibilidade de algum dia ela realmente me procurar – A gente não devia estar trabalhando?

-Claro, mas você só vem aqui pra admirar a Hannah – ele falou em um tom debochado, mas eu ri.

-Calado, Alexander – falei rindo e saindo da janela com ele.

Aquela tarde estava particularmente agradável, o trabalho estava tranquilo e tudo fluía com tranquilidade. Quando fizemos nossa pausa, encontramos a família reunida na piscina.

-Hannah, você está oficialmente livre – Hilary falou rindo – Assumo daqui.

-Bom, acho melhor eu ir tomar um banho – ela falou olhando pra si mesma, coberta de tinta e eu ri.

-É um convite? – perguntei debochado e ela riu

-Só nos seus sonhos – ela respondeu rapidamente e eu ri. Isso era outra coisa que eu gostava nela, ela não deixava nada baixo e tinha resposta pra tudo.

-Ah, disso você pode ter certeza – falei dando uma piscadela e ela riu alto

-Se manca, Carter – ela falou rindo. Antes dela sair, ela pegou celular e abriu uma mensagem recém-recebida. Ok, eu não era um maluco perseguidor, mas a cara dela mudou imediatamente. Ela estava sorridente, feliz e de repente o rosto dela caiu – Nick…

-O que? – perguntei preocupado e todo mundo olhou pra ela – Hannah não precisa ficar assim porque o Carl morreu – falei tentando brincar, mas ela me olhou sem saber como reagir – Hannah, o que houve?

-Eu… Eu… Me desculpa – ela falou nervosa, me entregando o celular. A primeira coisa que vi, foi uma foto de nós dois juntos, abraçados no dia que ela me contou sobre o aniversário dela e tudo mais. Eu estava pronto pra acalmá-la e dizer que era comum que as pessoas criassem fofocas baseadas em fotos, não tinha motivo pra me pedir desculpas e que ela só precisava ignorar, mas foi aí que eu notei todo o resto… A foto não estava em um site de fofocas qualquer. Estava postada no blog daquele demônio loiro da Melissa.

“Teria Nick Carter encontrado sua próxima vítima? Já estive nessa posição antes, ele sempre parece tão bom e tão sonhador… Até ser tarde demais e a gente perceber que, por baixo daqueles lindos olhos azuis, existe uma realidade cruel que a gente odeia encarar. Espero não ser tarde para tentar te ajudar.”.

-Eu não acredito nisso – falei devolvendo celular pra Hannah e coçando os meus olhos. Eu ia matar essa filha da puta, ela que não se atrevesse a cruzar o meu caminho ou eu seria capaz de fazer uma loucura.

-Nick, pelo amor de Deus – Hannah falou aproximando-se de mim e eu a encarei. Ela não sabia o que dizer, mesmo que tentasse muito – Me desculpa.

-Pelo que? Tá doida? – perguntei olhando pra ela – Eu que tenho que me desculpar, se não fosse por mim essa louca não usaria você pra me atingir agora.. Hannah, você não fez nada de errado.

-Eu… Como ela conseguiu isso? – ela perguntou me olhando. O celular de Hannah já tinha circulado entre todo mundo ali e todos já estavam cientes da última jogada da Melissa.

-Nick, isso tem que acabar – Hilary falou olhando Hannah preocupada – Ir atrás da Hannah foi demais.

-Melissa não conhece limites – reclamei furioso – Ela vai se arrepender de mexer com você, isso eu te garanto.

-Ei, não vai fazer nenhuma idiotice – Hannah falou vindo até mim e me segurando pelo braço – Por favor, ok? Eu não ia saber lidar você tendo que reagir a mais um ataque desses, ainda por cima por minha causa.

-Você não é o problema, Hannah – falei devagar, segurando o rosto dela em minhas mãos – E eu não quero que você chore por causa disso – de alguma forma, vê-la chorando e saber que a culpa era minha, me dava uma angústia que eu não sabia explicar de onde vinha – Você me ouviu? – perguntei secando as lágrimas dela com os meus polegares, ela respirou fundo e fez que sim com a cabeça – Não se preocupe, eu não vou fazer nenhuma idiotice – falei rolando os olhos e ela riu.

-É melhor que não faça mesmo – ela falou mandona e eu ri dando um beijo na testa dela.

-Vou tentar resolver isso, fica tranquila – falei deixando-a pra trás e caminhando em direção a porta de saída enquanto tentava ligar para os meus advogados.

Eu precisava dar um jeito de acabar com essa história, de uma vez por todas.