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História Shao no bosque das peônias - NCT Dream - Joseon: a caçada aos sete intrusos


Escrita por: sushimeow

Notas do Autor


Nippon: Japão
Joseon: Coréia
Ming: China.
assim serão chamados estes países nesta história.

Não levem muito a sério as coisas citadas aqui, porque inventei a maioria e talvez não faça muito sentido. É claro, não faz sentido com a realidade, por que se eu criei, certamente (para o enredo) tem um motivo.

Farei futuramente algumas alterações, mas nada muito grande.

Capa feita por: @_ladyblue 💕

Capítulo 1 - Joseon: a caçada aos sete intrusos


A maneira mais adequada de chamar estes seres é pelo nome de fada. Elas são metade materializadas e a outra metade espirituais, não podendo se encaixar na categoria dos humanos. Carregam suas missões como objetivo de vida, vindo para terra unicamente a este serviço. Embora este seja seu maior foco, elas constroem família, amigos e problemas fora de suas missões principais.

Estes seres especificamente nasceram e atuam no extremo oriente, sendo bem diferentes das fadas espalhadas por outros continentes. Uma grande diferença com as do ocidente é pelo fato de não possuírem asas, e serem do tamanho comum dos humanos.

As categorias são espalhadas a partir de elementos da natureza, atuando como responsáveis pelo equilíbrio e ordem do meio ambiente. Carregam consigo poderes variados dependendo de qual categoria participem, usando unicamente para cumprir suas missões — embora haja muitas que desobedeçam.

Essas fadas são imortais, podendo vir de muitos séculos atrás e aparentarem bem jovens, levando mais de um milênio para cumprir suas tarefas. São mandadas do jardim celeste até a terra quando estão prontas e bem qualificadas. Entretanto, ocorre um mau hábito terrível, que desequilibra o mundo delas: A prática das invocações.

Qualquer um pode fazer. Só é preciso do papel e tinta certa, a maneira correta de escrever os ideogramas e pronto! Ponha um pouco de seu elemento e surgirá uma dessas preparada para lhe ajudar no que foi pedido. Este ser fará o que você quiser, mesmo que de maneira errada, sem sua formação adequada completa.

Este era o terrível "porém" de quem invocava uma delas. Eram puxadas do jardim até a terra sortidamente, podendo vir uma fada muito jovem e sem treinamento, no que resultaria mais problemas do que solução. Outro péssimo fato era a questão da conclusão de tarefas: realizavam o que foi pedido rapidamente, e depois ficavam perambulando na terra sem missões a se cumprir. Invés de ajudarem, muitas só sabiam atrapalhar, e mantinham-se mais próximas dos humanos, pondo em risco suas verdadeiras identidades.

O conselho principal da terra teve que tomar providências contra isso, ordenando guerreiros à procura delas para mandarem de volta ao jardim. E mesmo parecendo uma ideia muito adequada, não houve o êxito planejado. A solução de verdade se deu inesperadamente, quando sem querer uma fada criou uma ponte entre os dois mundos.

No jardim celeste, uma moça que colhia flores acabou deixando sem querer uma peônia cair na terra. A flor enraizou e criou diversos ramos por ali, infestando o bosque com o mais delicioso cheiro e a mais bela visão de cores variadas. Aquele bosque abriu uma passagem onde acharam conveniente para selar finalmente o problema com as fadas intrusas. Elas iriam para aquele local, esperar que alguém lhes levasse de volta, para então completar o treino e poder assim ganhar uma digna missão.

Embora este seja o objetivo e conclusão final para elas, nesta história o verdadeiro propósito é contar sobre sete fadas que foram contra estas regras, e tomaram um rumo diferente do destinado. 

Foi no bosque onde se conheceram, graças a uma mortal que morava ali perto. Ela descobriu o lugar enquanto andava distraída conversando com os amigos imaginários. Seus passos soavam pelas folhas secas no chão, enquanto a mão pousava nas flores como um carinho passageiro.

Foi num dia de outono, quando esta jovem, chamada Shao, andou curiosa até o rio que passava por ali. Observou escondida atrás de um rochedo atentamente a imagem de um rapaz encolhido no chão encarando a torrente de água seriamente. Quando ele a notou, e seus olhares se encontraram, Shao pensou imediatamente enquanto via aquele rosto de traços tão bem desenhados: ele não pode ser real.


...


Sob a estrada de terra, um rapaz usando hakama*, montado em seu cavalo, cavalgava velozmente até a entrada de uma cidade próxima. Estava nas terras sob a dinastia Joseon, acompanhado por dois ninjas que o seguiam furtivamente pelas árvores que ladeavam o caminho. Assim que entraram na cidade, os cascos do cavalo soaram violentos no pavimento de pedra, sem deixar de perder o ritmo que percorria.

Shotaro, o nome do rapaz montado, atravessou a rua habilmente conduzindo o animal para caminhos cada vez mais estreitos. Passava rápido o suficiente para as pessoas não terem chances de gravar seu rosto, enquanto os ninjas mantinham esta mesma ideia, com tamanhos escolhidos no comprimento de um antebraço, saltando pelos telhados.

Shotaro virou as rédeas e entrou numa ruela ladeada por muros de pedras. Avançando, saia de dentro da cidade entrando por um caminho justo pelas árvores. Não demorou muito para despontar em outra cidade, e os ninjas que estavam encolhidos, cresceram de tamanho no intuito de serem vistos. As pessoas olhavam para eles e saiam da frente, anunciando uma as outras que representantes da ilha Nippon estavam ali. 

Shotaro e os dois ninjas de nomes Doyoung e Jungwoo tinham desembarcado em um porto onde era dividido com os mortais. Passaram primeiro por uma cidade comum, para então poderem entrar na cidade povoada somente por fadas, aquela onde estavam atualmente. A passagem não era vista e nem acessada pelos humanos, somente as criaturas mágicas conseguiam achar e tinham total acesso permitido.

Estavam numa importante tarefa ordenada por um respeitado samurai de nome Yuta. Precisavam antes de tudo consultar Taeyong, a fada responsável pela ligação entre Nippon e Joseon.

Assim que chegaram aos portões da imensa construção onde ele morava, foram recebidos e levados até o salão principal onde estava quem eles procuravam.

— Senhor Taeyong, sou Osaki Shotaro. Venho sob ordens do Lorde Yuta cumprir uma importante tarefa.

Taeyong estava deitado em enormes travesseiros de detalhes e decoração de ouro. Uma das mulheres que o abanava ajeitou uma almofada macia sob suas costas para que pudesse levantar, e sussurrou em seu ouvido quem eram aqueles três prostrados à sua frente.

— Discípulos do Lorde Yuta! — tentou se levantar, mas sem sucesso. — Perdão pelo meu estado deplorável, estou esperando há cerca de um mês a minha hibernação e nada se acontece. Estou constantemente casado.

— Entendemos senhor. — respondeu Shotaro — podemos vir em outro momento.

— De maneira alguma — ajeitou-se, tentando espantar o ar de esgotado no rosto — disse que estava abatido e não impossibilitado. Prossiga.

— Estamos procurando sete rapazes sem seus talismãs. Na caçada à procura de fadas invocadas, localizaram-os escondidos nestas terras.

Lorde Yuta com mais outros senhores importantes chegaram depois de muito discutir em uma decisão à respeito da falta de distribuição de fadas. Queriam dar uma chance para as invocadas, pondo-as de aprendizes até se tornarem competentes o suficiente para exercer uma missão sob um local pouco habitado. Nesta busca souberam a respeito de sete delas sem os sagrados talismãs, que todas sem exceção compunham. Estes talismãs eram descritos como o mais perto de um coração humano. Yuta soube a respeito e mandou seu aprendiz como comandante na tarefa de trazê-las até si. 

— Sete fadas… — Taeyong começou a pensar — Estou me recordando de algumas lembranças vagas… diga-me mais a respeito, os nomes talvez.

Doyoung franziu o cenho intrigado com o estado de Taeyong. Em toda sua longa vida, suas hibernações nunca atrasaram, e ver Taeyong naquele estado que desconhecia era realmente deplorável. Até a memória dele estava devagar.

— Ainda não sabemos senhor — respondeu Shotaro — Precisamos de sua permissão para atuar nestas terras, e se não for incomodo, um pouco de vossa ajuda para localizá-las com mais precisão.

Taeyong sentou-se corretamente com a ajuda da mulher ao seu lado, pondo as próprias mãos nos joelhos numa posição de meditação. Jungwoo olhou Doyoung como se comentasse o incômodo que também sentia. De repente, Taeyong gritou um "A-ha!" e os dois voltaram os rostos para frente rapidamente.

— Foi com um joalheiro que vi algo semelhante! O nome dele é Taeil, uma fada das jóias muito prestigiada, mas bem humilde. Mandarei um de meus guardas para guiá-lo até a residência do joalheiro. E sobre a permissão, é óbvio que está concedida.

— Agradecemos solenemente senhor Taeyong.

Os três fizeram uma reverência até as cabeças encostarem no chão, erguendo logo em seguida, ao ouvirem o tilintar da roupa de Taeyong. Ele estava apontando para os dois ninjas.

— Somente Shotaro. Taeil não gosta de guerreiros shinobis.



Doyoung e Jungwoo, como filhos daquela terra, conheciam a cidade em específico muito bem. Assim que Shotaro os dispensou ambos sabiam onde ir para se distrair.

Estavam os dois agora, sentados em banquetas altas de um mini restaurante de petiscos. Eram amigos do dono, e não tinha ocasião que os fizessem não passar ali. Doyoung ainda tinha o copo pelo meio, segurando nas mãos enquanto rodava. Preso em pensamentos.

— O que você acha dessas fadas? — perguntou ao amigo ao lado.

Jungwoo estava mais exposto que ele. Com o rosto todo descoberto e as mangas da camisa arregaçadas. Os cotovelos no balcão, olhando para o lado oposto, até ouvir a voz de Doyoung.

— O que disse?

— Perguntei das fadas invocadas. O que você acha delas?

— Como assim, acho? Nem as vi, como posso deduzir alguma coisa? — e bebeu a bebida num gole, batendo o copinho pedindo por mais. 

— Falo sobre seu instinto. Não pressente como elas serão?

— Bom, sete rapazes… — encheu a mão de castanhas e começou a falar enquanto comia — Presumo que sejam desordeiros e principalmente desleixados, mas nada que não podemos dar conta.

Doyoung suspirou. Bebendo mais um pouco da bebida em seu copo. Ele tinha total confiança na sua competência, mas a questão de ser uma importante missão que avaliava seu potencial para ganhar um posto maior, tornava-se uma tarefa de difícil tranquilidade. Ambos tinham saído da terra natal para se tornarem shinobis do lorde Yuta, e vendo agora todo o caminho trilhado com esforço, não podiam falhar acreditando que levar estas fadas até Nippon seria fácil. Tinham que dar o melhor. Doyoung sabia que junto ao amigo eram uma ótima dupla e não desapontariam. Todavia, a insegurança não lhe abandonava por nada. 

— Precisamos alcançar o tênue equilíbrio entre esforço e facilidade — Doyoung disse olhando para frente concentradamente — Mostraremos nossa boa compatibilidade, sem sermos duros ou desleixados demais. O próximo posto será nosso. Isso mesmo! Estou confiante! Somos uma dupla boa demais para se preocupar com besteira! — e sorveu toda a bebida, espairando da garganta o ar de alívio devido o queimor do álcool.

Demostrava com os ombros em pé sua confiança aflorada de repente, porém, murchou logo em seguida ao notar que Jungwoo não ouviu sequer uma palavra. Estava conversando do lado oposto com uma mulher da barraca vizinha.



O guarda de Taeyong buscou os dois shinobis para levá-los até a residência do joalheiro. Shotaro agiu de maneira correta e informou que a presença dos guerreiros seria sutil e breve. Taeil concedeu apenas por se tratar de uma boa causa a respeito de seu aprendiz Donghyuk. O rapaz recuperaria seu talismã, e isso era motivo o suficiente para deixar o que fosse necessário agir.

— Este é Donghyuk — Shotaro informou aos dois ninjas sentados no assoalho da residência — Ele nos informará o paradeiro de seus amigos.

Donghyuk fez uma mesura modesta, não deixando em momento algum suas expressões neutras mudarem. Ele era de fato como diziam ser as fadas das jóias: reprimiam os sentimentos e emoções. 

Usava as roupas masculinas de sua posição, típicas da dinastia, porém com mangas maiores do que o normal. Ele olhou para Taeil um pouco afastado, que acenou confiante sobre contar a localização para aqueles ninjas.

— Nenhum de nós quer voltar para o jardim celeste. Por isso entregamos a uma pessoa de confiança nossos talismãs. Uma humana.

Jungwoo arregalou os olhos surpreso. "Como um humano seria uma pessoa de confiança?"

— O nome dela é Shao. Entregamos pois acreditamos nela cegamente. O intuito sempre foi adiar o quanto possível nosso retorno ao jardim. Sem os talismãs, não retornaríamos.

— Essa garota vive perto do bosque das peônias — disse Shotaro — Os sete viram-a antes da última hibernação.

— Com sua permissão — interrompeu Doyoung —, mas tratando-se de uma mortal, quanto tempo exatamente passou-se essa hibernação? Talvez ela nem esteja mais viva.

— É claro que ela está! — Donghyuk rebateu irritado, embora seu rosto não expressasse nada muito sugestivo — Nossa hibernação não dura tanto tempo quanto a de vocês mais velhos. Sem contar que antes de encontrá-la, estávamos adormecidos na forma de nossos elementos por um longo período.

— Tratando-se do tempo dos mortais, Donghyuk não esteve aqui comigo mais do que cinco anos. — Taeil comentou com sua voz harmoniosa e calma.

— Este será um assunto a ser tratado com mais atenção em outro momento. — Shotaro voltou a falar — Agora, precisamos que você Donghyuk, nos diga onde estão as outras fadas para nossos shinobis irem atrás.

O aprendiz inspirou profundamente, olhando os dois ninjas de roupa preta em prontidão. Então disse:

— Vocês precisam encontrar a fada do vento primeiro. O Jaemin. Foi ele quem nos ajudou a sair da dinastia Ming até Joseon...



Esta fada do vento, pelas palavras do próprio Donghyuk, é a mais agitada. Tem um sorriso que reflete facilmente no coração das meninas paqueradoras, e orgulha-se acima de tudo de seu orgulho denso como o tronco de um Carvalho — embora não impenetrável. Jaemin é fácil de escapar como o vento, impossível de segurar nas mãos e até resistir tempo demais no pulmão. Para pessoas que não tem paciência ou costume, iriam odiá-lo terrivelmente passando menos de uma tarde ao seu lado. Se há uma coisa que ele gosta é de desarrumar o que uma vez estivesse em sua devida ordem.

O jovem aprendiz do joalheiro contou que para capturá-lo era preciso ir até varais de roupas em locais com bastante ventania, sobretudo os relevos mais altos. Ele gostava de se esconder entre as roupas, e foi assim que Shao o encontrou pela primeira vez. 

Doyoung estava agachado sob as telhas de uma casa nobre, olhando atentamente o vestígio de qualquer roupa estendida balançando. Jungwoo, sentado no beiral balançando as pernas, quase fechava os olhos devido ao sol quente em seu rosto. 

— Melhor irmos mais adiante. Talvez na margem do rio. 

— Não — Doyoung levantou-se — Donghyuk disse que ele comumente fica perto do comércio. 

— Vamos em outra casa, esta aqui não é alta o suficiente.

— Você nem está procurando, pra começar.

— É claro que estou — levantou — posso achar um varal cheio de lençóis mais rápido do que você.

— Como quiser — Doyoung deu mínima importância, visando cada canto e beco da cidade. Estava pronto para ir até outro ponto mais alto, quando Jungwoo lhe disse:

— Veja, é aquilo que tanto procurava? — apontou para uma casa onde realmente tinha roupas estendidas nos fundos.

— Não tinha revisado esse lado ainda.

— Sei… da próxima, vamos apostar o almoço.

— Ande! — Doyoung ordenou enquanto pulava agilmente para o telhado da casa seguinte.

— Está com medo de perder?!

— Calado!

Jungwoo começou a rir vitorioso o acompanhando. Assim que chegaram, notaram que não havia ninguém na área, tratando logo de iniciar a invocação. Doyoung tirou um pincel e um pote chato de dentro do estojo de palha que carregava nas costas. Jungwoo pegou a ponta de um lençol, esticando para o amigo poder desenhar os ideogramas.

Doyoung escreveu:

Apareça Jaemin, fada do vento!

Apesar de que quando as invoca pela primeira vez, não se usa nenhum nome específico. Ele queria ter certeza que o rapaz que procurava iria aparecer. 

Contudo, nada aconteceu. Ambos Shinobis encararam-se sem saber o que tinham feito de errado. O lugar ventava bastante, propício e de maneira adequada, não havia motivos para a execução falhar.

— Espere — Doyoung bateu na própria testa, notando então o motivo do erro. — Ele é mulherengo.

— Ah sim! Como pude esquecer! — estalou a língua, achando ser um deslize muito bobo o esquecimento deste detalhe. Afinal, o próprio Jungwoo era.

Foram até onde estava estendido um Chima* e escreveram a mesma coisa. A ventania aumentou demasiadamente, e a saia ficou mais pesada. Os dois seguraram com força, perdendo a nítida visão devido aos cabelos bagunçados sob seus olhos. De repente o tecido voltou a ficar leve, e algo deslizando rapidamente saiu de dentro. Jaemin surgiu então, rodopiando pelo ar como uma folha seca, até cair no chão. Os dois ninjas correram até ele segurando-o pelos braços.

— O que está acontecendo?! E quem são vocês?! — Sua voz era de um intimidador.

— Somos shinobis da ordem do lorde Yuta. Você virá conosco!

— O quê?! Yuta!? De Nippon!? De jeito nenhum! — começou a tentativa de se soltar.

Jaemin era forte, e lutava pela sua liberdade com empenho. Receando que ele se tornasse vento de novo, Doyoung aplicou-lhe um golpe no pescoço desmaiando-o. Em seguida o jogou todo molengo no ombro. 

— Vamos sair daqui, antes que a dona das roupas nos descubra. — Jungwoo declarou por fim, saindo dali.

Percorreram uma distância considerável, parando num beco sem saída com pilhas de feno e sons de galinha ao redor. Doyoung pôs Jaemin no chão amarrando as mãos e os pés com cordas especiais. Quando a fada do vento acordou e situou-se do local à sua volta, começou novamente a se debater.

— Eu não vou para Nippon! Ninguém me fará ir para lá! — esbravejou.

— Escute — Jungwoo se agachou na frente dele — Você está na terra de penetra, e ainda por cima entregou seu talismã a uma mortal qualquer...

— Não fala assim da Shao seu estúpido!

Doyoung franziu o cenho prestando bastante atenção naquela reação.

— Lorde Yuta quer lhe dar uma chance de continuar aqui. Então não complique as coisas, entendeu? — Jungwoo concluiu.

— Eu já disse, ninguém me fará ir até Nippon!

— Mas que diabos tem lá que tanto odeia?!

— Olha Jaemin, — Doyoung começou a falar cauteloso — Eu sei que ser pego desprevenido assim é golpe baixo, mas você é foragido sabe. Todas as fadas invocadas são. 

Os cabelos lustrosos de Jaemin estavam bagunçados, cobrindo parcialmente seus rostos de expressões duras, porém, agora parecia haver um progresso, e ele escutava atentamente interessado.

— Não faço ideia do motivo de não querer ir até Nippon, mas se cooperar e entrarmos num acordo, podemos levá-lo até um lugar perto do bosque das peônias que tenho certeza que irá querer ir.

Jaemin amoleceu as expressões sugestivamente.

— É isso mesmo, estamos falando da Shao. Se facilitar as coisas poderá ficar na terra e ainda encontrar esta mortal que tanto gosta.

Jungwoo agitou-se desacreditado; ir até o bosque das peônias na dinastia Ming não estava na rota da missão.

— Está falando a verdade? — Jaemin questionou.

— A pura verdade. Promessa de shinobi.

— Se for assim… me desamarre! Vamos acabar logo com isso. 

— Calma. Ainda precisamos achar seus amigos, você foi o primeiro que capturamos.

— Eu sei onde Jeno está. Me desamarre e eu levo os dois até lá.

Doyoung estava convencido o suficiente, e pôs as mãos nas amarras, mas Jungwoo o puxou de canto:

— Enlouqueceu? — sussurrou — Esqueceu o que Donghyuk disse a respeito dele? Deve ser tapeação para escapar.

Realmente ele estava certo, e mesmo parecendo tão verdadeiro, podia haver um pouco de astúcia por trás. Doyoung suspirou, virando novamente para Jaemin. Desembainhou sua wakizashi* e mirou na ponta do nariz dele.

— Espero que nosso acordo seja transparente.

— Acredite, sou um homem de palavra — e sorriu.



Diferente de Jaemin, Jeno é muito calmo; ele é uma fada da terra, e por esse motivo adora andar descalço para sentir o chão que pisava. Ele é robusto e muito forte, porém seu rosto sempre demonstra bondade e tranquilidade. Nunca tem pressa, e como uma montanha que demora anos para modificar-se, ele espera calmamente que as coisas aconteçam no seu devido tempo — e caso não aconteçam, comumente se conforma. Mas assim como a terra, que absorve o que um dia foi jogado sob ela, Jeno pode se apegar a uma coisa facilmente, nutrindo sentimentos diversos.

Donghyuk informou aos dois ninjas que para encontrá-lo, era preciso ir até plantações perto do tempo de colheita, pois ele gosta de se esconder debaixo da terra para surrupiar os alimentos. Já Jaemin disse outra coisa: que ele estava achando mais vantajoso trabalhar nas tabernas da feira, ganhando comissão em comida.

— Jeno desistiu dessa ideia de comer as verduras dos lavradores. Ele disse que dá pena. — comentou Jaemin, enquanto entrava na feira.

O lugar estava movimentado, mais ainda do que o ponto onde os dois ninjas tomaram suas bebidas. Haviam barrancas tumultuadas, com galinhas passando de um lado a outro. Homens carregando fardos pesados nas costas e mulheres anunciando seus produtos. Estava tudo fervilhando! Não demorou, assim que chegaram mais no centro, e dois homens iniciaram uma briga caindo por cima de barris.

— Céus… — Jungwoo sussurrou.

Jaemin olhava de um lado a outro tentando encontrar o lugar em que viu Jeno. Mantinha-se na frente dos shinobis como um líder, não se intimidando com a algazarra que os brigões causaram. Assim que lembrou, chamou com a mão indicando onde deviam ir. 

O teto do lugar estava torto, e na entrada era preciso curvar-se para entrar. Os três adentraram e Jaemin foi direto ao balcão gritando Jeno. Quando ele apareceu, ambos se abraçaram. 

— Aqui está, não disse que os traria até ele? — Jaemin falou aos dois ninjas que se aproximaram.

Jeno conteve o rosto de alegria, fazendo uma reverência para os ninjas:

— Quem são eles dois? — perguntou para o amigo do vento.

— Somos shinobis da ordem do lorde Yuta. — Doyoung respondeu — Terá que vir conosco.

— O quê?

— Não se preocupe — falou Jaemin — este lorde quer nos dá uma chance de permanecer na terra. E o mais importante, iremos rever a Shao. 

— Está brincando?

— Pergunte a eles.

Jeno questionou se era verídica a informação de Jaemin, e Jungwoo respondeu que não tinha prometido nada disso. Doyoung então assumiu a responsabilidade, alegrando os dois rapazes.

— Então o que estamos esperando? Vamos logo!

— Ainda precisamos achar os outros — Jaemin o conteve — O Jisung, o Chenle…

— O Renjun! Eu sei onde ele está! O vi há poucos dias nas margens do rio Han.

Jaemin revirou o olhos e disse bem baixinho:

— Ainda tem este…

E Jeno que não tinha ouvido nada, começou a compartilhar as informações com os shinobis, prontos para partirem para próxima captura.

Rumaram em direção às margens do rio. Doyoung escreveu a mesma coisa de antes num papel especial e o jogou na água. Esperaram um tempo sentados em cima de um barranco. Devido a correnteza ele devia estar nadando por aí. Era preciso observar com atenção.

Jeno e Doyoung olhavam atentamente, Jaemin ficava andando de um lado para o outro incomodado, recusando-se a procurar Renjun. Jungwoo dava olhadinhas em Jeno, com a língua coçando para perguntar coisas a ele. Chegou ao ponto de não resistir:

— É verdade que você desistiu de comer verduras ainda no plantio?

— An? Ah! É sim. Eu não faço mais isso. Mesmo sendo uma tentação.

— Por quê? As outras fadas da terra que eu conheço gostam muito disso.

— São lembranças passadas. Eu me sinto satisfeito com o que o dono da taberna me dá. — ele parecia incomodado com a pergunta. Sequer olhou Jungwoo por muito tempo enquanto respondia.

Jungwoo iria fazer mais uma pergunta, mas Doyoung entrou na frente mudando de assunto:

— E o Renjun? Como ele é?

— O Renjun? Bom… ele pode até ser da água, mas às vezes é bem seco — riu de sua própria colocação.

De fato, Jeno estava certo. A fada da água tinha respostas precisas e não podia ser comparado a rios calmos e relaxantes. Embora ele não fosse um tremendo esquentado, tinha o limite de sua borda que podia transbordar caso provocassem-o.

Renjun era uma torrente de água doce. Exatamente, água doce.

Jeno enxergou ele em instantes, nadando de barriga pra cima. Assim que a fada da água o viu saiu do rio indo até onde ele estava. Saudaram-se calorosamente animados demais em se rever. Entretanto, assim que Renjun enxergou Jaemin um pouco distante não fazendo questão de sua presença, ele murchou, numa mistura de tristeza e raiva. Jeno tratou de lhe contar quem eram os dois ninjas e todos os motivos deles estarem alí. Quando falou sobre Shao seus olhos brilharam mais do que água banhada por raios solares matinais. Ele logo concordou com tudo, juntando-se à caçada dos amigos restantes.



Tinham ido agora atrás de Jisung, a fada da flora. Ele especificamente é das árvores, dos troncos e das raízes. Morre de medo de qualquer lugar que não seja a terra, porque é arraigado ao chão e apegado a locais sólidos demasiadamente, bem diferente do ar e da água. Ele é conhecido entre os amigos por ser devagar no que fazia, entendendo uma coisa depois que todos tinham compreendido.

Doyoung foi até o pé de um pecegueiro e pintou o tronco com a escrita da invocação. Nada aconteceu.

— Ele demora a aparecer também? 

— Talvez nem tenha se tocado que foi invocado. — Renjun respondeu visualizando com olhos cerrados a copa da árvore com frestas de luz solar.

— Tem certeza que escreveu certo — foi a vez de Jeno perguntar, começando a se questionarem o possível erro.

Jaemin um pouco distante comendo um pêssego, se irritou com eles e aproximou-se dando fim aquelas hipóteses bobas:

— Deixem de serem tolos. Só é preciso chutar o tronco — dizendo isso, meteu um pontapé na base da árvore e algo lá em cima estremeceu. De repente, como fruta madura, uma pessoa caiu no chão 

— Jisung! — Jeno e Renjun gritaram indo ajudá-lo.

— O que aconteceu? Um touro deu de cara com a árvore? — levantou tonto com a ajuda dos amigos, com a mão na cabeça. O cabelo dele era da cor da madeira de eucalipto.

Contaram a ele também todo o processo que precisavam passar e entusiasmadamente falaram em rever Shao. Jisung abriu um largo sorriso doce dizendo com sua voz forte que precisavam encontrar logo o irmão para compartilhar da alegria.

O irmão de Jisung era o Chenle. Fada também da flora, entretanto das flores. Ele é a pessoa mais fácil o possível de saber como se sente, pois no topo de sua cabeça, bem no meio, há uma flor de camélia rosa, que dependendo do seu humor, muda. Se ele estiver triste ela murcha e as pétalas caem, se estiver feliz ela abri-se mais ainda. E quando está excitado com alguma coisa, a florzinha balança de uma lado a outro. 

Chenle tinha ainda por cima a facilidade de conseguir amizades facilmente. O que fazia de si uma pessoa muito querida.

Todos foram até um canteiro de uma casa perto das margens do rio. Quanto mais o ambiente fosse rústico, mas Chenle se interessava, uma vez que ele não desse a mínima para bens materiais. Doyoung escreveu no papel, enrolou e enterrou. Não demorou nada para uma florzinha brotar balançando freneticamente.

— Essa não! Ele está sem ar — Jisung exclamou jogando-se perto da flor — Ajudem-me a cavar.

— Não vai dar tempo — Jeno disse — Vamos puxá-lo.

Ele se agachou e com as duas mãos fortes começou a puxar a florzinha contra o solo. Jisung e Renjun se desesperaram, Jaemin tentou cavar as bordas mandando ele parar de ser tão grosseiro com aquela ação, e os dois ninjas olhavam sem saber o que fazer com aquela algazarra que formou-se de repente.

Depois de muito esforço de Jeno, a terra começou a se mover e o topo da cabeça de Chenle apareceu. Os quatro amigos ajudaram Jeno puxando a cintura dele para trás, e num único solavanco final Chenle saiu da terra como uma raiz. 

Ele respirou fundo várias vezes, cuspindo a terra da boca. Jisung gritou o nome dele e se jogou por cima do irmão abraçando no que parecia um esmago. Os outros agacharam-se em volta limpando a terra das roupas de Chenle, não fazendo cerimônia ao contar as novidades e dando mais atenção a notícia que iriam rever Shao. Todos comemoram no círculo felizes demasiadamente.

Jungwoo cruzou os braços olhando Doyoung de forma repreensiva. Caso não conseguissem mandar os rapazes para o bosque, as coisas iriam se complicar, e o resultado seria ruim demais:

— Você se meteu em confusão — alertou.

Doyoung suspirou olhando a alegria dos rapazes:

— Não se preocupe. Eu cuido disso. Vamos levá-los, e conhecer a última restante. A fada do fogo.


Notas Finais


HAKAMA: vestimenta tradicional japonesa. Cobre a parte inferior do corpo e se assemelha a uma calça larga.

WAKIZASHI: espada curta japonesa.


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