História Shape of you - Capitulo 1

Meados de setembro de 2016: 

"A sorte passa na frente de todo mundo. Alguns agarram e outros não" 

A famosa frase de Jorge Paulo Lemann era uma exemplificação do que meu pai e eu fizemos em toda nossa vida. 

Por uma coincidência da vida, meu pai também se chama Jorge. Jorge Mendes. Pelo menos alguma vez na vida você já deve ter escutado o nome dele. O jovem vendedor de rua, que se tornou um dos maiores empresários no meio futebolístico. 

Jorge Mendes colocou a frase do também empresário e Jorge, em prática. A sorte não podia dar um vacilo na frente dele que ele já a agarrava e foi isso que ele me ensinou, a sorte não bate duas vezes na mesma porta, então a agarre quando tiver a chance. 

Meu pai me ensinou tudo o que eu sei, ele não teve estudo o suficiente, mas fez questão que eu estudasse nos melhores colégios e o pudesse superar em nível de conhecimento empresarial. Aos 17 anos eu entrei na universidade de Oxford para cursar administração, aos 22 eu ingressei na universidade americana Northwestern, foi um período de noites em claro e de algumas crises de ansiedade, mas eu superei. 

Com o meu MBA em gestão de Marketing em mãos, eu resolvi continuar no solo norte-americano. Trabalhei em algumas empresas de porte médio, enquanto voltava para universidade para me pós-graduar em gestão de pessoas e pouco tempo depois de ter concluído mais uma etapa, eu me tornei mestra em gestão. 

Minha vida acadêmica foi um verdadeiro sucesso e eu também tenho que me gabar da minha vida amorosa. Me casei com Josef Smith, um dos gerentes da Nike nos EUA. 

Sabe aquele desejo de quero mais? Pois é, ele nunca me abandonou. Eu já estava cansada de receber ordens e também não tinha interesse em voltar para a Europa, pelo menos não naquele momento. 

Depois de meses de pesquisa e de uma montagem de estratégia, eu apresentei a meu pai o meu projeto. Gestimodel. Eu gostava de moda, mas não era isso que estava me fazendo partir para esse ramo. A indústria da moda estava dominando âmbitos e tendo um crescimento enorme, a cada dia mais as pessoas tinha interesses nesse ramo e eu não podia deixar essa chance passar. 

Com a injeção de capital que meu pai deu, eu criei a Gestimodel. O início foi difícil, mas numa troca de favores, eu consegui ser a gerente da Irina Shayk. Na época a russa era namorada de Cristiano e os dois tinham muitos interesses, ela queria ser reconhecida para além da moda e ele para além do futebol. Sendo gerente de Irina, tudo se tornou mais fácil, novas modelos passaram a querer entrar para minha empresa e até nomes de peso desejavam ter suas carreiras administradas por mim. 

Eu fiz da Gestimodel reconhecida e importante no cenário mundial e bem no meu momento de pico, meu pai precisou de ajuda. 

Um dos maiores clientes da Gestifute estava dando dores de cabeça. Cristiano Ronaldo passou de "marqueteiro" exemplar para garoto problema. Como se não bastasse a pane no "robozão", alguns jogadores estavam insatisfeitos em seus atuais clubes, Mourinho sendo odiado pela imprensa e muito mais. 

-Só a senhora Smith para dar um jeito no incêndio que está acontecendo na Europa. - Josef brinca. 

Meu marido era dez anos mais velho que eu, ou seja, tinha os seus 42 anos. Apesar dos anos a mais, ele era bem mais "relax" que eu. 

-Eu já estou com a minha cabeça fervendo. - digo enquanto verifico meus documentos na bolsa. 

Ele ri. 

-Você criou uma empresa, fez dela reconhecida e respeitada... acha mesmo que não consegue resolver os problemas da empresa do seu pai? - ele pergunta. 

Josef me motivava em tudo. 

-São inúmeros problemas.  

-Você consegue lidar com todos. -  ele diz e me abraça por trás.  

Sorrio um pouco e coloco minhas mãos por cima das dele.  

-Você é forte e inteligente, irá resolver tudo o mais rápido possível e irá voltar para os meus braços. - ele fala e deixa um beijo no meu pescoço.  

Me viro para ele e toco seu rosto.  

-E vou tentar voltar rápido. - digo.  

Ele sorri.  

-Demore o tempo que for preciso. - ele diz.  

-Me deixa no aeroporto? - pergunto.  

Ele faz uma careta.  

-Tenho uma reunião agora, inclusive estou levemente atrasado. - ele fala.  

-Tudo bem, sei como é.  

-Assim que chegar lá, me manda uma mensagem. - ele fala.  

-Pode deixar.  

Selo nossos lábios e pela primeira vez em anos, eu sinto que algo não está certo.  

-Tem certeza que vai ficar bem? - pergunto pela 10000 vez. 

-Tenho, pode ir tranquila. - ele confirma. 

-Tudo bem. 

Pegamos o elevador e descemos. Enquanto ele foi com nosso motorista para o prédio da Nike, eu fui de táxi para o aeroporto. 

Se eu já estava levemente irritada por causa de tantos problemas, o transito de Nova York conseguiu fazer com que minha irritação fosse a níveis elevados. 

Quando finalmente chegamos ao aeroporto, tive que correr em meio aquele formigueiro humano para pegar o jatinho. Ao prender meus cintos de segurança e sentir o avião começar a se mover na pista, eu consegui relaxar um pouco. 

Eu não percebi quando peguei no sono, mas quando acordei senti uma dor terrível no pescoço. Ótimo. Por sorte o piloto já avisava que estávamos nos aproximando do aeroporto de Barajas. 

Tivemos um pouso tranquilo e no meu desembarque, eu avistei meu pai na pista de pouso próximo de um carro preto. Caminhei até ele e o engoli num abraço de urso. 

Apesar de ter vindo sem vontade, eu estava sentindo falta dele. 

-Eu acho que você cresceu mais alguns centímetros. - ele fala me olhando de cima a baixo. 

Dou risada. 

-Na minha idade, eu só cresço para os lados e eu acho que já chega de crescer desse jeito. - digo rindo. 

-Você está linda, como sempre. - ele fala sorrindo. 

-Obrigada, pai babão. - digo. 

-Tenho que elogiar minha cria. 

Rimos. 

-Vamos para casa, porque eu estou com uma dor terrível no meu pescoço e eu sei que amanhã o dia vai ser daqueles. - digo. 

-Vamos, vai ser mesmo. 

Ai Madrid, mal cheguei e você já me oferece problemas.