História Shape of you - Capitulo 2

Pov. Joana Mendes: 

Algumas horas de descanso, foi isso o que meu pai me deu. Como eu cheguei a noite, depois do jantar, eu apenas comi um sanduiche, tomei um banho e dormi. Hoje, bem cedo, meu pai já estava batendo na porta do meu quarto para irmos para a empresa. 

Eu ainda estava com o pescoço dolorido, mas nem por isso fiz corpo mole. Me arrumei da mesma forma que costumo fazer para ir para a minha empresa e depois de um café reforçado, nós seguimos para o prédio da Gestifute em Madri. 

-Ficaremos na mesma sala? - questiono ao entrar com meu pai na sala dele. 

-Vai querer trabalhar aqui? Pensei que você iria preferir fazer isso de casa. - ele fala deixando a pasta em cima da mesa. 

Dou de ombros. 

-Para mim tanto faz, eu não pretendo demorar muito por aqui. - digo. 

Ele revira os olhos e se acomoda na sua imponente cadeira. Me sento em frente a ele. 

-Além do mais, eu vou precisar que você viaje. - ele fala. 

Agora é a minha vez de revirar os olhos. 

-Você sabe que eu tenho os meus negócios e tenho um casamento. 

Ele solta o ar pela boca. 

-Eu sei, mas nesse momento eu preciso de você, minha filha. Tudo isso também será seu, então você não pode deixar ruir. - ele dramatiza. 

Homens e a sua mania de achar que tudo o que eles passam é o pior. 

-Então vamos adiantar isso aqui. O que você quer que eu faça? - pergunto. 

-Dar um jeito no Cristiano? - ele pergunta. 

Dou risada. 

-Ele é um problema só seu, manda o outro.  

-Ele é o maior problema que temos, os outros são de negociação. -ele argumenta. 

Eu não tinha interesse em trabalhar com Cristiano novamente, por vezes ele acreditava que tinha um rei na barriga ainda teve o episódio que ele quis que eu rompesse com a Irina só porque eles dois tinham terminado. 

-Eu gosto de negociar. - digo. 

Meu pai ri. 

-Vamos lá, já tem bastante tempo que ele cometeu aquele erro com você. 

-Eu odeio que tentem me dar ordens. 

-Ele é difícil de lidar, mas eu já avisei que ele não pode pisar na bola com você porque é você quem vai salvar ele. 

Estreito os meus olhos para meu pai e ele sorri. 

-Qual a merda ele fez? Ele não era o cara modelo que sempre fazia tudo certinho? 

Meu pai batuca os dedos na mesa. 

-Pois é, mas parece que surtou. Ele está saindo com uma garota nada a ver. 

Arqueio a sobrancelha. 

-O que seria uma garota nada a ver? - pergunto. 

-Ah... você sabe... 

Respiro fundo. Eu odeio tanto julgamentos e rótulos. 

-Não, eu não sei, Jorge. 

-Ela é vulgar, a imagem não vai vender. - ele responde. 

-E daí? Se ele gostou, por que você vai interferir? - o questiono. 

Meu pai fica alguns segundos me encarando. 

-Porque ele vai perder dinheiro, só por isso. - ele diz com certa ironia. 

-Pelo amor de Deus, Jorge. 

-Ah... pelo amor de Deus você. Você também está nesse jogo, sabe como as coisas funcionam. O dinheiro é a mola do mundo, minha querida. 

Ele não estava de todo errado, mas por vezes ele era muito ganancioso. 

-E você quer que eu faça o que? Se ele está apaixonado, ficar indo contra isso só vai piorar. - 

-Ele não está apaixonado, eu tenho certeza. É só mais um caso para a coleção dele. 

-Então deixe o tempo fazer a parte dele. Pare de tempestade num copo d'água homem. 

Ele suspira. 

-Temos mais um problema relacionado a ele. 

-Manda. 

-Hum... o fisco espanhol... - nem deixo ele terminar. 

-Não me diga que você cometeu um vacilo desses. 

O semblante sério me responde. 

-Eu não acredito nisso Jorge, você caiu na malha fina espanhola. - falo um tanto alto. 

Ele não diz uma palavra. 

-E você ainda me vem falar da mulher, supostamente, vulgar que ele está saindo. Como você comete esse erro primário? - o questiono. 

-Estávamos protegidos pela Lei Beckham. - ele tenta justificar. 

-Essa Lei caiu em 2014, nós estamos no final de 2016. - digo nervosa. 

Um escândalo fiscal é uma bomba nuclear em qualquer carreira. 

Respiro fundo e tento me acalmar. 

-Quanto ele tinha que pagar ao fisco? - pergunto. 

-Pouco mais de 15 milhões de euros. 

-E vocês pagaram quanto? 

-Um terço. 

Passo as mãos no meu rosto e sinto no mesmo momento minha cabeça dar uma pontada. 

-Por isso que você me ligou desesperado, não é? 

-Eu estou sem saber o que fazer, a receita espanhola está chegando perto... Neymar, Messi, Masquerano já foram pegos. 

-E Cristiano também vai ser. 

-Temos que blindar ele... eu estava pensando em forjar documentações, transferir o dinheiro para um novo paraíso fiscal. 

-Não inventa moda. Esquece esse plano doido. Nós vamos regularizar a situação e tudo vai ser dentro da lei. 

-Vai ser muito dinheiro perdido. - ele diz e bate na mesa. 

-Se você não tivesse sonegado, seria bem menos dolorido abrir o bolso. 

Ele solta o ar pela boca. 

-Convoca os advogados, que nós vamos bolar um jeito de chegar na Agência tributária sem escândalos. 

Ele balança a cabeça negativamente. 

-O que deu em você, Jorge? Você sabe muito bem que uma noticia dessas acaba com a credibilidade de qualquer um. 

Ele não fala nada. 

-Convoca uma reunião o mais rápido possível, precisamos resolver isso o quanto antes. 

-Ok. - ele se dá por vencido. 

-Manda sua secretária entrar em contato com eles agora, precisamos correr contra o tempo. 

Ele pega o telefone e fala com a secretária. 

-Jasmin, entra em contato com nossos advogados e agenda uma reunião de emergência. - ele fala e logo depois desliga. 

Minha cabeça estava fervendo e eu não conseguia encontrar uma saída para esse problema gigantesco. 

-Não fala nada para o Josef... 

-Claro que eu não vou falar. Ele é gerente da Nike, vai cortar parte do patrocínio de Cristiano assim como fez com o Neymar. 

A Nike ia produzir uma linha maior de peças assinadas pelo brasileiro, mas o escândalo fez ele perder credibilidade dentro da empresa. 

-Ainda temos o problema Mourinho e o problema James. 

-Puta que pariu... você me colocou numa sinuca de bico. - reclamo. 

Ele ri um pouco. 

-O do Mourinho é com a imprensa e o James são propostas que estão fazendo por ele... 

-Terei que viajar? Eles dois iram esperar um pouco, preciso priorizar o gajo madeirense. 

Ele suspira. 

-E eu cogitei que poderia ser menos pior do que está sendo. - digo balançando minha cabeça negativamente.