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História Sharks And Serpents - Fim da Linha


Escrita por: LadyFear

Notas do Autor


Tá aqui o outro capítulo.
Eu espero realmente que não tenha ficado uma bosta tremenda... Não estou muito bem, algumas brigas em casa, e talz.
Mas, vai que vocês gostem rs
Enfim, sem enrolações.
~ Sectumsempra!

Capítulo 86 - Fim da Linha


Fanfic / Fanfiction Sharks And Serpents - Fim da Linha

Autora P.O.V

Ruínas de Desislav, Algum Lugar na Escuridão

“O terror só pode ser compreendido em sua totalidade quando sentido dentro de seu próprio corpo. Inundando seus ossos e esfacelando qualquer esperança que exista dentro de si mesmo até que não sobre nada senão o sentimento irracional de impotência. ”

- M.V

- O frio aos poucos ia fazendo-se cada vez mais presente, baixando a temperatura como se todo o local estivesse virando lentamente uma câmara gelada onde o vento chicoteava gélido os rostos estáticos. Bellatrix e todos os outros comensais que se moviam trêmulos as suas costas segurando suas varinhas sem tanta convicção, sentiam dentro de seu próprio âmago o que era a verdadeira sensação de estar cara a cara com o mal, com a escuridão trazida à tona pela ira. Não que a presença do Lord não gerasse aquilo também em todos que eram chamados a sua presença quando algo de errado acontecia, característica particular a todos bruxos das trevas, mas ali, não havia nada que os desse qualquer que fosse a garantia de que voltariam sãos e salvos para mais nada.

A cada passo milimetricamente calculado e seguido por tantos outros criava uma espécie de loucura que era liberada aos poucos, impregnando cada canto daquelas ruínas decaídas. Narcisa em um impulso vivo em meio a paralização de todos, tentou de alguma forma recuperar a espada das mãos de Bellatrix, cogitando tirá-la da visão da figura que se aproximava, mas não conseguiu. Um movimento rápido com a mão, e a espada voou das mãos da comensal para frente, deslizando pelo ar tão rápido quanto uma lâmina leve ao ser jogada a uma distância longa, parando lentamente na mão esquerda da versão negra de Mihaela, que sorriu em desdém, revelando dentes pontiagudos iguais aos de sua forma animaga.

- Acha mesmo que ainda pode fazer algo, Narcisa? - Seu timbre já não tinha mais nada que relembrasse sua voz original. Agora parecia ser a reverberação de outras vozes, como se várias pessoas estivessem falando o mesmo que ela simultaneamente. – Sempre passando por cima de minhas palavras. Passando por cima de coisas que nunca devem ser ignoradas. Tolos.

- Nós ainda podemos fazer o que quisermos! – Bellatrix aos poucos deixavam de sentir seu corpo petrificando, recobrando sua mente e sua fé cega no poder do Lord, como se de alguma forma ele pudesse salvá-la e mantê-la a salva onde estava. – Como por exemplo isso aqui!

Suas mãos viraram-se na direção de Severo, que até então não conseguia ainda de fato entender o que estava vendo realmente. Em sua mente, causar dano a ele seria uma forma de barganhar cruelmente e obter a rendição que lhe foi ordenada conseguir por Voldemort, mas muito antes dela conseguir se mexer, seus joelhos dobraram em direção ao chão com tamanha força que ao grudar-se aos paralelepípedos quebrados rachando-os ainda mais com o atrito, o grito de dor foi maior do que qualquer outra coisa ao redor.

- Bellatrix. – O sorriso aumentou enquanto Mihaela voltou a caminhar, deixando um rastro estranhamente escuro atrás de si a cada giro que a espada dava em sua mão como se fosse apenas uma folha de papel sendo manuseada. - Sempre tão cheia de si, com essa sua fé estupidamente passional em seu mestre. Alguém lhe esqueceu de explicar que nenhum de vocês significa nada para ele. Grandes e pequenos pedaços de carne podre.

- E quem você acha... – Tentou gritar, sendo interrompida pelo trovejar colérico vindo das inúmeras vozes da outra.

- E quem você pensa que é perante a mim, Bellatrix? – A risada ecoou fazendo os poros de todos ali dilatarem fazendo seus pelos eriçarem-se em sensações horripilantes e frias. O rosto de Mihaela começou a mudar, assumindo uma forma masculina, com uma barba espessa, olhar odioso e cicatrizes causadas por inúmeras guerras em que se fez presente. Os olhos negros fixaram nos olhos dela a prendendo, o rosto a sua frente era tão antigo quanto qualquer outra pessoa.

Mordred se fazia presente em uma visão aterradoramente pior do que em vida.

- Uma pequena criança iludida. Crê tanto em seu mestre que fantasia sentimentos de reciprocidade dele, para você. Não serve para nada além de ser massa de entrega ao inimigo. Não me parece ser tão astuta, ou teria saído daqui a mais tempo, pena que não existe mais escapatória para você sua idiota. – O sorriso perverso alargou-se, novamente mudando de feições, adquirindo um rosto parecido, mas feminino, e com tamanho ódio que chegava a se comparar com o anterior. Morgaine Le Fay nunca pareceu tão desdenhosa. – É doloroso, não é? Achar que pode ter uma atenção romantizada do seu amado mestre, que patético! – O som agudo da voz reverberou em todos os metais presentes criando novos estalos. – Não tem o mínimo jeito para servir a alguém, continua sendo uma existência pateticamente tola e sem utilidade alguma além de aumentar o ego corrosivo e acéfalo daquele idiota. Desde que o mundo é mundo essas escórias sujam os nossos títulos achando que são donos dos segredos negros deste mundo, e no final não passam de amadores que se deixam levar pelo terror fictício que criam ao seu redor.

- O LORD DAS TREVAS É O MAIOR QUE JÁ EXISTIU! NÃO IREI PERMITIR QUE VOCÊ O INSULTE DESSA FORMA!

O grito de Bellatrix nada mais era do que uma tentativa desesperada de parecer convincente. O que não adiantou. Morgaine sumiu, dando lugar a uma face feminina extremamente atraente, mas tão mortal quanto a sua antecessora. Érzebet Bathory, a Condessa de Sangue, não parecia estar ofendida perante a petulância da comensal, mas ria, como se uma grande e bela piada houvesse sido contada por um de seus antigos serviçais.

- E quem é você menina? Quem é você? Pela que eu estou vendo não consegue sequer mexer as próprias patas para se levantar, que dirá me ameaçar. Mas, chega de tantas conversas, o que é de vocês já chegou, e estou ansiosa para deixar minha sucessora lhes mostrar o que acontece com pessoas que passam pelas nossas palavras sem medir as consequências. Terão uma bela morte, e seus corpos serviram como chuva para banhar a cara de desagrado de seu líderzinho medíocre. – O rosto fino e mudado de Mihaela voltou novamente, e girando a lâmina mandou-a de volta para Severo que apenas observou o ribombar da espada esperando pelo seu toque. Os comensais que ainda o seguravam foram jogados tão longe quanto a visão alcançaria batendo em um dos prédios que ruiu com o abalo causado pelo impacto. O moreno respirou fundo e segurou o que era seu em suas mãos, e bastou um toque para que todos aqueles que falaram pela sua noiva viessem para ele em um momento de extrema clareza mental, onde ele podia ver tudo o que deveria fazer para acabar com aquele teatro medíocre e farsante. – Divirta-se, meu bem.

Um novo aceno de mãos e Aleto e Amico perderam as cabeças, caindo pesadamente no chão e liberando Avery que sentiu aos poucos a lâmina em seu ombro se desfazer fechando a ferida que parara de latejar. Em suas mãos sua varinha novamente reapareceu, curva e brilhante a espera de ser usada com um poder maior do que tinha antes.

- Prove-me que é um aliado útil.

Ao contrário do que era esperado, Avery sorriu, e em frações de segundos o fim da linha para todos ali chegou.

Bellatrix teve seus braços arrancados em um movimento de abrir mãos de Mihaela deixando seu grito de dor excruciante alquebrar ainda mais os ânimos decaídos de seus companheiros. Ficaria presa ao chão até que a hora de sua missão chegasse. Narcisa em um ímpeto estranhamente lúcido correu o quanto podia, desviando-se de todos que avançavam não só para tentar se defender, mas por medo de virarem as costas e morrerem tão rápido quanto haviam chegado ali.

Severo brandia a espada com extrema rapidez, acabando com a maioria dos comensais que tentavam o abater com maldições de morte, desviando-as com a lâmina e acertando-os em pontos vitais que claramente aceleravam o processo de desintegração. A cada cabeça cortada, a cada braço arrancado de seus corpos, o moreno sentia-se cada vez mais próximo de seus antepassados, daquela aura de vingança que se estava morta e creditada como uma mentira nunca desaparecera. Ele era um Prince, uma alma vingativa, e que não deixaria escapar ninguém que estivesse ao seu alcance. Avery por sua vez, pulava de um lado para o outro como uma espécie de dançarino louco, acertando e desviando-se ao mesmo tempo, enquanto gargalhava como um maníaco desvairado que apreciava a forma como suas vítimas eram mortas e estraçalhadas ao mover de sua varinha. O orgulho que sentia queimar em seu peito não se comparava a nenhum outro que sentira em sua vida, era feroz, vívido e espalhava-se como um monstro guiando seus movimentos ao que parecia ser um estado de intangibilidade.

Mihaela em seu âmago tornava-se sua nova mestra, e ele não a decepcionaria.

Na outra extremidade daquela avenida alquebrada, Narcisa parecia aliviar-se temporariamente por ter escapado do núcleo do combate, ignorando os gritos dolorosos de sua irmã aferrada ao chão cada vez mais. Ela tinha que escapar, avisar ao seu mestre, avisar ao seu marido, avisar a qualquer um que pudesse ter o poder de evitar aquilo, mas foi quando tentou aparatar tentando esconder-se precariamente atrás de muros parcialmente derrubados que percebeu que não iria conseguir escapar. Por mais que tentasse seu corpo não se transportava dali, permanecendo no mesmo lugar ou movendo-se milimetricamente para o lado onde ficaria novamente exposta. Lágrimas escorriam cada vez mais velozes em seu rosto pálido como o de um cadáver enquanto suas tentativas sucessivas e inúteis falhavam.

- Não adianta tentar escapar, Narcisa. Este lugar não é nenhum lugar, e, portanto, não há passagem de volta para onde quer que seja. Está presa, e não sairá daqui até que o que planejo para você se concretize. – A figura negra materializou-se agachada a sua frente, fazendo-a petrificar em seu próprio lugar quando seus olhos azuis marejados de lágrimas rescendidas ao mais puro pavor cruzaram com os abismos negros que figuravam o rosto de Mihaela. Os cabelos acinzentados enroscaram-se como cobras aos braços da loira que não conseguia mexer-se por mais que sua mente e seu íntimo gritassem para se debater e lutar contra aquilo. – O que mais lhe apavora, Narcisa? Quais são os seus medos, que traumas você tem?

Os gritos de Bellatrix misturaram-se a murmúrios cada vez mais nítidos e reconhecíveis na mente da loira, murmúrios que ela jurou que seriam apagados do seu âmago para nunca mais serem relembrados.

Lembrou-se de todas as vezes que falhara em ser a filha favorita de seus pais. Todas as vezes que recebera surras e ralhos por ter feito algo que impedisse Bellatrix de exercer seu poder quase total pela casa. Sua irmã sempre fora a favorita, sempre a mais cruel e perfeccionista em fazer o mal reinar onde quer que estivesse, ao contrário dela, que apesar de tentar seguir ao que todos lhe diziam para ser feito ainda tinha uma parte sensível que a impedia de realizar atos monstruosos que para Bellatrix eram tão fáceis quanto aprazíveis. Lembrava-se do dia em que sua mãe havia lhe dito que nem para ser uma boa mulher ela serviria, que sua personalidade nada condizia com o que era exigido pelos Black, e que se não criasse vergonha em sua própria cara acabaria sendo como Andrômeda. Pequena e desonrada em diversos aspectos, o que deixava a cena em que acabara concordando em ficar ao lado da sua quanto a expulsão da irmã de casa mais visível do que todas as outras. Não somente ela como Bellatrix, e seu pai e tios zombaram de Andrômeda sem ao menos se preocuparem para onde iria. Deixara sua irmã ser deserdada e espezinhada, deixara seu primo morrer sem que pudesse ao menos fazer algo, deixara sua própria vida nas mãos de Lucius que agora não fazia mais mínima questão de trata-la como era devida, apenas chamando-a para si quando se fazia necessário.

Todas aquelas lembranças pareciam focadas e nítidas demais em sua mente, o que a fazia chorar como uma criança que havia sido abandonada a própria sorte e a escolhas nem um pouco recomendadas. Aquele vazio e o frio que congelavam sua mente nessas cenas, a faziam querer sair daquele transe, livrar-se daquela dor tão crua e mais visível, mas não era ela que comandava o que se passava em sua cabeça. Não mais.

- Você teve a chance de escolher fazer o que é certo, Narcisa. Teve a chance de ajudar e rever seus conceitos antes que as tragédias ocorressem. Mas deixou-se levar pelo sentimento de aprovação dos seus pais, e do mundo e importâncias que a rodeavam. – A voz rouca e misturada de Mihaela machucava os ouvidos da loira como se agulhas estivessem sendo espetadas em seus tímpanos ao mesmo tempo.

- Mate-me, então... – Pediu vendo as palavras escorregarem pelos seus lábios trêmulos e dormentes de medo.

- A morte não é o suficiente para você, Cissy. Não quando você também fez as coisas por que queria.

A dor excruciante a fez gritar o mais alto que seus pulmões podiam aguentar. Todas as vezes que descontara suas raivas e acessos em Andrômeda por que se sentia bem, que quase a matara com Bellatrix em suas experiências com feitiços desconhecidos. Fazendo a irmã provar poções perigosas e falando para a mãe que era culpa da própria. Quando quase afogou um primeiranista em uma brincadeira sem graça junto a Múlciber e Lucius em seu terceiro ano em Hogwarts. Ver o aluno desacordado e quase morto a fez rir, e só o mandou para a enfermaria por que poderia ser expulsa. E uma em especial se mostrou com mais força. A tarde no banheiro da Sonserina em que cuidara de Mihaela, seria para sempre um de seus martírios próprios. A havia ajudado como podia, mas visava não apenas mantê-la viva mas testar sua resistência para que quando juntassem ao Lord no ano seguinte pudesse reportar que tinham um trunfo guardado. A havia traído com suas gentilezas, visando um lucro próprio, algo que nem mesmo o astuto e desprovido de ética Lucius faria. Todas as suas ações acabavam por ser pautadas em falsas mentiras e falsos sentimentos de acolhimento que não passaram sequer despercebidos nenhuma vez por Mihaela, que sorria ao confirmar pelos seus pensamentos o que já sabia.

- Eu não queria... – Tentou responder, mas se viu calada por uma sensação de perda interna que não sabia de onde vinha.

- Queria sim. Tudo o que fez tinha um fundo de famigerado prazer pela dor alheia, Cissy. Estava ouvindo sua irmã gritar? – O som continuava mais alto em meio aos ruídos ensurdecedores de feitiços, metal e novos mortos caindo ao solo. -  O destino dela ainda vai ser melhor que o seu.

Bastou alguns segundos, a mente da loira tornou-se um caos onde nada mais fazia sentido, misturando-se como se fazia a uma poção, tornando todas as compartimentalizações de sua cabeça como água virando apenas um amontoado de onde nada se podia tirar sem mexer em mais nada. As lembranças de sua infância mesclavam-se ao presente e as suas próprias elucubrações de futuro, e aos poucos, Narcisa Rosier Black Malfoy, uma das mais respeitadas herdeiras dos Black, mudava apenas para ser uma alucinada qualquer que mal sabia o que de fato estava fazendo. Seus olhos azuis sempre tão espertos esvaziaram-se ganhando aquele aspecto de quem vivia em um mundo a que não pertencia e somente o físico estava presente. Tornara-se uma espécie de fantasma, que beirava ataques saltitantes e de eternas palavras que não fariam mais sentido nem enganaria a ninguém mais.

Mihaela soltou-se dela e deslizou com ela de volta para o amontoado de corpos que parecia crescer no meio das vias como um muro que por vezes desintegrava-se ou por outras espalhava cada vez mais sangue pelo chão. O cheiro ferroso mexia com seus sentidos despertando o lado animalesco de sua forma animaga a muito tempo esquecida. De um em um, cada comensal foi caindo, desintegrando-se, virando cadáveres que com apenas um leve movimentar de dedos dela, os fizeram levantar como bonecos de ventríloco cujas cordas invisíveis puxavam seus membros da forma como ela desejava dando a eles movimentos antinaturais.

Bellatrix parecia estar em seus últimos gritos quando os locais onde antes ficavam seus braços encaixados ao seu tronco fecharam repuxando a pele para cima o que fez os gritos ganharem nova vida e intensidade. Múlciber caiu como o último do lado de Avery que não parecia mais livrar-se do próprio sorriso, por mais que estivesse cansado e respirasse com dificuldade. Estava coberto de sangue dos cabelos e barba até as botas, que se ensopavam cada mais a cada passo dentro de poças que ainda cresciam graças aos líquidos que desciam dos corpos inanimados em pé. Severo destruiu um dos últimos, ao seu lado o fazendo virar poeira e desaparecer sem vestígios aparentes. Mihaela desviou-se do cadáver de Múlciber que pendia para o lado esquerdo, aproximando-se lentamente dele, testando suas reações ao que estava vendo e fazendo, e ao avesso do que cogitou como possibilidade, não havia o mínimo resquício de asco ou aversão. Escorregou a mão esquerda pela maçã do rosto dele, afagando-lhe o rosto suavemente como se fosse um cristal valioso que pudesse quebrar a qualquer momento, limpando os pequenos pontos onde o sangue havia espirrado. Os olhos negros de Severo contemplaram o rosto pálido e aterrador em primeiro momento de Mihaela com curiosidade, notando aqui e ali características que nunca iriam mudar por mais que ela continuasse a assumir aquela forma novamente. O medo que sentira, aos poucos foi diminuindo sendo assumido por uma espécie de atração, atração aquela que ignorava totalmente o eu que a tomava naquele instante. Aquela sensação mexia consigo até o último nervo de seu corpo liberando formigamentos em lugares estranhos.

- Controle-se. – Murmurou apenas para que ele ouvisse em meio ao silvar do vento, sorrindo desta vez sem a presença dos dentes pontiagudos. Voltou a caminhar parando em frente a Bellatrix, que agora sem braços mais parecia uma boneca ensanguentada. – E quando a você, minha cara Bellatrix, irá para o seu mestre agora.

- Do que está faland... – Sua fala arrastada foi interrompida por um grito seu que veio do fundo de sua garganta ressoando tão doloroso quanto era. Bastava olhar para o punho fechado da prateada e entender o que de fato ela estava fazendo com a outra.

- Irá para o seu Lord, e contará tudo o que viu aqui. Suponho que não vai querer que ele tenha o mesmo fim, não é mesmo? Contará ponto por ponto.

- Eu não... – Outro grito seguiu-se o que fez o sangue sumir do rosto da comensal.

- Se não fizer isso terei de mexer com a sua mente da mesma forma que fiz com a sua irmã. – Rosnou irritando-se com a petulância de Bellatrix.

- Irmã...?

Narcisa apareceu em sua linha de visão, o que a deixou mais pálida do que já estava e sem mais ação alguma que pudesse esboçar. Pela primeira vez a morena deixava lágrimas escorrerem pelo seu próprio rosto ao ver o estado delirante e fora de si em que a irmã havia sido colocada. Era assustador demais olhar para Narcisa, aquela loucura instaurada em seus olhos vazios afetavam a sua mente já conturbada pelo que estava sofrendo, havia visto e ouvido.

- Eu posso trazer sua irmã ao normal, se você cumprir corretamente o que eu estou dizendo.

- Eu.... Eu.... Farei... – O choro tornou-se alto e estridente demais para os ouvidos apurados de Mihaela que a retirou do chão sem cuidado algum e a fez passar de forma rápida, mas cambaleante pelo mesmo túnel escuro e amedrontador que a levaria para o seu mestre. A falta dos membros superiores tirava seu equilíbrio, o que não a impedia de tentar andar da forma correta mesmo que esbarrando em Narcisa.

- Vão. – A prateada esticou o braço em direção aos mortos que imediatamente recomeçaram a mesma marcha cadenciada e morta pegando outro rumo pelo mesmo túnel. Assim que todos aqueles mortos sumiram, Mihaela convocou um dos braços retirados de Bella, o mesmo que continha a sua marca negra, tocando-a enquanto fechava os olhos e podia ver e sentir o que se passava no covil de Voldemort. Podia ver a dor dela, o espanto e a ira do Lord, a admiração atemorizada dos que ficaram e o ódio inabalável de Lucius ao ver a esposa demente e sem mais nenhum resquício de bom senso. Esperou que tudo tivesse sido dito de forma chorosa e agora bem mais aterrorizada do que antes, esperou pelo momento certo, quando ela proferiu o que aconteceria a ele se seguisse o plano mais adiante. Virou o braço em suas mãos e com os dedos escreveu na pele da morena, para que a mensagem fosse estampada do outro lado onde o corpo estava.

“ Eu conheço os seus segredos Tom Riddle, sei quem você é e o que almeja. Mas a partir do momento que ameaçou a minha liberdade e a do meu marido você pediu e sentenciou a sua própria morte. Deixe-nos em paz, ou isto irá acontecer com todas as partes que você tão arduamente separou. ”

- Faça as honras, Severo. – Murmurou enquanto enxergava pela marca, a sua mensagem se formar nas costas de Bellatrix e os comensais correrem ao seu encontro livrando-a da roupa e mostrando os cortes em sua pele. Quando os olhos de Voldemort leram a última palavra, Mihaela jogou o braço para Severo que o cortou ainda no ar. O braço desintegrou-se, mas não sem antes o Lord sentir uma de suas marcas sumirem com certa dor que o alcançou rapidamente, e o corpo de Bellatrix virar pó na sua frente em meio a pedidos de súplica que não puderam ser atendidos. Tão logo a poeira negra se desfez, todos os corpos dos comensais começaram a ser lançados pelo teto da mansão Malfoy para dentro da sala onde eles estavam, caindo como marionetes e bonecos sem vida e sem honra alguma perante ao que foram mandados, cobrindo a longa mesa de mogno negro, e derrubando os comensais que ali esperavam por notícias dos outros criando um pânico terrível. A última coisa que Mihaela quis ouvir foi o uivo de ódio que o Lord dera ao ver sua cartada finalmente ser descoberta e perdida. Ela sabia que ele não seria idiota de continuar.

Ao reabrir seus olhos deixou que toda aquela névoa escura e pesada se dissipasse aos poucos deixando o lugar e tornando-se apenas uma lembrança ainda viva da presença. Tudo voltou ao seu devido lugar, a temperatura subiu, o céu voltou a sua normalidade agora revelando um pôr do sol alaranjado misturando-se aos tons violáceos que ainda prevaleciam por trás das nuvens. A brisa tornou-se fria apenas o suficiente para o outono, e a imagem negra que ainda recobria Mihaela se desfez, trazendo o mesmo azul conhecido para os seus olhos, e a limpidez e palidez de sua pele escondendo as veias de volta. Os machucados antes não visíveis também voltaram para si, e havia alguns cortes profundos em diversas partes de si, além de vários hematomas que provavelmente voltariam a doer ferozmente.

- Ok isso foi muito louco. – Avery riu sem acreditar ainda no que havia feito. – Eu realmente não...

No entanto sua fala foi interrompida. Não por qualquer dor que pudera sentir em sua marca que ainda estava tão vívida em seu braço quanto o que havia visto.

Mas por que Mihaela tombou para frente.

Azul, da cor de um morto.


Notas Finais


Qualquer erro ou coisa fora do contexto, peço perdão a vocês.


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