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História Shattered - Somehow Sundown


Escrita por: Nash_the_Fox

Notas do Autor


Desculpa pela demora minhas queridas, esse capítulo foi trabalhoso e eu tive que revisar umas 2 vezes ;-;
Espero que esteja bom e pfvr n me matem u.u <3
Nash ama vocês e esses comentários lindos que vocês fazem.
Melhor fandom <3

Capítulo 4 - Somehow Sundown


Fanfic / Fanfiction Shattered - Somehow Sundown

– Patricia Mary Watson – o padre falou fazendo John engolir seco. A religião nunca havia sido muito presente em sua vida, poderia ter ignorado tal tipo de cerimônia, mas sabia de alguma forma que aquilo seria importante para Mary. Ela havia tido uma vida secreta antes dele, porém ele sabia mais que qualquer outra pessoa o quanto ela desejara recomeçar.

Além de que, é claro, aquilo marcava mais um vínculo com Sherlock Holmes. Não que fosse realmente necessário, mas ele sempre foi o tipo de pessoa que gostava de ter tudo nos conformes. Poderia ter nunca se casado no papel com Mary, mas era importante para ele poder chama-la de esposa com toda a propriedade; poderia nunca ter se preocupado com um batismo para Pattie, mas era importante para o médico oficializar o detetive como a pessoa que ele confiaria a vida da filha se algo o acontecesse.

John havia convidado Mrs. Hudson para ser madrinha da filha, a senhoria havia aceitado o convite entre sorrisos e o havia abraçado tão forte que quase ficou sem ar. Ele poderia ter convidado a irmã, mas fazia tanto tempo que não a via que ele acreditava que ela não ligaria para o convite. E, além do mais, era a primeira mulher que desde o início estivera o apoiando sempre e o ensinado a maneira certa de cuidar de um bebê, e por isso ele sempre grato.

A cerimônia já havia terminado quando o fotógrafo orientou que ele tirasse uma foto com Sherlock para recordação. O amigo segurava Patricia nos braços e tinha um sorriso no rosto quando o flash disparou, o viu entregar a pequena para Mrs Hudson e quando ela se aproximou para tirar a foto, John a viu com lágrimas nos olhos, usando um lenço bordado para secar o rosto.

– O que houve? – Ele questionou, não estava preocupado que fosse algo sério, sabia que era apenas emoção por causa da ocasião, mas seria indelicado não perguntar.

– Oh, você e Sherlock ficaram tão lindos juntos na foto. – Ela ficou calada por um instante para posar para a foto e então continuou – Deveriam logo parar de bobagem e se casar de uma vez.

– Que??? – John tinha certeza absoluta que tinha corado. Ele travou a mandíbula de nervosismo enquanto pegava a filha do colo da madrinha. – Eu e Sherlock nunca tivemos nada, Mrs Hudson. Já te disse isso mil vezes, ele é apenas meu amigo.

– John você não precisa mentir para mim. Eu sempre soube. – Ela deu uma piscadela e foi para longe. O médico fez uma cara de desentendido por fora, mas, por dentro sentiu um soco na boca do estômago. Fazia algum tempo que ele começara a pensar no Holmes de uma maneira diferente e aquilo vinha o deixando desconfortável até demais, ele sabia que não era gay, convivia com si próprio desde sempre para saber que toda sua vida se sentira atraído por mulheres, mas a maneira que vinha pensando no detetive era algo diferente de tudo que tinha vivido antes.

Sherlock era seu melhor amigo e colega de apartamento já fazia vários anos, era alguém importante na sua vida, por causa dele tinha superado os traumas da guerra, ele tinha lhe apoiado no casamento – mesmo sabendo que iria ficar sozinho em casa por isso –, cuidava da sua filha com dedicação inquestionável, mas aquela vontade que ele vinha sentindo de estar o tempo todo próximo dele não era normal. Quando ia trabalhar John ficava encarando o relógio branco na parede do seu consultório esperando que ele dissesse que já poderia voltar para casa para poder ficar na companhia do detetive e não, não era a mesma coisa de estar ansioso para ir a algum caso e se meter em alguma aventura. Era apenas querer estar perto dele. Assim como John tinha conhecimento que não era gay, ele também conhecia como era estar apaixonado. Já tivera paixões meia dúzia de vezes na vida, sabia com certeza como era estar encantado por alguém. E era o que ele estava sentindo. Vinha se sentindo tão perdido e confuso com essa mistura de sensações, que tinha que fechar os olhos e respirar fundo para o mundo parar de girar a sua volta.

Eles voltaram para Baker Street logo, já que Mrs Hudson tinha insistido em fazer uma pequena comemoração por causa do batizado. John havia tentando fazê-la desistir da ideia, mas a senhoria tinha dito que cuidaria de tudo e que ele não teria com que se preocupar, então ele acabou por aceitar de bom grado.

Molly chegou logo em seguida deles, estava sozinha e foi correndo pegar Patricia, deu um giro com ela, enquanto a menina ria disse:

– Pattie!

Olly! – Patricia deu um gritinho. A cada dia a filha vinha aprendendo os nomes de todos que conviviam e John tinha certeza que não existia nada mais fofo no mundo do que ouvi-la falando de um jeito embolado.

– Eu sinto muito não ter comparecido a igreja, John. Só consegui sair agora do trabalho – Molly falou enquanto cheirava o alto da cabeça da pequena. O cabelo loiro tão dourado tinha cheiro de doce.

– Sem problemas.

Lestrade apareceu porta adentro trazendo um presente envolto em papel lilás debaixo do braço, deu um sorriso nervoso e se aproximou de John.

– Para Patricia.

– Não precisava de presente, Greg. Não é como se fosse o aniversário dela.

– Não tem importância – o policial sacudiu a cabeça. – Eu vi de relance numa fachada de loja e achei que parecia com ela. – John o viu sair de perto e ir conversar com Sherlock num canto do apartamento. Provavelmente, havia um caso novo na cidade e ele iria pedir a ajuda do detetive.

Voltou a atenção de novo para Pattie que apertava o pacote lilás muito curiosa, então a ajudou a abrir o presente e lá encontrou uma boneca de pano, tinha o cabelo louro claro e olhos azuis, até mesmo usava um vestido rosa igual o dela. Ele riu, ela era realmente igual a filha.

Dadi, uh? – Patricia perguntou curiosa. Aquela era a fala padrão dela quando queria conversar. Apesar da maior parte do vocabulário dela não ser entendível, a garota sempre estava puxando assunto sobre tudo a sua volta. Dirigia aqueles olhos azuis cinzentos ao pai e questionava com uma curiosidade sem fim. John acreditava que ela não compreendia nada do que dizia, mas respondia a filha do mesmo jeito, se sentia feliz por ter momentos como aquele.

– Essa é a Pattie 2, eu acho.

Petie! – Ela agarrou a boneca e deu um beijo molhado babando-a. O médico riu, muitas vezes se pegava triste pensando em Mary e o quanto ela apreciaria estar junto de Patricia, mas já tinha um tempo que havia decidido não deixar aquilo atrapalhar o seu tempo presente. O acidente que havia ocorrido havia sido a pior das fatalidades, mas não poderia fazer nada para modificar o passado. Resolveu sacudir os maus pensamentos para longe e se concentrar no agora.

– John! – Sherlock estava na sua frente com o rosto sério. – Lestrade veio me avisar que precisa de ajuda. Vamos? Ou... você vai querer ficar com Pattie?

– E-eu – A voz saiu estranha e ele tossiu antes de continuar. Poucos casos tinham aparecido para Sherlock nos últimos tempos e ele via como o amigo estava ansioso para um novo desafio, podia enxergar aquela chama habitual do olhar dele. John sentiu o estômago se remoendo de ansiedade, já tinha algum tempo que não saia com o detetive para resolveu algum mistério. Tinha declinado dos convites que apareciam por várias vezes, fazia tempo que não se sentia à vontade para o “trabalho de campo” e por isso preferia ficar em casa curtindo a companhia da filha.

Mas, naquele momento, ele resolveu aceitar o convite. – Eu vou – ele completou. Descobriu que sentia falta das empreitadas malucas que passava com Sherlock, houve um tempo que aqueles desafios eram a motivação do seu dia–a–dia, e ele sentia que queria um pouco daquilo de volta. Concordou com a cabeça.

Mrs Hudson pegou Pattie no braço, a menina ainda segurava a boneca que tinha ganhado de Greg. John deu um beijo nela no topo da cabeça enquanto sentia o cheiro de bebê vindo do cabelo dourado, aquilo sempre o motivava. Sabia, é claro, da importância da filha mais do que ninguém, mas quando aquele cheiro lhe invadia os sentidos era quando tudo realmente ganhava um significado, que Patricia estava lá para ele e mais ainda que ele tinha que estar lá para ela.

– Papai volta daqui a pouco, Pattie.

– Dadi.

– Logo voltamos, Pattie, não se preocupe – ouviu Sherlock falar para sua filha.

– Tudo bem mesmo ficar com ela mesmo, Mrs Hudson?

– Claro – a mais velha respondeu com um sorriso. – Podem ir.

John se despediu e foi porta afora com Lestrade e Sherlock. Ele olhou uma última vez para a filha que ainda estava agarrada com a boneca, o cabelo loiro reluzia com a luz de fim de tarde que entrava pelas janelas. A cada dia a achava mais parecida com a mãe e ficava feliz com isso, queria principalmente que ela tivesse a garra e força que era presente na falecida esposa, e sendo criada por ele em conjunto com Sherlock, ele não via possibilidade que ela não crescesse uma mulher forte. O médico deveria estar com uma cara estranha pois, o Holmes o tirou do devaneio dizendo:

– Ela vai ficar bem, John.

– Eu sei – ele respondeu. Apertou a mandíbula com força, ele estava nervoso por algum motivo, tinha a sensação que deveria ficar em casa, mas achou que era apenas tolice. Ele andava se sentindo estranho quando Sherlock se aproximava demais, e acreditava que era apenas receio dessa sensação. Deu um suspiro e pôs os dedos na ponte do nariz enquanto esperava aquilo ir embora, o mundo já começava a girar e ele se sentia cansado disso.

Sentado no carro que os levaria até a cena do crime John olhou para fora da janela. O céu cinzento da Inglaterra estava lá, Sherlock estava ao seu lado e um mistério estava esperando por eles. Parecia igualzinho aos velhos tempos, mas algo em seu peito gritava que não, tudo estava diferente, não apenas ele, não apenas o fato que agora havia Pattie na vida dele – deles –, agora havia algo entre ele e o Holmes, algo que parecia grande demais para ele conseguir segurar.

 

~

 

Sherlock quase sorriu quando viu a cena do crime. Apenas com uma olhada geral já sabia que não seria algo fácil. A cena era formada por um homem com quarenta e poucos anos, ele estava posto de peito para baixo, espalhado ao redor dele havia pelo menos uma dezena de variedade de plantas, sua mão agarrava forte um papel amarelo o qual ele não conseguiu ler nada por estar borrado, o estranho é que não havia chovido naquele dia. Uma pasta de couro preta estava aberta e jogada no chão a dois metros de distância. A cena era curiosa e ele vasculhava tudo ao redor procurando por pistas, se aproximou o máximo que conseguiu para analisar as plantas e imediatamente identificou oito tipos diferentes delas.

– Quem era esse homem? – Ele perguntou para Lestrade.

– Jonathan McWhite, um empregado do governo.

Ele escutou a voz de John falando ao mesmo tempo, mas era apenas o mesmo falando ao telefone, provavelmente com Mrs Hudson que estava procurando algum objeto de Pattie e não encontrava.

– Alguma ideia? – Lestrade questionou.

– Sete delas, mas eu prec... – Um grito de John o interrompeu. Era doloroso e profundo. Ele olhou para o lado e viu o amigo ficar branco, respirava com força e se dobrou apoiando as mãos nos joelhos. – John – Sherlock o chamou, mas ele não escutou. Chegou próximo ao médico e pousou uma das mãos no ombro dele, só então ele ergueu o rosto. Estava assustado, mais assustado que Sherlock o vira em toda sua vida. – O quê?

– Pattie...

– O que tem ela? – Lestrade perguntou nervoso antes que ele próprio conseguisse articular algo.

– Era Mrs Hudson na ligação, disse que alguns homens apareceram lá, bateram na cabeça dela e a levaram – John respondeu na voz mais angustiada possível. – Eles levaram Patricia. – Sherlock segurou a respiração, não piscava e por um momento poderia jurar que o coração tinha parado de bater, mil ideias passavam pela sua cabeça. Encarou John e viu o desespero palpável estampado no seu rosto, estava próximo de fazer um ano da morte de Mary e ele sabia como aquilo ainda era doloroso para o amigo. Quem quer tivesse feito aquilo, tinha causado uma dor imensa para John e ele nunca iria perdoar isso. – Sherlock, o que nós...

– Temos que voltar para Baker Street imediatamente. Eu tenho certeza que toda essa exibição – ele sacudiu os braços embarcando a cena do crime que estava à frente dele–, foi apenas com o intuito de irmos para longe de lá. Vamos ver se Mrs. Hudson está bem e se lembra de algum detalhe. – Ele tentou continuar firme.

– Claro, claro. Meus carros vão levar vocês imediatamente até lá – Lestrade falou. O policial tinha uma cara preocupada e nervosa. Não havia ninguém que não se aproximasse de Pattie que não se apegasse a menina.

O Holmes respirou fundo tentando manter a calma, sabia que não poderia desabar naquela situação, o amigo precisava de um ponto de apoio e esse teria que ser ele, mesmo que se sentisse explodindo de raiva por dentro. Fechou o punho querendo agredir alguém, aquela raiva era terrível – algo que ele só tinha sentido duas vezes antes na vida –, a raiva de fazer mal a alguém porque esse alguém machucou uma pessoa que você se importa.

E ele não aceitaria que tivessem feito mal a John daquela forma, usando a filha dele, além do fato de que ele próprio por vezes sentia como se a menina fosse sua também, então aquela raiva estava duplicada. Aqueles dois eram o que ele mais tinha de importante na vida e ele nunca aceitaria em paz alguém fazer mal a ambos. Quando pegasse o infeliz que tivesse feito isso ele atiraria na sua cabeça – se John não fizesse antes –. Ele já fizera isso uma vez para proteger a felicidade do médico, faria facilmente de novo para protege-la outra vez. Ele respirou pesado, puxava o ar com força para os pulmões.

Sherlock apertou a mão no ombro do amigo e o puxou. – Vamos, nada de sério vai acontecer com ela. – Mas ele não poderia garantir isso, ele não sabia que tipo de maluco tinha cometido aquele crime hediondo.

– Você não tem como me garantir nada, Sherlock.

– Quem fez isso só usará ela para alguma chantagem, que eu resolvo imediatamente.

– Mycroft.

 John o encarou e ele concordou com a cabeça, estava forçando a mandíbula, o irmão iria reclamar abertamente, mas ele daria um jeito de dobra-lo e faria qualquer coisa que o irmão pedisse para ele. Viu o amigo encarar o chão novamente e quando ergueu o olhar outra vez ele já estava diferente. Sherlock sabia que aquele era o Watson militar que havia ido a uma guerra e saído vivo dela, quem quer que tivesse acordado aquele homem, iria pagar caro.

– Vamos lá então.

Sherlock concordou com a cabeça, o sol já tinha caído e eles teriam uma longa e difícil noite pela frente. Não iria ser fácil, mas ele estava pronto, faria de tudo para que tudo ocorresse sem ninguém se machucar. Ninguém próximo dele, é claro.

Que o jogo começasse.


Notas Finais


Críticas construtivas serão sempre bem vindas.


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