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História She's Got Me Daydreaming - Wicked Game


Escrita por: bertoloto

Capítulo 10 - Wicked Game


 

 

Pov- Delphine

Era tão substancial, uma textura espessa. Minha língua recriava-se em um parque carnudo. O parque que é unicamente de Cosima. O aroma que sua sensível e frágil vagina tem, acirra todos meus sentidos, o corpo e o espirito.

Estava tão delicioso e açucarado. Entretanto, com apenas um gole, bebi sua essência em espanto. Felix tirou-me o prazer de desfrutar o que era meu, só meu.

Como uma adolescente na puberdade, escondi-me embaixo da cama. A frustração, a vergonha e o pavor calaram-me com desespero e intensidade.

Ouvi a conversa que embrulhava meu estômago. As mentiras, ali ditas, assombram a serenidade de um possível relacionamento entre minha aluna e eu.

Foi a primeira materialização de uma má ideia. Quanto mais teremos de mentir?

Ao partir de Felix, tomei meu tempo para me recompor e enfrentar Cosima.

"Delphine?" Chamou por meu nome enquanto fechava as cortinas.

Lentamente, saí de meu esconderijo.

"Ah! Merda, sinto muito. Não esperava que Felix aparecesse aqui." Explicou preocupada.

"Foi por pouco." Anunciei deslocada.

Nossos corpos estavam próximos, mas nossos pensamentos distantes.

E se Felix tivesse nos flagrado?

Como procederíamos?

Ou melhor, como procederemos agora?

"Eu sei." Respirou com peso e medo.

Por um breve momento pensei em nós, em nossa relação.

Valeria a pena todo o risco? Todas as perdas?

"Cosima, eu não sei o que fazer!" Levei as mãos ao meu rosto.

Terei de deixa-la justo agora que a conquistei?

"Hey! Tá tudo bem, não fica assim." Aquele apavorado toque gelado encontrou minha pele.

Meu corpo nu juntou-se àquele semidespido.

"Como faremos? Como agiremos? Talvez..." Umedeci a carne de meus lábios e seus olhos devoraram meu temor.

"Talvez nunca dê certo, Cosima." O olhar de tom castanho claro invadiu-me, suplicando para não abandona-lo.

"Você quer terminar o que mal começamos?" Selei-me em silêncio.

"Hein! Delphine? É isso então?" Não posso ficar longe dela, mas não posso tê-la pra mim.

"Cosima, não me faça dizer." Roubei suas palmas, "Por favor, eu não sei o que fazer , Cosima."

Fugiu de mim como um ligeiro animal foge de uma armadilha.

"Se você quer assim, vá! Saia daqui! Se quiser ficar, fique de uma vez."

As buzinas lá fora. O canto dos pneus. A falta de oxigênio. A morte de um amor recém-nascido.

Recolhi meus restos do chão. Vesti minha calça e camisa.

Ao chegar à porta, senti as agressivas e velozes batidas de meu duro coração.

Fico ou vou-me embora?

Fico ou vou-me embora?

Fico ou vou-me embora?

Fico?

Vou-me embora!

A impulsividade dona de minhas incertas ações poderiam ter-me feito perder um grande amor.

DELPHINE, VOLTE!

Há múltiplas coisas que nos fazem agir sem raciocinar corretamente, entre elas estão: o medo, o ódio, a verdade, a mentira, o desespero e uma louca paixão.

Ao chegar em casa, notei que não estava lá. Eu havia permanecido em um loft colorido e alternativo, mais especificamente, eu havia permanecido dentre os lençóis suaves e as camadas de Cosima.

O quê fiz?

Meu Deus, O QUÊ. EU. FIZ?

A casa vazia permitiu a entrada da solidão. A fervura da água invadiu meus poros. As lembranças de uma noite repleta de amor e prazer, me consumiram impiedosamente.

Antes que pude perceber, lá estava eu, fumando cigarros na varanda, como se eles pudessem povoar o eremitério de meu cerne.

"Achei você!" Os musculosos braços de Paul envolveram-me com saudade.

Assustei-me no momento, porém a realização de não estar mais sozinha, confortou-me em calma.

"Não ouvi você chegar, estava distraída." Voltei meu corpo para encara-lo.

Seus cabelos cor de ouro, maxilar largo e olhos com cor de dó, partiam-me ainda mais.

Como pude faze-lo de idiota? Como pude traí-lo?

"Você não vai pra Bubbles?" Perguntou após tocar em meus lábios.

O breve beijo pareceu tão certo, mas soou tão errado.

Não é dele o meu querer.

"Sim! Estava só esperando você chegar." Respondi já preparada para ouvir sobre seus planos.

"Bom, agora são..."Fixou os olhos em seu rolex, "Três e meia, vou tomar banho, cochilar um pouco e encontro vocês lá as sete, pode ser?"

"Sem problemas." Sorri sem vontade e repleta de culpa.

"AH! O Donnie disse que quer passar no Leda depois, tomar alguma coisa, perturbar a Cosima, o de sempre." Beijou-me a testa e partiu para o banheiro.

Seu tom de voz não foi peculiar ou alto, mas o nome de minha aluna ecoava por todos os cantos.

Dirigi com olhos atentos no caminho, porém com minha mente distraída de pensamentos saborosos sobre ela. Estacionei meu carro na frente do mais novo estabelecimento do bairro. As paredes eram altas e completamente brancas. Havia um chamativo letreiro em neon cor de rosa escrito Bubbles. Ao entrar, minha vista teve de se ajustar para processar a atmosfera. O interior da loja exclamava o gosto de Alison. Tons claros e escuros em rosa, e alguns detalhes na cor das nuvens. O forte misto de aromas diversos e a música de melodia convidativa davam serenidade ao ambiente.

"Nossa! O lugar está incrível, Ally." Elogiei ao aproximar-me de minha amiga.

Com um forte e desesperado abraço, depositou toda sua ansiedade em meus ombros.

"Ai! Amiga, socorro!" Senti seu corpo responder a tanto nervosismo.

"Calma!" Segurei-a pelos braços, "Tudo vai dar certo!"

"Você sempre tão otimista. Obrigada por estar aqui." Piscou rapidamente e sorriu aliviada.

Eu otimista?

Minha amiga mal sabe quão pessimista sou.

"Delphine, biscate!" Felix exclamou com seu sorriso de dentes perfeitos.

O culpado por me fazer desistir de Cosima.

Quer dizer, a culpada sou eu, ele apenas estava em sua casa no horário errado.

"Fe! Tudo bom?" Trocamos beijos aéreos.

"Ah! Tudo certo, só um pouco agitado. Alison é uma cretina descontrolada." Declarou sem o mínimo eufemismo.

"Ela é uma cretina, mas é linda também." Donnie juntou-se à nós e me cumprimentou com um breve e casual abraço.

Não prolongamos a conversa, havia muito a ser feito. Eu organizava as prateleiras, Alison preparava as caixinhas e embalagens, Felix e Donnie faziam os sabonetes e engarrafavam os perfumes.

Passamos a tarde inteira ordenando Bubbles para a grande inauguração. Entre dancinhas esquisitas e piadas estupidas de Donnie, conseguimos aprontar todos os detalhes e produtos para o dia seguinte. Durante a metódica arrumação, bebemos bastante champanhe, e mimosas feitas por Felix.

"Alison, querida. Acho que já tá ótimo. Vamos pro Leda logo!" Minha amiga fuzilou o namorado com seus olhos raivosos e perfeccionistas.

"Acha que tá ótimo?" Satirizou as palavras de seu amado.

O clima ficou pesado, então afastei-me do casal que brevemente trocaria insultos e possíveis tapas.

Eu já estava alegre com o álcool em minhas veias.

"Delphine, melhor a gente ir embora." Felix sussurrou ao meu ouvido,

Pisquei em acordo e saímos da loja sem que ninguém percebesse. Dirigimos no meu carro. Mesmo estando bêbada, sou uma ótima motorista. Sem falsa modéstia, sou incrível assim. Felix informou-me que Paul estava à nossa espera no bar.

Ir ao Leda significa ver Cosima.

Ver Cosima significa fraqueza.

Fraqueza significa que vou agarra-la na primeira oportunidade.

Logo, o calor me tomou, a excitação me consumiu, e feito coquetel de fruta, apetecível minha funcionaria estava .

Não nos viu entrando ou sentando à mesa. Seus olhos ocupavam-se em observar a coqueteleira e os seios da Morena à sua frente.

A mulher vestia um decote mais chamativo do que seu aplique. E o hediondo ser ria, mordia os lábios e desejava minha aluna. MINHA aluna.

"Já volto!" Informei Paul e Felix antes de seguir caminho até o balcão.

Cosima sorria tentadoramente em resposta aos flertes da Moreninha sem classe.

"Um Whisky sem gelo." Fechei minhas expressões e destruí o clima promíscuo entre elas.

"Com licença, ela está me atendendo agora." A personificação da burrice tinha um sotaque tão caipira quanto sua roupa.

"Então só peça sua bebida, não fique se jogando na atendente." Virei para encara-la e ameaça-la de morte com apenas meu olhar.

"Aqui está Alex!" Cosima entregou o copo e uma piscadela à mulherzinha.

"Valeu Cos! A gente se vê por ai."

Ah! Não vê não!

"Whisky sem gelo porque seu coração já é gelado demais." Provocou-me enquanto preparava meu drink.

"É só eu virar as costas que você começa a atirar pra todo lado." O ciúme me consumia fulminantemente.

"Me poupe, Delphine! Você que ficou com medinho e me abandonou como uma covarde." Colocou mais de uma dose no copo e virou tudo em um só gole, depois preparou mais um.

"Também olhe pra você. Repleta de graça com todo mundo, como vou saber que não sou só mais um desafio?" Roubei minha bebida de sua mão, também em um gole, tomei cada gota.

"Que absurdo! Nada do que eu disse ontem valeu pra você? Sua cretina!" Não entendo como as pessoas não nos ouviam. A música estava alta, mas nossa inconsciente raiva era mais elevada.

"Vá para o banheiro, agora!" Ordenei destemida e completamente ensopada.

"Não!" Desafiou minha insanidade.

"Agora, Cosima!" Soquei o balcão e a observei seguindo caminho até o toalete dos funcionários. 

Como a última vez, o local estava vazio, mas após receber duas mulheres loucas de tesão, ficou preenchido com gemidos e respiros falhos.

Lancei Cosima à parede, toquei sua suave pele por debaixo de sua fina blusa cinza. Suplementei minhas mãos com os seios redondos e robustos. Nossas línguas dançavam em ritmo de Lambada. Nossos corpos esfregavam-se como se estivessem tentando possuir um ao outro. A perspicaz mão de minha aluna alcançou minha vagina por dentro de minha calça. Seus dedos brincavam com meu autocontrole. Sem pudor ou moderação, Cosima deixa-me cada vez mais próxima do orgasmo.

Estar naquele banheiro imundo era irresponsável e insensato. Qualquer um poderia entrar e flagrar nosso desejo ardente. Entretanto, naquele momento, o resto do mundo não nos importava ou perturbava.

Minha aluna notou meu apogeu e tampou minha boca com sua outra mão. Meus uivados foram abafados, porém senti cada gota escorrer dentre aqueles sorrateiros dedos.

"Não me abandone mais, Delphine." Sussurrou ardentemente em meu ouvido, afastou-se de minha ofegante carcaça e partiu sem olhar para trás.

Lavei meu rosto e analisei a mulher no espelho. Ela sorria largamente. Ela era ousada, arrojada, inconsequente, e estava tomando conta de um amor que colore seu mundo preto e branco.

Ao voltar para a civilização, percebi que meu namorado já não estava mais à mesa. Encarei minha funcionária brevemente e sentei ao lado de Felix.

"Onde você estava? Paul saiu atrás de você!" O seu espanto era sincero e suspeitoso.

"Estava lá fora." Passei a mão pelo pescoço.

"Lá fora? Você saiu do fundos, Delphine!" Onde Fe queria chegar com isso?

Mais uma mentira pra conta!

"Sim, lá fora nos fundos." Expliquei rezando para não estendermos o assunto.

Seus olhos investigavam minha reação culposa e condenava-me à tentação.

"Você e o Paul estão bem? Parece que tem algo estranho entre vocês." Questionou interessado demais.

"Ele disse algo?" Obviamente eu já sabia a resposta, Felix nunca me perguntaria sobre minha relação. Nossa intimidade não era tão profunda assim.

"Não conta pra ele, tá?" Seus olhos maquiados me imploravam por segredo.

"Tudo bem, fale!" Exigi com direitos.

"Ele mencionou que você está distante, que não procura mais ele ou se entrega como antes." Meu amigo estava aflito com minha futura resposta, e claramente ela seria uma calúnia, assim como meu namoro.

"Não há nada de errado entre nós, pelo menos não de minha parte." Não sei ao certo se Fe comprou meus falsos argumentos, entretanto o assunto não evoluiu pois meu desconfiado parceiro voltou à mesa.

"Hey! Procurei por você em todo lugar, até fui no banheiro dos fundos pra te achar. Onde você estava?" Indagou minha farsa.

"Estava fumando um cigarro lá fora." Felix disparou tiros acurados com seu olhar ligeiro.

Ele sabe que estou mentindo, só não entende o porquê.

"Tá! Não some mais!" Paul franziu a testa como uma criança carente.

"Tudo bem!" Nossos lábios selaram um beijo sem sabor.

Senti que estava sendo observada, sabia quem me olhava, mas não quis encarar sua tortuosa face de desaprovação.

Cosima sacudia a coqueteleira com raiva, de mim, e agradeci por estarmos distantes. Temi que ela pudesse jogar algum objeto cortante em minha direção.

Se realmente ficarmos juntas, nossa vida terá de ser repleta de cenas desagradáveis. Tanto minhas quanto dela. Necessitaremos paciência e força para tolerarmos situações complexas e infelizes.

Ao final da noite, todos à mesa estavam alcoolizados e sonolentos. Felix nos convidou para dormir em seu loft. E não vou negar que adorei a ideia, por mais arriscada que fosse, pelo menos teria mais tempo com minha aluna. Ela aprontava-se para ir embora, colocou sua generosa gorjeta no bolso e veio ao nosso encontro.

"Cos! Vamos dar uma festa do pijama hoje!" Cosima olhou para todos com espanto e surpresa.

"Vamos?" Sorriu despertando-me riso.

"Nem temos pijamas aqui, Fe!" Paul justificou em razão.

"Lindinho, você dorme de cueca que eu sei, e não me importo de ver seu tanquinho me dando uns tapas na cara." Eu deveria me incomodar com o malicioso comentário?

"E a Sapatão empresta alguma roupa que não esteja rasgada pra essa cretina francesa."

Não há ser humano que possa compreender a criatividade de Fe. Suas brincadeiras e tiradas são frenéticas e velozes. Aprendemos a lidar com seus insultos, e entendemos que não há maldade neles, apenas um podre senso de humor.

"Vamos logo!" O artista caótico ordenou à todos, então seguimos até o carro.

Havia dois veículos, um meu e o outro de Paul. Como estávamos embriagados, decidimos ir em apenas um. Cosima assumiu a direção, pois até o mais falho bafômetro seria capaz de denunciar nosso porre.

Ao chegarmos no loft, o ar confessava traços do aroma de meu perfume. Minha aluna preparou os colchões sobre os tapetes da sala enquanto Felix prepara a pipoca, e Paul escolhia o filme. Fiquei analisando como todos agiam com naturalidade, todos exceto eu. Minha vontade era gritante, necessitava saborear o agridoce da pele de Cosima.

O cheiro de milho entulhava o ambiente.

No quarto do prazer, minha funcionária me observou trocar de roupas. Ela havia me emprestado o mesmo moletom que vesti na noite anterior e um shorts curto e largo. Fiz questão de me despir lentamente para desfrutar das expressões luxuriosas e demoníacas naquela face de beleza angelical.

Ao deitarmos, fiquei entre meu namorado e minha amante. Que sensação esquisita e convidativa. Felix deitou-se ao lado da amiga e dormiu antes da vinheta. O filme não estava nem pela metade, e as únicas pessoas despertas eram nós duas. Nossas mãos entrelaçaram-se debaixo da coberta, nossos pés trocavam calor, e nossos olhos não abandonavam-se.

Não lembro quando ou como, entretanto, distingui a realidade de meus sonhos. Em um sono sereno e delicado me encontrei pairando em queda livre. O cair era vagaroso e manso. Ao meu lado havia um paraíso em forma humana. Com olhos de mar e corpo de sereia. Cabelos de areia e ondas de sorriso. Cosima e toda sua venustidade, donas de todo o meu ser, apreço, sandice e delírio.

O despertar seria um real pesadelo, ainda mais sendo causado pelo matutino alvoroço da campainha.

"Merda! Não é pra mim!" Felix presumiu sonolento.

"Atende lá, Cos!" Paul suplicou.

Apertei a mão de minha aluna antes que ela levantasse para buscar seus óculos. Levantou desengonçadamente, driblou os corpos ao chão e seguiu até a porta. Deslizou-a e em espanto reagiu.

"Baby!"

Era Shay e toda sua imundice. Sua presença indesejada poluiu o ambiente.

"Shay! Nossa que cedo!" Cosima abraçou a namorada à força, causando-me náusea.

"Ah! Meu amor, que saudade de você." Tentou roubar um beijo de minha amante, mas falhou.

"Acabei de acordar." Cos explicou dando passagem para que sua namoradinha entrasse.

"O que está acontecendo aqui?" A lourinha analisou a cena corroendo-se por dentro ao me avistar.

"Bom dia, Shay." Cumprimentei-a com autoridade e provocação.

"Delphine." Respondeu de maneira ríspida, e eu adorei.

"Shay, sua vaca! Por que chegar na madrugada?" Felix sentou-se, "Como é possível sentir saudade sendo que você estava aqui ontem?" E sem querer apreendeu duas criminosas.

"Você tá chapado? Eu acabei de voltar da Califórnia." Era ali o momento crucial de nossa farsa. Uma pequena palavra de Felix poderia desvendar nosso segredo.

"Mas você...Cosima, quem?" Seus olhos de ressaca reprimiram a amiga e descobriram uma mentira escondida nela.

"Me confundi, ouvi sua voz ontem e achei que estivesse aqui." Levantou a grossa sobrancelha e engoliu suas mil perguntas para vomita-las mais tarde, talvez, em um momento mais privado.

"Sim, estávamos ao telefone pela manhã." Cosima contribuiu com argumentos não tão falsos dessa vez.

"É, no telefone." O tom sarcástico de Fe nos condenou à prisão perpétua.

"Festinha do pijama então?" Shay indagou o óbvio.

"Sim, mas eu tô pelado." Paul brincou sem preocupação, até porque ele era o único heterossexual ali.

"Bom, vamos comer então. Vou buscar uns baguettes na padaria. Vem comigo Cosima." Senti que não haveria escapatória para a coitada, não poderia deixar que ela levasse a culpa sozinha.

"Não tire ela de mim, Fe. Acabei de chegar, vá você com seus amigos." A lourinha comandou uma ordem ridicularizada por mim em pensamentos maléficos.

"Eu vou com você." Meu namorado disse ao levantar, exibindo toda sua sensualidade e perfeita forma física.

Lembro como amava as aventuras e trilhas vividas por mim naquele corpo esculpido por horas e horas de academia. Entretanto, o encanto passou sem que pudéssemos perceber.

Pink e Cérebro partiram em busca de carboidratos, enquanto eu fiquei para assistir ao show de horror proporcionado por Shay e Cosima.

Sentei-me ao sofá, tentei focar no alto barulho da televisão e as imagens aleatórias que exibia. Entretanto, a única coisa que minha doente mente procurava entender era o que passava-se por trás daquelas cortinas amarelas. Estudei o movimento das sombras definidas pela luz do sol. Cosima sentava na cama, enquanto Shay guardava algumas roupas suas na gaveta da namorada. Analisei o repentino movimento, minha funcionária recebeu um pequeno pacote, abriu-o e até eu pude sentir o cheiro.

Cannabis em sua mais pura essência.

O som da televisão não permitiu minha audição de captar o que falavam, mas as imagens eram claras. Shay, agora, está sobre o corpo que mais desejo. Ela o beija, esfrega-se sem piedade, e geme alto para que eu possa entender o que está prestes a acontecer.

Cosima, não faça isso comigo.

Não comece esse jogo maligno.

"Cosima" Sussurrei enquanto involuntárias lágrimas escorriam por meu rosto ao testemunhar as roupas caindo ao chão. Elas beijam-se com fervor e tesão.

A cada toque, meu coração trincava mais.

O mundo simplesmente queimava ao meu redor. Ninguém poderia me salvar além de Cosima. Como tem coragem de me machucar assim? Permitir que eu sonhasse com ela para ter de conviver com uma realidade controversa e nojenta.

Eu não queria me apaixonar, eu não precisava disso.

Não precisava de mais decepção e dor.

Jamais imaginei que fosse conhecer alguém como Cosima.

Jamais imaginei que fosse me perder assim.

As coisas que o amor nos desperta são fatais e lamentáveis. E esse amor irá apenas despedaçar meu coração.

Não quero, não posso.

Todavia, foi ao perdê-la de vista em meio à sombras distorcidas, que concluí o simples e labiríntico fato: Eu a amo desesperadamente, eu a amo, eu a amo, eu a amo.  



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