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História S.H.I.E.L.D.: Guerreiros Secretos (Marvel 717 2) Interativa - Foi a Agnes e Mais Ninguém


Escrita por: scararmst

Capítulo 21 - Foi a Agnes e Mais Ninguém


O mundo parecia ter adormecido. Congelado no lugar há horas, Mack encarava aquele pontinho vermelho brilhante no radar das telas da sala de comando da base — havia levado algum tempo até os servidores serem reiniciados e, desde então, pouco a pouco o time começou a se debandar. Nada mais justo. Estava tarde. Era uma da manhã? Duas, talvez? Não fazia ideia. Conforme as horas passavam, um a um os agentes foram se retirando para seus quartos, incapazes de fazer nada além de esperar.

Logo após a partida de Agnes, Mack tentou segui-la. Entrou no Zephyr Two, esperando ligá-lo para ir atrás da mulher apenas para descobrir o quão minucioso tinha sido o plano dela: o tanque do avião estava vazio. Mack tinha expedido um pedido de urgência por mais combustível, mas mesmo isso poderia levar um bom tempo para chegar até eles, e o Zephyr não podia ser abastecido com combustível qualquer. O avião era robusto, preparado inclusive para viagens espaciais. Apenas a S.H.I.E.L.D. fornecia o combustível correto para seus veículos, ou talvez outras empresas de alta tecnologia como as indústrias STARK, e nenhuma delas seria capaz de entregar um carregamento para eles em tempo hábil para uma perseguição.

Assim, coube a Mack esperar e assistir. Depois de horas, mesmo Yo-Yo se cansou de ficar ao lado dele, despedindo-se do homem com um beijo carinhoso e pedindo a ele para não ficar ali até tarde, pois não havia nada que pudessem fazer até o combustível chegar e ele precisava descansar.

Mas Mack não tinha dado ouvidos. Mesmo se fosse para a cama, nem com bênção divina conseguiria dormir, tinha certeza. Já estava rezando há uma hora inteira por algum tipo de milagre.

Não houve milagre algum. A situação só ficava pior. Seu jornalista investigativo estava preso em um casulo de terrígeno, um de seus melhores agentes táticos estava em uma cela por possível traição e a hacker tinha fugido com seu avião para, no presente momento, algum lugar na Bielorrússia.

Agnes estava brincando de gato e rato com ele, sobrevoando vários países da europa em círculos, tentando despistá-lo. Se tivesse o combustível, estava certo, teria sido capaz de pegá-la; ela parecia estar tomando muito tempo para fazer alguma coisa.

Mack descobriu exatamente o que quando o pontinho vermelho sumiu da tela.

— O quê? Não…

Ele se levantou, sobressaltado, reiniciando o programa de rastreamento e começando a pesquisar o avião por ID na rede de rastreios de veículos deles. Nada. Mack foi obrigado a entender e aceitar que Agnes tinha desligado o rastreador do avião.

O homem se jogou na cadeira, exausto e passando as mãos pelo rosto. Como podia ter deixado isso acontecer? Tinha perdido três agentes nos últimos dois dias, estava tudo desmoronando bem debaixo de seus olhos e se sentia impotente para tentar resolver a situação. Sequer sabia por onde começar. Não podia ajudar Sirius, não achava que qualquer pessoa pudesse; Clint se recusava a falar, apesar de jurar de pés juntos ser um dos bonzinhos, então não estava se ajudando muito; Davis estava desligado enquanto não tivessem certeza de ser seguro ligar de novo; e Agnes… Bem debaixo do seu nariz, esse tempo todo.

Suspirou. Tinha assistido por anos Coulson passar por uma crise atrás da outra, e tinha enfrentado suas crises também em seu tempo como diretor, mas não se lembrava de nada tão sequencialmente trágico quanto os eventos atuais. Como sempre tinham conseguido retornar de tamanhas crises era quase um mistério para Mack, mas precisaria dar a volta por cima mais uma vez. Sua equipe dependia disso. Aquele time era tudo o que tinha sobrado de sua família na S.H.I.E.L.D. e, embora ele tivesse entendido e aceitado muito bem o fim da equipe por saber que era a hora de cada um seguir o seu caminho, também tinha aceitado o seu como sendo o responsável por manter o legado daquela equipe viva. E estava falhando. A qualquer instante, Fury iria aparecer e roubar as memórias desse seu tempo alegre de suas mãos.

Não. Não podia deixar isso acontecer. Mack respirou fundo, levantou-se e soou o alarme da base. Não desistiria tão fácil. Não podia. E se precisasse começar a jogar com mais agressividade, então o faria. Talvez fosse o momento de enfrentar fogo com fogo.

Ele esperou, assistindo os agentes restantes se arrastarem para a sala de comando em seus pijamas, bocejando e parecendo alarmados. Adrian, Bobbi e Yo-Yo chegaram primeiro, rápido o suficiente para Mack desconfiar deles sequer terem dormido. Depois Niko, Piper, e então Theo. Por último, Hunter, resmungando e esfregando os olhos enquanto subia as escadas para a central.

E era isso. Tudo o que tinha restado de seu time. Mack engoliu em seco, apertando os bíceps em nervosismo, mas não podia deixar transparecer. Ele olhou para os agentes em sua frente, começando a pensar em quais seriam seus próximos passos com as ferramentas à sua disposição.

— O que aconteceu agora? — Piper perguntou, bocejando e se escorando na grade da plataforma. — Explodiram uma bomba na base e temos de evacuar?

— Não — Mack respondeu, correndo os olhos entre os presentes e sentindo uma forte sensação de estar faltando alguma coisa. — Agnes desligou o rastreador do avião dela.

Ele ouviu uma onda de resmungos e protestos, mas não se permitiu dar muita atenção a isso. Sua sensação mostrou resultados, e ele percebeu de repente porque sentia muita falta de algo.

— Onde está Erasmus?

Os agentes se olharam, quase como se procurando Erasmus entre eles, mas nenhum sabia responder. Mack sentiu o maxilar travar, pressentindo mais uma tragédia prestes a se revelar, e ia precisar manter o sangue frio para lidar com mais essa também. Não sabia se daria conta. Precisaria conseguir.

— Eu vou procurar — Niko disse, enfim, deixando a plataforma.

Aguardaram em silêncio. Quando começasse a falar, Mack queria só precisar falar uma vez, então preferia esperar até Niko e Erasmus estarem ali. Se o garoto estava com sono, que dormisse depois de ouvi-lo. Era uma questão de prioridades.

Mas muito para o desconforto de Mack, quando Niko voltou, foi sozinha, trazendo um bilhete em mãos. Antes mesmo de pegá-lo, já teve uma boa ideia do assunto. Erasmus tinha ficado desconfortável com o confronto e, apesar de deixar claro que jamais o entregariam para Attilan naquelas condições, ele era apenas uma criança. Certamente tinha ficado com medo. De repente, Mack sentiu o coração afundar ao pegar o bilhete em mãos e se deparar com o exato conteúdo imaginado.

 

Ei Mack, é o Eras. Eu preciso ir embora, tá? Eu adorei ficar com vocês, foi muito legal. A Yo-Yo fez muito por mim, agradece bastante ela, por favor. Dá um abraço apertado em meu nome. Mas eu preciso ir, mesmo… Eu vou ficar bem. Por favor não venham atrás de mim. Eu gosto muito de vocês. Talvez um dia a gente se veja de novo.

 

Não havia explicações. Não precisava haver. Mack entendia muito bem o motivo daquele bilhete e, em condições normais, iria, sim, atrás de Erasmus, nem se fosse para saber onde ele estava e se estava bem. Mas agora, seria mais complicado. Havia muitas coisas acontecendo. Erasmus era um problema, estava desaparecido e poderia estar em perigo. Clint era um problema, ainda fechado em sua cela sem falar nada. Agnes era o maior problema de todos, e Sirius ainda estava em seu casulo e Davis desligado não ajudavam muito a situação.

Mack levantou o rosto do bilhete para sua equipe, dobrando o papel com cuidado e o guardando no bolso. Precisavam colocar ordem na casa. Imediatamente.

— Precisamos encontrar Agnes — Mack começou, alinhando mentalmente as prioridades enquanto falava. — É de extrema urgência. Ela vai ter de pousar em algum momento e é provável fazê-lo onde o avião possa ficar escondido. Felizmente, ele tem uma boa quantia de partes que aparece preta em imagens de calor, então, Theo, Adrian, podem começar a procurar. Vai ser como procurar uma agulha num palheiro, mas é a única forma de seguir agora.

— Talvez eu possa ajudar? — Bobbi sugeriu. — Com a procura, eu quero dizer…

E então todos começaram a falar ao mesmo tempo, dando palpites e sugestões e se redistribuindo conforme seus interesses. Mack conteve o instinto de resmungar. Não gostava de precisar ser direto, mas ainda era o diretor e, em momentos como esses, era importante levarem sua palavra como lei.

— Ei, eu não me lembro de ter iniciado um debate! — Ele exclamou, a voz forte e alta sobressaindo sobre os ruídos. Os agentes pararam de falar, olhando para ele, alguns mais surpresos que outros. O choque seria ao menos útil. — Theo e Adrian nos satélites, já. Durmam em turnos se precisarem descansar, mas continuem buscando.

Os dois agentes se entreolharam, mas não houve mais discussões. Eles pegaram as cadeiras dos computadores ao lado de Mack e começaram a trabalhar. O diretor continuou.

— Não gosto da ideia de Erasmus perambulando sozinho pela cidade, ele é uma criança. Yo-Yo, Niko, vocês ficaram mais próximos dele. Tentem entrar em contato com ele enquanto continuam monitorando a situação de Sirius. Piper vai ajudar vocês com os detalhes médicos.

As três concordaram em silêncio, descendo a escada da plataforma e caminhando em direção aos corredores. E sobraram apenas Bobbi e Hunter.

— Vocês dois comigo. Clint precisa abrir o bico, e eu só saio daquela cela depois que ele cantar igual um pardal de gaiola.

Se Bobbi e Hunter tiveram alguma ressalva quanto a ordem de Mack, guardaram para si mesmos. O diretor deixou a plataforma indo em direção às celas da base, seguido de perto pelos outros dois. Tinha errado em tentar interrogar Clint sozinho. Ele ainda amava Bobbi, e odiava Hunter por esse exato motivo. A presença dos dois teria de ser o suficiente para forçá-lo a contribuir, por qualquer sentimento que fosse. Eventualmente, alguma vontade iria ceder, fosse a de se provar para Hunter, fosse a de se exibir para Bobbi. Os Vingadores podiam ser heróis e todo o resto, mas por mais diferentes que fossem um dos outros, todos compartilhavam uma característica inerente à equipe em si: todos gostavam de se exibir. Em diferentes níveis, mas gostavam. Clint não era diferente.

Mack abriu a porta da cela sem aviso, entrando com Hunter e Bobbi e acendendo a luz. Clint estava deitado, adormecido, e parecia muito interessado em continuar assim, não tendo a luz bastado para colocá-lo de pé.

— Hunter, levanta ele — Mack ordenou, e não precisou ordenar duas vezes.

Hunter caminhou até Clint, arrancando as cobertas do homem de uma vez e o puxando pelo braço até colocá-lo de pé.

— O que caralhos…

Normalmente, Clint teria reagido, Mack tinha certeza. Viu o braço dele fazer um movimento de reflexo em tentar torcer o braço de Hunter, mas tão rápido quanto o levantou, o mercenário se afastou, e assim Clint não demorou para perceber a intervenção acontecendo.

— Mas que inferno é isso? Não basta eu ter sido preso, não posso nem dormir em paz?

— Conteúdo e destinatário do seu pendrive — Mack pediu, fechando a porta da cela atrás deles. — Agora.

Clint suspirou. Ele caminhou até a mesa na cela, puxando uma cadeira e se sentando nela. Não disse nada. Não parecia querer dizer.

— Conteúdo e destinatário, Clint, eu não estou de brincadeira.

— Quantas vezes vou ter de dizer que o pendrive era para mim?

— Hm, ele parece achar que estamos brincando — Hunter comentou, sentando-se sobre a mesa e puxando o pulso de Clint de uma vez. — Você já não ouve direito. Se quiser continuar tendo dez dedos inteiros nas mãos para brincar de Robin Hood, eu sugiro que comece a cooperar.

Mack sentiu a bile subir no estômago. Não gostava desse tipo de ameaça e, por mais que não fosse deixar Hunter cortar um dedo de Clint fora, não se oporia tanto assim a uns dedos quebrados ou deslocados. Isso era reversível, afinal, e, embora não fosse sujar as mãos, tinha certeza de que Hunter não se importaria com a tarefa.

Mas Bobbi ficou desconfortável também, Mack reparou. E estava contando com isso.

— Hunter, pare com isso, ninguém vai quebrar os dedos de ninguém aqui.

— Quer apostar? — O mercenário respondeu, começando a forçar o mindinho de Clint para trás.

O Vingador puxou a mão, e então, como esperado por Mack, tudo desceu ladeira abaixo em direção ao inferno.

— Hunter, pare! — Bobbi avançou em Hunter para impedi-lo de continuar, e isso foi o suficiente para disparar a raiva dele também.

— Você tá defendendo esse cara? Bobbi, pelo amor, ele tá preso! Eu sei que vocês têm uma coisa complicada, mas Agnes foi embora com o pendrive, ela pode estar planejando algo perigoso e ele não quer falar! Desde quando eu sou a parte responsável desse relacionamento?

— Não estou defendendo! Clint, por favor, nós precisamos saber…

E piorou. Depois disso, virou uma mistura de Bobbi implorando e Hunter xingando por cima dela, e Mack teve muita sorte de estar no canto da cela, longe o bastante dos três para o sorriso levemente convencido em seu rosto não ser percebido. Mesmo Mack estava impressionado com a própria ideia. Clint era tão bem treinado para interrogatórios que nenhuma tática convencional conhecida por Mack conseguiria tirar algo dele. Mas o diretor tinha muita certeza de nem mesmo Clint ter preparo o suficiente para lidar com o inferno que era uma discussão conjugal de Bobbi e Hunter em cima de sua cabeça, principalmente sendo ele ex-marido de Bobbi e estando tão pessoalmente próximo da situação.

— Tudo bem, chega! — O Vingador exclamou, de repente. — Calem a porra da boca, eu não sou bandido, Hunter! Até onde eu sei, quem faz qualquer coisa por dinheiro é você!

— Pelo menos eu não sou um moralista do cacete fingindo de herói enquanto esfaqueio uma equipe de agentes bem intencionados pelas costas! Vá se foder com seu moralismo de merda! Pagando de bonzinho e entregando dados da nossa missão para a I.M.A. enquanto finge que é santo!

— EU NÃO ENTREGUEI PORRA NENHUMA PRA I.M.A., DESGRAÇA!

A cela entrou em um breve instante de silêncio. Era isso. Esse era o momento, Mack conseguia sentir. Clint estava no limite dele. O diretor caminhou até a mesa, puxando Hunter e Bobbi para trás pelos ombros, gentilmente. Então se sentou na cadeira de frente para Clint e, quando falou, manteve a voz baixa, porém firme. O homem devia estar precisando de um pouco de paz sonora depois dessa gritaria, até os aparelhos dele deviam ter dado um surto nos ouvidos.

— Clint, Agnes fugiu com o seu pendrive. Não sabemos para onde ela foi ou o que vai fazer com ele. Sequer sabemos o que tinha nele, pois essa função era dela e ela não dividiu conosco. Nos ajude. Por favor.

Não posso. Não posso te dizer algo que eu não sei, e eu juro, eu juro sobre o corpo do meu filho, eu não estou trabalhando para a I.M.A.. Eu jamais entregaria aquilo para alguém que acredito que fosse usar as informações para fazer algo ruim.

Mack sentiu o estômago afundar. Ele precisou fazer muita força para evitar olhar para Bobbi naquele momento, mas ele sabia e ela também o quão sério seria um juramento de Clint sobre o corpo do filho dele. O homem jamais o faria de maneira leviana. A única explicação para isso era Clint não estar mentindo. Ele no mínimo acreditava nas intenções de para quem aquele pendrive era destinado, e não seria novidade ele acreditar em Fury. De certa forma, Fury tinha o salvado da vida do crime. Clint devia muito ao homem.

Talvez pudesse perguntar mais sobre isso depois. Agora, o importante era saber não ter sido para a I.M.A.. Mack continuou.

— O que você salvou nele?

— Tudo sobre terrígeno em que consegui colocar as mãos. Eu sequer sei exatamente o que está lá. Fiz uma busca solta no banco de dados da equipe e ia vasculhar o que consegui depois. No pior dos casos, considerem que todo o banco de vocês sobre terrígeno e inumanos está nele. E isso é tudo. Eu prometo, é tudo.

Clint parecia exausto. Mack também se sentia assim, e imaginava que Bobbi e Hunter estivessem também. Tudo bem. Tinham conseguido as informações relevantes. Clint não estava trabalhando para a I.M.A., o que dava ainda mais força à hipótese de que estava os espionando a mando de Fury. E o pendrive tinha dados sobre terrígeno, então teria sido o objetivo de Agnes colocar as mãos em alguma pesquisa específica deles sobre o assunto? Provavelmente. Mas teriam de encontrá-la para saber.

— Obrigado, Clint — Mack agradeceu, levantando-se e deixando a cela.

— Eu vou ficar aqui? — O Vingador perguntou, parecendo cansado e quase indignado com o andamento dos fatos.

— Enquanto não soubermos exatamente o que queria fazer, vai — Mack respondeu, esperando Bobbi e Hunter saírem e trancando a cela novamente. — Boa noite.

Clint com certeza ficaria frustrado com esse desfecho do encontro, mas já havia variáveis demais abertas no caminho de Mack no momento. Não podia contar com mais alguma imprevisibilidade, estavam tentando podar os problemas, não criar mais.

— Precisamos ajudar Theo e Adrian a encontrarem Agnes — Mack anunciou aos amigos, voltando com eles em direção à sala de comando. — É prioridade máxima.

Mack acelerou o passo até chegar de volta na sala de comando, vendo Theo e Adrian discutindo alguma coisa, os ânimos até controlados, com um enorme mapa na tela. Havia cinco marcações por lá de pontos pretos que poderiam ser o quinjet, em diferentes países da Europa. Cinco eram muitos. Precisavam reduzir as opções.

— O que encontraram? — Mack perguntou, observando as imagens na tela, sua mente dando voltas enquanto considerava possíveis cenários.

Quando isso acabasse, hibernaria por uma semana na cama sem pensar em nada. Estava sentindo cheiro de fumaça vindo de seus neurônios.

— Alguns possíveis aviões — Theo comentou. — Um na França, dois na Alemanha, um na Bielorrússia e um na Ucrânia.

Opções demais. Precisavam reduzir. Mack suspirou, puxando uma cadeira para si e se sentando nela, abrindo a ficha de Agnes em um dos computadores. Ela tinha crescido e vivido na Alemanha, e todas suas atividades na I.M.A. pareciam ter acontecido no país. Isso não ajudava muito. Ela poderia estar lá por familiaridade, mas também poderia estar o evitando pelo mesmo motivo. Não havia mais nada na ficha que pudesse ajudá-los. Teriam de fazer um trabalho de dedução muito forte se quisessem chegar a algum lugar e, sem Sirius com eles, a tarefa poderia ser bem complicada.

— O pendrive de Clint continha informações sobre terrígeno — Mack disse, encarando os mapas nas telas à sua frente. — Eles já tinham muita informação sobre terrígeno para conseguirem fazer as bombas. Se vieram aqui, devem estar querendo algo que só minha equipe encontrou, como o terrígeno do futuro distópico onde conhecemos Deke, ou a versão gasosa modificada de Hyve. Qualquer que seja a opção, me parece um caso muito claro de intenção em fazer algum tipo de experimento específico. Nesse caso, precisamos procurar algum local que comporte esse tipo de empreitada. Destaquem no mapa quaisquer armazéns, prédios industriais ou fábricas em funcionamento ou abandonadas a uma distância percorrível por terra dos pontos de pouso dos possíveis aviões.

Adrian e Theo se adiantaram para os computadores, começando a digitar as condições de Mack e rodando um algoritmo de busca. O diretor esperou, os braços cruzados para tentar disfarçar o nervosismo. Pouco a pouco, prédios começaram a acender em azul nos mapas, uma quantidade bem maior em alguns do que em outros. Ao redor dos aviões da Ucrânia e da França, não houve nenhum prédio, estando eles pousados em regiões mais remotas. Menos duas opções.

— É um começo — Mack murmurou. — Mas precisamos de mais.

— Podemos procurar questões legais — Adrian respondeu, inclinando-se sobre a máquina. Ele balançava a perna freneticamente num sinal de ansiedade. Mack não poderia culpá-lo. Sentia-se ansioso também. — Se a I.M.A. tem locais para esse tipo de experimento, ou é ocupação de local abandonado, ou é emprestado de alguma organização aliada, ou foi comprado por uma empresa de fachada. De qualquer forma, nos permite cortar da lista qualquer lugar adquirido por uma empresa legítima cujo dono não tem conexões com organizações criminosas.

Sim, ótima ideia. Mack concordou com a cabeça e se aproximou do computador do meio, começando a ajudar Theo e Adrian a analisarem as empresas donas dos prédios marcados, uma de cada vez. A maioria era de empresas legítimas, e logo um dos pontos na Alemanha e o da Bielorrússia estavam fora da equação, deixando apenas um ponto como possível: o mais próximo de Leipzig, na Alemanha.

— O que sobrou? — Mack perguntou.

— Dois armazéns abandonados, um prédio industrial alugado para uma empresa com renda incompatível com o preço do aluguel.

Mack encarou a tela, franzindo a testa de leve. Tinha que haver um jeito de ter certeza. Como Sirius lidaria com isso? O que ele faria?

— Não pode ser o prédio, né? — Theo disse, apontando para o local. — Quer dizer, tem outros laboratórios no prédio. Seria burrice, nos dias de hoje, correr o risco de sofrer um acidente de terrígeno perto de onde tenha muita gente. Se fosse eu, e na verdade, fui eu, então afirmo: terrígeno é coisa de ficar o mais longe de gente possível se não se quer atrair atenção.

— Bem pensado. Seguindo por essa lógica, sobram dois armazéns — Adrian acompanhou. — Um está para alugar faz anos. O outro tem dono, mas não está sendo usado para nada há muito tempo.

— Hm… Há câmeras de segurança por perto? — Mack questionou.

— Talvez, mas, para quê? Eles seriam cautelosos para não deixar a porta do lugar ser filmado — Adrian respondeu, parecendo confuso com a pergunta.

Sim, Mack sabia disso. Mas não era a porta o que esperava.

— Procure nas redondezas. O armazém que estiver sendo utilizado vai revelar um aumento de fluxo de pessoas a partir do mês passado. A I.M.A. trabalha com exércitos grandes e muito pessoal, e várias dessas pessoas se repetem entre organizações. Rode o algoritmo de reconhecimento facial em multidões nos arredores dos dois armazéns. Algum deles deve retornar uns rostos conhecidos para nós.

Theo rodou e eles esperaram. Segundos começaram a se estender, e os segundos se tornaram minutos e minutos muito rápido enquanto esperavam por algum resultado. Mack teve a impressão de nenhum dos três estar respirando naquele momento, sentados na beirada da cadeira e sabendo que, se estivessem errados, teriam de voltar à estaca zero.

Mas não estavam. Uma câmera nas proximidades de um dos armazéns indicou um resultado de um antigo mercenário já contratado da I.M.A. em outra ocasião. Então outro. Então mais um. Outra câmera, perto do mesmo armazém, encontrou um velho cientista. Houve mais dois resultados, mas nem era mais necessário. Tinham encontrado seu destino. Tinham encontrado.

Mack se impediu de suspirar aliviado apenas para manter a expressão de quem sabia exatamente como tudo ia terminar. Por dentro, sentia como se um peso de uma tonelada tivesse saído de suas costas.

— Vão dormir — Mack instruiu. — Temos mais algumas horas até o combustível do Zephyr chegar aqui e, quando isso acontecer, todos precisam estar preparados. Não haverá nenhum minuto a perder.

 

[...]

 

Dezesseis horas e quarenta e dois minutos foi o exato tempo necessário para aguardarem a chegada do combustível, contando a partir daquela manhã na qual Yo-Yo tinha despertado. Ela chegou na sala de comando a tempo de encontrar Mack — sequer sabia se ele tinha dormido qualquer quantia de horas que fosse durante a noite — encurvado sobre as telas, conversando algo com Adrian. Theo devia ter ido descansar, porque não estava à vista. Yo-Yo tinha revezado períodos de vigília com Niko e Piper, estando a mais nova agora responsável por vigiar Sirius e continuar tentando falar com Erasmus. Piper devia ter ido se deitar há pouco tempo.

Yo-Yo conhecia muito bem seu namorado, a ponto de conseguir reconhecer padrões em detalhes de seu comportamento, como o nível de tensão nos músculos dos braços ou no maxilar. Naquele presente momento, a tensão existia, mas não era nem de longe tão forte quanto no dia anterior. Mack estava nervoso, mas menos. Algo bom tinha acontecido.

— Mack? — Chamou, subindo na plataforma a passos rápidos e encarando as telas na parede. Antes mesmo do homem dizer algo, ela viu o armazém marcado no mapa e soube o significado disso.

E desde então, a base tinha se preparado para o ataque. Nas últimas dezesseis horas e quarenta e dois minutos — quarenta e três agora — os agentes tinham acordado um a um, recebido a nova notícia e se preparado para partirem assim que possível. E, vendo um pequeno grupo de agentes abastecer o tanque do Zephyr, Yo-Yo soube, era hora. Os demais agentes foram se acumulando no hangar com ela para esperar e, no momento em que o grupo de reabastecimento foi embora, já estavam todos reunidos, prontos para partir.

— Hora de ir — Mack anunciou, sua escopeta-machado presa com firmeza nas costas. — Agente Ngozi e Adrian vão ficar aqui.

Era a escolha mais esperta com a qual todos tinham concordado. Adrian não tinha nenhum treinamento de campo e ainda estava com os poderes um tanto imprevisíveis, o que o tornava uma variável inconstante com a qual correriam muitos riscos caso o levassem junto. Já Iniko tinha expressado desde sua chegada na S.H.I.E.L.D. o seu desejo de não se envolver mais em trabalho de campo, e ninguém ali a forçaria a isso.

— E o Clint? — Bobbi perguntou, os braços cruzados e a expressão séria em direção a Mack.

Tanto ela quanto Hunter usavam balaclavas pretas no rosto. Bobbi não podia usar a identidade de Harpia em público por ser de conhecimento geral, e nenhum dos dois podia ser identificado com eles, um problema enorme pensando em como Agnes poderia dar com a língua nos dentes a qualquer instante.

— Continua onde está — Mack respondeu. — Ele pode não ter trabalhado com a I.M.A., mas traiu a mim e à minha equipe ainda assim, e não sabemos porquê.

Bobbi suspirou. Yo-Yo percebeu como ela parecia cansada, mas não achou ser função sua dizer algo a respeito. Mack fez um último chamado e o grupo caminhou para dentro do avião.

Eram apenas seis: Yo-Yo, Mack, Bobbi, Hunter, Theo e Piper, uma quantidade pífia de agentes para derrubar a base de uma organização criminosa responsável por criar armas para outras organizações criminosas, também famosa por ter uma boa quantidade de soldados à sua disposição na maior parte do tempo. Não faziam ideia do que iriam encontrar naquela base e, embora Yo-Yo esperasse do fundo do seu coração que seriam o suficiente, sabia estarem caminhando para uma situação de muito risco.

Não se sentia muito bem para co-pilotar agora, deixando a cadeira para Piper. Mack decolou o avião e ativou a camuflagem, e logo estavam a caminho de Leipzig.

Yo-Yo se sentou em sua cadeira e esperou. Bobbi e Hunter conversavam agitados sobre alguma coisa em voz baixa. Theo parecia bastante pálido. Talvez estivesse com medo. Ele era muito jovem, Yo-Yo não o culparia se estivesse.

— Ei, tudo bem? — A mulher perguntou, trocando de assento para se sentar ao lado dele.

Theo deu de ombros. Ele girava uma dog-tag entre os dedos com um olhar pensativo, quase como se decidindo se colocaria a corrente no pescoço ou não. Acabou decidindo guardá-la no bolso, e pegou a pistola em seu coldre para analisar o peso e a recarga.

— Essas balas de toxina suas apagam as pessoas mesmo, não é? Não preciso me preocupar com um maluco aparecendo atrás de mim depois do tiro?

— Apagam, sim. O efeito dura umas boas horas, mais que tempo suficiente.

Ele concordou em silêncio e colocou a arma no coldre de novo. Apesar de estar pálido, Yo-Yo percebeu, ele parecia tranquilo. Não parecia estar com medo da morte ou algo relacionado. Ela não sabia se isso era melhor ou pior, considerando a idade do garoto.

— No que está pensando? — Ela perguntou enfim, recostando contra a cadeira e vendo Theo suspirar.

— Na minha vida. No tanto de coisa que eu não vou ter tido tempo de fazer se não voltar de lá. Não vou ter voltado pra casa, reavido minhas coisas… Não vou ter agradecido Frank por me mandar para cá, e nunca vou ter beijado Damon como tenho tido vontade de fazer. E é minha culpa. Esse tempo todo eu podia ter feito tudo isso. Mas não quis. Agora acho que o destino está me castigando um pouco, arriscando tirar de mim a chance de realizar essas vontades que eu nem sabia que tinha. 

Aquele era um pensamento muito mórbido para um garoto da idade dele, mas Yo-Yo entendia perfeitamente a sensação. Todas as vezes em que saía em missão com a equipe, perguntava-se “vou beijar Mack mais uma vez?”, ou “vou conseguir ser mãe? Vou poder realizar meus sonhos, minhas vontades, ou tudo acaba aqui?” Mas ela tinha mais de trinta anos quando começou a ter esse tipo de preocupação. Theo sequer era legalmente adulto.

— Tente se preocupar com voltar — Yo-Yo respondeu, sabendo o quão duro o comentário seria, mas para alguém preocupado com se voltaria vivo ou não, talvez fosse o tipo de dureza necessária. — E quando você tiver voltado, porque vai voltar, e eu prometo isso, você pode começar a cortar algumas dessas coisas da sua lista. A vida não é curta só pra gente, Theo, é curta pra todo mundo. A qualquer instante, um acidente de carro, um infarto, um AVC… tudo pode acontecer. Eu prometo garantir seu retorno, e você promete dar o seu melhor pra isso, combinado?

Theo abriu um sorriso pequeno e assentiu. Era pequeno, mas era um começo. Nisso, o garoto pegou o celular e começou a trocar mensagens com alguém, e Yo-Yo achou melhor deixá-lo ter sua privacidade.

Voaram por horas. Em algum momento, no meio da viagem, Theo informou ter recebido uma mensagem de Niko, dizendo que Erasmus estava na casa de um amigo e estava bem. Era uma preocupação a menos, Yo-Yo pensou, respirando aliviada e voltando a focar sua atenção na missão à frente. Agora não podia ficar pensando em Erasmus ou em Sirius, ou em qualquer outra preocupação deixada para trás. Precisava estar cem por cento concentrada na tarefa à frente. Ela respirou fundo, fechou os olhos e, antes do que esperava, ouviu Mack anunciar: estavam pousando.

O local escolhido tinha sido um estádio de futebol vazio. A equipe saiu do avião, deixando-o pousado ali, invisível. Estavam há duas quadras do armazém, e podiam pegar um caminho por dentro do bosque de um jardim zoológico para chegar até lá. Perfeito para se esconderem. Mais perfeito ainda se estivesse vazio.

— Yo-Yo — Mack chamou. — Encontre a entrada para nós.

A mulher concordou, respirou fundo e começou a correr. Ela sempre contava seus poderes como podendo ir tão distante quanto lhe permitisse uma batida de coração antes de precisar voltar para o local de onde tinha saído. Desde os acontecimentos no Pós-Vida com May, tinha descoberto que isso não era mais um requerimento com seus poderes, não precisando voltar para o ponto-de-partida depois de correr, mas não gostava de contar a descoberta para todo mundo. E, mesmo não precisando fazer isso, caso quisesse, a habilidade era útil em determinadas ocasiões. Como agora.

Yo-Yo conseguiu dar uma volta completa no armazém. O caminho tinha alguns transeuntes com quem esbarrou, mas bem poucos. O bosque estava vazio, a não ser por alguns flamingos. Ao redor do armazém, não havia nenhuma segurança visível, apesar de haver muito espaço aberto na forma de jardins e estacionamentos. Mas Yo-Yo reconheceu alguns padrões de comportamento: pessoas escoradas em paredes fingindo olhar os celulares, dois jardineiros no jardim da frente do armazém, casais de namorados não olhavam nos olhos um do outro, mais interessados em vigiar o espaço atrás do parceiro. O local estava lotado de guardas. Assim que fossem vistos, era provável que os guardas começassem a atirar. Aquele também não era o tipo de local onde uma entrada à paisana fosse possível, tinha certeza disso. Ou encontrava uma entrada discreta, ou precisariam entrar abrindo fogo.

A solução, para variar, foi encontrada nos fundos. Havia uma saída de serviço, também vigiada, mas que não dava para a rua. E havia apenas um cara. Um possível conflito ali não corria risco de disparar tiros em transeuntes, e a entrada não tinha tanta vigília assim. Se tirasse aquele cara do caminho, então estava aberto. Era só entrar.

E era uma tarefa fácil. Yo-Yo se aproximou dele, sentindo ter gastado pouco mais da metade de seu tempo disponível caso quisesse usar o tempo de sua pulsação para retornar ao ponto de onde tinha saído, e ela queria.

A mulher fechou os punhos dos braços de metal e correu até o homem, pegando-o por trás. A chave de pescoço do braço robótico foi demais para que ele lutasse contra, e Yo-Yo parou de direcionar sua corrida, deixando o instinto de seu corpo dominar. Nesse instante, metade de sua pulsação passou, e seu corpo começou a correr de volta, em reflexo, para o ponto onde seus colegas esperavam. A diferença era que, agora, ela levava um homem consigo, preso pela garganta.

Todo o acontecimento não devia ter passado de poucos segundos para sua equipe, algo com o qual ela também estava acostumada. Era sempre engraçado ver a expressão pasma de alguém não acostumado com o que sabia fazer, nesse caso Bobbi, Hunter e Theo. Ela abriu um sorriso convencido, largando o guarda no chão e arrancando o ponto da orelha dele com um gesto rápido antes de o homem tentar alguma gracinha.

— A entrada dos fundos está vazia, tem vários guardas à paisana. Querem perguntar alguma coisa pra esse paspalho aí?

— O que vocês estão arrumando lá dentro? — Mack questionou.

— Vai se fuder! — Foi a resposta, em um sotaque alemão muito carregado.

Ele não parecia muito afim de falar, e não podiam perder tempo interrogando ninguém; tempo era essencial. Era melhor entrar às cegas que ficar perdendo horas com o cara. Vai que dessem pela falta dele.

— Nada, não. Hunter, faz as honras.

Hunter pegou sua pistola tranquilizante e deu dois tiros no peito do alemão, que caiu no chão dormindo como um bebê.

— Vamos logo. Andem em duplas, cuidem uns dos outros. Yo-Yo está com Bobbi, Theo com Hunter. Piper comigo. Yo-Yo e Bobbi vão na frente, com sorte causam uma distração e facilitam o caminho para nós. Podem ir.

Yo-Yo trocou um olhar rápido com Bobbi e a pegou pelo braço. Sempre achava curioso carregar pessoas consigo, e jamais teria conseguido fazer isso antes, mas com os novos braços de metal, já tinha até se aventurado a carregar Mack uma vez. Exaustivo, mas divertido. Bobbi, apesar de muito alta, era bem mais leve que Mack, é claro, então não deveria dar tanto trabalho.

A inumana pegou a mulher pela cintura e correu. Foi, realmente, como levar uma pluma, mas já começava a se sentir cansada — nem pela corrida nem pelo peso, mas porque seus ombros costumavam doer quando abusava demais da junção deles com as próteses dos braços, e foi algo que começou a acontecer naquele momento na forma de um leve incômodo. 

Não era problema, ainda, então tentou não pensar muito nisso. Conseguiu deixar Bobbi na frente da porta com sucesso, e ninguém parecia ter visto as duas, então precisariam fazer um pouco de barulho se quisessem servir de distração. Bobbi também tinha notado, e tirou seus bastões das costas, ajeitando a balaclava no rosto.

¿Estás listo? — Perguntou à Bobbi. A mulher, por sua vez, sendo fluente em mais línguas que tinha dedos nas mãos, não demorou a responder.

Sí.

Yo-Yo agarrou a maçaneta, puxando-a com força e arrebentando a fechadura. Então as duas deram um passo para trás, levantando a perna e chutando a porta com força.

O impacto arrancou a porta das dobradiças, atirando-a para trás com violência e fazendo todo o estardalhaço esperado por elas. Dentro do armazém, Yo-Yo viu estarem de frente para um saguão inicial muito largo, com portas ao fundo para outras seções. O saguão estava livre de qualquer mobília, estando ocupado por um ou outro guarda da I.M.A. em seu traje amarelo clássico, vários carregando diversos tipos de armas nas costas.

Yo-Yo começou a correr pela segunda vez naquele dia e, de novo, o mundo ao seu redor parou. Ela partiu em direção ao guarda mais próximo, arrancando o rifle de suas mãos e o desarmando, atirando a munição para um lado e o rifle para o outro. Depois o guarda da frente, pistolas, uma na mão e um no coldre. Yo-Yo pegou a arma, tirou a munição, atirou longe. Mais um guarda, mais pistolas. Outro com outro rifle. Um a um, Yo-Yo aproveitou o máximo de seu tempo para tirar as armas de fogo das mãos deles, torcendo para ter tempo de alcançar todos enquanto os assistia levantar as armas em câmera muito lenta para mirar certamente em Bobbi, uma vez que Yo-Yo não estava mais na entrada.

Por pouco, muito pouco, ela conseguiu alcançar o último deles antes de precisar parar, mas não teve tempo de arrancar a arma de sua mão em velocidade avançada. Quando seus músculos perderam a energia e ela voltou a se movimentar em velocidade comum, estava com uma mão num rifle, de frente para um dos guardas.

Eles se olharam por um instante muito breve. Então, Yo-Yo agiu.

Ela ouviu os sons de impacto atrás de si indicando que Bobbi tinha começado também, alguns acompanhados de ruídos elétricos dos tasers de seus bastões. Yo-Yo se focou apenas em seu inimigo, porém. Tinha certeza de que Bobbi era muito capaz de se cuidar.

A inumana empurrou a arma para cima, desviando um tiro para o alto bem a tempo. Então puxou o objeto com força — e para seus braços metálicos, era muita força —, jogando a arma longe e entrando em combate corpo a corpo com o guarda.

Ele desviou dos dois primeiros socos, mas, muito atento nos braços dela, crente de se tratarem da maior ameaça, parou de vigiar os pés. Yo-Yo girou, dando um chute na altura do homem e ouvindo um estalo indicar uma fratura no maxilar dele. O guarda caiu no chão, bem a tempo de Yo-Yo ouvir passos demais atrás dela.

Ela se virou. Bobbi tinha derrubado uns tantos, não parou para contar, mas ainda havia mais alguns com ela e outros três vindo em sua direção. A inumana sorriu. Três não eram problema.

O primeiro tirou uma faca, e Yo-Yo se esquivou do golpe para trás. No segundo golpe, ela agarrou o pulso do homem, quebrando-o e vendo a faca cair no chão. Ele gritou, mas não era algo com o que Yo-Yo se importasse. A mulher puxou o guarda pelo braço, atirando-o para cima dos outros dois vindo em sua direção. Eles caíram, e Yo-Yo tirou a pistola de seu coldre. Tinham munição limitada, então não era bom sair atirando em todo mundo, mas não se importou em fazê-lo com os dois guardas caídos debaixo do terceiro. Com dois apagados, um com o maxilar quebrado e o outro com o pulso quebrado, julgou sua parte decidida.

No mesmo instante, viu Bobbi acertar um dos seus atrás do pescoço com o bastão, jogando-o no chão, e dar uma chave de perna no braço do último ainda de pé, fazendo um estalo familiar soar no ar, indicando um braço quebrado e mais um soldado no chão.

Bobbi pegou seu bastão e se ocupou de eletrificar o último para ter certeza de que não se levantaria, e Yo-Yo sorriu, satisfeita.

— Sucesso absoluto. Quer apagar meus outros dois aqui?

A bateria dos bastões de Bobbi era muito mais infinita que as balas de I.C.E.R. delas, portanto deixou a mulher atordoar seus dois guardas conscientes com seus bastões. Ainda nem sinal dos outros agentes.

— Onde vocês estão? — Bobbi perguntou, ativando o comunicador na orelha.

— A caminho — Mack respondeu. — Vimos os guardas voltando para dentro, vocês estão bem?

Sí. Você é lento demais, homem-tartaruga — Yo-Yo provocou com uma risadinha depois. Bobbi também tinha um sorriso no rosto. — Bobbi e eu vamos dar uma olhada em volta. Se apressem se quiserem encontrar alguma diversão no lugar.

Ela cortou a chamada, e as duas deram uma última olhada para os nove guardas no chão, quatro derrubados por Yo-Yo e cinco por Bobbi. Não eram dos mais bem treinados, mas bem havia o rumor dos guardas da I.M.A. serem muito melhores pra proteger carga, porque de briga, mesmo, nunca eram lá grandes coisas.

— Vamos ver o que tem atrás da porta número um? — Bobbi chamou, indicando a porta no fundo do salão.

Não tinha muitos outros lugares para onde pudessem ir. A porta indicada por Bobbi levava para algum lugar imprevisível, e uma outra porta levava para um escritório de dois andares com o segundo andar feito de janelas de vidro. O local perfeito para vigiar o salão. Yo-Yo franziu a testa; algo parecia estranho naquele local.

Elas chegaram na porta apontada e Yo-Yo arrombou a fechadura mais uma vez. Elas entraram com as armas em mão, mas não havia ninguém ali.

— Bobbi — Yo-Yo chamou, olhando em volta para o que claramente parecia uma sala de operações. — Sou eu ou essa é a parte em que as coisas ficam fáceis demais?

— Não fale nada. Vai amaldiçoar a sorte — Bobbi respondeu, mas ela mesma não parecia muito segura.

Aquela sala tinha uma mesa de operação grande no meio e uma série de máquinas espalhadas pelo, além de alguns armários de metal com líquidos e ferramentas. Yo-Yo não entendia para que metade daquilo tudo funcionava, então era bom Bobbi estar ao seu lado.

Mesmo sem poder contribuir com detalhes técnicos, Yo-Yo se pegou andando e olhando as coisas em volta. Foi mais ou menos no meio desse processo que ouviu passos atrás de si, e finalmente encontrou o resto de sua equipe entrando na sala onde se encontravam, à exceção de Theodore e Piper. Seu olhar de preocupação devia ter ficado muito claro bem depressa, pois Mack se apressou a explicar.

— Theo e Piper estão olhando os computadores do escritório ao lado — Mack anunciou, entrando na sala e olhando em volta.

De repente ele parou, o olhar travado em uma das máquinas no fundo da sala. Em princípio, Yo-Yo não entendeu do que se tratava, mas então se lembrou de alguns arquivos que tinha lido sobre as missões da equipe antes de se juntar a eles.

— Mack… — Yo-Yo murmurou, seguindo-o em direção à máquina. — Isso é…

— Sim. 

Um enorme braço robótico, com vários ramificações de micro agulhas estrategicamente posicionadas. A máquina de cirurgias utilizada para operar no cérebro de Coulson depois de ser levado ao Projeto T.A.H.I.T.I.

— O que eles querem com isso?

— Mexer no cérebro de alguém, eu sou capaz de apostar — o homem respondeu, tirando a escopeta das costas, sobressaltado. — Não gosto disso, fiquem espertos para…

Nesse instante, um chiado forte soou por caixas de som espalhadas no local. Yo-Yo abaixou a cabeça em reflexo, sentindo o apito incomodar seus ouvidos. Mas o incômodo passou muito rápido, dando lugar à raiva assim que reconheceu a voz de Agnes.

Ora vejam só, se vocês não são uns belos de uns enxeridos… O que é que eu vou fazer com vocês?


Notas Finais


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Considere favoritar essa fic e Homem de Gelo também. Vai deixar meu coração bem quentinho <3

Além dessa, tenho vagas também para uma interativa original sobre revoltas civis. Acesse aqui:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/a-rosa-do-tempo--interativa-19350882/

Considere também dar uma olhada nas minhas outras histórias? :D Eu tenho coisas para vários gostos ^^

Leia a duologia Hunters! Comece aqui: https://www.spiritfanfiction.com/historia/hunters-hunters-1-18352562

Leia minha original de fantasia urbana, Carmim! https://www.spiritfanfiction.com/historia/carmim-18579979/

Leia minha série de Harry Potter! Comece aqui: https://www.spiritfanfiction.com/historia/marcas-de-guerra-historias-de-bruxos-1-17408067
Fanfic 2 atualizando atualmente: https://www.spiritfanfiction.com/historia/amargos-recomecos-historias-de-bruxos-2-21863115


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