1. Spirit Fanfics >
  2. O ano da formatura. >
  3. Ondas quebradas.

História O ano da formatura. - Ondas quebradas.


Escrita por: hanalyx

Notas do Autor


Ei. ~ Vocês estão bem? Espero que alguém ainda acompanhe essa estória.
Bem, leiam com atenção, certo? E me desculpem se encontrarem erros de digitação ou formatação, acabei não revisando por conta da ansiedade.

Boa leitura! ~

Capítulo 6 - Ondas quebradas.


Há muitas coisas na vida que não podem ser compreendidas em um instante. Às vezes é necessário analisar, haver calma e cautela. 

Era isso que o jovem Jaeger fazia naquele momento. Sua audição atenta a cada frase dita pela loira e seus olhos fixos em cada um de seus movimentos e reações. 

Historia parecia livre, leve, solta, demonstrando uma face que o garoto não conhecia. Ela estava agindo de forma distinta ao que ele havia imaginado, após tantas mensagens ignoradas e tantas ligações não atendidas. 

Ele esperava que ela fosse preservar o silêncio, sem trocas de olhares ou contato físico por mínimo que fosse, mas, ao contrário disso, Historia parecia realmente animada com aquele passeio. 

Eren também tentava se manter descontraído, embora estivesse mais preocupado do que realmente gostaria. Os assuntos que trocavam durante o trajeto até o local de destino não eram importantes e giravam em torno de filmes, séries ou músicas que eles gostavam em comum. 

Quando chegaram ao local, Eren pode analisar com sutileza o estabelecimento. Possuía dois andares. Aparentemente, o primeiro era a casa de jogos, o segundo era uma espécie de pub. O letreiro piscava em luzes fluorescentes em tons de azul, rosa e roxo, tão neon que chegava doer os olhos. Ao fundo, ele pode enxergar o mar, com suas ondas noturnas se quebrando ao tocaram a areia da praia. 

Historia, que ainda parecia bastante animada, segurou a mão do mais alto e praticamente o puxou até a entrada do local. Compraram os ingressos e felizmente não demoraram muito para entrar. 

O lugar parecia muito maior do lado de dentro. Haviam muitos brinquedos diferentes, muitas músicas eletrônicas colidindo e formando uma bagunça sonora, junto com o burburinho dos adultos e crianças perambulando por ali. Realmente não esperavam que fossem encontrar o estabelecimento tão movimentado, visto que a inauguração havia acontecido há pouco. 

Os olhos azuis da loira cintilavam com a quantidade de opções que havia naquele lugar. Ela não sabia o que jogar primeiro, nem o que fazer primeiro. Sua dúvida só se foi quando ela entrou a máquina de dança livre mais para os fundos do local, as luzes negras incomodando um pouco sua visão. 

— Ei, o que você acha? — ela apontou para o brinquedo, recebendo um olhar receoso de seu acompanhante — Vai me dizer que não sabe dançar?

— Você ficaria surpresa se conhecesse o meu dom de ser um desastre dançando. — ele elevava um pouco mais o tom de voz por conta do barulho. 

— Eu adoraria ver isso. — gargalhou em voz alta, claramente muito mais interessada em ver o amigo passando vergonha. 

Eren nem fez questão de hesitar, afinal já estava na chuva, bastava se molhar. 

Acompanhou a loira até o brinquedo, onde colocaram as fichas e cada um ocupou um lado da plataforma. Não parecia ser difícil, ele só precisava olhar para a tela e pisar nas setas de acordo com o ritmo da música. 

Não tinha como ser tão horrível assim, certo? Errado! Assim que a partida começou, Eren teve certeza absoluta que não havia nascido para fazer aquele tipo de coisa. Ele odiou a coreografia simplesmente pelo fato de não conseguir acompanhar a velocidade com que as setas apareciam e também não tinha coordenação motora para copiar os passos. 

No fim, nem ele mesmo conseguiu se conter com a sua própria vergonha  e se desfez em risadas juntos com a loira, que claramente já havia ganhado. 

A noite começou a se descontrair para o Jaeger a partir daquele ponto. Seus pensamentos tempestuosos se perderam e ele se deixou levar pela leveza do momento, aproveitando a presença de Historia apenas para se divertir. 

Depois dali, foram para uma cabine de montanha russa de terror 3D, o que arrancou bons gritos da loira e fez com que Eren tivesse sua doce vingança pela máquina de dança. 

Passaram por vários outros brinquedos e, por fim, Eren tentou pegar um urso de pelúcia naquelas malditas máquinas de bugingangas que só servem para roubar seu dinheiro. É claro que ele não iria conseguir pegar nada e ainda ia acabar se revoltando com o fracasso. 

No mais, a Reiss teve que acalmá-lo entre risadas. Eren era uma pessoa muito cômica. 

— O que você acha que comprarmos uma bebida e irmos para fora? — ela sugeriu, assim que se aproximaram do bar do local, recebendo um aceno positivo do acompanhante — Eu quero chá gelado. 

— Eu quero um suco de frutas vermelhas. — pediu. 

As bebidas não demoraram para ficarem prontas, então logo eles ultrapassaram a porta dos fundos do local, até chegar ao deck.

Agradeceram mentalmente por não haver ninguém ali e suspiraram aliviados pela calmaria que fora trazida pelo silêncio. 

Estavam se divertindo verdadeiramente, mas nada se comparava ao som do mar se sobrepondo ao barulho da música eletrônica. 

Historia se aproximou do parapeito de metal que os separavam da praia, enquanto sugava o canudinho de sua bebida. Seus cabelos loiros esvoaçavam com a brisa refrescante, lhe passando uma sensação de liberdade indescritível. 

Eren não demorou a se aproximar, parando ao seu lado para desfrutar da mesma sensação. 

Ficaram em silêncio por alguns minutos. Um silêncio que, ironicamente, pareceu incomodar. Um silêncio que representava tensão e descontentamento que geravam uma negatividade que se alastrava entre ambos. 

Por um momento, o moreno não soube o que fazer, sequer sabia como começar um assunto que não fosse direto demais para acabar de vez com aquele clima. 

Ele abriu e fechou a boca algumas vezes, mas nada foi dito. E Historia percebeu isso. Mesmo que não houvesse uma troca de olhares direta, ela sabia que aquele garoto ao seu lado tinha muito o que dizer e questionar, portanto ela decidiu começar:

— Fico feliz por não ter desistido de vir, Eren. — havia sinceridade em sua frase, o que acabou pegando o garoto de surpresa — Depois de tudo o que aconteceu, no seu lugar, eu teria desistido. 

— Na verdade, eu pensei que você iria desistir. — ele coçou a nuca, estava constrangido — Você não respondeu minhas mensagens e nem atendeu minhas ligações, então pensei que o problema estava comigo. 

— Você é idiota. — disse entre uma meia risada, sugando mais um pouco de sua bebida — Não vai dizer o contrário? 

— Não, eu concordo com você. — riu brevemente, repetindo o mesmo processo — Você está bem? 

— Se eu disser que sim, vou estar mentindo. — sugou mais uma vez — Mas só de ter saído de casa e ter me divertido já fez com que eu me sentisse melhor. 

Haviam muitas coisas sobre aquela garota que Eren não conhecia, mas ele morria de vontade de entender. Ele queria saber quem era aquela garota ao seu lado, sobretudo entender quais eram as suas sequelas. Ele queria muito compreender as súbitas mudanças de humor, aqueles silêncios repentinos que significavam imensa reflexão. Ele queria poder avançar, mas não sabia se podia. Não sabia até que ponto a sua "intimidade" o permitia ir, mas ele sabia que precisava  tentar. 

— Posso te perguntar uma coisa? — arriscou. 

— Vá em frente. 

— Eu realmente queria saber o porquê de você ter escolhido justo a mim. — uma breve pausa — Você sabe, nós não tínhamos intimidade nenhuma antes dessa loucura toda e agora estamos aqui. 

Um sorriso cheio de satisfação tomou conta dos lábios de Historia. Parecia que Eren havia acabado de chegar no ponto que ela estava ansiando a noite inteira. 

Fez questão de terminar sua bebida só para fazer suspense e deixar o moreno ainda mais aflito e descartou o copo na lixeira apropriada pendurada ao lado da porta. 

— Eren, eu acho que você ainda não percebeu. — voltou-se para ele, seu semblante ganhado seriedade — Eu e você somos iguais. 

— O que quer dizer? — ele estava confuso. 

— Eu te chamei porque vi em você a mesma coisa que vejo em mim todos os dias. — tentou explicar — Nós dois queremos a mesma coisa, mas não podemos ter. 

Dito isso, uma luz se acendeu sobre a cabeça de Eren. 

Aquela ligação. O jornal. Tudo passou como um loooping na mente do moreno. 

— Eu acho que nós temos que conversar. — ele afirmou e ela concordou plenamente. 

— Vem, vamos andar. 

Historia segurou a mão do Jaeger e juntos contornaram toda a extensão do parapeito, desceram os oito degraus e partiram para a praia. 

 

••• 

A tarde de sábado caía tediosa e tão abafada que incomodava o jovem de fios loiros que estava jogado sobre a cama, com um dos antebraços cobrindo os olhos e um velho ventilador em cima de si tentando – e falhando – dispersar pelo menos um pouco daquele calor insuportável. Ele murmurava baixinho, sentindo que estava tão quente que poderia começar alucinar a qualquer momento. 

Sentou-se sobre o futon e sentiu o corpo todo reclamar com o gesto abrupto. Como não tinha de trabalhar, acabou passando o dia praticamente todo deitado. Sequer tinha feito suas refeições até o momento. O estômago reclamava, mas ele não dava ouvidos. 

Tateou o chão ao lado de sua cama e encontrou o aparelho celular que havia caído durante a noite e por ali ficou. Verificou algumas notificações e encontrou umas mensagens de Eren dizendo que estava nervoso para o tal encontro que teria com Historia. Se sentiu meio patético por não ter respondido o amigo, mas a verdade é que ele não tinha disposição para fazê-lo. Naquele dia, havia acordado tão para baixo, o pior é que nem mesmo ele sabia o motivo. Portanto, optou por se manter em silêncio, sem responder nenhuma das mensagens. Seus planos eram enviar um pedido de desculpas mais parte e perguntar como havia sido o tal passeio dos dois. Não era como se saber disso fosse de fato importante, mas ele precisava demonstrar algum tipo de consideração para com Eren. 

Depois de muito procrastinar, decidiu que finalmente iria tomar um banho para ver se conseguia ao menos se refrescar um pouco. A notícia boa é que havia passado tempo suficiente no celular para os primeiros resquícios da noite começarem a adentrar seu quatro através da janela aberta. 

Pegou a toalha que estava jogada sobre a cadeira de madeira em frente sua escrivaninha, junto com as roupas mais leves que encontrou e estava pronto para deixar o cômodo, quando escutou duas singelas batidas em sua porta.

— Armin? — a voz rouca e receosa do idoso ecoou através da porta, fazendo com que o loirinho se praguejasse internamente por não ter feito companhia ao seu avô — Está acordado? 

— Ah, sim, vovô! Pode entrar. — tentou disfarçar o certo teor de culpa e tristeza, quando viu o mais velho abrir a porta com seu semblante cansado pela idade. Ele sorriu com ternura para o neto, que colocou tudo que tinha em mãos sobre a cama. 

— Você está bem, meu filho? — perguntou, percebendo que o Arlert mais novo parecia absorto — Não desceu mais depois do almoço. 

— Ah, estou sim... — mentiu, embora nem mesmo ele soubesse o porquê de estar se sentindo tão desconfortável naquele dia — Só me sinto cansado. 

— Está trabalhando ou estudando demais? — o encarou com preocupação. 

— As provas estão chegando, vovô, isso me preocupa. — apesar de estar realmente pensativo com as provas, não era isso que o incomodava de verdade — Mas vai ficar tudo bem, não se preocupe. 

O idoso o encarava com certa desconfiança, afinal, não seria tão fácil assim convencê-lo. Ele sabia que estava acontecendo algo muito além do que seu neto estava dizendo, mas não faria questão de insistir. Acabou suspirando, quando se recordou do que realmente fora fazer ali. 

— Aliás, chegou esta carta para você hoje. — levou a mão ao bolso, de onde tirou um envelope branco, contendo algumas escritas em inglês e um cartão postal de um prédio — Não abri, então não sei do que se trata. 

Armin arregalou os olhos assim que notou de onde vinha aquele envelope. Suas mãos começaram a tremer em nervosismo, mas ele precisava se manter calmo, caso contrário as coisas se complicariam. Pegou a carta e colocou sobre a escrivaninha. 

— Obrigado. — disse, ainda nervoso. 

O mais velho não disse mais nada sobre o assunto, apenas mencionou que estava igualmente cansado e que iria se deitar um pouco. Também não esqueceu de salientar que havia deixado bolinhos para ele no microondas, caso quisesse comer alguma coisa. 

Armin assistiu seu avô deixar o quarto e sumir pelo corredor. Então, ele encarou o envelope com mais calma, observando os detalhes no papel. Ele estava surpreso, pois não esperava que fosse receber uma resposta tão imediata. Foi tão repentino e inusitado que ele sequer soube como reagir de forma natural. 

Ele suspirou pesadamente e decidiu não pensar tanto naquilo, caso contrário acabaria muito pior, então só guardou a carta em um local onde sabia que ninguém iria encontrar, pegou suas coisas novamente e partiu para o banheiro. 

 

Armin demorou mais do que o esperado no banho, deixando a água morna cair sobre sua cabeça e descarregar boa parte daquela áurea ruim que tanto o incomodava. Por sorte, funcionou um pouco. Pelo menos ele passou a se sentir um pouco disposto. 

Quando voltou para o acerto, se surpreendeu com a tela de seu celular acesa, indicando que havia acabado de receber uma mensagem. Olhou pela barra de notificações e viu que era um número que não tinha em seus contatos, mesmo assim não hesitou em abrir o conteúdo da mesmo. 

 

Desconhecido - sáb. 18:35 

Oi, Armin. Tudo bem? É o Jean. Lembra que me deu seu número no final da aula ontem? Hahaha espero que sim. 

Desconhecido - sáb. 18:35 

Se você estiver de bobeira, gostaria de sair comigo e com o Marco? Vamos ao novo pub que inaugurou essa semana. 

 

O nervosismo voltou a atingir o loirinho, dessa vez, muito mais intensamente do que antes. Sim, ele se lembrava de Jean ter lhe pedido seu número ao final da aula de química, mas estava meio fora de órbita. Na verdade, não esperava que ele fosse mandar alguma mensagem ou algo assim, ainda mais o chamando para sair. Foi repentino demais, não? Entretanto, mesmo que estivesse meio confuso e muito nervoso, digitou uma resposta logo após salvar o número do garoto. 

 

Armin Arlert - sáb. 18:41 

Ei, Jean! Lembro sim. :D 

Armin Arlert - sáb. 18:42 

Ahh, sair? Claro, eu adoraria...

 

A verdade é que Armin não sabia se podia realmente sair. Seu avô provavelmente já estaria dormindo, mas que mal faria? Ele não era do tipo que saía para noitadas ou que dava trabalho. Muito pelo contrário, o loirinho era tão caseiro que na maioria das vezes o mais velho insistia para que ele saísse de caso, alegando que se ele ficasse mais tempo naquele quarto, acabaria se tornando parte da mobília. 

No fim, ele pensou que não haveria problemas em aceitar o convite do seu novo amigo. 

Jean parecia animado ao responder que iriam se encontrar em frente à entrada do píer que dava acesso ao porto da cidade. Segundo ele, o pub ficava ali por perto, então não haveria chances de nenhum deles se perder. 

Se encontrariam às oito, então Armin não tinha tanto tempo, por sorte já havia tomado banho. 

Abriu o velho armário que rangeu com o movimento abrupto e analisou as vestimentas que tinha. Obviamente nenhuma era coerente com a ocasião, mas na verdade nem se importava tanto. Ainda estava quente, portanto optou por uma camiseta de mangas curtas em um tom de azul pastel, uma calça jeans que foi dobrada sobre a altura dos tornozelos e um par de all star tradicional na cor preta. Simples e sútil. 

Arrumou os fios loiros e só então notou como estavam compridos, faltando poucos centímetros para tocarem em seus ombros. Até mesmo a franja estava longa, quase caindo sobre seus olhos. 

Deu uma última olhada no espelho e constatou que estava tudo em ordem. Guardou o celular no bolso e, antes de finalmente sair, avisou ao avô que ainda estava acordado. Armin podia jurar que havia felicidade no tom de voz do mais velho, quando o permitiu sair e pediu para que o menino tomasse cuidado. 

Em poucos minutos, o Arlert já estava próximo ao ponto de encontro com os outros dois garotos. Conferiu o horário no celular e suspirou aliviado ao saber que ainda estava pontual. 

Quando chegou ao local, encontrou Jean e o amigo conversando entre si. Marco parecia um tanto sério, mas o outro garoto parecia se divertir com o assunto. Um assunto que encerrou assim que os dois viram o loirinho e foram imediatamente cumprimentá-lo. 

Marco, diferente de todas as outras vezes que haviam se encontrado, parecia mais animado com a ideia de ter Armin por perto. 

Trocaram poucas palavras e partiram para o tal pub que ficava no segundo andar. Ele não teve tempo de olhar muito o que havia no primeiro andar, mas pode notar que se tratava de algo parecido com uma casa de jogos. 

Assim que subiram as escadas, Armin pode confirmar que realmente não era uma pessoa sociável. Haviam tantas pessoas em um espaço tão pequeno que ele se sentiu desconfortável automaticamente. Enquanto andavam por ali, ele perdeu a conta de quantas vezes foi empurrado até que encontrassem uma mesa mais afastada. A música alta também o incomodava bastante. 

— Você está bem? — Jean perguntou praticamente gritando, enquanto se achegava ao lado do loirinho — Você parece desconfortável... 

— Eu estou bem! — respondeu no mesmo tom — É que não sou muito acostumado com esse tipo de lugar. 

— Não se preocupe com isso. — Marco entrou na conversa — Logo você se acostuma! 

E então, ele piscou com um dos olhos para o loirinho, como um cúmplice. Armin se perguntou se eles costumavam frequentar baladas e casas noturnas com muita frequência, porque ele parecia um peixe fora d’água. 

E tudo pareceu piorar quando Jean subitamente chamou os dois para dançar. Arlert ficou meio hesitante no início, mas o moreno colocou as mãos em seus ombros praticamente o empurrou para a pista de dança. Foi quando Armin se deixou levar, afinal, ele já estava ali. Não tinha como ir embora ou deixar os outros dois. Ele havia aceitado o convite, certo? Então iria aproveitar, mesmo que aquilo lhe custasse uma boa dose de vergonha alheia depois. 

 

Dançaram, cantaram, riram até a barriga doer das danças estranhas que cada um fazia... Armin não podia negar, estava se divertindo muito. E detalhe: estava totalmente sóbrio. 

Quando finalmente se cansaram, retornaram para a mesa e se acomodaram, exceto Jean, que disse que ia buscar algo bem gelado para eles beberem. 

— Eu quero uma coca trincando. — disse Marco levemente ofegante por conta das gargalhadas. 

— Eu quero um suco de laranja com bastante gelo. — foi a vez de Armin pedir. 

Jean fingiu anotar o pedido dos dois garotos na palma de sua mão, mandou uma piscadinha para o loirinho e deixou os dois, rumo ao bar. 

Armin sentiu seu interior se revirar com aquele gesto do outro e nem percebeu que o observava se afastar com a maior cara de bobo alegre. 

Marco, como um bom observador e que não deixava passar nada, percebeu rapidamente o olhar do garoto para seu amigo. Aquilo colocou um sorriso travesso em seus lábios, assim que apoiou os cotovelos sobre a mesa e o queixo sobre a palma de sua mão. 

— Então, desde quando você gosta dele mesmo? — perguntou descaradamente, assim que viu o loirinho se virar para si. 

Armin se engasgou com a própria saliva, não estava esperando por aquela pergunta. Seus olhos se arregalaram e o moreno não conseguiu segurar a risada, já estava adorando aquilo. 

— Eu... Do que você está falando? — tentou se esquivar. 

— Não precisa mentir, Armin. Eu já percebi isso faz tempo, bem antes de vocês começarem a se falar. — gesticulou com a mão livre, desarmando completamente o pequeno, que se encolheu no assento — Mas não se preocupe, não estou te repreendendo e nem nada. 

— Está tão na cara assim? — perguntou o loirinho ainda encolhido, recebendo um aceno positivo do outro. Armin debruçou-se sobre a mesa e escondeu o rosto entre os braços — Que droga... 

— Ei. — bagunçou os fios dourados, fazendo os olhos azuis o encararem sobre os antebraços — Eu não te julgo por gostar dele, até porque eu também já estive no seu lugar. 

— Como assim? — aprumou-se, estava confuso, mas muito curioso. 

— Jean é meu ex namorado. — confessou, direto como uma tiro no peito — Então pode ter certeza que eu já gostei muito dele, assim como você... ou até mais. 

— E... Bem, não te incomoda? — remexeu-se na cadeira. Armin estava muito nervoso — Você sabe, não te incomoda que eu esteja afim dele? 

— O quê? — ele riu, parecia que havia acabado de ouvir uma piada — Não mesmo! Jean é uma bela página virada na minha vida, só restou a amizade mesmo. 

— Que estranho... 

— O quê? É estranho que eu não me importe? — seu semblante finalmente pareceu mais sério naquela conversa — Você não conhece aquele garoto, não é mesmo? — apontou para Jean, que estava de costas, debruçado sobre o balcão do bar — Só eu sei o que nós dois vivemos, então, não, não é estranho que eu não me importe. 

— Entendo... — foi a única coisa que loirinho conseguiu dizer, mas, na realidade, ele não entendia. 

— Mas e quanto ao Eren? 

— Eren?! — Armin arqueou uma das sobrancelhas. Como de repente a história se virou para seu amigo? pensou — O que tem ele? 

— Ah, não é nada. — riu falsamente, batendo de leve na própria testa — Que burrice a minha. 

Armin ficou realmente grilado com aquilo. A frase do moreno ficou martelando em sua mente, causando uma incômoda dorzinha de cabeça. O que Eren tinha a ver? Aliás, estava prestes a fazer justamente essa pergunta, mas não teve tempo, pois o celular de Marco pareceu dar sinal de vida. O moreno pediu licença e deixou a mesa, se afastando um pouco e deixando para trás um menino completamente perdido em seus pensamentos. 

Que diálogo havia sido aquele, afinal? Tudo parecia desconexo demais. 

Armin estava tão absorto que nem percebeu a aproximação de Jean. Ele estava com três copos nas mãos: dois com coca e um com o suco que havia pedido, o servindo. 

— Ué, para onde foi o Marco? — perguntou ao se sentar em frente ao loirinho. 

— Foi atender o telefone. — sugou o suco através do canudo. 

Jean pareceu ficar inviabilizo com a afirmação do loiro, mas antes que pudesse falar algo, Marco surgiu do meio daquela monte de pessoas e estava com uma expressão diferente da anterior: parecia apático. 

Ele pegou seu copo de refrigerante, mas não se sentou novamente. 

— Eu vou ter que ir agora. — disse, recebendo um olhar questionador de Jean, e apenas isso bastou para que ele soubesse que o amigo queria saber o motivo — Minha irmã. Ela acabou de chegar em casa. 

— Sua irmã? — Kirshtein arqueou a sobrancelha — Achei que ela estava fora da cidade. 

— E estava, chegou hoje. — revirou os olhos, dando um gole na bebida —  De qualquer forma, eu preciso ir agora. Até. 

Armin e Jean se despediram do moreno, que antes de sair sussurrou algo para o amigo, o que não passou despercebido pelo loirinho. 

Assim que Marco sumiu na multidão, Jean balbuciou algo que Armin não entendeu e um "silêncio" tomou conta de ambos. Jean encarava o loirinho, mas ele não parecia revidar o olhar, afinal estava cabisbaixo para evitar contato. Minutos se passaram assim, ambos em silêncio, sem saber o que dizer, apenas desfrutando de suas respectivas bebidas, até que Jean colocou seu copo vazio sobre a mesa, chamando a atenção do outro garoto. 

— Quer sair daqui? — Armin não entendeu a proposta de início, ficou meio receoso — Sem o Marco ficou bem chato. 

— Me desculpe por isso... 

— Não estou te chamando de entediante, Armin. — riu, deduzindo o que o loirinho certamente estaria pensando naquele momento — É que esse lugar claramente não faz seu estilo. 

— Então o que você sugere? — terminou a sua bebida, também colocando o copo sobre a mesa. 

— A praia. — mencionou — Por que não vamos caminhar na areia um pouco? Podemos aproveitar para conversar e, você sabe, nos conhecer melhor. 

Armin ficou surpreso com a última frase. Jean queria conhecê-lo, então? De qualquer forma, não poderia perder uma oportunidade dessas. 

Com o aceno positivo do Arlert, os dois se levantaram e partiram rumo a saída do pub. 

 

•••

Eren estava incrédulo diante de todas as coisas que Historia havia acabado de lhe contar. Fazia pelo menos uma hora que ela estava falando, enquanto ele apenas ouvia com atenção os mínimos detalhes da história de vida da loira. Boa parte era constituída por capítulos tristes, e quando ela chegava nessa parte, ele podia perceber que ela lutava para conter as lágrimas e não demonstrar fragilidade. 

Depois que ela finalmente terminou, tudo o que podia ser ouvido era o som das ondas se quebrando bem diante de ambos. Estavam sentados em uma rocha, os dois pares de pés descalços tocando o solo arenoso. 

Eren não sabia o que dizer para Historia. Seu cérebro ainda não havia processado totalmente aquela quantidade de informações que foram despejadas sobre si de uma única vez. Não que ele não estivesse satisfeito, mas ele se sentia, em uma boa parcela, bem triste. 

— Caramba... — foi o que conseguiu dizer, ainda bastante atônito — Historia, eu- 

— Não precisa dizer nada. — foi sincera, recebendo um olhar do moreno — É sério. Você não precisa dizer palavras bonitas para me consolar, nem precisa me colocar como vítima. Também não quero que me acuse. Eu só quero que você tente me compreender e que, diferente dos outros, não me julgue. — suspirou, fazendo uma breve pausa antes de continuar — Eren, agora você me conhece melhor do que ninguém, até mesmo Annie e Reiner. E também sabe o porquê de eu ter escolhido você para depositar minha confiança. 

— Eu sei... 

— Você... me odeia ou me acha problemática como os outros? — foi a primeira vez que ela demonstrou receio. 

— Claro que não! — afirmou da maneira mais sincera possível — Como você disse, nós somos iguais. Se você é problemática, eu também sou, não é? 

— É, você tem razão. — ela baixou o olhar. Ao mesmo tempo que saber que havia mais alguém no mesmo patamar o deixava feliz, também a fazia se lamentar. 

— Ei. — ao perceber que a loira havia ficado triste, ele a tocou pelo ombro, chamando sua atenção para si novamente — Estamos juntos nessa, Historia. 

O sorriso que Eren expôs logo em seguida fez os olhos da loira marejarem. Ela não esperava que o moreno fosse compreendê-la com tanta facilidade, tampouco esperava poder contar com seu apoio. Aquilo a emocionava e a fazia se sentir pelo menos um pouco amada. 

Ela não estava sozinha. 

A Reiss não sabia se podia realmente fazer aquilo, mas ela não hesitou em abraçar o garoto. Seus braços se envolveram ao redor do tronco de Eren, seu rosto se escondendo sobre o peito dele. Eren, no entanto, demorou um pouco para processar e, consequentemente, corresponder ao gesto. No fim, seus braços a acolheram, a apertando e aconchegando naquele abraço que dizia muito além das limitações que as palavras de ambos tinham. Era muito mais do que um contato superficial. 

Eles não estavam sozinhos. 

E, na verdade, eles literalmente não estavam sozinhos. 

De uma curta distância, duas pessoas os encaravam. Um deles, tinha os olhos trêmulos e carregava o coração disparado. O outro, encarava a cena com certo desdém. 

— Eren?! — o primeiro chamou, sua voz se esvaindo com uma enorme carga negativa e dispersando os dois daquele abraço. 

Eren imediatamente reconheceu aquela voz e se virou, suas orbes igualmente trêmulas capturando aquelas semelhantes tão azuis quanto o oceano. 

— Armin?!


Notas Finais


Ei de novo. ~ O que acharam?
Espero que tenham gostado! 💕
Ah, e não esqueçam de comentar. Comentários sempre me animam. Se quiserem também, me contem suas teorias, porque esse capítulo é cheio de incógnitas. ~
Beijão, até a próxima.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...