História Shining On Me - Let Me Love You - S.Coups

   Nossa primeira semana na Coréia, eu, Ana, com minhas duas amigas,  Kell e Ruth. Tínhamos conseguido uma bolsa para fazer o ensino médio em uma das escolas aqui. Tentávamos isso desde o ensino fundamental, e conseguimos depois de um sorteio e de uma difícil fase pra passar. Assim que chegamos, já fomos lotadas de trabalhos, provas e outras coisas que estudantes estrangeiros que quando vem estudar em escolas daqui passam. Como:

1-Fazer uma pesquisa e apresentar na sua sala sobre seu país

2-Contar pra todos da onde você é, mesmo que eles saibam

3-Receber olhares das pessoas por você ser ocidental, entre outras coisas.

   Mas confesso que estávamos adorando tudo isso, sempre quissemos isso e agora que conseguimos, não ia ser uma besteirinha que iria acabar com o nosso amor pela Coréia. Depois de conhecer a escolas, os alunos, professores e funcionários, normas da escola e o meio de ensino daqui, conseguimos nos organizar com tempo e estudo e em poucos dias já estávamos no pique dos coreanos. Umas das coisas que eu mais gostava era os uniformes, era tão fofos, diferentes do Brasil, sempre que eu via nos doramas, sonhava em usar um e agora eu uso, é inacreditável. Minhas amigas surtavam sempre que viam algo que as surpreendessem, ou seja, tudo! Elas achavam maravilhoso o fato de ter armários aqui -mesmo sabendo que não é só na Coréia que tem-, o fato de comer em um prato de metal com os palitinhos, a comida por ser tão diferente, mas o fato que mais agradava elas era ter que tirar os tênis ao entrar pra sala. No começo foi engraçado porque no primeiro dia de aula a Vitória veio com uma meia rasgada e não conseguimos conter a risada e alguns colegas de sala nos olharam estranho e quando perceberam, riram junto com a gente, a Ruth ficou furiosa mas também, ninguém mandou ela vir com a meia furada.

  Descobrimos que na nossa escola estudava uma pessoa famosa, pensamos ser algum trainee de alguma empresa ou algum famoso das redes-sociais mas depois que vimos, não acreditamos. Era o Dino, o Dino do Seventeen, ele estudava na mesma escola que a gente. Tá, ele não vinha na maioria das aulas, durante o mês veio 3 vezes, mas como ele estava no terceiro ano, isso não importava muito pros alunos. As meninas mais novas do primeiro ano ficavam suspirando por ele sempre que elas viam ele passar, mas ele não ligava, só ficava com os amigos da sala, o segundo ano não tinha muito interesse nele, e o pessoal do terceiro parecia que já tinha se acostumado com ele. 

Um dia, no segundo mês do ano, descobrimos que a turma dele ia se juntar com a nossa para um grande trabalho, eu e as meninas éramos do terceiro ano, só que na escola tinham duas turmas, e por azar, não ficamos na sala dele. E quando soubemos que ele iria se juntar com a nossa turma para esse tal trabalho, quase morremos. O Seventeen era o nosso amor, era o grupo que mais gostávamos. Quando soubemos que o Dino estudava aqui, tentamos ao máximo não surtar, mas juro, não foi fácil.

....

  O dia do trabalho tinha chegado, um dia antes as duas professoras dividiram suas turmas em grupos, e não sabíamos onde tínhamos ficado e fomos descobrir no dia da iniciação do trabalho. Assim que chegamos na escola, fomos pro auditório, o único lugar onde cabiam todas as turmas. Não tinha muitos lugares vazios e como não conhecíamos muita gente, nos sentamos nas únicas cadeiras vazias, o professor já estava falando sobre o trabalho então tínhamos que prestar atenção:

- Será que vai valer muito?-perguntou Kell.

- Valer o que?-Ruth falou confusa.

- O ponto, sua lerda-Kell falou dando um tapa na Ruth.

- Deve valer sim porque é um trabalho em conjunto-falei as olhando.

- Vamos prestar atenção no que eles estão falando pra gente poder entender então-disse Ruth.

- Nossa desculpa ...-eu e Kell rimos e fomos prestar atenção na apresentação.

   Depois que os professores falaram todos os passos para a realização do trabalho, depois a professora da outra turma foi falar sobre os grupos. Foram sortidos os grupos e ela falava o nome dos componentes de cada grupo. Foram divulgados quase todos os grupos, e nada do meu nome ou das meninas, e nem do Dino. Não sabíamos se era bom ou ruim não ser chamado, mas então fomos chamadas, o ultimo grupo, e adivinha? Com o Dino:

- Mentira que estamos no grupo do Dino??-eu disse sem acreditar.

- Estamos monamour! Agora vai-Ruth fez uma voz engraçada.

- Deus escutou minhas preces-Kell levantou as mãos pro alto.

  Assim que a reunião acabou fomos para a nossa sala, mas assim que saímos, vimos o Dino e seus amigos na porta parados, e eles nos esperavam:

- Vocês falam coreano certo?-ele perguntou em coreano.

- Você não devia perguntar isso em inglês? -Kell falou- Porque se não soubéssemos, íamos ficar boiando -ela completou.

- É verdade..-ele falou coçando o pescoço.

- Mas se respondemos é porque entendemos-soquei a Kell.

- Que agressiva-Kell disse em português.

- Enfim, viemos falar sobre o trabalho-ele olhou pros amigos que também estavam no grupo.

- Ah sim, então o que está pensando?-perguntei.

- Bom, eu não posso ir para casa de vocês, porque não sou autorizado mas vocês podem vir para a minha-Dino disse.

- Eu e os meninos iremos fazer a nossa parte em casa-disse o amigo de Dino.

- Ok, então só tem vocês, pode ser?-ele nos olhou.

- Mas é claro que podemos-sorri.

- Então assim que acabar a aula, podemos ir?-ele perguntou.

- Tudo bem então-Kell sorriu.

  Depois que marcamos com ele para iniciar o trabalho fomos para a nossa sala porque a aula já iria começar. As aulas passaram se arrastando, como se o dia não fosse ter fim e quando finalmente o horário de aula acabou, não acreditamos.

-Vamos?-perguntou Dino no portão da escola.

-Mas que susto Lee Chan-coloquei a mão no meu peito.

-Não sou do tipo que assusta, me desculpe.

-Tudo bem-disse Kell-Ela que toma susto atoa-dei um soco em seu ombro e a vi me fuzilar com os olhos demonstrando dor ao amaciar o lugar onde soquei.

-Mas enfim-Ruth mudou de assunto-Vamos de metrô para a sua casa?-perguntou a mesma.

-Não, o meu manager está vindo nos buscar de van-ele respondeu.

-Não me diga que é a van do Seventeen?-eu arregalei os olhos.

-Sim, é, por quê?-ele pareceu não entender.

-Minha nossa Sehuna, me leve, já entendi que essa é a minha deixa..-estendi os braços pro céu falando em português.

-Porque você é assim?-Kell falou balançando a cabeça.

-Ela tá bem?-perguntou Dino.

-Tá sim, não ligue, ela tem uns problemas ..-disse Ruth revirando os olhos.

-Ah sim, certo-ele disse olhando para rua e logo uma grande van preta parou em frente ao portão da escola e ele fez a menção para que nós entrássemos e assim fizemos e então fomos a caminho do dormitório do Seventeen.

     Tempo depois, finalmente tínhamos chegado no dormitório dos meninos, antes de nos aproximarmos do local, tivemos que fechar nossos olhos, por questões de segurança e para preservar a privacidade -por mais que seja pouca- dos meninos. Quando entramos no prédio, tivemos que subir 4 lançes de escadas, não tinha elevador, o que foi ótimo porque no segundo andar, minha respiração já estava acelerada, isso é por conta da asma, sempre ele para me foder nessas horas inesperadas. Assim que subi o ultimo degrau, apoiei minhas mãos sobre meu joelho tentando conter minha respiração, era como se eu tivesse corrido uma maratona, no caso, eu nunca corri porque não passo de 2 quarteirões, imagina uma maratona...

-Você está bem?-ele só ia perguntar isso, por isso não tinha muitas linhas...

-Ela só precisa de ar, ela tem asma e não pode exigir muito do oxigênio-disse Kell.

-Ah sim, não sabia, desculpe-ele passou a mão no pescoço.

-Tudo bem, estou melhor já-forcei um sorriso que saiu mais uma careta.

-Vamos entrar que lá você bebe água-ele disse abrindo a porta depois de colocar a senha na mesma.

 Entramos, conseguimos Jesus, estávamos no dormitório do Seventeen! Se eu estiver sonhando, só me acorde depois de ver alguém sem roupa, por favor, nunca pedi nada, só isso.

Vi Dino se meter em algum lugar desconhecido, e segundos depois surgiu DK e assim que os seus olhos nos encontraram, ele quase se engasgou com o suco que bebia:

-Alerta de garotas!-ele disse-E são três-completou.

-Aish, parece que nunca viu garotas-disse Dino ressurgindo do nosso lado com alguns materias.

-Não assim..-DK tentou se explicar.

-Deixa elas, Dino me disse que elas estariam vindo para fazer um trabalho com ele da escola-disse S.Coups parado na porta do quarto me observando.

-Não iremos incomodar-eu respondi o olhando, minha respiração voltou a se descontrolar, mas agora não era pela asma.

-Eu sei que não irão-ele disse sorrindo de lado.

-Vamos hyung, não podemos atrapalhar eles-disse DK entrando por quarto e levando S.Coups junto.

  Me sentei no chão junto com os outros, e começamos a fazer o trabalho. O trabalho era sobre o amor, tínhamos que criar uma história de amor que fosse baseada em fatos reais e com um toque de irrealidade. Ruth e Dino começaram a escrever alguns esboços e Kell desenhava a capa, eu estava encarregada do nome, mas no momento, o único nome que vinha em minha mente era o de S.Coups. Depois de uns mintos, os meninos apareceram e ficaram na sala, nos observando:

-Isso é demais!-falou Ruth em português

-O que elas estão falando hyung?-disse Mingyu cutucando Joshua.

-Eu falo inglêS e posso afirmar que não é essa língua que elas estão falando-ele riu.

-Elas tem o costume meio estranho de falar em português do nada-Dino disso dando de ombros.

-Ah, português-disse Vernon.

-Desculpe-eu ri baixo.

-Vamos nos concentrar no trabalho-disse Kell.

-Aigoo..-cemirrei os olhos para ela que me ignorou.

-Está pensando em um nome?-perguntou Junghan e eu assenti.

-Podemos ajudar?-perguntar Woozi.

-Por favor-respondi.

-Em coreano?-The8 perguntou.

-Não, tem que ser em ingles..-falei.

-Que tal: 'Let Me Love You'?-S.Cous me olhou.

-Ooooooh-eles disseram impressionados.

-Onde aprendeu isso?-perguntou Jun.

-Com o Joshua ou com o Vernon?-Hoshi riu.

-Com o Sungkwan-riu S.Coups

-Eu posso né pessoal-se gabou Boo.

-Então podes ser esse? Gostei-disse Wonwoo batendo na mão do líder.

-Pode sim-sorri.

    Assim que anotei, tive que esperar os outros acabarem com suas partes, Joshua sugeriu que fossemos comprar sorvete para todos, mas na hora de todos enterrarem com dinheiro, foi meio confuso então resolvi pagar, até porque não é sempre que você vai pagar sorvetes pro Seveteen, temos que fazer um agradinho. Alguns meninos quiseram ir comigo, mas Coups os dispensou dizendo que ela não precisaria de todas as crianças atrás dela, e então ele veio comigo:

-Qual é o seu nome?-ele perguntou assim que descemos do prédio.

-É Ana-sorri em resposta.

-Não é difícil..-ele pensou-Ana, Ana, Ana, Ana-ele ficou repetindo até ter a certeza de que estava pronunciando certo e eu ria dele.

-Acho que você já sabe meu nome-ri e ele ficou sem graça.

-É que nomes de ocidentais não são fáceis pros coreanos-ele se explicou.

-Eu entendo-disse.

-E como aprendeu coreano?-ele perguntou mudando de assunto.

-Ah, no Brasil, estudava em um curso com minhas amigas-respondi.

-Ah sim e porque quis estudar justo o coreano?-ele me olhou.

-Bom, amamos a cultura asiática em geral, mas temos um amor maior pela coreana-sorri.

-Entendi-ele disse assentindo com a cabeça.

   Depois de um tempo andando, entramos na loja de conveniência e pegamos vários sorvetes. Paguei e voltamos a andar pelo mesmo caminho pelo qual viemos. 

Ouvi uns passos atrás de nós e em seguida uns gritos, Coups olhou e eu fiz o mesmo e vimos fãs sasaengs do Seventeen ao longe, elas gritaram o nome verdadeiro de S.Coups e depois gritaram ''Quem é essa vadia ai Seungcheol?'' Ele me olhou como quem dizia 'Não ligue para elas, elas não sabem o que falam', segurou minha mão e me puxou correndo para o mais longe possível delas. Ficamos correndo entre os becos e vielas de Gangnam mas elas foram espertas e se dividiram para não nos perder. Por sorte, Coups conhecia um lugar que ela comum para se esconder a noite, talvez para as mulheres desacompanhadas com medo de cafajestes na rua, ou para um casal que não aguentou esperar para se pegar em casa. Ele me puxou para a parede, que não era muito larga, era um pequeno cubículo entre dois prédio e atrás de uma lixeira, ficamos apertados, ele encima de mim, podia ouvir sua respiração alterada, mas nem tanto como a minha, o suor dele estava evidente e sentia seu coração bater rapidamente junto ao meu. O espaço era tão mísero que até o oxigênio que tinha ali nós dividíamos, ficamos assim por longos minutos, os melhores minutos da minha vida, mas que não durou muito, logo, ele se afastou um pouco, colocando a cabeça para fora para observar se as meninas já tinham ido embora:

-Elas foram?-perguntei sem ar.

-Acho que sim-ele respondeu.

-Acha?-o olhei e ele assentiu.

-Mas podemos ficar mais um tempo assim se quiser-ele me olhou.

  Nossos olhares se cruzaram e o silêncio predominou no lugar, queríamos o beijo mas ninguém dava o primeiro passo, até que senti sua mão em minha cintura me puxando mais para perto dele, como se já não fosse o suficiente. Encostei minha mão na parede e me aproximei de seu rosto lentamente, e assim nos beijamos, o beijo era calmo, sem muita euforia, ele vasculhava a minha boca e eu aproveitava cada segundo ao máximo, sei que isso não iria sair da minha mente mas para que ter lembranças do que está acontecendo agora? Fiz o beijo ficar mais intenso quando agarrei a sua blusa, ele apertou mais forte a minha cintura e continuamos a nos beijar, o beijo que antes era calmo, agora parecia selvagem, como se fosse o último beijo de nossas vidas. Depois de nos beijarmos tanto, tivemos que nos separar por conta do ar, eu continuei de olhos fechados, recordando na memória todos os detalhes e percebi que ele me observava, abri os olhos e falei:

-Acho que tenho que voltar para acabar o trabalho-o olhei.

-Não se preocupe que o trabalho não vai acabar tão cedo, podemos dar mais umas saidinhas como essa para comprar mais sorvete...-ele disse de lado e me selando em seguida.