Pov. Bella.
— Demorou! – Rose implicou quando terminei de guardar as coisas no porta malas e voltei para dirigir.
— Estava conversando com sua mãe a respeito de um McCartney. – A vi perder a cor e meu filho gargalhar.
Rosalie não nasceu de Alice ou de mim, assim como Jacob, mas os amamos como se fosse uma parte nossa. Está conosco há 13 anos.
Rose foi paixão à primeira vista. Alice se viu fascinada por aquela beleza e sorriso. Ela era a criança mais linda daquele lugar, e ficamos sem entender como ainda estava ali. A explicação era simples: HIV. Ela tinha o vírus em seu corpo, não ativo, mas que poderia vir a causar danos. O olhar de dor que minha pequena deu ao saber disso me motivou ainda mais a querer aquela menina. O dinheiro para o tratamento poderia pesar um pouco, tínhamos dois anos de casadas e Alice havia acabado de se formar em arquitetura, não tínhamos o nosso dinheiro fixo ainda. Eu trabalhava em bicos para tentar juntar dinheiro para nossa casa e fazer minha residência. Mas o amor dela para com Rose superou isso. As dificuldades foram enormes, nem nossa família nos apoiou, como se apoiasse antes...
Quando contamos sobre ela os únicos que ficaram conosco foram Edward, meu irmão, e Jasper, meu cunhado. Meus sogros me condenaram e meus pais me deixaram por minha conta.
Cada não que ouvia deles era um incentivo, lutava para conquistar sua guarda e manter nosso casamento. Uma oportunidade foi me dada quando um concurso para bombeiros foi aberto. Bom salário, estabilidade, era tudo o que precisávamos! Com um ano de eternas papeladas e sacrifícios, finalmente consegui passar para a prova de bombeiro, deixando meu sonho de ser médica para conseguir o nosso sonho. Era o que nos faltava. A guarda dela não tardou a chegar e já nos víamos como família antes que fizesse seus 4 anos.
Com o trabalho ganhei prestígio e Alice logo conseguiu abrir seu escritório no centro da cidade. Estávamos felizes! Para completar conheci um ótimo médico, pai de um tenente do quartel, que nos ajudou bastante. Quando Rose veio oficialmente para nossa família os dedos apontaram como armas em nossa direção. Não liguei, longe disso, protegeria minha pequena de qualquer coisa. Os remédios que ele nos passou foram vitais para o controle do vírus, Rose vive uma vida normal desde sempre, até hoje não apresentou sinais da doença, mas sabe sim dos riscos. Minha filha é ainda mais responsável por isso.
Apesar de entrar na corporação e estabilizar, somente cinco anos após meu ingresso que voltei a praticar medicina. Fiz minha residência e me especializei em traumas. Óbvio. Poderia estar agora no melhor hospital de NY, mas essa profissão me fascinou, salvar vidas que importava e não me interessava onde.
— Confia nele? – Fui direta ao assunto primordial. Todos os quais Rose começava um namoro a abandonava quando ela não transava de primeira ou contava sobre o vírus. Ver minha filha chorando por conta de um moleque... Sim, de matar! Sorte eu ser bombeira e não policial...
— Mãe... – Abaixou a cabeça.
— Vocês transaram? É isso que quero saber. – Não liguei para o Jake ali atrás.
— Não. Ele me respeita, mãe. – Vi um pequeno sorriso de lado ali.
— E a pergunta de ouro. Sabe que você é soropositivo? – Abaixou a cabeça. – Ótimo, enganando um cara por seis meses? – Negou.
— Ele sabe que sou diferente. – Ri.
— Eu sou diferente, Rose, mas você é especial, sabe disso! Sabe que não é qualquer um que vai te aceitar, que não vai ser qualquer um que vai te amar à sua maneira! Não existe tantos homens por ai! Moleques em cada esquina você encontra para transar, mas um homem de verdade para assumir os riscos... – Ficou muda.
O caminho foi feito em silencio, nem mesmo meu filho falou nada.
— Jake, vá na frente, sim? – Assentiu. Pegou as chaves e sua mochila. Correu para casa e vi quando fechou a porta e acendeu a luz. – Quer me dar um único motivo para tentar conhece-lo? – Arfou e negou.
— Eu sempre tive medo de dizer sobre mim.
— Só sobre você? – Ri. – Você já tem mães lésbicas, acha que só isso não assustaria o cara? – Riu de leve.
— Por que me pegaram no orfanato? – Me olhou com dor.
— Porque uma menina linda desta não merecia ser julgada por um vírus ridículo! - Tremeu.
— Sua filha de mãe viciada e pai traficante. – Ri.
— Não mesmo! – Neguei. – Você é filha de uma das melhores arquitetas que há neste país e uma Capitã dos Bombeiros! – Me olhou sorrindo.
— Você pode ser durona por fora, mãe, mas é quente por dentro. – Me abraçou meio sem jeito.
— Só por vocês. – Beijei sua testa. – Eu os amo com todo meu ser, sabe disso! – Assentiu. – Nada de ruim irá acontecer com vocês enquanto eu estiver viva!
— Você e Alice...
— A amo, é isso que quer saber?
— Não, isso até o Jake sabe... – Rimos. – Por que não voltam? – Arfei.
— Ela merece alguém melhor do que eu. – Me desfiz do seu abraço e sai do carro, peguei suas coisas e abri a porta para que descesse. – Vamos? – Suspirou e assentiu.
Minha casa com Alice, a qual deixei para eles morarem, era enorme. Dois andares com 5 dormitórios. Foi planejado por Alice, cada canto. Já essa... Bom, foi a mais barata que encontrei e que tinha 3 quartos. Meu salário era bom,, mas não lá grandes coisas. Minha vida diariamente estava em risco por pouco mais de 18,50 dólares a hora. Eu estava em plantão 24 por dia, 7 dias na semana e 30 dias ao mês. Meu único momento de paz era nas férias de 15 dias que tirava a cada dois anos. Mais um motivo para ela ter saído de minha vida, nem eu me suporto as vezes.
— Estou com fome! – Jake reclamou assim que entramos.
— Eu faço. – Rose se prontificou, suspirei aliviada e ela riu.
— Jake, arrume as coisas e troque de roupa. – Retirei minha farda de cima e fiquei somente com uma blusa branca.
— Sabia que é um charme esse uniforme? – Ri da minha filha.
— Todas falam isso. – Pisquei e gargalhou. – Vou te ajudar. – Entrei na cozinha com ela e beijei sua bochecha.
— Você pode ir cortando os legumes e a carne, vou adiantando o resto. – Fiquei desconfiada.
— Tem receio? – Ficou muda. – Um dia morará sozinha ou casará! – Fiz careta nesta ultima, riu disso.
— Se eu tomar meu sangue não acontece nada. E me casar... bom, vai demorar. – Riu sem humor.
— Você tem que parar com isso! – A repreendi. – Tome, faça você o que me falou. Vou fazer o macarrão e arroz. – Tomei a frente e sabia que havia revirado os olhos. – Por que não coloca uma música? – Indaguei.
— Boa! – Pegou o celular e ligou no máximo. Ri quando a vi balançando o corpo para lá e para cá, curtindo o som e rebolando.
— Não quero nem pensar o que você faz nessas baladas. – Riu e me puxou para dançar também.
— Sei que arrasa na pista também, Capitã! – Ri.
— Já foi meu tempo, sabia? – Acabei me deixando levar.
— Você dança bem! – Elogiou.
— Acha mesmo que me casei com a primeira com quem beijei? Por favor. – Pisquei e ouvi sua gargalhada.
— Você deveria arrasar corações, não? – A girei e parei de balançar o corpo quando a música mudou.
— Nunca fui santa, filha. – Parei e olhei em seus olhos. – Me deitei com muitos e muitas antes de encontrar sua mãe, minha cama nunca ficava fazia, a não ser quando me cansava. – Riu levemente. – Por isso sou tão chata. – Acariciei sua face. – Cometi muitos erros, não quero que passe por isso também.
— Não quer uma filha rodada? – Ergueu a sobrancelha.
— Filha, sexo é a melhor coisa do mundo, eu te garanto! – Gargalhou. – Com quem ou com quantos transa não é problema meu, na verdade é de ninguém! – Ficou corada. – Mas infelizmente nos julgam, e eu não quero isso para você. – Acariciei sua face. – Sei que possui mais liberdade com Alice do que comigo, mas...
— Eu te conto tanto quanto a ela, mãe. – Sua vez de acariciar minha face. – Já tive momentos intensos, não vou negar, mas não tive coragem de... – Ficou vermelha e abaixou a cabeça. A ergui com cuidado e sorri.
— Você é linda, perfeita, não tem que ter medo. Só cuidado! – Suspirou. – Não se prive da felicidade por conta disso, sabe que...
— Sei sim, mãe! – Suspirou.
— Só não quero minha princesa triste e privada de um ato carnal tão prazeroso! – Sua vez de rir. – E pode ter certeza que nunca irei te julgar. Podemos até competir. – Riu alto, chamando atenção do irmão.
— Seria interessante se não existisse Alice. – Piscou e revirei os olhos. – Você não beijaria outra mulher. – Beijou minha bochecha. – E uma mãe normal diria para eu nunca transar!
— E eu sou uma mãe normal? – Indaguei a abraçando por trás e beijando seu pescoço.
— Não mesmo! – Assenti.
— Então pronto, respondido! – Sorriu de lado e voltou a balançar o corpo com a música. Soltei-me dela e voltei para o fogão a deixei dançando com o irmão quando o mesmo desceu.
— Aqui está quase pronto, e ai? – Quis saber.
— Só falta mais um... AH! – Jake pausou a música quando ouviu um grito da irmã. Olhei para trás e a vi com a mão sangrando. – Não! – Gritou desesperada quando o irmão tentou ajuda-la. – Não encosta em mim! – Pediu chorando, não sei se de dor ou vergonha. Fiquei calma, não era a primeira vez que isso acontecia.
Olhei para cima e vi minha caixa de luvas, coloquei um par e andei em sua direção.
— Jake, pegue o kit de primeiros socorros, por favor.- Assentiu e subiu as escadas correndo. – Deixe-me ver isso. – Negou. – Rosalie, anda. – Suspirou e me deu a mão. – Calma, foi nada. – Sorri para ela.
— Só perdemos todos os legumes! - Ri.
— Isso é o de menos. – A levei para fora e lavei sua mão com agua que havia ali. – Você sente muita dor? – Negou.
— Mãe! – Jake me entregou o kit e agradeci. Passei um soro para lavar melhor e álcool para evitar mais problemas.
— Ai. – Assoprei e riu. – Você ainda acha que sou criança, não é? – Assenti quando peguei os gases e fiz um curativo em sua mão.
— Minha eterna criança. – Joguei as luvas dentro de uma sacola especial e me virei para ela. – Tem uma mãe médica, sabe que não precisa ter medo. – Pisquei e ganhei seu sorriso. - Pode deixar que limpo lá dentro, vá ficar na sala com seu irmão, em 20min o jantar sai. – Assentiu e foi com o irmão. – Crianças...
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