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História Shot - Uma tempestade sem chuva


Escrita por: Hypnoss_

Notas do Autor


To sem ideias para aqui (como sempre, né), conversamos mais lá em baixo.

Capítulo 13 - Uma tempestade sem chuva


Fanfic / Fanfiction Shot - Uma tempestade sem chuva

Por: Yuri

                Acordei desnorteado sem saber direito onde estava até sentir o calor sob meu corpo e notar a respiração compassada de Dimitri esquentando meu cabelo a cada expiração e o cheirando a cada inspiração.

                Meu corpo se moveu quase que contra minha vontade e senti as mãos dele acomodarem-se a mudança e continuar abraçado a mim. Ele não tinha acordado, o que era algo um tanto estranho. Sabia que ele tinha sono leve pelos horários que já o havia despertado com mensagens.

Seu cheiro chegou ao meu olfato. Era forte e puxado para o álcool [o perfume que sempre usava] e não poderia mais combinar com ele. Forte, mas sucinto e não invasivo. Era um cheiro comedido, pois enquanto tomava meu corpo parecia pedir permissão e eu só conseguia dar-me mais e mais.

Aquilo me preocupava. Não era saudável dar-se daquele modo, era? “De qualquer modo, não importa: não vou parar com isso enquanto não sentir que me faz mal…” pensei tentando me convencer de ignorar o pouco de razão que algum dia tivera.

Um de meus braços estava cruzado até o meio do peito enquanto outro estava atrás de sua cabeça. Dormíamos um virado para o outro, mas ele tinha chegado para cima para dormir com o nariz em meus cabelos. Eu ri com o sentimento e não notei o Cachorro na sala. Lembrei-me de como Dimitri havia rido quando falei de Nikolai ao levá-lo até o banheiro. Era uma risada pacífica e bonita.

Acariciei seu busto com as mãos com leves alisares novamente. Um sorriso besta brotou em meu rosto. Era uma sensação cálida, como quando tinha acordado ao seu lado depois de dormir com o mesmo. Aquele pensamento fez-me lembrar de minhas vontades… Em verdade, dormir não fazia parte de meus planos para a noite, não que tivesse sido ruim, mas preferia aprazer-me de algumas outras formas.

Por alguns momentos senti apenas paz durante a manhã. Era indescritível, mas ouvi um bater de pratos vindo da cozinha e uma leve maldição pronunciada sem pudor. “Já estão em casa?” pensei.

Levantei-me tentando não acordá-lo e olhei para a janela. Os raios de Sol respingavam por ela e me espreguicei. Assustei-me quando achei Nikolai lavando os pratos e não acreditei na cena. O moleque fazendo algum trabalho? Isso que podia ser chamado de milagre.

— Então, aonde escondeu Nikolai, Alien?

— Viu só? — Ele respondeu falsamente ofendido. — Quando tento agradar sou chamado de Alien.

— Conta outra, cachorro…

— Acredite em mim, irmão lindo! — Ele falou ainda no mesmo tom de deboche.

— Quebrou algo em meu quarto? — Falei desconfiado.

— Não!

— Na cozinha?

— Não!

— Na casa?

— Não!

— Não tenho dinheiro…

— Não quero.

— Que merda você fez?

— Talvez eu só tenha achado vocês fofinhos e resolvido fazer o café. — Ele deu de ombros como se ele o fizesse sempre. — Não pode?

Revirei os olhos rendido. Estava demasiado em paz para me preocupar com o surto repentino de Nikolai. Peguei um pão recém-esquentado que estava sobre a mesa e mastigava um pedaço enquanto observava Nik lavando a louça quando a campainha tocou sonoramente.

— Nossos pais? — Perguntei para ele. Eles já teriam ligado se fossem voltar.

— Acho que não! — Falou entediado e virou para mim. — Abre lá!

Levantei e concordei com a cabeça. — Já volto. — Não estávamos esperando ninguém, de modo que era estranho alguém estar ali, ainda mais àquela hora da manhã e sem nenhum aviso prévio. Quando cheguei à porta e girei a chave ouvi um bater ritmado na porta com os pés. Uma batida longa, uma curta e mais duas longas. Pouco tempo depois a sequência recomeçava. Aquilo era “y” em código Morse. Estreitei os olhos e agilizei as mãos para abrir a porta.

Não acreditei em meus olhos. Fazia tantos anos desde que o vira. Ele ainda era mais alto que eu… Parecia não querer parar de crescer, tinha por volta de 1,80 e seus cabelos haviam escurecido um pouco ganhando um tom de madeira de eucalipto, mas ainda claro.

Seus olhos verdes e profundos como os meus me olhavam curiosamente de cima a baixo, provavelmente procurando o Yuri de cabelos curtos e gestos extravagantes. Ele parecia tão chocado quanto eu. Havia tanto tempo que não nos víamos, e mesmo com este tempo ao ver a face dele descobri que nem um grama de meu carinho por ele havia sumido.

Encarávamo-nos como se procurássemos os adolescentes que éramos. Ele não tinha mudado o corte, deixara o cabelo crescer desde seu último corte militar, como se fosse apenas para aquele momento. Sua mão incerta foi até meu pescoço, acariciou a faixa e ele deixou-se rir enquanto eu sentia uma lágrima brotando no rosto.

Quando ele percebeu nenhuma relutância tomou meu corpo num abraço e eu também o fiz. Sua voz reverberou mil vezes em minha cabeça:

— Ainda é um pedaço daquilo que é mais importante, Yu! — Sua voz estava embargada, como se ele quisesse impedir lágrimas de rolar.

— Era uma lembrança dolorosa também! — Respondi chorando e quase soluçando. — Senti saudades, Kai!

Ele se abaixou um pouco se afastando e limpou minhas lágrimas com os olhos como fazia sempre:

— Ainda fica mais bonito sorrindo, Yu! — Falou saudoso.

— Kai?! Não ia chegar amanhã?! — Perguntou Nikolai absorto.

— Um minuto. — Ele sussurrou para mim antes de me soltar e correr na direção de Nikolai.

Ele abraçou Nikolai e o levantou nos braços como fazia tantos anos antes. — Você ficou pesado demais, Nikolai!

— Me solta, Kai! — Falou rindo. — Aposto que Ruivinha está com muito mais saudades.

A palavra “Ruivinha” pareceu o fazer lembrar algo. — Lembra que você adorava que eu o botasse de cabeça para baixo, Buldogue?

— Não me chame de buldogue, seu Cabeça de Coalhada! — Ri da situação e lembrei que eles adoravam se insultar… O Cachorro tinha uma língua ferina quando estava perto de Kai.

Nik se debatia tentando se livrar do abraço apertado quando Mikhail decidiu por soltá-lo. Ele virou-se para o sofá e percebi que Dimitri se levantava com um rosto de confusão e sono.

— Gastrov? — Perguntou Mikhail olhando para o rosto de Dimitri e o clima parecera pesar uma tonelada a mais. — Dimitri Gastrov? O que diabos você está fazendo aqui?

— Você conhece o Dimitri? — Perguntei confuso.

— E você também! — Respondeu por impulso. — Ele era um dos infelizes que lhe chamavam de “Ruivinha” também, se não lembra! O que ele está fazendo aqui?

Procurei na mente uma informação sobre aquilo, mas não achei. Eu costumava ignorar a maioria daquelas críticas, embora muitas vezes tivesse crises de choro nos ombros de Mikhail. Os olhos de Dimitri estavam em estado de emergência enquanto ele parecia lembrar-se de algo e Nikolai estava quase desesperado. Eu estava mais confuso que qualquer outra coisa enquanto Mikhail parecia um tanto irado.

— Eles tão juntos, Kai! — Respondeu Nikolai tentando fazer o clima tenso se aplacar.

— Me diz que isso é uma brincadeira de mau gosto, Yuri! — Falou mantendo a calma. — Você e ele? Lembra que uma vez esse cretino o fez chorar toda uma tarde?!

Ao que parecia terem me chamado de “Ruivinha” por muito tempo havia marcado Mikhail até mais que me marcado, entretanto mediante aquele comentário eu lembrei-me de Dimitri. Ele era bem mais alto que nós dois da época e um ano mais velho. Seus cabelos e olhos já eram cor de ônix, mas eu nunca tinha associado ambos. Eu sabia que ele se chamava Dimitri Gastrov, mas não sabia que o Dimitri da escola assim se chamava.

Não sabia dizer se aquilo era algum tipo de tendência masoquista ou paixão, mas ainda não o conseguia olhar com raiva. Ele não era o mesmo da escola. — Kai, por favor… Não complique o que não precisa ser complicado.

— Não precisa ser? — Falou com uma voz indignada.

— Nós éramos adolescentes, Mikhail! — Disse tentando manter a calma e não me deixar pelo ambiente. — Não tínhamos certas noções, e eu gosto de Dimitri… Embora ele fosse um imbecil quando era adolescente.

— Masoquismo, Yu? — Falou me olhando como se lesse minha mente. Parecia tão confuso quanto eu com a ideia.

— Não sei, prefiro pensar que uma segunda chance ou que ele mudou!

Dimitri olhava aquilo tudo sem saber o que responder. — Não vou discutir com você sobre isso, Yu! — Falou e eu murmurei um “obrigado” em resposta. — Mas eu sinto que ele ainda vai fazer você chorar… — Depois se virou para Dimitri com uma pose quase militar. — Se considere ferrado se fizer Yuri chorar de novo. Ouviu bem, Gastrov?

Ele suspirou e respondeu tentando manter a calma. — Acalme-se, cara. O Yuri tem vinte anos… acho que ele não precisa de uma babá!

Aquilo pareceu acertar Mikhail em cheio que simplesmente deus as costas a Dimitri. Foi até a porta. — Acho que é melhor eu visitar Miranda primeiro, não? — Falou sorrindo vigorosamente. — Me ligue quando estiver sozinho… — Falou em meu ouvido. — E tome cuidado, Yu!

— Vou tomar, Kai! — Falei correspondendo ao seu gesto fraterno. — Yvan e D. Olga vão querer te ver quando chegarem… então, não suma!

— Nunca mais! — Ele respondeu olhando firmemente em meus olhos e saiu. Fechou a porta com um “tchau” não dito, mas entendido. Ele voltaria.


Notas Finais


Desculpa a demora e o capítulo curto, tive um problema criativo com esse capítulo, mas acho que não voltará a acometer, e também estou escrevendo 2 fics agora.
Comentem e favoritem, não tenho muitos adendos a fazer além das desculpas
Beijinhos, caros leitores.


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