História Shot in the Chest: Bangtan e eu - Um "mix de ingenuidade e paixão"

Que sorte a nossa não ter uma nuvem sequer no céu...

Que azar o nosso tanta poluição! Ela atrapalhou um pouco...

_ O Brasil é quente, né? – disse Namjoon, ainda olhando pra cima.

_ É o que se espera dos verões...

Ele sorriu, e as suas covinhas se formaram nas bochechas, que mesmo em má iluminação, ficaram perfeitamente marcadas, me fazendo sorrir também.

_ Hoje mais cedo... – agora ele olhava adiante, para as luzes da cidade – tocava uma música em seu quarto.

Tentei balançar a cabeça e me concentrar. Eu estava experimentando um amontoado de sensações que eu não conseguia definir direito.

­_ Ah... sim... música – puxando da lembrança e refazendo os fatos ocorridos anteriormente, pude identificá-la – ah... acho que era do Leoni... “Garotos” – eu disse em português.

Ele me fitou e eu entendi que ele esperava uma tradução.

_ Sonyeon – eu disse, finalmente.

Ele voltou a olhar os prédios, pensativo.

­ ­_ Ele fala como um adolescente nessa canção... como se sente diante de alguns aspectos que chamam muita atenção em uma garota. Como os rapazes estão a mercê da beleza e dos trejeitos das moças. Acho que é alguma coisa nesse sentido – tentei explicar a letra.

_ Você disse que era uma das suas preferidas... – ele se aproximou e me olhou nos olhos – por que? Por que gosta dessa música?

Eu senti minha respiração se desorganizar, e minha mente ficar em branco.

Nem em cem anos eu poderia imaginar uma situação como aquela.

Não... ok... imaginar, eu imaginava sim, haha. Imagina muito.... eita, como eu imaginava!

Mas enfim.

Era um misto de anestesia e euforia único.

Estaria eu drogada?

_ Ah... – arfei, como se soubesse o que estava dizendo – eu gosto da melodia... – tentei pensar na musica, e somente na musica – ela me traz uma sensação boa... acho que a voz dele, o como tudo se encaixou... e esse mix de ingenuidade e paixão na letra... é o tipo de coisa que me atrai.

Ele assentiu e se virou em direção a porta que dava para dentro do corredor.

_ Boa noite, S/N – ele ergueu uma mão, mesmo de costas, e continuou avançando para a porta.

_ Boa noite, Namjoon! – eu disse, aumentando muito a voz, temerosa dele não ouvir.

Eu vi ele sumindo pela porta... e eu de cá, ainda tentando entender o que havia acontecido.

“Será que ele não gostou da minha resposta?”

“Talvez ele esperasse mais de mim quando me viu...”

“Eu realmente sei estragar tudo, mas que bosta, S/N! você é uma anta!”

Esses  pensamentos me atordoavam enquanto eu voltava para meu quarto.

“Mas que espécie de jumenta responde para um produtor musical: eu gosto do mix de ingenuidade e paixão”

“E o que foi aquilo de apresentar o céu pra ele? S/N, na fila da breguice, você repetiu umas dez vezes. Alguém me mata”

Eu continuava a me debater em pensamentos e dar tapas na cabeça, quando finalmente cheguei ao meu corredor.

Parado a porta do meu quarto uma figura conhecida.

As mãos ainda nos bolsos, o olhar para baixo, o cabelo perfeitamente alinhado.

_Namjoon?

Ele se voltou para mim e tirou as mãos dos bolsos.

_ Posso ajudar você em alguma coisa? – tentei entender aquela nova situação.

_ Eu estava me perguntando... desde o primeiro minuto que eu vi você no aeroporto, e hoje enquanto você trabalhava conosco... e ainda mais agora a pouco no terraço... por que? Por que você me faz ter essa sensação? – ele disse.

Eu parei de respirar.

E também lembro que não piscava.

Sei que meu queixo caiu nesse momento... e é bem provável que meus ombros tenham caído... e eu devo ter ficado com uma cara de lêmure assustado do caral**...

_ Aí eu cheguei a conclusão de que “eu gosto da melodia” que sai de você... “me traz uma sensação boa”... acho que é “esse mix de ingenuidade e paixão”... descobri que isso muito “me atrai” – ele disse sem tirar os olhos dos meus nem por um minuto.

Quando eu me dei conta, estávamos mais próximos do que poderia descrever minha vã filosofia...

Eu já sentia seu perfume com fervor e ainda não conseguia piscar ou fechar a boca diante de suas palavras.

Talvez eu devesse rir... rir é sempre bom.

Talvez eu devesse me desmanchar no chão.

Talvez eu devesse...

Ele me puxou.

Quando eu senti seus lábios nos meus, calor de sua boca e o envolver de seus braços, eu definitivamente entrei em transe. Estava hipnotizada.

Não lembro direito o que aconteceu, mas lembro da minha mão abrindo a porta do meu quarto... de entrarmos no meu quarto ainda nos beijando... de eu fechando a porta do quarto, com o beijo ainda acontecendo...