História Show Me - Sr. Complication

Justin fecha a cara pra mim e novamente vira para a janela. Homens estranhos e difíceis de se socializar. 
Chegamos no restaurante e Justin abre a porta para mim com aquele sorrisinho no rosto. Ele é bipolar, só pode. Nunca vi uma pessoa mudar de humor tão rápido igual a ele. O restaurante tem uma fachada em branco escrito ''Travelin On The Green''. Há flores no corredor da entrada até lá dentro, mesas redondas com um pano verde e branco, o chão é de madeira e uma música bem melancólica toca suavemente. Uma mulher loura com um coque no cabelo, calça jeans definindo suas coxas grandes e bem definidas, olhos verdes, coturno preto e uma camisa escrita com o nome do restaurante vem nos atender. Ela parece conhecer o Justin. Esse sorriso dela para ele não me agrada muito.

— Olá sejam bem vindos, sou Meredith. — nos cumprimenta animada. 
 
 Ela sorria de orelha a orelha e olha para o Justin de um jeito estranho. Olho para o Justin e ele está sorrindo levemente para ela também. Pelo pouco que o conheço, já sei que ele não é de fazer isso, então ou ele já a conhece, ou ele achou ela interessante. Tudo bem, Grace, pare de pensar titica de galinha. Para começar você nem namorada dele não é.

— Obrigada Meredith. — Justin a agradece formalmente.

— Vocês tem preferência de mesa? — pergunta agora mais formalmente. Justin meio que congela as pessoas quando está sendo formal. 

— Perto a janela. — Justin fala com uma das sobrancelhas arqueadas. Ok, isso é charme.

— Boa escolha. — ela sorri empolgada. — Me acompanhem, por favor.

 Ela sai andando e Justin pega na minha mão. Meu corpo entra em colapso ao sentir seu toque. Justin e seus estranho efeitos sobre mim. Caminhamos em direção a mesa e Justin puxa a cadeira para que eu me sente. Adoro seu lado cavalheiro. Ele dá a volta na mesa, abrindo o botão de seu blazer ao se sentar. Passando os dedos entre seu topete completamente arrumadinho e brilhoso, ele me encara  fervorosamente. Sinto meu rosto começar a ficar vermelho, droga. Justin dá um leve sorrisinho ao perceber que meu rosto virou um tomate.

— Qualquer coisa, me chame. — a tal da Meredith fala diretamente para o Justin. 

— Claro, obrigado. — ele sorri forçado para ela e ela sai rapidamente dali. Graças a Deus, pensei que ia ficar aqui até terminarmos de almoçar. Pego o cardápio que está sobre a mesa.

—  Conhece ela ? — pergunto passando os olhos no cardápio.

— Sim. 

—  De onde?

 Justin me olha e sinto sua raiva no olhar. As vezes eu fico com medo desse homem, parece que ele quer me dar um soco por cada pergunta que eu faço. Não posso fazer nada se ele não me fala praticamente nada a respeito dele.

— Sua curiosidade ainda te mata Srta. Bannit.

— Só queria saber Sr. Bieber, você não me fala sobre você muito menos sobre as pessoas que conhece.

— Gosto de sigilo.

— Isso já deu pra perceber.

 Ele só me encara e respira fundo, soltando o ar dos pulmões com força. É, nossa relação vai ser bem difícil mesmo.
 Fico tentando decidir se eu quero comer. Fico em dúvida entre peixe grelhado ao molho de camarão ou peixe grelhado ao molho madeira. Bom, ao molho madeira é muito bom, então vai ser isso. Digo ao Justin o que eu escolhi e ele chama a 'Meredith' para fazer o pedido. Enquanto ela anota os pedidos fico tentando ver como o Justin olha para ela, mas ele está olhando para outro canto do restaurante. Sinto vontade de me virar para acompanhar seu olhar, mas não vai ser uma boa ideia. Aliás, ele percebe tudo. Ela sai da mesa e ele volta o olhar para mim, desvio o meu do dele envergonhada por ficar observando ele enquanto ele olha para outro lado. Fiz isso na noite passada e foi bem constrangedor, apesar de eu gostar de ver ele distraído com alguma coisa.  
 Nosso almoço chega uns quinze minutos depois. Começo a comer sem pensar duas vezes. Minha fome está igual fome de leão enjaulado por quase uma semana. 

— Coma, limpe todo o prato. — dá uma garfada na sua salada.

— Claro.

 Sorri com nojo, nojo dele, meu Deus, nunca vai parar. Pude perceber Meredith observando a gente, santo Deus, o que essa mulher quer e de onde eles conhecem?

— Ela é sua ex submissa?

 Justin praticamente joga o garfo no prato e seus olhos me queimam.

— Santo Deus Grace. Não, ela não é minha ex submissa. — ele quase revira os olhos.

— Parece. — arqueio uma sobrancelha.

— Mas não é.

— Ela não para de nos observar. — encaro ela que está sentada numa cadeira ao lado do balcão da recepção.

— Está com ciúmes Srta. Bannit? Mau nos conhecemos e já está assim. — fala em tom de ironia.

— Não estou com ciúmes. 

 E não estou mesmo.

— Oh, jura? — me olha contendo um risinho.

— Juro! — o encaro.

— Semi cera os olhos. — Coma.

 Começo a comer. Resolvo parar com as perguntas, mesmo que seja difícil. Ele não fala nada sobre ele e o jeito é perguntar. Conversamos sobre algumas coisas durante o almoço. Como sobre trabalho e a minha faculdade. Justin como sempre não revela nada sobre sua vida pessoal, talvez seja apenas por que a gente se conhece apenas a quatro dias, mas mesmo sendo quatro dias, ele sabe mais sobre mim do que eu realmente quero.
 Após o almoço Justin paga a conta e vamos embora. Graças a Deus não preciso mais olhar para essa Meredith. Vamos para o carro e novamente esse silêncio enjoativo. Acho que o lema deles é 'música jamais', porque não é possível... 
 Francis segue pelo mesmo caminho que viemos até o restaurante. Justin não é muito de conversar na presença de Francis, e o que eu mais quero agora é conversar, porque as ruas de New York ficam extremamente tediosas sem música, então pelo menos preciso conversar. Será que vai ser assim sempre? Justin mandando em mim, ficando irritado com tantas perguntas, carro sem música, Justin sem falar extremamente nada para mim. Se tudo continuar nesse estado, eu poderia dizer que eu estou completamente ferrada. Será que ainda da tempo de desistir disso tudo?
 Francis para em frente ao meu prédio alguns minutos depois. Justin sai do carro, dá a volta e abre a porta para mim. Salto para fora do carro e caminhamos para dentro do prédio.

— Quando vamos nos ver novamente? — pergunta parando na minha frente.

 A, ele quer me ver mais vezes. Isso deve ser bom.

— Não sei. — murmuro.

— Quando terminar de ler o contrato quem sabe?! — arqueia uma das sobrancelhas.

— Tenho um prazo pra ler?

— Não Srta. Bannit. Quanto tempo acha que leva pra terminar de ler?

— Não sei quanto tempo. Talvez umas duas semanas .

— Duas semanas? — me olha espantado.

— Sim. Acho que não leva mais tempo que isso. 

—  Vai demorar. — murmura estreitando os lábios numa linha reta.

 Porque está tão preocupado? É só um contrato.

— Tenho muitos trabalhos de faculdade pra fazer, Justin. E trabalho a tarde toda também. Meu único tempo para ler vai ser a noite.

— Tudo bem, posso esperar. Preciso ir, Srta. Bannit.

—  Tudo bem Sr. Bieber. — sorrio forçado.

— Até logo.

 Ele me da uma última olhada antes de sair do prédio e ir em direção ao carro. Ai ai, Sr. Bieber...

— Boa tarde Srta. Grace. — fala quase gritando e me assustando também. Odeio quando as pessoas chegam de fininho.

— Olha só, Teedog sorrindo igual uma criança quando ganha doces. — o que é bem a cara dele, ele sempre está sorrindo. — Boa tarde. — sorrio.

 Seu sorriso de negão é tão contagiante e branco que é impossível não sorrir com ele.

— Josh esteve aqui.

— De novo? O que ele queria?

— Não disse, só disse que queria falar com você. Até liguei cinco vezes mas ninguém atendeu.

— Ele não apareceu na faculdade hoje. 

 O que é estranho. Josh nunca faltou antes.

— A não? 

— Não.

— Pois é, ouvi ele no telefone e ele falou em viagem.

 Josh e viagem, combinação perfeita. Para onde ele vai?

— Obrigad Teedog. Vou subir, tenho algumas coisas pra fazer.

— O segundo elevador pifou. — diz.

— De novo?

— Aham. Vá pelo primeiro, se ele não parar também. — dá uma risadinha.

— Tomara que não.

— Então está saindo com o Justin Bieber. — ele fala antes que eu saia dali. Seu olhar soa curiosidade.

— Não. Só almocei com ele. — sorrio educadamente. 

— É sair. — ele ri.

— Até mais Teedog. — sorrio e jogo um beijo para ele enquanto saio andando na direção do elevador. Deus me livre ele perguntar alguma coisa do Justin e eu soltar alguma bomba.

 Pego o elevador e torço para ele não parar no meio do caminho. Por ser um prédio de três estrelas, deviam ter mais cuidado com os dois únicos elevadores daqui. Ao chegar no meu andar, ando rapidamente para o meu apartamento, que está completamente vazio sem a Béca. Ela deve ter ido para a casa do Louis, assim espero. Vou para o banho, me livrar da tensão que é estar perto do Justin por mais de meia hora. Justin está mexendo comigo, e não devia ser assim. Não posso me apegar, muito menos me apaixonar por um cara que quer apenas transar comigo e nada mais que isso. Eu não sei porque entreguei minha virgindade a ele, foi um erro e tanto. Devia ter parado para pensar um pouco. Me deixei levar por aqueles olhos, por aquela boca e pelo seu jeito completamente sedutor. E quem não se deixaria? Justin tem um jeito todo dele, algo diferente, que é difícil de achar em outro homem. Começando pela parte dele ser um dominador. Porque eu me atraí por esse tipo de homem, que quer esse tipo de relação?
 Mais tarde, após ter tomado meu banho, recebo uma ligação do Teedog pelo interfone. Josh está aqui de novo, o que ele quer falar comigo deve ser bem urgente mesmo. Ele toca a campainha do meu apartamento e vou correndo atender.
 .

— Oi Grace. — me abraça sorrindo.

— Oi Josh. — sorrio.

— Vim aqui ontem e você não estava. — passa andando logo ao meu lado.

— Teedog me contou. — fecho a porta.

— Então, tenho uma novidade.

 Josh se joga no sofá e bate a mão logo ao lado dele para que eu me sente. 

— O que é? — me sento.

— Sabe aquela viagem que foi marcada para Dubai semana retrasada?

— Sei, o que tem ela?

— Eu vou para lá sábado. — sorri como uma criança quando ganha doces. Que bom que ele vai, estou feliz por ele.

— Que legal, Josh. — sorrio.

— E você vai junto. — me encara.

— O que? Não. Está brincando? — pergunto incrédula e contendo um sorriso.

— Não Grace, você vai. — sorri.

 Puta merda. Dubai. É sério isso? Aonde eu coloco minha alegria?

— Ai meu Deus. — grito e me jogo em cima dele num abraço apertado.

— Então amanhã comece a preparar suas malas.

— Mas não era sábado? — me solto dele o encarando.

— Sim, nós vamos sábado para Dubai, mas antes passaremos em outro lugar.

— Que lugar Josh?

— Surpresa. — pisca para mim.

— A não, conta. — faço beicinho.

— Surpresa é surpresa Grace.

— Reviro os olhos. — Tudo bem. Quanto tempo ficaremos lá?

— Provavelmente duas semanas.
 
A faculdade!

— Mas e a nossa faculdade?

— A gente já está na etapa final, nos formamos daqui dois meses e os trabalhos são para o final do mês.

— Mas a gente precisa antecipar eles.

— Grace, você se preocupa tanto com isso. Conseguimos finalizar sem estresse. — sorri na intenção de me tranquilizar. Não deu certo.

— Tem certeza?

— Tenho. 

— Eu não tenho dinheiro Josh.

— Isso não é problema. Porque já está tudo pago. 

— Meu Deus, você é um anjo. — dou mais um abraço nele.

—  Duas semanas em Dubai. — ergue os braços para cima sorrindo.

— Duas semanas em Dubai. — imito ele.

 A não. 
 Justin!

CONTINUA...