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História Show Me How - Michaeng - Following Her


Escrita por: hiraivodka

Notas do Autor


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Capítulo 6 - Following Her


MYOUI MINA

 

Eu me mantive em silêncio, esperando ela tomar a iniciativa de me botar a par da situação. Mas o problema é que ela também se manteve em silêncio, e apesar de eu ter sido relativamente boa em conter minha curiosidade até então, agora eu estava nervosa demais para pensar em me controlar para não perguntar.

— Chaeyoung, me explica o que está havendo.

Ela se levantou rapidamente e me tomou pelo braço, começando a andar na direção da esquina naquela rua praticamente deserta.

— Chaeyoung...?

— Quieta, princesinha.

E lá estava o maldito apelido.

Suspirei e deixei que ela me guiasse, preparada para uma longa caminhada, mas ela parou ao virar a esquina do prédio e olhou em volta. Parecia completamente atenta, prestando atenção nas direções com a testa levemente franzida enquanto seus olhos analizavam cada centímetro daquelas ruas. Algumas pessoas passavam por ali, assim como alguns raros carros, e do outro lado da rua também havia pessoas sentadas no chão com as mãos esticando na direção de cada pessoa que passava por elas.

E então Chaeyoung começou a resmungar.

— Não podemos voltar para Jihyo e Nayeon, não voltarei a botá-las em perigo... — ela parecia resmungar para ela mesma, mas mesmo assim tentei apurar meus ouvidos para prestar atenção. — Tudo bem, só temos uma opção. Não podemos pegar os metrôs por conta dos sistemas de reconhecimento facial e provavelmente a segurança vai estar intensificada.

Chaeyoung virou para a direita, de onde nós viemos.

Seus olhos passaram pelas três ruas ali visíveis no cruzamento. Ela fechou os olhos e franziu mais forte o cenho como se estivesse tentando se lembrar.

— Transporte público. Transporte público ilegal.

Então ela se virou para a esquerda.

— CTI.

— CTI? — resmunguei pois a sigla me remetia ao local no hospital de dentro do Palácio onde ficavam os casos mais graves de pessoas importantes doentes.

Chaeyoung olhou de canto de olho pra mim.

— Transporte público, definitivamente — de novo sua voz saiu baixa como se falasse sozinha, e dessa vez com um pequeno tom de ironia que eu senti ser direcionado a mim. — Vamos, princesinha.

Chaeyoung tomou a dianteira voltando da direção que viemos me fazendo suspirar pois sabia que não adiantaria perguntar nada pra ela naquele momento. Ela não estava afim de me responder e estava muito mergulhada em si mesma.

Mas então ela disse algo, quebrando o silêncio.

— Já temos um novo destino, tenho certeza que você vai gostar ainda mais. — Eu não tinha certeza se ela falava a verdade ou apenas estava me zoando, mas seu tom insistia em insinuar a segunda opção. — Porém você terá que passar por algo que não está acostumada.

Eu não estou acostumada com cada passo que dou aqui fora. Dormir onde eu dormi, comer o que comi, andar por onde andei, respirar o ar que eu respirei, falar com as pessoas que eu falei, tudo era novo e fora do meu usual. Eu de fato não estava acostumada com nada fora dos limites da minha casa. Da minha antiga casa.

Fazia pouco tempo, quase nada, desde que eu fugi do Palácio e descobri como a realidade aqui fora é diferente. Mas eu não pretendia voltar, não mesmo.

Melhor esse mundo desconhecido ao invés daquele mundo que eu conhecia cada centímetro e não tinha liberdade alguma para ser eu mesma.

Bom, pelo menos eu achava que conhecia cada centímetro daquilo.

Eu me mantive seguindo Chaeyoung por inúmeras ruas nas quais ela virou, me fazendo me perguntar como ela gravava tudo aquilo, tantos lugares com tantos caminhos diferentes.

E pensando sobre isso me intriguei comigo mesma. Chaeyoung não estava segurando meu braço, me arrastando nem algo do tipo. Eu estava a seguindo. Por que? Eu poderia virar em qualquer rua sem que ela me visse uma vez que andava a minha frente sem sequer olhar para trás para checar se eu me mantinha lá.

E porque ela fazia isso? Porque obviamente ela sabia. Ela sabia como eu, sua princesa, não conhecia nada além dos muros do meu Palácio. Não conhecia absolutamente nada. Se eu virasse em alguma rua e resolvesse seguir sem Chaeyoung, eu seria pega em pouco tempo. Seguindo Chaeyoung, eu tinha certeza de que estaria indo a algum lugar onde teria segurança, uma vez que ela não me entregaria pois assim também estaria se entregando.

E em momento algum ela me obrigou a segui-la. Ela realmente não olhou para trás até chegarmos no lugar em que ela queria. Então eu podia achar que não, mas eu tinha sim a opção de fugir. Chaeyoung não estava me forçando a ficar com ela como eu imaginei desde o início. Isso não era um tipo de sequestro. E eu não fugia. Porque eu não queria.

E Chaeyoung sabia disso.

E quanto mais eu pensava sobre isso, mais eu me intrigava com Chaeyoung. Mais minha curiosidade sobre ela aumentava, e mais eu tinha vontade de mergulhar no fundo do poço do seu olhar misterioso mesmo sem saber o motivo ou sem ter noção do que encontraria.

Ela pegou na minha mão naquela rua mais movimentada, não foi uma pegada forte, e não foi no meu braço. Foi na minha mão, e ela me guiou para dentro do que parecia uma loja de ferramentas bem caidinha.

Fiquei feliz por ela ter pego na minha mão pois a cicatriz em meu braço começava a latejar de dor novamente.

Ali dentro o movimento era obviamente bem menor do que lá fora, e o local tinha cheiro de ferrugem. As próprias ferramentas expostas na parede para compra estavam enferrujadas.

Tinha um balcão no fundo da loja onde um senhor cabisbaixo estava sentado do outro lado.

Na roupa dele dava para se ler Hasegawa, um sobrenome bem comum em Tsuyoitochi. Ele levantou o olho para a gente, um olho cheio de histórias e olheiras também, mostrando o cansaço. Os cabelos grisalhos quase ralos e a barba por fazer. Seu olhar desceu por nossas roupas e voltou para o rosto de Chaeyoung, que tomava a dianteira.

— Como posso ajudá-las? — Sua voz era rouca e cansada. Chaeyoung encostou sua barriga no balcão por chegar extremamente perto, soltando minha mão e falando baixo.

— Alguma encomenda para sair por agora? — Perguntou ela e um resquício de brilho apareceu no rosto do homem. 

— Qual é a de seu interesse? — Ele questionou puxando uma prancheta de debaixo do balcão e passando os olhos por ela.

— NKN31.

— Para duas?

— Sim.

— Sorte a sua, sai em 15 minutos. Estamos levando uma menininha doente com a mãe para lá, um hospital importante fica por ali e, sabe, alguns médicos atendem ilegalmente. Pobre coitada, o estado é grave, em uma dessas análises que os policiais tem feito o povo entrou em pânico e tentou escapar, a menininha foi pisoteada no meio e se perdeu da mãe. Felizmente a mãe a encontrou depois e... — ele parou quando percebeu que estava falando coisas que não haviam sido perguntadas e suspirou para si mesmo. — Perdão. Minha vida é pacata, não vem muita gente aqui. Kei!

Chaeyoung se afastou do balcão e se posicionou ao meu lado conforme escutávamos passos fortes aparentemente descendo escadas. Um rapaz mais jovem logo apareceu pela porta de madeira que ficava ali atrás. 

— Diga, pai.

— Leve essas duas para o caminhão e se possível adiante a saída, levar mais do que quatro pessoas de uma vez é arriscado. 

O rapaz mais jovem cujo nome deduzi ser Kei manteve a porta aberta indicando que deveríamos passar por ali, mas Chaeyoung não foi.

— E o pagamento, senhor Hasegawa? 

O homem franziu o cenho e depois arregalou os olhos.

— Oh, sim, me esqueci. Sou muito distraído e quando coisas assim acontecem eu me empolgo. —  Ele se abaixou para pegar alguma coisa mas parou, voltando de mãos vazias. — Quer saber, senhorita...

— Son.

— Senhorita Son. Você foi sincera comigo, poderia ter ido sem falar nada e me roubar. Mas você me lembrou do pagamento. O mundo precisa de mais pessoas como você, não vou te cobrar pelo transporte.

— Pai...

— Quieto, Kei. Você trabalha para mim, me obedeça. Aliás, Son... Esse sobrenome não me é estranho e não é nada comum. Se importaria de me dizer seu primeiro nome, senhorita Son?

Chaeyoung deu um sorriso ladino que me fez estremecer um pouco.

— Acredite em mim, senhor, você não quer saber.

Então ela me tomou pela mão e me puxou para dentro da porta que Kei segurava aberta.

...


Kei nos guiou em silêncio, parecia completamente frustrado por seu pai não ter nos cobrado nada.

Quando ele nos mostrou onde iríamos, Chaeyoung já parecia saber. Era um caminhão cuja caçamba de madeira estava cheia de feno. Ele subiu e nos ajudou a subir. Quando me puxou pelo braço eu senti ele latejando de dor de novo. Mal podia esperar para usar de uma vez a injeção de anestésica que Jihyo havia deixado no meu cinto.

No fim da caçamba, perto da cabine do caminhão, Kei ergueu um bloco de feno e colocou em cima dos outros. No chão da caçamba, ele puxou um pedaço de madeira que aparentemente ficava preso junto aos outros. Se você apenas olhasse sem saber aquilo, nunca imaginaria que sairá e daria para um chão falso.

E bom, quando se imagina uma caçamba de caminhão cheia de feno, você já não espera que seja tão grande. E de fato. O lugar que teriamos que ficar entre o chão que sustentava o feno e o verdadeiro chão era mínimo, mas felizmente crescia para dentro do caminhão, atrás dos bancos do motorista e carona, mas com um teto que eu não sei como era por fora, permitindo que apoiássemos nossos troncos ali e esticássemos as pernas para baixo do chão.

Ali avistei a menina e a mãe que o senhor Hasegawa havia mencionado. Ela estava recostada contra o tronco da mãe, claramente machucada. Sua cabeça tinha cortes e resquício de um sangue seco, sua perna estava completamente machucada também, o que me fez questionar se ela não estava quebrada. A menina chorava baixo como se já não tivesse mais lágrimas para escorrer de seus olhos e a mãe sequer olhou para a gente, parecia preocupada demais para prestar atenção nas coisas além de sua filha.

Chaeyoung sentou do lado da garota, mantendo uma pequena distância, e eu fiquei ao lado de Chaeyoung e da parede. Isso, é claro, após nos arrastarmos um pouco pelo fundo falso até alcançar ali.

O silêncio reinou. Apenas ouvíamos os pequenos soluços de choro da menina, quando finalmente ouvimos também o ronco do motor. Custou para ligar o caminhão, e depois começou a andar.

Quando deu para perceber que estávamos na rua e passávamos por alguns buracos, meu braço doía mais a cada sacolejada. Não aguentando mais, peguei a injeção de Jihyo.

Suspirei longamente puxando a manga do meu braço para cima e encostando a ponta da agulha perto da cicatriz. A anestesia não era local, ela se espalhava pelo corpo todo, o que me deixaria meio grogue pelos próximos momentos.

Quando estava prestes a empurrar a agulha para dentro, me toquei. O soluço da menina entrou pelo meu ouvido. Tranquei minha mandíbula enquanto minha mente explodia em contradições a si mesma. Enquanto um lado me dizia que eu era a princesa, e me livrar da minha dor era mais importante do que ajudar uma menina pobre, o outro lado dizia que não, não era assim. A dor da menina era infinitamente maior do que a minha, e isso era óbvio.

Eu não queria continuar com os pensamentos impostos pelo meu pai. Eu queria pensar por mim mesma. E pensando por mim mesma, eu sabia que queria ajudar a menina.

Me espremi por cima de Chaeyoung, que resmungou e não entendeu nada, mas não relutou em trocar de lugar comigo.

Ela me olhou de canto de olho e eu ignorei.

Olhei para a mãe da menina, que após perceber meu olhar, me encarou de volta.

— Você- A senhora me permite ajudar a sua filha?

A mulher apertou mais forte a filha contra o corpo.

— Não toque nela.

Eu suspirei. Puxei a máscara que cobria meu rosto para baixo e vi lentamente o olhar da mãe mudando, os olhos se arregalando.

— O-o que?

Eu mostrei a injeção.

— Por favor. Isso é uma anestesia que eu uso para diminuir a dor no meu braço — mostrei a cicatriz. — Se ela está com tanta dor, vai ajudar ela.

A mulher hesitou. Olhou para a filha, olhou para mim. Tornou a olhar para a filha.

Quando a pequena deixou escapar um soluço mais alto, a mãe mordeu o lábio inferior e esticou o braço dela para mim.

— Por favor, Vossa Alteza, ajude ela.

Eu ignorei a forma como fui tratada. Não esperava por isso.

Não era profissional como Jihyo, mas tinha noção de como ela aplicava em mim, noção o suficiente para querer arriscar ajudar a pequena garota.

Quando encostei a ponta da agulha no braço da menina e empurrei, logo também empurrando o líquido, a garota nem sequer protestou de dor. Imaginei que uma picada de agulha nem se comparava com o que ela sentia.

E não demorou muito. Seus soluços cesaram e logo seus olhos abriram um pouco mais.

— A dor passou? Mamãe, a dor passou?

A mãe sorriu em alívio.

— Sim, querida. Por enquanto.

A menina sorriu e fechou os olhos, se encostando mais contra a mãe.

A mulher me olhou e sorriu de lado a lado de seu rosto.

— Muito obrigada. Nunca esquecerei o que fez por nós, princesa.

Eu não disse nada, apenas sorri fraco e me sentei de volta no meu lugar.

Chaeyoung não disse nada, se manteve em silêncio o tempo todo. Mas um tempo depois senti sua mão pegando na minha e apertando forte.

E percebi aquilo como uma pequena manifestação de orgulho.

Chaeyoung estava com orgulho de mim?

...

Quando Kei nos ajudou a sair, estávamos em uma garagem quase deserta. Chaeyoung agradeceu a ele e começou a andar de uma vez, já me fazendo tornar a andar atrás dela.

Eu devia parecer uma pintinho seguindo sua mãe. Cada passo que ela dava, eu dava atrás.

Não vimos o destino da mãe e da menininha, apenas seguimos.

Chaeyoung não andou por muitas ruas dessa vez, mas parou na frente de um lugar grande cujo letreiro me chamava atenção.

"MINA'S NIGHTCLUB" estava escrito em letras garrafais. Aquilo me intrigou. O que meu nome fazia ali? Após olhar o letreiro e dar um sorriso de lado, Chaeyoung seguiu pela lateral estreia desse edifício com o do lado, até dar o contorno e parar atrás.

Na parte de trás não tinha o letreiro, tinha apenas uma porta com algo que parecia um interfone do lado.

Chaeyoung parou ali e digitou alguns números que eu não vi quais eram.

Logo uma voz feminina soou.

— Quem é?

— Son Chaeyoung.

Ela disse o próprio nome sem hesitação. Abaixou sua máscara e deu um sorriso travesso para a câmera ali em cima. A pessoa não respondeu mais, mas não demorou para ouvirmos o barulho da porta sendo destracanda.

Uma mulher com o cabelo loiro meio rosado apareceu do outro lado.

— Son Chaeyoung... devo acreditar no que meus olhos estão vendo?

— Sou eu em carne e osso.

— Então os boatos são reais. — Os olhos dela escaparam para mim. — A questão é, todos eles são reais?

Chaeyoung riu e esticou a mão em direção ao meu rosto. Ela desceu a minha máscara que eu tinha posto no lugar antes de descer do caminhão.

— Princesinha, conheça a dona da melhor boate existente. Minatozaki Sana.


Notas Finais


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twitter da escritora: hiraivodka


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