História Sick - Capítulo 4

Já eram 18:30 e eu não tinha mais nada para fazer. Não conseguia para de pensar em Stella, quer dizer,  aquele salto que ela havia jogado em mim mais cedo era de aço, só pode ser isso ! Eu ainda posso ouvir ela gritando meu nome, implicando por míseros 15% . Ela me xingou em umas quatorze línguas diferentes , e só Deus sabe o que ela falou de mim . 

Sempre ouvi muitos comentários sobre a China mas  o lugar em que eu estava era bem calmo e não havia uma aglomeração de pessoas mas eu sentia falta da França. Quase não consigo falar mandarim com esse sotaque forte, de nada me adianta estar aqui. Depois de fazer o meu trabalho irei voltar para casa. Sinto falta até dos subúrbios franceses, ou do matriarcado que eu costumava visitar no Brasil. Preciso fazer uma lista de lugares que pretendo visitar. 

Senti um toque suave em meu ombro e na hora eu já sabia que era a Giulia. Aquele perfume dela me acalmava completamente, e aquele sorriso gentil que ela sempre me dava me reconfortava, até porque, para alguém que passou o dia com a Stella até um soco seria uma demonstração de afeto. 

-" Como você está ? Não consegui te ver hoje " .

Desde de o trauma que Giulia sofreu , ela perdeu totalmente a habilidade de falar. É bom ver ela finalmente se comunicando em libras depois de cinco longos anos de tratamento psicológico  intensivo.  

- Eu estou bem, a Stella me proibiu de fumar, estou tentando achar algo mais interessante para fazer. Queria ter trazidos um dos meus livros comigo, não entendo direito essa língua.  

- " É engraçado ver um cara que sabe falar português, alemão, francês, inglês e japones mas não sabe falar chinês mesmo tendo estudado por um ano " - ela fez um sorriso travesso e naquela hora senti uma pontada no coração, já havia visto até a Victoria me zombando mas a Giulia.. essa é nova. 

- Vou arrancar suas mão para vc não se comunicar mais. 

- " Você não me assusta, grandalhão. Você não ousaria colocar um dedo em mim" - Ela deu um sorriso convencida,  pois tinha total certeza do que estava falando.

Em especial, ela era minha maior fraqueza, eu tinha pena e vontade de proteger um ser tão pequeno e indefeso,  ela sabe disso e faz questão de usar isso contra mim. Pelo menos ela não é besta, o que me deixa mais feliz, só assim para eu ver que os tratamentos estão funcionando .

- " ah, lembrei ! Eu vim te chamar pra jantar ! "

- Está perdendo a memória também ? Haha, que coisa ! 

- " Um dia eu vou me vingar das suas piadas sem graças " -.

Ela pegou na minha mão e saiu andando. As vezes sinto como se eu fosse uma criança, sempre sendo levado de um canto para outro para não ficar sozinho. Depois das minhas tentativas de suicídio, todos andam ficando mais alerta, o que perturba minha paz...

quem me dera uma tivesse dado certo.