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História Side to Side (EM PAUSA) - Six


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Sou imensamente grata pelos favoritos e comentários. Eu amo escrever a StS, e ver esse apoio e suporte que estão me dando ao me deixarem saber que estão gostando do rumo da história e de tudo que planejei para ela, isso me faz mesmo MUITO feliz. Então, vamos a mais um capítulo.
Espero que gostem. Boa leitura. MWAH!

Capítulo 6 - Six


Fanfic / Fanfiction Side to Side (EM PAUSA) - Six

Eu não sabia como explicar o que eu sentia toda vez que tocava nas teclas do piano. Em alguns dias eu consegui tocar cinco músicas inteiras, lembrando-me das que tocava quando mais nova e sentia-e fascinada pela atenção que eu recebia do meu professor e dos meus colegas de classe. Embora eu não tenha mais quem me auxilie, eu não me esqueci, completamente, de tudo o que ele me ensinou.

— Você está indo bem. - Living diz sorridente recostada no batente da porta. — Sua música é bonita.

— Está ai a muito tempo? - levanto-me do pequeno banco e coloco-me de pé, puxando um pouco mais para o meu rosto o meu cabelo que continuava crescendo.

— Estava colhendo alguns legumes na horta e ouvi movimentação aqui dentro. Eu sei que apenas você vem no horário contrário aos outros alunos. - ela diz e balança sua cabeça. — Como se sente?

A duas noites atrás, uma estranha sensação se apossou do meu peito. Eu não sabia o que estava acontecendo, apenas sentia-me com falta de ar, nervosa e com uma ansiedade que parecia desgastar-me por dentro, aos poucos. Lembranças ruins tomaram a minha mente, envolvendo-me em um pesadelo que eu não conseguia acordar, como se eu estivesse sendo obrigada a estar dentro dele. Living acordou no meio da noite e me abraçou. Ela só saiu do meu lado quando eu me acalmei.

Mas eu não dormia mais. Eu sentia medo de fechar os olhos e ter lidar com aquelas cenas novamente. Eu sentia medo de que aquelas vozes continuassem surrando em meus ouvidos, dizendo que eu era a culpada pela morte dos meus pais e do meu tio. Eu sentia medo de surtar a ponto de machucar outras pessoas, como a própria Living que me olhava assustada, mesmo que tentasse me trazer de volta para o mundo real.

— Estou bem. - digo rapidamente e desvio o olhar do seu. — Eu tenho que ir.

Aceno brevemente para ela e passo ao seu lado. Ando pelos corredores e sigo até a sala de Melina. Eu não apareci na última sessão, pois as minhas memórias estavam quentes em minha cabeça, e eu não tinha acesso as minhas emoções, podendo demonstrar a ela mais do que eu gostaria. Mas eu sei que contaram a ela sobre meus gritos daquela noite, e sei que terei que arrumar boas desculpas para conseguir jogá-la para longe.

— Rylee, é bom vê-la. - ela diz quando apareço em sua porta aberta. Ela ajeita seus óculos de grau e sorri de canto. — Entre, por favor.

Eu entro e fecho a porta atrás de mim. Ela estava sentada atrás de sua mesa, escrevendo algo em seu computador. Digita mais algumas palavras e vira-se para mim, ainda estava de pé, mantendo meus braços cruzados na altura dos meus seios e evitando fazer contato visual com a mulher que parecia nunca desistir de saber o que eu escondo.

— Sente-se, querida. - ela aponta para as cadeiras em frente a sua mesa. Eu arrasto uma delas para trás e me sento, esfregando minhas mãos, parcialmente, cobertas pelas mangas do meu suéter. — Eu imagino que você tenha falhado na sessão porque não queria falar sobre o que aconteceu.

Ela realmente sabia.

— Nada aconteceu. - mexo meus ombros.

— Você sabe que pode contar-me tudo, Rylee. Eu irei lhe ouvir, não irei julgá-la.

Eu queria acreditar nela.

Eu queria falar para ela.

Eu queria que ela me explicasse porque eu sou assim, tão... Quebrada, cansada e esgotada.

Mas eu não podia.

A partir do momento que ela entrar em minha mente, ela terá acesso a tudo de mim. Eu não posso permitir que ela entre em minha escuridão.

Ninguém pode entrar.

— Não há nada para falar. - pontuo. Ela suspira e balança sua cabeça.

— Certo. Tudo será ao seu tempo. - ela força um sorriso e ergue suas sobrancelhas bem feitas. — Encontrei Living no jardim essa manhã. Ela estava focada em busca de plantar flores escuras, e quando a perguntei o porque, ela disse que eram para que você se sentisse familiarizada com o seu mundo.

Umedeço os lábios.

— Ela parece estar se esforçando para ser sua amiga. - Melina sorri. — Você gosta da companhia dela?

— É tudo rosa demais. - digo e ela ri pelo nariz.

— Entenderei isso como um sim. Living é uma boa menina, ela apenas se esconde por trás do universo que ela teve a chance de criar.

Depois disso, a consulta seguiu de forma comum. Melina me deixou em sua sala por algum tempo e quando voltou mostrou-me algumas imagens para avaliar o que eu conseguia enxergar em meio a borrões. Ela me falou sobre significado de sonhos, tentando me fazer dizer-lhe o que eu vi quando sonhei, mas eu não cedi as suas tentativas, apenas a ouvi, em silêncio.

Quando a sessão estava quase terminando, curiosidade me corroeu quando eu vi sobre a sua mesa um arquivo com o nome de Justin. Estava fechado, eu só conseguia ver o seu nome, mas sabia que tinham muitas folhas e ainda mais sobre ele dentro daquela pasta.

— O que Justin faz quando desaparece do Centro? - quando dou-me conta já estou lhe perguntando.

Fazia mais de uma semana que eu não o via, em lugar algum. Eu não queria procurar por ele, não desde aquela noite que eu consegui enxergar toda a parte negra que o rodeia, e ele parecia atormentado por isso. Mas, inevitavelmente, sempre que eu estava no refeitório, eu procurava por ele em cada pessoa que passava, mas nenhum garota manco de uma perna passava por ela. Sempre que eu estava na sala de música, olhava para a porta esperando encontrá-lo, recostado e despreocupado. E toda vez que eu ia até o gramado, quando todos os outros estavam interagindo entre si, eu procurava por ele, torcendo para encontrá-lo acendendo um cigarro e o tragando.

Melina ergue as sobrancelhas. Ela retira seus óculos e dobra as pernas finas dele, guardando-o sobre sua mesa pouco bagunçada.

— Bom, isso é algo que eu não poderia lhe dizer, mas estamos chegando no ponto que eu pensei que fôssemos chegar. - ela diz e eu não a compreendo. — Rylee, isso não pode sair desta sala, tudo bem? A vida dos pacientes, tanto os meus quanto os da C.C.Y, são confidenciais. Posso confiar em você que isso será um segredo?

Apenas assinto, envolvida por todo o mistério que estávamos prestes a entrar.

— Justin foi um dos mais jovens a ser enviado para o reformatório, na época. Ele ainda era um menino quando tudo aconteceu, mas ninguém ousou expulsá-lo por mau comportamento ou jogá-lo na rua. Sua mãe era uma viciada em heroína, tentou abortá-lo diversas vezes e tentou matá-lo quando ele nasceu também. Ele tinha um padrasto, o homem era agressivo e possessivo, sempre batia em sua mãe e nele, como se para livrar-se de suas frustrações. Quando Justin completou doze anos, sua mãe morreu de overdose, ele ficou sob os cuidados do padrasto e isso durou pelos quatro anos seguintes. Então, o garoto começou a se perder. Seu padrasto estava casado novamente, teve um filho, mas sua mulher o deixou e o homem surtou, e três noites depois, ele foi assassinado por algumas pessoas que ele devia dinheiro. Justin já não morava mais com ele, vivia na rua, e foi pego após tentar assaltar uma loja de conveniência de um posto. Ele foi enviado para um reformatório da cidade vizinha, mas ele causou problemas, e foi esfaqueado por um dos outros jovens, por isso ele manca de uma perna, causaram-lhe problemas em seu tendão. - Melina coça sua testa. — Mandaram-no para cá. Ele ficou aqui, também causou problemas, mas ele acabou pensando melhor sobre seus atos quando descobriu que seu irmão estava sendo enviado para um orfanato. Ele fez que não se importou, mas ao visitá-lo no hospital, encontrando-o tão magro e pálido, seu coração amoleceu. Seu irmão tem seis anos, ainda está sendo mantido em um orfanato, mas a alguns meses, Justin ficou sabendo que ele está sendo colocado para adoção. Ele surtou, e está fazendo de tudo para que isso não aconteça. Ele tem um decreto oficial feito pelo Juiz que se ele seguir com seu bom comportamento, ele pode ver o seu irmão uma vez no mês. Então, sempre que ele deixa o Centro é para ajudar em prisões, ajudar os jovens que pegaram penas leves e mostrar que ele continua apto para estar ao lado da criança. A questão é que ele está lutando para ter a guarda do seu irmão, mas sabe que suas chances são mínimas, mesmo que ele ainda não tenha desistido.

Eu me sentia sem ar, sem fala.

Então era isso o que ele fazia quando deixava o Centro? Ele ia arrumar maneiras de conseguir ser bom para ver o seu irmão?

Eu queria saber mais sobre ele. Eu queria saber sobre a noite que Hilary e Living falaram. Eu quero saber tudo sobre Justin.

Um som desperta-me dos meus pensamentos, entregando que a minha sessão com Melina havia chegado ao fim.

— Nos vemos na semana que vem? - ela pergunta e eu me levanto, tropeçando nos braços da cadeira ao lado. — Não fique pensando muito sobre isso, Rylee. Só saiba que Justin possui um lado frágil, e aquela casca que ele criou, é tão inabalável quanto a sua. Mas até mesmo algo assim é capaz de cair quando encontramos alguém disposto a nos lapidar até encontrar o que há de melhor e mais delicado em nós.

Saio de sua sala, atordoada com suas palavras. Todas elas.

Eu não sabia o que pensar, tampouco como assimilar tudo o que descobri sobre Justin. Ele era tão destruído e devasto quanto eu, mas ele conseguia esconder isso melhor do que eu poderia em toda a minha vida. Sua forma tão livre de viver sua vida, quebrando regras e exalando perigo, tudo isso me leva a crer que ele quer intimidar as pessoas, para que elas não descubram a sua realidade cruel.

Não somos compatíveis, mas somos parecidos.

Isso me assusta.

Andei por todos os corredores e me desviei dos corpos no caminho, até que cheguei em meu quarto. Sentei-me na minha cama e fiquei olhando para o teto por alguns minutos, esperando o momento em que Living chegaria e começaria a me contar o seu dia e pela noite tentaria me arrastar até a sala para interagir com os outros membros do Centro.

Tudo aconteceu como eu imaginava, mas eu não sai do quarto com Living, mesmo com toda a sua insistência. A noite estava quente, sai do quarto apenas para conhecer as alas desconhecidas por mim, andei por toda a extensão, olhando ao redor e não encontrando muitas pessoas. Resolvi andar até as árvores, indo um pouco mais a frente.

Estava escuro, a iluminação da noite não era algo que me impedia de pisar em alguns buracos no chão e machucar meus pés calçados por chinelos, mas eu ouvia o barulho de água corrente mais a frente, e eu queria saber de onde vinha aquele som. Quando cheguei mais perto, encontrei um riacho que ia até poucos metros, mas era gostosa a sensação do frescor que havia ali perto.

Eu queria sentir a água corrente em mim.

Olho ao redor e começo a me desvencilhar das minhas roupas, jogando-as para o lado. Fico apenas com uma blusa mais curta e um short de tamanho comparável a de uma calcinha. Retiro meus chinelos e jogo meu cabelo para trás.

Aproximo-me da borda do riacho e me abaixo, colocando minha mão esquerda, sentindo o quão fria estava a água, e sorrindo com a sensação controversa que ela tinha com a temperatura do meu corpo. Sento-me e coloco meus pés dentro da água, e depois empurro todo o meu corpo para baixo, sentindo a água bater apenas até alguns dedos abaixo dos meus seios.

Dei um breve mergulho, apenas para molhar o meu cabelo. Fecho meus olhos e movimento, lentamente, meus braços dentro da água, sentindo-a cada vez mais apreciável para mim. O silêncio era algo que complementava o momento, o único som o que eu ouvia era o da água e do meu corpo movendo-se embaixo dela.

Mas sons entre as árvores e as folhas secas caídas ao chão fez com que eu abrisse os olhos e perdesse a minha tranquilidade. Estreito os olhos ao procurar por quem quer que fosse que estivesse por trás daquelas árvores, mas tive dificuldades de encontrar a pessoa, avistei apenas sua sombra e seu porte alto, causando-me calafrios e temor por não saber de quem se tratava.

Recuo através da água, procurando por uma forma mais rápida de conseguir correr e gritar por ajuda, ou encontrar algo que pudesse acertar a pessoa que ousasse se aproximar de mim. Vendo a sombra se mexer, até chegar na borda do riacho, eu senti a minha respiração acelerada prender-se, por ora, em meus pulmões, pois eu reconhecia aquele andar. Seria impossível de me confundir.

— Justin? - pergunto mais para mim do que para a pessoa.

De repente, ele para a sua caminhada. Eu não entendo, a principio, os seus movimentos seguintes, mas quando dou-me conta de que ele está se livrando de suas roupas, eu não sabia se devia correr para longe ou gritar por socorro. Nenhuma das duas opções funcionou, pois eu não conseguia me mover, apenas observava os seus atos precisos e ágeis, como se ele estivesse completamente certo do que estava fazendo.

Quando ele volta a andar, parando na borda do riacho, eu consigo ver, não só o seu rosto iluminado pela pouca luz do luar que conseguia invadir por entre as folhas das diversas árvores, mas também o seu corpo. Ele estava vestido apenas de cueca agora. Meus lábios secam com a visão vasta que eu tenho das manchas pretas e contornadas em seu corpo, suas tatuagens, as mesmas que causavam-me extrema curiosidade em toda vez que eu via o começo ou o fim de alguma delas, ficando louca para descobrir o que eram todos aqueles desenhos, o que havia por trás deles, assim como por trás de quem os possuía.

Justin não diz nada. Sem quebrar nosso contato visual, ele entra na água. Lentamente, como se fosse planejado por ele ou pelo momento em que havíamos sido presos, ele arrasta-se na água. Umedeço mês lábios e sinto a estranha fraqueza em meu corpo, causando-me estranha dificuldade de respirar, pensar ou agir.

Ele estava a um sopro de distância de mim. Nossos corpos pareciam se tocar debaixo da água, mas ao mesmo tempo era como se não nos tocássemos, nem mesmo um pouco. Dando-me conta de que eu estava completamente exposta a ele, mostrando o que eu sempre escondia por trás de roupas largas, com mangas e sem decotes, levo meu braço direito até a altura dos meus seios e clavícula.

Mesmo estando em um lugar com pouca iluminação, eu sabia que as marcas podiam ser vistas, e isso era a minha destruição particular. Todos que chegaram a vê-las, por descuidos da minha parte, sentiram nojo ou pena. Nenhum homem jamais me tocou, porque eu não permitia que me tocassem e as sentissem.

Era feio. Era constrangedor. Era doloroso.

Mas, o loiro em minha frente abaixou o seu olhar para onde eu tentava impedi-lo de ver uma das piores partes de mim, e ele ergueu sua mão, tocou o meu pulso e começou a afastar o meu braço. Eu tentei usar a minha força para mantê-lo onde estava suspenso, mas Justin era mais forte, e minhas forças não pareciam ser muitas, no momento.

Seus olhos caem nas cicatrizes que davam para ser vistas, e mesmo que elas percorressem o meu corpo, até um pouco mais do meu quadril, ele parecia estar vendo cada uma delas diante ao seu olhar que parecia incendiar-me por dentro, talvez por fora também. Ele solta o meu pulso e começa a passear seus dedos por meus ombros, e quando seu polegar toca o começo da cicatriz da queimadura, eu fecho meus olhos e os aperto, tanto que sinto lágrimas picarem meus olhos, mas elas não caem.

Ele continua contornando-as, com tanta calma que chegava a doer. Quando ele para a sua mão sobre o meu seio direito, eu ainda conseguia sentir seus dedos deslizando na parte grossa da minha pele. Vagarosamente, abro meus olhos e deparo-me com seu rosto tão próximo ao meu que eu não sentia minha respiração, e sim a sua. Ele abaixa um pouco a sua cabeça, inclinando-a para o lado direito e antes que eu possa pensar sobre seu ato, ele beija meu ombro, clavícula e seio.

Mordisco meu lábio inferior, reprimindo qualquer som que pudesse me escapar, mas o que me escapa, traiçoeiramente, é uma lágrima solitária que molha o lado esquerdo meu rosto, misturando-se com as gotículas de água que molharam-me por completo. Quando ele ergue sua cabeça e torna a olhar em meus olhos, ele roça o seu nariz em meu rosto, e a lágrima se perde com o seu movimento que me entorpeceu.

Eu jamais me esqueceria desse momento.

Seus olhos estavam abertos, e eu não queria fechar os meus, mas eu tinha medo de tudo estar sendo um sonho, bom demais para ser realizado. Ele leva a mão que pousara sobre meu seio até o meu rosto e faz o mesmo com a outra. Eu não sei qual de nós quebra a única distância que nos afastava de tornarmo-nos um único corpo, mas nós nos beijamos.

Seus lábios eram quentes, macios e envolveram tão bem os meus que eu queria imaginar que eles foram feitos para os tocarem. Apoio minhas mãos trêmulas em seus ombros, com intuito de manter-me firme e sentir sua pele ainda mais contra a minha, também. Ele pede passagem com sua língua, e eu não penso muito antes de ceder e me render completamente aos seus movimentos que eu imitava para ser tão ágil quanto ele.

Era o meu primeiro beijo. Era o meu primeiro passo um pouco mais além com outra pessoa. Era a primeira vez que eu me sentia humana, um pouco menos em pedaços.

Talvez Melina tivesse razão. Justin pode ser aquele que está disposto a lutar comigo, para podermos lapidar um ao outro, para encontrarmos o melhor e o mais frágil de nós dois.

Eu acho que eu estou me rendendo ao seu mistério. 


Notas Finais




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